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reflexão

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Por Bianca Morais

“Forever young, I wanna be, forever young. Do you really wanna live forever?”

Essa música foi lançada lá nos anos 80 e ainda é muito reproduzida por vários artistas, sua tradução diz: “Eternamente jovem, eu quero ser eternamente jovem. Você realmente quer viver eternamente?”

Escutei a música esses dias e ela me remeteu a algumas notícias que li ultimamente em alguns jornais, de que pela primeira vez desde que começou a pandemia do coronavirus, os jovens são a maioria dos internados nas UTIs do Brasil. Assustador, e o que mais me chamou atenção é que essas reportagens mostravam um perfil de jovem que se acha imbatível, que não vai pegar a doença nunca, afinal, eles ainda são muito novos para morrer, ainda têm muito o que viver.

A inconsequência desses rapazes e moças que por acreditarem serem eternos e nada pode os atingir, levam eles constantemente a desobedecerem as medidas de isolamento social e saírem para bares, festas clandestinas, aglomerações e pessoas sem máscara. Muitos deles ainda acham bonito expor essa realidade no Instagram, na minha rede social, por exemplo, vejo constantemente postagens e stories dessa galera que não tem medo do Covid, se sbaldando em festas.

Se para mim tais imagens já incomodam tanto, imagine para aqueles médicos da linha de frente  que colocam diariamente em risco trabalhando em hospitais infestados Covid e quando saem de seus plantões e se deparam com ruas e bares lotados de pessoas inconsequentes. 

Do you really wanna live forever? (você realmente quer viver para sempre)? Isso é o que eu tenho vontade de responder nos stories dessas pessoas, porque parece que não. Será que se eles não se importam com a própria vida, pelo menos não se preocupam com os pais, os avós? Mas agora os avós já foram vacinados, então eles não precisam se afligir mais.

Egoísmo ou super poderes? Não pensar no outro ou simplesmente se achar um máximo que não pega a doença? “Somos jovens, temos que viver intensamente, estamos perdendo nossas vidas para um vírus, não quero envelhecer nessa pandemia”. Realmente, vocês estão perdendo suas vidas para esse vírus, pela primeira vez vocês estão morrendo de fato. 

Não sou Deus para julgar, longe de mim, mas a realidade é que a cada final de semana, feriado ou data comemorativa  a galera se aglomera, vacila e depois paga as consequências. 

Conclusão, não são apenas os jovens que saem prejudicados, mas toda a sociedade. Acompanhem o raciocínio: o perfil da Covid-19 mudou, a população idosa está finalmente sendo vacinada, no entanto, os jovens agora têm sofrido complicações mais preocupantes, chegam aos hospitais em condições muito ruins e ficam muito mais tempo internados em uma batalha gigantesca pela vida. Esses jovens lotam os leitos de UTI, e dessa forma não sobram vagas para novos pacientes, o que tem aumentado e muito o número de mortos por dia no país. 

A cada dia um novo recorde de mortos, uma nova cepa do vírus. Não tem leito para todo mundo, se chega um jovem sem comodidade e um idoso ao hospital a procura de um leito, para quem vocês acham que ele vai? Para os forever young com mais chances de sobreviver ou para o idoso com diabetes, hipertensão e asma?

Reflexão forte, texto pesado, mas não vou me desculpar. Sei que tem muitos desses jovens saem de casa não para farrear, mas para trabalhar, são eles que levam sustento ao lar. Com o fim do auxílio emergencial no final do ano passado e com a nova “merreca” do novo, muitos cidadãos foram obrigados a voltar a trabalhar e enfrentar ônibus lotados. Se eles são obrigados a sair de casa e se aglomerar contra sua vontade, por que não podem curtir o final de semana numa festinha?

Cada um faz o que quer da sua vida, o vírus mortal está no ar, ele circula, sofre mutações, e tem se tornado mais perigoso e letal. A pandemia não vai durar para sempre, mais cedo ou mais tarde, tudo indica que mais tarde, ela vai acabar. A sua juventude pode durar para sempre, isso se você estiver vivo para aproveitá-la. Pense em você, pense no próximo, use máscara, evite aglomerações, se cuide. Em breve sairemos dessa, mas é preciso pensar consciente agora. 

 

 

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*Por Moisés Martins

Antoine Laurent Lavoisier, conhecido como Lavoisier foi um grande químico do século XVIII, o parisiense se interessou pela ciência e tomou gosto pela química, logo ficou conhecido por derrubar teorias científicas. 

Em 1777, era o princípio da conservação de massas, conhecido pela frase: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Hoje, em pleno século XXI, a então frase ainda é muito usada, e é por isso que resolvi usar ela para falar de transformação.

Do lado de fora da janela do meu quarto, me chama atenção um pé de Sechium edule, o famoso “pé de chuchu”, em algumas regiões recebe o nome de machucho, caiota e pimpinela, mas aqui, é só chuchu mesmo.

Mas vocês devem estar se perguntando: O que o pé de chuchu tem haver com transformação? É aí que começa a história!

Por se tratar de uma trepadeira herbácea (Plantas de caule macio ou maleável, normalmente rasteiro), o pé de chuchu necessita de um apoio superficial para que consiga crescer e se ramificar, o daqui de casa por exemplo, cresceu sobre uma goiabeira.

No princípio havia a dúvida se o pé de goiaba seria sufocado pelos ramos, mas logo descobrimos que plantas trepadeiras não são parasitas, então optamos por deixar a natureza seguir o seu curso. Meses se passaram, e já não era mais possível ver as folhas e nem se quer o próprio tronco da goiabeira. O pé de chuchu tomou forma e logo veio a colheita.

Nos primeiros meses o chuchuzeiro surpreendeu a todos, teve um mês em que foram colhidos quatrocentos frutos, uma média de quinze por dia. Foi uma grande transformação, com tanta fartura, a felicidade de quem o plantou foi duplicada, e famílias foram contempladas com a hortaliça que foi ganhando cada vez mais cuidado e atenção, além da fama.

Ninguém se quer lembrava do infrutífero pé de goiaba, nem mesmo os pássaros, que aproveitaram os raminhos fechados para fazerem seus ninhos e se reproduzirem, as lagartas faziam os seus casulos e se transformavam em lindas borboletas, e os filhotes de Gambá ficavam escondidos nos emaranhados do chuchu, enquanto sua mãe os alimentavam. Uma verdadeira obra da natureza.

Dia e noite quando olho para o chuchuzeiro vejo uma cena diferente.

Pela manhã, o lindo assobio dos pássaros me acorda, a noite o barulho dos grilos e gafanhotos me incomoda, mas isso me deixa feliz, vejo que na natureza nada se cria tudo se transforma.

Às vezes o perder se faz necessário para entendermos o poder das transformações, podemos não assimilar logo de imediato o que está acontecendo, mas quando olhamos para trás podemos ver o quão a mudança é linda e se faz importante e necessária.

Hoje com a pandemia de COVID 19, e com o pedido de isolamento social para diminuir o contágio do vírus, as pessoas precisam ficar em casa. É necessário entender, o mundo é outro, os olhares são outros, as prioridades já não são mais as mesmas, o tempo corrido já não existe mais. O que vai ser de nós no futuro? Estamos sempre em processo de mudanças e transformações.

O cenário não nos permite caminhar mais sozinhos, o pensamento egoísta e o egocentrismo tomou novas formas, é necessário aproximação (mesmo que distante), é preciso ter empatia, escutar e entender o outro, só será possível erradicar esse vírus se a humanidade pensar e agir coletivamente.

Dentro de casa, buscamos o carinho de quem está do nosso lado, é como o apoio que o pé de chuchu precisa, sabe?. Estamos todos psicologicamente abalados, o momento é delicado, precisamos de afeto.

Da minha janela, vejo todos os dias o verdadeiro exemplo de transformação, e é com a brisa gelada do vento batendo agora em meu pescoço, que encerro meu texto com a esperança de que dias melhores virão, que a humanidade entenda que tudo que estamos passando agora faz parte de uma grande mudança no cosmo, e que só colheremos os resultados positivos dessa crise mundial, no futuro. Às vezes a dor se faz necessária para que haja um bom aprendizado. 

 

*A crônica foi produzida sob a supervisão do professor Maurício Guilherme Silva Jr. e da jornalista Daniela Reis

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*Por Ana Luiza Passos (aluna do curso de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Una)

Desde que iniciou-se o isolamento social notei, principalmente nas redes, a crescente pressão em ocupar todo e qualquer tempo ocioso que temos. No início estava seguindo a receita ao pé da letra e depois de esgotar minha lista de atividades, o que me restou foi aquilo que antes era o que mais queria: tempo. E o tempo se mostrou um péssimo amigo. Ficar comigo mesma me obrigou a visitar algumas questões que, inconscientemente, evitava. Isso é nenhum pouco divertido.

Nós criamos distrações, fazemos de tudo para fugir de nós mesmos para não lidar com nossas dores. Mas sofremos ainda assim, a cada nova batalha travada, sangramos por razões que sempre se renovam. Nós apostamos e perdemos, amamos e nos magoamos. Um inquebrável ciclo centrado na nossa ideia do ‘eu’ e do ‘meu’. Construímos mil caminhos e esconderijos dentro de nós para fugir de nossos fantasmas, e, no fim, acabamos mais confusos e perdidos.

Uma parede com infiltração não deixa de estar danificada só porque colocamos um belo papel decorativo por cima. Enterrar os problemas com mil afazeres é apenas uma solução paliativa, não resolve e nem os faz, milagrosamente, desaparecer. Estamos cada vez mais doentes e o esforço para sempre aparentar estar bem é justamente o que está nos adoecendo. E se, ao invés de ignorar, nós olhássemos para nossos sofrimentos e os encarássemos, sem medo? Se lidássemos com as nossas questões a fim de entendê-las, será que ainda sentiríamos tanta dor? Nos mantemos em situações ruins por medo da mudança, do desconhecido. Mas nos escondemos tão profundamente de nós mesmos que nos tornamos desconhecidos. Nosso medo de encarar o que é real, muitas vezes é o que impede que nossas feridas se curem, o que nos atormentam o sono, o que nos corrói por dentro.

Talvez, nesse momento de isolamento social, o melhor mesmo seja desacelerar. Talvez não realizar várias atividades seja a coisa mais proveitosa a se fazer. Talvez repensar nossa vida, rever nossas prioridades, cuidar da nossa mente, do nosso emocional, seja a melhor ocupação para a quarentena. Talvez o que realmente precisamos é ser mais improdutivos.

 

*Revisão: Daniela Reis

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Por: Thainá Andressa Hoehne

Quem nunca sentiu extrema revolta diante do anúncio de um fenômeno completamente raro e incrível no céu, para, na hora “H”, nada existir além de nuvens pairando, cobrindo toda a expectativa?

Inesperadamente, quando a gente não se dá conta do que está por vir, somos pegos de surpresa, como na chuva de meteoros que inundou o céu em dezembro de 2019.

“Observadores poderão ver de 50 a 150 meteoros por hora, dependendo do local”, dizia a manchete. Com razão, não me preocupei em me programar para o show, já a imaginar que, mesmo se esperasse a hora exata, não seria capaz de ver algo, fazendo a notícia cair, rapidamente, em esquecimento.

Contudo, numa madrugada qualquer, sem motivo algum, me levanto entre as duas e três da madrugada e decido tomar um ar. Foi o que fiz. O “ar que fui tomar”, aliás, foi todo embora quando me peguei a observar vários pontos luminosos caindo do céu. No momento, nem me dei conta de que acabara de presenciar algo que já havia sido noticiado. Ao me recordar da notícia, só pensava que, se tivesse planejado, não daria tão certo. Vejo meteoros, logo existo.

Chuva de meteoros não é como nos filmes. Para quem já viu estrela cadente, basta imaginar várias delas caindo ao mesmo tempo. Nada absurdo, mas totalmente surpreendente. Um encanto sutil, que gruda na cabeça, como o flagrante de um momento único, que dificilmente se repete. Aqueles momentos que gostamos de viver, sem sombra de tédio.

Por falar em tédio, estamos, agora, imersos numa pandemia. A humanidade está amedrontada com o novo coronavírus, e, com certeza, o Brasil nunca esteve tão entediado, sem futebol, sem festa e sem buteco. Álcool? De preferência, em gel, e 70%! Ou para espantar o tédio de ficar em casa, afinal, devemos respeitar o isolamento social.

Acontece que, numa dessas, decidi ir a um monte, para assistir ao pôr do sol. Uma montanha bem alta, que serviu como opção para sair um pouco de casa, já que, mesmo antes da pandemia, eu ia até lá para me isolar. Ao cair da noite, as estrelas começaram a se mover, numa imensa fila, que parecia infinita. Quando as primeiras estrelas sumiam na escuridão, outras tantas apareciam, enfileiradas e brilhantes.

Boquiaberta, olhava para o céu, a imaginar soluções para a incógnita em minha cabeça, que iam de óvnis a um exército alienígena. Decidi procurar informações sobre o que poderia ser aquilo. Mal esperava que se tratava de, nada mais, nada menos, do que Starlink. Conversa de doido? Não! Era só eu, novamente, caindo de paraquedas num desses eventos que ocorrem no céu, sem mesmo saber do que se tratava.

Paralelamente à grave situação que o mundo enfrenta, um projeto do bilionário Elon Musk cruzou o céu do Brasil, como um trenzinho de estrelas, enganando muita gente, inclusive eu, que me sentia como uma senhorinha do interior a observar, pela primeira vez, a passagem de um avião.

Eram mais de sessenta satélites, cuja visibilidade é relativamente rara, já que a Starlink só pode ser vista, a olho nu, durante as três ou quatro semanas seguintes de seu lançamento. Futuramente, se tudo der certo, o projeto pode chegar a quarenta e dois mil satélites lançados, que circundarão a órbita terrestre  formarão um sistema global que poderá fornecer internet de alta velocidade, inclusive, a áreas rurais ou remotas.

Confesso que, após a descoberta do plano de Elon Musk, fiquei dividida. Por um lado, a humanidade se afunda em notícias ruins, assolada pelo número assustador de mortes pela covid-19, que parece não ter solução. Ao mesmo tempo, admiro a incrível capacidade humana de investir na ampliação do acesso à internet.

Em contrapartida, muitas pessoas não terão a oportunidade de olhar para o céu e presenciar algo tão benéfico à humanidade, já que estão vivendo um caos, que, em parte, pode ter sido gerado por nossa dificuldade em encontrar soluções que possam salvar vidas – ou, quem sabe, pela falta de investimentos bilionários em pesquisas da saúde.

Experimento a sensação de estar presente entre a calamidade e o brilho da nova era tecnológica. É como estar entre a vida e a morte.

 

*A crônica foi produzida sob a supervisão do professor Maurício Guilherme Silva Jr.