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Praça da Liberdade

Chegou a vez da Praça da Liberdade ter sua paisagem alterada por uma intervenção urbana de  artistas asiáticos que transformaram a capital, desde o dia 12 de outubro, em uma grande galeria a céu aberto. As obras que compõem o projeto BHÁsia – Câmbio Cultural ficam expostas até o dia 8 de dezembro na Barragem Santa Lúcia, Praça do Papa, Terminal Rodoviário e Praça da Liberdade, com visitações diárias, das 8h às 22h.

Após receber o Labirinto da Felicidade, em maio, e, em outubro, o Trem de Minas, carregado com o universo de Fernando Sabino, a praça é, novamente, cenário de mais uma intervenção artística que provoca, primeiro, pela forma da instalação. Como a caixa azul e o vagão sob paralelepípedos, a urna ancestral de proporções gigantescas localizada entre as alamedas centrais desperta a curiosidade de quem passa por ali.

No interior da estrutura composta por 185 placas de minério de ferro, seus moradores se   revelam para o público, sob um piso de placas de vidro iluminadas: dragão azul-celeste, tigre banco, pássaro vermelho e tartaruga negra. A proposta do artista chinês Zhang Huan foi inspirada na tradição milenar chinesa. Na China, é comum construir, em vida, urnas onde serão depositados os bens afetivos de uma pessoa quando ela morrer. Esses bens são enterrados junto com o corpo, para que o acompanhem na última viagem de quem os guardou.

A curadoria da exposição é de Marcello Dantas, responsável pelo OiR – Outras Ideias Para o Rio, e também pela concepção artística de instituições, como o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, o Museu das Minas e do Metal e o Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte. Segundo Dantas, o projeto é uma oportunidade de conhecer a cultura de uma região do mundo com pontos de vista diferentes. “Esse contato com o estrangeiro através dos tempos foi a base que permitiu que a identidade brasileira se definisse, ainda que antropofagicamente lasciva. Nosso apetite pede diversidade. É hora de experimentarmos outros pratos que nos façam entender melhor quem somos.”, justifica.

Por: Fernanda Fonseca

Foto: João Alves

Bernardo Sabino, traz a Belo Horizonte várias obras do pai, para comemorar os 90 anos de Fernando Sabino, as obras do escritor estarão expostas em diversos museus da cidade, como Museu de Minas e Metal, Centro Cultural Banco do Brasil, Museu Mineiro e Centro de Arte Popular durante a segunda quinzena de outubro até meados de novembro.

O vagão cultural, que percorreu a região metropolitana de Belo Horizonte, agora se encontra na Praça da Liberdade e serão dispostos vários recursos multimídia, além da exibição de documentários com a direção do escritor e alguns depoimentos a respeito do escritor. Na Biblioteca Pública, o destaque são os livros  infantis relacionados a Sabino, como textos, desenhos, peças de teatro e até mesmo alguns cartas direcionadas ao autor.

No museu de Minas e do Metal, serão expostos objetos pessoais, como máquina de escrever e a estante de livros. O Centro de Arte Popular conta com a famosa galinha do curta “ Galinha do Molho Pardo”, caracterizada por Rafael Boneco. No Museu Mineiro, ao lado do colégio em que o escritor estudou, está a exposição inspirada no livro O Encontro Marcado. No espaço, uma peça de teatro mostra o encontro entre os escritores Fernando Sabino, Hélio Pelegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos. Pra finalizar, no Centro Cultural Banco do Brasil, há o labirinto com diferentes etapas da vida de Sabino, mostrando citações de livros e fotos.

Texto por: Luna Pontone

Foto por: Reinaldo Maximiano

À tarde de 15 de setembro fechou com chave de ouro, com a 1°edição da virada cultural BH, que teve fim após 24 horas de muita música, brincadeiras e diversão. Na Praça da Estação por volta das 14h15min cerca de 200 pessoas se concentrarão em frente ao museu de artes e ofícios, algumas pessoas se assentaram no chão, outras procuravam sombras para se esconder do sol. A animação também estava garantida no quarteirão fechado entre as Av. Afonso Pena e Espirito Santo, com mais ou menos 100 pessoas, tranquilidade a curtição tomaram conta do local.

Alguns comércios ficaram abertos até mais tarde, como farmácias e lanchonetes, para atender o movimento e a circulação de pessoas em prol do evento. A segurança estava reforçada em vários pontos da capital, principalmente, nos locais das apresentações e nas avenidas mais movimentadas. No Parque Municipal a alegria contagiava as pessoas, os eventos eram direcionados a todas as idades, a tarde, muitas crianças, cachorros e adultos se misturavam em uma mesma sintonia.

Tiago Lopes, 21, estudante, diz que estava na Virada desde as 18 horas de sábado e pretendia ficar o tempo que o corpo aguentasse. “A ideia da virada foi super legal, positiva e não tem como não vir”, ele afirma não ter uma preferência pelas apresentações, “gostei de tudo”. Na Praça Afonso Arinos, a apresentação do Aruanda, chamou a atenção de quem passava pelo local, por volta das 15 horas. Maria da cruz, 40, doméstica, tirou um tempinho no trabalho para aproveitar os últimos minutos da virada ela diz que: “Gostei muito, adorei, muito lindo”.

Na Praça da Liberdade uma das apresentações finais, foi do Quarteto Cobra Coral, que encantou os olhos da plateia que observava atentos a cada detalhe das apresentações. Aurea Estáquia, 65, professora aposentada, ficou impressionada com a quantidade de pessoas que estavam nas ruas de diferentes regiões da cidade e classes sociais “Estava em casa com dor de cabeça, lembrei da virada e resolvi tomar um remédio e vim para cá. Já estou preparada para as próximas que virão”, garante.

Segundo a organização do evento cerca de 200 mil pessoas passaram por todos os Oito pontos  da capital, apreciando, musica, teatro, cinema, vídeo, moda, fotografia, literatura, dança entre outros , de sábado para domingo.

Texto: Aline Viana

Foto: Aline viana

Neste ano, o Festival Internacional de Corais (FIC), realizado entre os dias 1º e 15 de setembro, integrou a programação da Primeira Virada Cultural de Belo Horizonte, com apresentações dos corais Ribeirão de Areia e Vozes das Veredas, na Praça da Liberdade.O coral Ribeirão de Areia é formado por moradores do distrito de Jenipapo de Minas, no Vale do Jequitionha. A apresentação contou com um repertório de canções populares e uma homenagem ao cantor e compositor Chico Buarque. “A ideia  de homenagear Chico Buarque surgiu na última edição do FIC, quando homenageamos os 110 anos de nascimento de Carlos Drummond de Andrade. Imediatamente lembrei do Chico Buarque que é um ícone de nossa Música Popular Brasileira e a partir daí começamos a planejar o FIC 2013”, conta o Maestro Lindomar Gomes, organizador e curador do festival, a música escolhida para a homenagem foi Passaredo.

O coordenador do coral, Lori Figueiró, explica que o grupo é composto por crianças e jovens: “É um projeto da Associação Jenipapense de Assistência à Infância (AJENAI) em parceria com o Fundo Cristão para a Criança, com o apoio do Ponto de Cultura.”. Segundo Figueiró, o coral interpreta músicas do Vale do Jequitionha, em um resgate de grupos de cultura popular. No repertório está uma canção de autoria do próprio grupo: “A música Nós, um Coral é uma composição da Karen Antônia, de 12 anos, e foi composta a partir de uma oficina de fotografia e literatura.”

A estudante de psicologia Marília Beatrice, 22, prestigiou a apresentação de coral. “O que me chamou atenção no coral foi o fato de estarem homenageando o Chico Buarque, mas eu vim pra conhecer, saber como é a apresentação de um coral”, explica. Já a carioca Iza Gontijo Silveira, 79, participa de um grupo de coral no Rio de Janeiro e veio prestigiar a atração. “Estou a passeio em BH e aproveitei pra ouvir os corais que eu adoro”, diz.

Os cantos entoados pelos corais resgatam tradições do povo mineiro e promovem um encontro de gerações, em uma atmosfera de nostalgia e encantamento. Dalca Rosa, 42, enfermeira, afirma que os corais representam o estado de Minas Gerais. “É uma oportunidade de ver os corais, que reúne muita coisa boa. Temos que aproveitar e prestigiar”, declara.

Texto:Fernanda Fonseca

Foto: Fernanda Fonseca

“O artista é o criador de coisas belas.

O objetivo da arte é revelar a arte e ocultar o artista.

O crítico é aquele que sabe traduzir de outro modo ou para um novo

material a sua impressão das coisas belas.” – Oscar Wilde.

O artista plástico Alexandre Pastor, o Pastor, conforme a assina, veste um jeans surrado e cheio de manchas de tintas e uma camisa de malha branca furada no ombro esquerdo e também manchada de tinta. As mãos firmes e, ao mesmo tempo, leves e hábeis, esboçabam, na tela redonda, a fonte e o coreto da Praça da Liberdade. “Fiz apenas um esboço, pois preciso ver a fonte funcionando e a forma da água  subindo”, explica. O Pastor se descreve como um amante da beleza. “O artista vê o mundo como uma obra divina, e tenta passar a mesma emoção que sente ao ver alguma paisagem ou obra, se impressiona com as cores e formas”, define.

Um homem religioso e pai de um um filho chamado Davi sua paixão que reside na cidade de Búizios (RJ), Pastor sofreu represálias quando comunicou a sua família que viveria das artes. “Minha família queria me preder, e perguntavam se ele já tinha escolhido a praça que iria viver”, relembra. Mas não desanimou com a adversidade, persistiu.“É difícil fazer o que você gosta, mas é mais difícil você fazer o que você não gosta”, afirma.

O Pastor inciou sua relação com as artes aos seis anos, hoje, aos 47, o artista abandonou a profissão como estamparista de moda. Ele prefere pintar quadros de praças e paisagens e tem isso como profissão desde dos 20 anos. “Eu trabalhava numa estamparia, mas procurando sempre estar perto das artes, mas chegou um momento em que decidi focar somente nas pinturas. Larguei a vida que tinha e parti para São Paulo”, lembra.

Na capital paulista, Pastor conheceu seu mentor, o arquiteto e pintor Eduardo Pederneiras Mascarenhas que era amigo da familia e passou a frequentar o seu ateliê. “Eu chegava lá por volta de das 9h da noite e saía de lá de madrugada”, lembra. “Mascarenhas me passou conhecimento o tinha, os livros que ele lia e me indicava materias de leitura  e estudo. Juntos analisávamos obras que eu fazia. Nós analisávamos as as obras um do outro”, revela.

O Pastor não frequentou a Escola de Belas Artes e se considera autodidata. “Tenho formação autodidata, mas acho importante o estudos das artes. O ideal é se formar, caso não tenham a sorte que tive de encontrar alguém no caminho como eu conheci. Não fiquem esperando por isso, não. Vão atrás  de formação e aprendam a técnica, pois ela viabiliza muitas coisas, o conhecimento das cores, perspectiva, desenho, saber o que já se fez”, recomenda.

Por: Gabriel Amorim e Juliana Costa

Imagem: pinturas do Pastor

Carros, motos e ônibus circulam normalmente em volta da praça da Liberdade, pelos jardins casais namoram, gente comum corre, há fotógrafos atentos, estudantes passam, transeuntes passeiam acompanhados de seus cães. Frestas da luz de um sol branco, de calor fraco, penetram por entre os galhos das copas das árvores, pouco antes de se esconder por detrás duma densa nuvem cinza e, em seguida, desaparecer nas velhas construções que circundam a mesma Liberdade. Tudo estaria dentro da normalidade diversa que cabe nessa praça de traços iluministas. Tudo azul, como na música d’Os Mutantes. Mas, hoje, a alameda central abrigava uma surpresa: uma grande caixa azul escuro com os dizeres “Labirinto da Felicidade”.

Da caixa saiam sons incompreensíveis, despertando a curiosidade naqueles que estavam na fila para entrar. “Sabe o que tem lá dentro?”, se perguntam. Não há resposta. Enquanto isso a fila cresce, encabeçada por adolescentes com uniformes escolares e mochilas nas costas, senhoras, senhores, pessoas de meia idade, no final dela se concentram adolescentes com trajes típicos dos headbangers. Além dos ruídos é possível entrever a tela de uma televisão onde aparece um bebê sorrindo, vestido, também, em azul.

A publicitaria Isadora Moema sorri enquanto explica: a intervenção foi criada pela agência Lápis Raro, a caixa foi produzida pela agência Do Brasil. “Fora isso não posso revelar mais nada. No máximo, que a peça publicitaria foi feita em comemoração ao aniversário de uma empresa.”.

Quando Vânia Mendes e Rúbia Schwrtz saem da caixa já não há sol, tampouco o fraco calor. Na fria tarde de sexta-feira uma caixa azul atravessada no meio da praça da Liberdade interferiu na rotina das duas mulheres. A primeira vinha de uma aula de física quântica, a segunda acabava de assistir ao comédia francesa “A Datilógrafa”. Seguiam seus caminhos, cada uma de um lado da praça, até que, atraídas pelo “Labirinto da Felicidade” se conhecem enquanto esperam a sua vez. Rúbia Schwrtz, ainda com a pipoca na mão, conversava com Vânia Mendes. “Nos perguntamos o que era felicidade.”, conta.

A mãe de Mendes namora aos 83 anos. Schwrtz tem uma tia de 83 anos, morando com ela, que faz faculdade na Fumec. Na fila, as mulheres de meia idade se vêem cercadas de entusiasmados adolescentes. Isso é também motivo de reflexão para elas. “Idosos e adolescentes parecem estar felizes, e nós, onde encontramos a felicidade nessa correria?”, questiona Vânia.

Elas tem ainda mais em comum, são artistas: Rúbia é arquiteta e decoradora, Vânia é regente da orquestra Jovem Sol das Gerais – grupo formado exclusivamente por mulheres. Quando entraram na caixa se disseram surpresas ao se deparar com muitas de suas precoces reflexões. “É mais óbvio do que imaginamos”, se espanta Mendes. Sobre o que há na caixa não revelam muito: “Risadas de neném, paisagens, é muito íntimo, são coisas”, reflete a regente que conta ter assinado um acordo para não falar o que viu no Labirinto. Ao fim, recomenda: “Vale a pena entrar para saber o que tem lá dentro.”.

 

Por Alex Bessas

Foto por João Alves