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*Por Moisés Martins

Antoine Laurent Lavoisier, conhecido como Lavoisier foi um grande químico do século XVIII, o parisiense se interessou pela ciência e tomou gosto pela química, logo ficou conhecido por derrubar teorias científicas. 

Em 1777, era o princípio da conservação de massas, conhecido pela frase: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Hoje, em pleno século XXI, a então frase ainda é muito usada, e é por isso que resolvi usar ela para falar de transformação.

Do lado de fora da janela do meu quarto, me chama atenção um pé de Sechium edule, o famoso “pé de chuchu”, em algumas regiões recebe o nome de machucho, caiota e pimpinela, mas aqui, é só chuchu mesmo.

Mas vocês devem estar se perguntando: O que o pé de chuchu tem haver com transformação? É aí que começa a história!

Por se tratar de uma trepadeira herbácea (Plantas de caule macio ou maleável, normalmente rasteiro), o pé de chuchu necessita de um apoio superficial para que consiga crescer e se ramificar, o daqui de casa por exemplo, cresceu sobre uma goiabeira.

No princípio havia a dúvida se o pé de goiaba seria sufocado pelos ramos, mas logo descobrimos que plantas trepadeiras não são parasitas, então optamos por deixar a natureza seguir o seu curso. Meses se passaram, e já não era mais possível ver as folhas e nem se quer o próprio tronco da goiabeira. O pé de chuchu tomou forma e logo veio a colheita.

Nos primeiros meses o chuchuzeiro surpreendeu a todos, teve um mês em que foram colhidos quatrocentos frutos, uma média de quinze por dia. Foi uma grande transformação, com tanta fartura, a felicidade de quem o plantou foi duplicada, e famílias foram contempladas com a hortaliça que foi ganhando cada vez mais cuidado e atenção, além da fama.

Ninguém se quer lembrava do infrutífero pé de goiaba, nem mesmo os pássaros, que aproveitaram os raminhos fechados para fazerem seus ninhos e se reproduzirem, as lagartas faziam os seus casulos e se transformavam em lindas borboletas, e os filhotes de Gambá ficavam escondidos nos emaranhados do chuchu, enquanto sua mãe os alimentavam. Uma verdadeira obra da natureza.

Dia e noite quando olho para o chuchuzeiro vejo uma cena diferente.

Pela manhã, o lindo assobio dos pássaros me acorda, a noite o barulho dos grilos e gafanhotos me incomoda, mas isso me deixa feliz, vejo que na natureza nada se cria tudo se transforma.

Às vezes o perder se faz necessário para entendermos o poder das transformações, podemos não assimilar logo de imediato o que está acontecendo, mas quando olhamos para trás podemos ver o quão a mudança é linda e se faz importante e necessária.

Hoje com a pandemia de COVID 19, e com o pedido de isolamento social para diminuir o contágio do vírus, as pessoas precisam ficar em casa. É necessário entender, o mundo é outro, os olhares são outros, as prioridades já não são mais as mesmas, o tempo corrido já não existe mais. O que vai ser de nós no futuro? Estamos sempre em processo de mudanças e transformações.

O cenário não nos permite caminhar mais sozinhos, o pensamento egoísta e o egocentrismo tomou novas formas, é necessário aproximação (mesmo que distante), é preciso ter empatia, escutar e entender o outro, só será possível erradicar esse vírus se a humanidade pensar e agir coletivamente.

Dentro de casa, buscamos o carinho de quem está do nosso lado, é como o apoio que o pé de chuchu precisa, sabe?. Estamos todos psicologicamente abalados, o momento é delicado, precisamos de afeto.

Da minha janela, vejo todos os dias o verdadeiro exemplo de transformação, e é com a brisa gelada do vento batendo agora em meu pescoço, que encerro meu texto com a esperança de que dias melhores virão, que a humanidade entenda que tudo que estamos passando agora faz parte de uma grande mudança no cosmo, e que só colheremos os resultados positivos dessa crise mundial, no futuro. Às vezes a dor se faz necessária para que haja um bom aprendizado. 

 

*A crônica foi produzida sob a supervisão do professor Maurício Guilherme Silva Jr. e da jornalista Daniela Reis