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Desde de 1978 Marcelo Amâncio dos Santos é projecionista em casas de cinemas da capital mineira. Hoje, é o responsável pelas projeções do Cine Belas Artes, localizado na rua Gonçalves Dias, próximo ao Circuito Cultural da Praça da Liberdade. Conhecido pela exibição de filmes que raramente entram em cartaz em outras casas de cinema, Amâncio dos Santos considera o público do Belas Artes como mais maduro.

Desde adolescente Marcelo Amâncio já se interessava por sombras e projeções. Descoberto por seu vizinho, que na época era técnico do Cine Brasil, se viu lançar nesta profissão aos 18 anos. O profissional considera ter aptidão nata para a tarefa, precisando de apenas dois meses de curso, na época oferecidos pelo Cine Akaiaka, para se estabelecer como um dos mais respeitados operadores de cinema de BH.

Questionado sobre a modernização das salas de cinema e a experiência do espectador em ir ao mesmo, Marcelo Amâncio é enfático, lamentando que em algumas salas as películas venham sendo substituídas por projetores digitais: “o espectador está perdendo sim, porque o cinema é feito com 35”. É uma película tipo fotograma, cinema é o projetor, e tudo digital não é projetor. As pessoas perguntam qual a diferença do 35” para o digital: a cor no 35” é de um vermelho forte e bonito, diferente do digital, que é uma cor braquicela (sic). Isso para mim não tem graça nenhuma”, reclama.

Com tanto tempo dentro de um cinema, o operador tem gosto bem polido, tendo predileção para musicais como Embalos de Sábado a Noite e Greace: Nos Tempos da Brilhantina, ambos com destaque para a performance de John Travolta. Os filmes marcaram tanto que Marcelo Amâncio puxa na memória: “projetei eles no Cine Metrópolis, hoje fechado”. Com quase três décadas de carrreira, rememora sua história mais marcante enquanto projecionista: a sala estava cheia e o filme já havia começado quando o motor da máquina que roda a película queimou, deixando o profissional com poucas chances para continuar a projeção: “eu só sei que troquei o prato todinho e rodei o filme todo na mão. Mais de 40 minutos. Isso ficou na minha cabeça”, se orgulha deixando ver um sorriso satisfeito.

Foto por João Alves

Texto por Alex Bessas e João Alves