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preconceito linguístico

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Ilustração: Tawany Santos

Tawany Santos

O preconceito linguístico está atrelado às diferenças dentro de um mesmo idioma, e se revela quando um indivíduo acredita que seu modo de falar é superior ao de indivíduos de outra regionalidade ou classe social. Não se respeitam, assim, as variações linguísticas de sotaque ou regionalismo, as características de dialetos e as gírias, dentre outras diferenças ligadas a determinados grupos.

Em um país multicultural como o nosso, a prática desse tipo de preconceito é algo frequente. Muitas vezes, a linguagem usada na região centro-sul do país é imposta como padrão, e acaba utilizada, pelos preconceituosos, como motivação ao desrespeito às outras formas de falar. Esse tipo desrespeito, recentemente, foi acompanhado, em rede nacional, em um programa de grande audiência.

No Big Brother Brasil, a participante Karol Conká, junto de outros participantes, desferiu, por vezes, falas preconceituosas ou piadas referentes ao jeito de falar de uma participante nordestina, Juliette Freire, que, em uma das discussões, se sentiu ridicularizada e excluída, e até cogitou mudar seu jeito de falar.

Dentre as causas que geram o preconceito linguístico, a questão socioeconômica também é fator a ser pautado, pois ela está relacionada condição regional do indivíduo, que, muitas vezes, é estereotipada e atrelada a dificuldades da região em que se vive, a exemplo da baixa escolaridade. Nas telas, além do caso anteriormente citado, já vimos situações parecidas, em que personagens humorísticos são tratados com vários estereótipos, agregando diversos tipos de preconceito.

Um exemplo é a Adelaide, do programa humorístico Zorra Total, personagem de aparência bizarra, e pele negra, em cujo roteiro, há falas erradas em relação à norma padrão. Ela está longe de ser engraçada, pois trata-se de retrato criado por mentes racistas, para subjugar e inferiorizar pessoas, usando, como arma, sua condição, aparência, grau de escolaridade e situação socioeconômica.

Assim como em programas de grande audiência, esse tipo de ridicularização de pessoas, devido a suas características, ocorre diariamente fora das telas. A parte da sociedade que não está inserida no padrão visto como aceitável está sujeita a sofre com atitudes preconceituosas, por vezes se excluído, sendo excluída ou sentindo a necessidade de mudar algo que vem da sua raiz cultura, por achara que isso pode fazer com que haja aceitação dos demais.

Além disso, o preconceito linguístico está altamente ligado à liberdade de fala dos brasileiros, e, quando advindo das questões socioeconômicas, pode trazer graves consequências. Levando em consideração a dificuldade de acesso à educação formal de classes mais pobres, e sua variedade linguística, essa parcela da população pode, facilmente, ser excluída em seleções de emprego. Pode, ainda, receber atribuições de menor remuneração, que não permitem que tenham acesso a novas oportunidades. Desse modo, famílias inteiras permanecerão no ciclo da pobreza, sem perspectiva de mudança de classe social.

 

*Edição: Professor Mauricio Guilherme Silva Jr.