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Sempre um papo

“O que foi que aconteceu de errado na evolução da imprensa brasileira que fez com que textos autorais, como aqueles de Joel Silveira, deixassem de ser bem aceitos em boa parte das produções jornalísticas da atualidade?”. Essa é a pertinente pergunta que Geneton Moraes Neto deixa aos pensadores do jornalismo. Aliás, “pensador do jornalismo” é um  título que o pernambucano rejeita, porque prefere fazer jornalismo a ficar postulando sobre sua natureza. Tal crítica está explicitada no documentário Garrafas ao Mar, que será apresentado hoje, às 19h30, no Teatro João Ceschiatti do Palácio das Artes, no projeto Sempre um Papo.

O filme traz uma série de entrevistas de Geneton com Joel Silveira, tido por muitos como o maior jornalista brasileiro. Entre as várias histórias, há o caso de uma reportagem sobre Getúlio Vargas, resultado de um encontro que durou menos de cinco minutos. O então presidente do Brasil recebeu Joel Silveira, acreditando que ele queria um emprego, mas quando soube que o objetivo do encontro era uma entrevista, levantou sisudo sem falar uma palavra. Mas isso não impediu o repórter de fazer um grande texto que pode ser lido no livro Tempo de Contar. “É um exemplo de como, se você não for um burocrata, você pode ser um bom jornalista”, declara Geneton. Na ocasião, além da exibição do documentário, debaterá sobre a crise do texto jornalístico.

Crítico do texto robô, despersonalizado, Geneton defende que “chegou a hora de ressuscitar o jornalismo minimamente autoral”. Esta é, para ele, a alternativa para que sobrevivam os jornais que devem, sem dúvida, se reinventar. Geneton faz ainda uma defesa aberta a reforma do jornalismo, a abertura dos veículos para os textos autorais, e decreta: “Fazer jornalismo é produzir memórias”.

Por Alex Bessas

Foto por João Alves

O bate-papo com jornalista e escritor Alberto Villas, 62, na quinta-feira, 31, foi marcado pelo saudosismo de todos que prestigiaram o evento. No encontro, no Memorial Minas Vale, Villas contou casos, relembrou passagens da infância e de experiências com suas filhas. “Quando eu completei 60, comecei a perceber que eu falava certas palavras em casa e minhas filhas comentavam: Pai, ninguém usa mais isso. Então eu comecei a anotar estas palavras e a coisa foi se volumando, no final de dois anos resolvi montar o livro”, explica.

O livro Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Morta traz palavras que caíram em desuso com o passar do tempo. “O pessoal não está comprando mais livros porque está tudo na internet, então eu quis resgatar essas palavras que não são mais usadas. E o livro ficou divertido por que eu conto uma historinha do significado de cada verbete”, explica Villas.

Escritor e Jornalista Alberto Villas

Além de relembrar o passado, o escritor comentou sobre a contemporaneidade e a relação do jovem com a escrita. “Na minha época, a gente só escrevia coisa de escola. Hoje, os jovens estão escrevendo muito e, mesmo que seja errado, só o fato de escrever já é uma grande revolução. Eu me lembro de quando eu era criança, eu recebia um presente da minha madrinha que morava no Rio, e minha mãe ficava o mês inteiro perguntando se eu já tinha escrito para agradecer o presente, e eu nunca escrevia”, lembra.

Villas termina dizendo que apesar de ser um saudosista, diz que não tem como fugir da tecnologia. “Na minha casa tem uma escrivaninha de 1925 e em cima dela tem um Iphone e um Ipad. Não tem como fugir”.

Curiosidades

Alguns termos e expressões encontrados no livro Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Morta

Azeite – Azar. Muito usado em expressões antigas como “Você não vai ao Show? Azeite é o seu”.

O jogador está na Banheira – Jogador de futebol que se encontra impedido.

Escangalhou – Estragou

Irradiar – Transmissão de jogo de futebol pelo rádio

Por João Vitor Fernandes

Foto: Rute de Santa

O escritor e jornalista Alberto Villas lança, hoje, em Belo Horizonte, o livro Pequeno dicionário brasileiro da língua morta, no projeto Sempre um papo, às 19h30, no Memorial Minas Gerais. No encontro, Villas explicará o caráter mutável da Língua Portuguesa a partir do estudo de palavras e expressões em desuso, hoje. Esse estudo deu origem ao livro.

Curiosidades

No livro Pequeno dicionário brasileiro da língua morta, o leitor encontra a explicação para origem de determinados termos como “xumbrega” que significa “coisa ruim”. A palavra foi criada em 1600, a partir do nome do aventureiro alemão Friedrich Hermann Schönberg que comandava as tropas de Portugal. O sobrenome Schönberg adaptou-se para “xumbrega” após a derrota dos portugueses para as tropas espanholas.

O Autor

Alberto Villas nasceu em Belo Horizonte no ano de 1950 e ingressou na carreira de jornalista na década de 1970, quando ganhou seu primeiro prémio O Concurso de Contos do Estado do Paraná. Formado em Paris voltou ao Brasil na década de 1980 e trabalhou em importantes veículos de comunicação do país. A carreira de escritor começou em 2006 com o livro O Mundo Acabou que ficou várias semanas entre os mais vendidos do país. Villas lançou ainda, Afinal, o que viemos fazer em Paris?, Admirável mundo velho! e Onde foi parar nosso tempo?, todos pela editora Globo Livros.

O “Sempre um Papo” comemorou 25 anos e para festejar a data o jornalista Zeca Camargo foi convidado para mediar o evento que reuniu os escritores Fernando Morais, Frei Betto, Leonardo Boff, Ruy Castro, Heloísa Seixas, Luís Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura. Confira a entrevista realizada pelo Contramão!

Por Bárbara de Andrade
Foto: Felipe Bueno
Vídeo: Bárbara de Andrade e Vanessa C.O.G.

O jornalista e escritor, Fernando Morais, esteve em Belo Horizonte para a comemoração dos 25 anos do projeto “Sempre um Papo”, e para lançar o seu novo livro “Os últimos soldados da Guerra Fria” que relata o trabalho de cinco agentes de inteligência dos Estados Unidos infiltrados em organizações contrárias à ditadura de Fidel Castro. Nesta entrevista, Fernando Morais defende que a forma mais efetiva de ampliar o público leitor, é o Brasil investir mais em Educação. Confira!

Por Felipe Bueno

Foto: Bárbara de Andrade

Vídeo: Vanessa Gomes

Para comemorar os 25 anos do sempre um papo, o idealizador do projeto Afonso Borges reuniu na noite de segunda-feira os escritores Fernando Morais, Frei Betto, Leonardo Boff, Ruy Castro e Heloísa Seixas, que lançaram respectivamente as obras “Os últimos soldados da Guerra Fria”, “Minas do ouro”, “Cuidar da Terra, Salvar a Vida: Como Evitar o Fim do Mundo”, “Terramarear – Peripécias de dois Turista Cultural”. Também participaram do bate-papo Luís Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura e o jornalista Zeca Camargo, que mediou o evento.

Centenas de pessoas, dentre estudantes e professores estavam presentes no Palácio das Artes para acompanhar o sempre um papo.

Pioneiro

O escritor Frei Betto foi o primeiro a participar do “Sempre um Papo” em setembro de 1986. “Tenho a honra de ter sido o primeiro escritor a participar do projeto e estou feliz de 25 anos depois participar desta cerimônia”. O escritor destaca que o diferencial do sempre um papo é propiciar a interação entre leitores e autores. “A noite de autógrafos é precedida de uma conversa em que o escritor fala da sua obra e em seguida responde a perguntas do público/leitor. O leitor tem oportunidade de colocar suas duvidas, inquietações e curiosidades em relação ao escritor e a obra que está sendo lançada”, explica Frei Betto.

Frei Betto
Frei Betto durante entrevista ao Jornal Contramão

Confira no vídeo a entrevista com Luís Fernando Verissimo:

Ao final do bate-papo, os autores distribuíram autógrafos e tiraram fotos com o público.

Grevistas marcam presença no Sempre um papo

O projeto “Sempre um papo” é um instrumento de reflexão do conhecimento a partir do diálogo entre a obra, os escritores e os leitores. Enquanto o jornalista e escritor, Fernando Morais, discursava a respeito de uma formação escolar melhor, com escolas mais inclusivas. “Para o Sempre um papo fazer bodas de ouro com o dobro de pessoas na platéia, o governo tem que investir na educação pública”, os professores da rede estadual de levantaram e começaram a bater palmas, seguidos de gritos de protesto: “A greve continua! Anastasia a culpa é sua!”. Os professores que estão em greve, há mais de três meses reivindicam o pagamento do piso nacional, acabando com a política de subsídio implantada pelo Governo do Estado. Ao final do evento, os professores distribuíram panfletos para o público.


Público do Sempre um papo se manifestando contra a greve dos professores estaduais
Público do Sempre um papo se manifestando contra a greve dos professores estaduais

Por: Bárbara de Andrade e Felipe Bueno

Fotos: Felipe Bueno Vídeo: Duda Gonzalez, Vanessa Gomes e Vinicius Calijorne