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Setembro amarelo

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Doutora em Ciências da Saúde, Psicóloga Clínica e professora do Centro Universitário Una fala sobre doenças e transtornos psicológicos que podem levar ao suicídio

Por: Italo Charles

Cultivar o bem-estar da mente é de suma importância para uma vida saudável. E, nesse período de isolamento social, devido a pandemia, casos de pessoas com transtornos psicológicos têm aumentado. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país recorde em casos de transtorno de ansiedade e preenche a segunda posição em transtornos depressivos de acordo com o ranking mundial.

Um dos desfechos dos transtornos de ansiedade e depressão é o suicídio, ainda de acordo com a OMS, no ano de 2019 foram registrados 13.467 casos de suicídio no Brasil. E com o objetivo de prevenir reduzir os casos, no ano de 2014 foi criada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a campanha Setembro Amarelo que anualmente promove eventos e ações a fim de difundir a discussão sobre o tema.

Os especialistas afirmam que um dos meios para prevenir o suicídio é a quebra do tabu acerca do assunto. Educar a sociedade sobre transtornos como a ansiedade e depressão, tende a causar um impacto positivo e mostrar que são doenças e que merecem a devida atenção.

Para entender melhor sobre a relação dos transtornos com o suicídio, a professora de psicologia do Centro Universitário Una – Isabel Pimenta, em entrevista, explicou como a pandemia tem causado efeitos na mente das pessoas e como isso pode ocasionar o suicídio.

Isabel, neste período de isolamento devido a pandemia, muitas pessoas podem apresentar medo, ansiedade e outras características, como esse cenário tem contribuído para o aumento de casos de doenças psicológicas? 

Durante a pandemia, temos visto um aumento significativo de sintomas de ansiedade, rebaixamentos de humor, sintomas relacionados à depressão e muitas angústias. Sentir isso neste momento, é possível dizer que de certa forma é esperado. Mas, um sujeito que não apresenta nenhuma dessas características é, inclusive, um sujeito que talvez não esteja entendendo a complexidade da situação.

Embora, aquelas pessoas que já tinham algum transtorno instaurado antes da pandemia chegaram nesse cenário mais vulneráveis. Então, elas têm uma tendência a um agravamento do caso, já as pessoas que não tinham nenhum desses sinais começaram a apresentar os dois principais transtornos que são os de ansiedade e o transtorno de depressão.

A gente sabe que através da pandemia com todas as suas características, surge o medo de contrair a doença, medo de alguém da família ser contaminado. Com o próprio isolamento físico muda-se a rotina, os hábitos e através disso cria-se a incerteza em relação ao futuro. Todos esses são fatores de risco para o adoecimento mental e a gente tem visto que de fato as pessoas têm adoecido mais. 

A pandemia pode ser considerada um fator para aumento de casos de suicídio?

Relacionado ao suicídio, 90% dos casos estão associados ao adoecimento mental. Entende-se que o suicídio para essas pessoas é o desfecho de um percurso ocasionado pelo adoecimento

De tal forma, pessoas com um alto grau de sofrimento derivado de transtornos psicológicos que não dispõem de ajuda profissional e sem recursos para tratamento resulta no aumento na taxa de suicídio. Então, a pandemia é vista como fator de risco e um agravamento dessa possibilidade.

Qual a importância de promover a campanha Setembro Amarelo, e como ela pode auxiliar na prevenção?

É muito importante pensarmos que a melhor maneira de prevenir o suicídio é promover a saúde mental. Então, o Setembro Amarelo é um mês para falar da importância de cuidar da mente para evitar o pior.

Neste período são realizadas palestras reforçando a importância do cuidado com o mente, há divulgação dos canais de ajuda, desconstruindo os tabus relacionados ao adoecimento mental. 

Como identificar pessoas com os transtornos de ansiedade e depressão? E, quais o sintomas que elas apresentam antes de tentar o suicídio?

Há alguns sinais como mudança drástica de humor, isolamento social, mudanças no comportamento e também da rotina . Dessa forma, podemos dizer a essas pessoas que elas podem procurar ajuda que isso não é sinal de fraqueza, pedir ajuda para algum profissional.

Às vezes a pessoa está tão contaminada com o sofrimento dela que vai ser o outro que vai sinalizar pra ela que tem alguma coisa que não que não anda bem. Sendo assim, é muito importante que nós enquanto sociedade reconheçamos esses sinais de sofrimento.

Após identificados esses sintomas, quais meios o indivíduo tem disponível para auxílio? 

Existem vários canais, tem o CVV (Centro de Valorização da Vida), que é um serviço de acolhimento de escuta terapêutica disponível no número 188 e pelo site https://www.cvv.org.br/ e funciona sete dias por semana 24 horas por dia, lá existem pessoas treinadas para ouvir os sofrimentos e para  acolher essas pessoas.

Além disso, a Una possui as clínicas escola de psicologia funcionando, agora na pandemia estamos com atendimento online e em breve o atendimento presencial retornará. O telefone para contato é: (31) 3508-9139.

Existem ainda as clínicas sociais, o serviço público municipal de apoio mental. Tem uma rede que é preparada para atender pessoas com sofrimento mental e devemos acionar esse canais para solucionar esses quadros.

Apoio aos alunos

O Centro Universitário Una através do NAAP – Núcleo de Acessibilidade e Apoio Psicopedagógico, oferece assistência à comunidade acadêmica a partir da realização de acompanhamento de acordo com a notificação referente a dificuldade de acompanhamento das disciplinas, dificuldade na organização do tempo e inclusão de pessoas com deficiência.

Contatos NAAP:

(31) 3235.7317

[email protected]

O Grupo Ânima (administrador do Centro Universitário Una),  possui o Projeto Entrelaços  que tem como objetivo cuidar da saúde dos universitários. O projeto se ocupa na formação de professores acerca das noções básicas sobre saúde mental, na elaboração de fluxos de serviços para atender, acolher e encaminhar melhor os alunos, realizar palestras e oficinas que visam a promoção da saúde mental.

Contato Entrelaços:

[email protected]

 

*A entrevista foi produzida sob a supervisão da jornalista Daniela Reis

https://www.setembroamarelo.org.br/

A cada 40 segundos ocorre uma morte no mundo

No Brasil cerca de 25 pessoas se matam por dia, colocando o país em 8°no ranking de países com maior incidência de suicídios, ultrapassando o número de 12 mil casos por ano. O suicídio é um problema de saúde e causa, no mundo, uma morte a cada 40 segundos. Em 2012, a Organização Mundial de Saúde (OMS) registrou um crescimento de mais de 40% entre brasileiros de 15 a 29 anos, na capital mineira, o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde em 2013, foram registrados na capital, 93 óbitos por lesões autoprovocadas.

Com os alarmantes números, em 2014, foi idealizada a campanha Setembro Amarelo pelo Centro de Valorização à Vida (CVV), juntamente com o Centro Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psicologia (ABP) com a intenção de conscientizar e informar os meios de prevenção do suicídio.

O CVV é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica e em 1973, foi reconhecida como de Utilidade Pública Federal, responsável pelo Programa CVV de Valorização da Vida e Prevenção ao suicídio.

A mobilização começou por meios de campanhas de conscientização da população, com palestras em universidades, hospitais, escolas e nas ruas. A campanha ganhou ainda mais visibilidade com a iluminação Cristo Redentor e também no Planalto de Brasília.

Foram criados pontos de apoio nas demais regiões do Brasil, são aproximadamente 2 mil voluntários em 18 postos, que oferecem apoio emocional às pessoas. Os contatos podem ser feitos pelo telefone 141 (24 horas), pessoalmente (nos postos de atendimento) ou pelo site www.cvv.org.br.

Reportagem: Gabriella Pimentel

Imagens: Amanda Eduarda