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Saúde Pública

Por Hellen Santos

A saúde vai além de só pensar em se cuidar. Uma boa saúde é a combinação de estabilidade física, cerebral e biológico. O conjunto de exercícios físicos e uma alimentação saudável, cortando o consumo de gordura e aumentando ao consumo de água e também um momento de descanso e muito lazer.

No Brasil foi decretado o dia 05 de agosto como o dia Nacional da saúde para homenagear o médico Oswaldo Cruz pelo seu trabalho pela erradicação de perigosas epidemias (exemplos como febre-amarela e varíola) que angustiava o Brasil, no final do século XIX e início do século XX. A data tem como objetivo promover a informação para população sobre a importância da educação sanitária. Esta data visa despertar valores relacionados a saúde, cuja definição vai muito além da ausência de doenças, pois está diretamente relacionada a presenta de uma autêntica qualidade de vida no cotidiano da população, que abranja sentidos mentais.

Em mais um dia Nacional da Saúde, ainda percebemos pouco avanço na saúde. Em nosso país vivemos um momento delicado quando se trata da saúde pública. Para a enfermeira Rogéria Celestino de 48 anos e com mais de 29 anos de carreira na saúde pública o que falta para melhoria da saúde pública é Ética dos gestores e comprometimento real com as necessidades da população.

Segundo a enfermeira, para a melhoria das condições de trabalho na rede pública precisaria de melhores áreas físicas, qualidade e quantidade de materiais, melhor remuneração e melhores condições de trabalho. “Falta também um setor de Recursos Humanos no suporte dos profissionais. Se a remuneração fosse boa diminuiria as cargas horárias e com isso os profissionais ficariam em apenas um emprego consequentemente a qualidade da assistência aos pacientes melhoraria, infelizmente o profissional da saúde não é valorizado”, diz Celestino.

Gustavo Henrique Machado Miranda de 28 anos, Assistente Administrativo na Prefeitura de Belo Horizonte, desde 2005 diz que a falta qualificação dos gestores prejudica o rendimento, “Muitos que lideram não possuem o conhecimento necessário. Praticamente para ser um gestor da saúde precisa ter só curso superior e ser concursado, eles esquecem da necessidade de conhecimentos administrativos públicos”.

Miranda destaca ainda que o que precisa melhorar na saúde é a transparência. “Ouvimos muito que o governo disponibiliza vários valores para a saúde pública e o que observamos aqui de dentro é a péssima aplicação desse dinheiro, por exemplo: necessita de um material para as unidades; não existe uma pesquisa mais qualificada e a compra é feita sempre de um determinado grupo que tenha algum interesse político e quanto compra esse material é escasso, isso sem contar nos desvios”.

 

O acumulo de atividades é uma das preocupações de Miranda que revela o favoritismo de um profissional. “A gestão sobrecarrega um profissional que desempenha melhor as atividades do setor, esquecendo de outras pessoas que também trabalham no local. Grande parte dos servidores públicos trabalham sem compromisso, apenas com intuito de receber o salário no fim do mês, sem se preocupar que prestação de serviço é para população e nós somos a população”.

Indignado Miranda desabafa: Quem realmente trabalha é apenas um “peão” do sistema e não tem mérito nem valor. “Os profissionais que possuem apoio político, esse já é extremamente valorizado, até por não fazer nada e as vezes nem trabalhar diretamente com a saúde”.

 

Condições de Trabalho

 

Muitas unidades não possuem o básico para que o profissional na saúde possa exercer o seu trabalho, é uma questão que sempre é levantada, mas sempre resolvem da mesma forma, dizendo que há verba.

Pesquisas realizadas pela Datafolha, destaca que 90% dos brasileiros estão insatisfeitos com o Sistema Único de Saúde (SUS). As reclamações vão de ausências de profissionais, demora no atendimento e em marcação de exames, até higiene sanitária dos hospitais públicos na opinião dos usuários. Já a dos profissionais é a ausência de pagamentos em dia. O Brasil tem muito a evoluir e um dos pontos a mudar e a valorização dos profissionais da saúde.

O cuidado com a saúde é um hábito que todos devem ter. É importante lembrar de nossa saúde todos os dias. Priorize sua saúde, pense em menos em trabalho e mais em sua saúde, sem ela não somos nada!

Com o intuito de criar uma rede de discussões sobre o consumo de crack na cidade de Belo Horizonte, a Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP/MG) promoveu uma roda de conversas entre alunos, docentes, jornalistas e especialistas para debater o tema. O evento, Incursões no Território: uso de crack e práticas de cuidado, foi realizado na tarde de quinta feira, 06, no auditório da sede da escola que fica na avenida Augusto de Lima, 2061, no Barro Preto.

O objetivo do evento é criar um diálogo sobre a vida, o uso do crack e sobre os cuidados do Sistema Único de Saúde (SUS). Além de alunos e docentes, contou com a participação de especialistas e representantes de instituições ligadas à questão que envolve a saúde pública de BH.

Dentre os presentes,  o jornalista e autor do livro Que Ascenda a Primeira Pedra – Ecos da Cracolândia de Belo Horizonte, Luiz Guilherme de Almeida, 28, foi convidado a contar sobre sua vivência e experiência que originou o seu trabalho. Especializado em grandes reportagens e matérias investigativas, ele relatou sobre o processo de criação do material que originou o livro.

“O livro partiu de uma necessidade própria e da vontade de trazer uma alternativa de narrativa. Algo diferente, uma opção diversa daquela que sempre é oferecida pelos meios de comunicação.”, explica. A ideia de abordar o tema surgiu quando Luiz de Almeida iniciou na graduação de comunicação social. Após dois anos de estudos, pesquisas e preparação, iniciou sua imersão em campo que durou outros dois anos de trabalho.

Neste período, o jornalista se empenhou em conseguir acessar os usuários de crack que vivem em situação de rua na cidade de Belo Horizonte. Alternando entre o dia, noite e madrugada, ele destacou a ajuda que teve de projetos sociais para conseguir conhecer as pessoas e desvendar as histórias particulares de cada uma delas, considerando como um  “trabalho de retalhos”.

Para ele, algumas discussões são fundamentais para o tema, “as pessoas tem que entender é que a desintoxicação do usuário é apenas um dos passos necessários para trazer de volta essa pessoa ao convívio social. Ali existe um ser humano. Vai além da questão da dependência química e falhamos em entender que seja somente isso.”.

Outro fator que o jornalista defende é o incômodo gerado pelas pessoas que consomem o crack à vista da sociedade, “a gente só fala do crack pelo fato das pessoas estarem consumindo de forma exposta. Se essas pessoas estivessem nas favelas, isso não incomodaria e não existiria o debate sobre o tema.”, finaliza.  

Medidas Públicas contra o consumo do crack

De acordo com dados publicados pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), 370 mil pessoas fazem o uso constante do crack no Brasil, isso até o ano de 2013. Em Belo Horizonte, esse número é de 5 mil, sendo a maioria de mulheres, dentre elas, crianças.

A psicóloga Ana Regina Machado, 47, representante do Núcleo de Redes de Atenção à Saúde (ESP/MG), conta que a iniciativa da roda de conversa surgiu com a publicação do livro do jornalista Luiz Guilherme de Almeida. “Temos aqui na escola um núcleo que trabalha com saúde mental. A partir disso, criamos o debate para pensar em soluções que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem utilizado para fazer uma abordagem no campo da saúde, em relação a essas pessoas que estão na rua e são usuárias de droga, utilizando do trabalho de observação realizado por Almeida.”, comentou.

O tema, de acordo com a psicóloga, é abordado com alarmismo pela sociedade e pela mídia. Ainda ressalta que o uso do crack é prejudicial mas que existem outras drogas que também trazem prejuízos e danos aos seus usuários mas que não são abordados da mesma maneira por eles.

Rita Espindola, 52, psicóloga e docente da ESP/MG, destaca a importância da realização de um evento como esse. Ela integra uma equipe de profissionais da saúde que vão às ruas da cidade de Belo Horizonte para mapear, conhecer e identificar os locais e as pessoas que fazem a utilização do crack, integrando a ferramenta conhecida por “Consultório da Rua”.

“É necessário desconstruir a imagem do crack. Existem fatores que vão além do consumo dessa droga. São fatores sociais, fatores psicológicos, biológicos e familiares que existem. O crack é muito utilizado com o álcool que, apesar de ser uma droga lícita, se misturado acaba se tornando extremamente prejudicial”, comentou Espíndola.

De acordo com a docente, o mais importante do consultório é a possibilidade de conhecer e poder ouvir as pessoas que se encontram nessa situação. “O que menos nos interessa é a droga. Na verdade, o que buscamos, é a vida que está ali, na rua, fazendo o consumo dessas substâncias. Esse sujeito é quem vai nortear o que pode ser construído para transformar sua própria realidade”.

Fotografia e Reportagem: Lucas D’Ambrosio