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Semáforo

Belo Horizonte é um lugar de contrastes. De onde menos se espera pode surgir uma história incrível ou um personagem surpreendente. Para os olhares e ouvidos desatentos, o semáforo é só um lugar para controle do fluxo de trânsito. Mas os olhares e ouvidos mais atentos, podem descobrir um relato fascinante, em pessoas capazes de transformar a rua em picadeiro.

Nosso personagem de hoje, estava trabalhando no cruzamento das ruas da Bahia e Gonçalves Dias, apitando e fazendo malabares. Seu nome, Juan Gomeza, o Palhaço Amadeu Pipovich. Vamos conhecê-lo?

Sua iniciação artística foi na escola ainda criança. “Desde os quatros anos, na escola, tenho o contato com a arte, a professora nos pedia que representássemos os mitos gregos, então a gente memorizava. Apresentávamos poesia também.” lembra.

Juan Gomeza, vem de uma linha familiar voltada para as artes. “Tenho um irmão, que é artista de circo, tem poetas e cineastas também.” Relata Juan.

Há dois anos ele vive no Brasil, e há um mês em Belo Horizonte. “Eu venho para Belo Horizonte arranjar uma graninha. Venho pra cá por que aqui é uma cidade grande, senão eu ficava lá na roça, em Furnas. Lá eu cuido das plantas, das galinhas e dos cavalos. E faço Permacultura, reciclando os recursos da natureza que o homem não aproveita, dá pra fazer casa, viveiro de plantas e casinha para os porcos.” explica Gomeza.

Ao falar do Brasil, ele diz que é o país mais moderno que conhece, ele já morou na Argentina, na Bolívia. “O Brasil é um país muito desenvolvido, tem muita informação, muita comunicação, com um modelo mais europeu. E o aqui também, tem a alegria, tem samba que se não tivesse já estaríamos afogados, em uma arte vazia.” avalia.

Em relação a família, ele é bem abrangente. “Minha família são, meus amigos, meu cachorro, meu pai, minha mãe, minha mulher, minha filha, meus irmãos, as árvores, as plantas o circo.”, e aproveita para brincar. – “A cerveja…” declara Gomeza.

Por: Hemerson Morais e Ana Carolina Nazareno

Foto: Hemerson Morais

Semáforo vermelho para os motoristas, assim Lucio Rodrigues Donato, 37, entra em ação e com o auxilio de uma cadeira de rodas começa a vender Chicletes no sinal da rua Praça da Liberdade A.

Há quase 20 anos trabalhando no mesmo ponto, Donato declara a satisfação diante sua conquista, “Comecei a vender balas no sinal aos 12 anos para ajudar minha família, adotei a profissão e hoje não pago mais aluguel, com o dinheiro que recebi no sinal comprei a minha casa”.

Morador do Bairro Jardim Vitória, Donato utiliza 2 ônibus  e gasta cerca de uma hora e meia para chegar ao seu destino. O vendedor atua com a bandeja recheada de chicletes sobre as pernas e, quando o sinal abre para os pedestres, Donato circula entre os carros oferecendo seu encanto aliado ao sabor de morango, melancia, uva, menta e hortelã.

Donato revela, “Estou sempre no sinal, mantenho minha família com o dinheiro que conquisto aqui, sou casado e tenho um filho de 15 anos”. O vendedor de chicletes consolidou muitos clientes, com oportunidade de conhecer várias pessoas formidáveis: “adquiri muitos amigos trabalhando.”

Com um horário trabalho de 10 hs por dia, sendo este realizado de segunda à sexta-feira, o trabalhador expõe sua alegria pois, obtém ao mês cerca de uma salário e meio.

Ao contar sua historia de vida Donato se emocionou: “nasci e depois de 1 ano tive paralisia infantil, mas a doença nunca me impediu de ser um homem trabalhador e honesto”.

O vendedor diz que sempre foi bastante respeitado e todos os clientes gostam de seu trabalho, “Os meus clientes me chamam pelo nome, nesses 20 anos que trabalho no sinal nunca tive problemas”.

Donato declara que existe discriminação: “o preconceito ocorre até mesmo em família, então se eu for olhar isso não saio nem de casa.Continuo seguindo a vida e o meu trabalho”.

Com muita sinceridade no olhar, o vendedor afirma que não está no sinal para utilizar a deficiência  física para ganhar dinheiro. “Espero que as pessoas não comprem na minha mão por compaixão, mas sim para me ajudar, eu estou trabalhando”, afirma.

Donato não autorizou a utilização da sua imagem. Acredita que algumas pessoas possam o interpretar de maneira injusta.

Por: Iara Fonseca