Por Daniela Reis
E depois de tantas incertezas e discussão política, o Brasil completa um ano de vacinação contra a Covid-19 com quase 70% da população já imunizada com a segunda dose ou dose única. Enquanto no auge da pandemia o país registrava mais de duas mil mortes por dia, atualmente a média próxima é 130.
O Brasil viveu momentos de muitos atritos, tanto que a imunização iniciou-se com atraso comparada a países como Argentina, Chile e México. Porém evoluiu de maneira surpreendente, uma vez que a população aderiu a campanha e encheu os postos de vacinação em todos os estados.
Mesmo superando outras potências em porcentagem de imunizados e com a incrível queda de mortes e casos graves provocados pelo coronavírus, o país ainda enfrenta desafios importantes de combate à pandemia que é o surgimento da Ômicron, uma cepa fez a média móvel de casos no Brasil subir mais de 600%.
A Ômicron
O primeiro caso confirmado dessa cepa no Brasil, aconteceu no final de novembro de 2021. Naquele momento não se podia prever a rapidez com que o vírus se proliferaria e causaria tantos novos casos. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chegou a dizer que a nova cepa “não é variante de desespero” e que o Brasil estaria preparado para uma nova onda de casos do novo coronavírus.
Porém, quase dois meses depois, o tsunami de infecções provocado pela nova variante registra, dia após dia, recorde no número de casos: no mundo, foram mais de 3,2 milhões em 24 horas; no Brasil, a média móvel subiu mais de 600%.
Ao contrário do que previa o ministro, o país não conseguiu acompanhar a evolução da situação pandêmica. Com a explosão de casos do novo coronavírus, algumas capitais brasileiras já estão sofrendo com grandes filas e lotação de pacientes.
O avanço da variante está provocando falta de profissionais de saúde na linha de frente do combate aos efeitos da doença, devido aos afastamentos de profissionais. Além disso, prefeituras e secretarias de saúde lutam contra a falta de estoque de testes para a detecção dos vírus das duas doenças.
Um estudo feito pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS), em parceria com os laboratórios Dasa e DB Molecular, constatou que a cepa prevaleceu em 98,7% das amostras analisadas no Brasil. Os pesquisadores analisaram 8.121 amostras coletadas entre 2 e 8 de janeiro de 2022.
Desde o dia 1º de dezembro de 2021, os pesquisadores testaram um total de 58.304 amostras em 478 municípios de 24 estados e do Distrito Federal. A Ômicron foi identificada em 191 municípios de 17 estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e também no Distrito Federal.
A análise demonstrou também, um aumento nos testes positivos para COVID-19. Entre a última semana de 2021 e a primeira de 2022, a positividade nos testes saltou de 13,7% para 39,5%.
Vacinação nas crianças

Mais um avanço para conter a pandemia aconteceu no dia 05 de janeiro, quando o Ministério da Saúde incluiu as crianças de 05 a 11 anos no plano de vacinação contra a covid-19.
Segundo a nota técnica divulgada pelo governo, a ordem de prioridade na imunização será a seguinte:
- crianças de 5 a 11 anos com deficiência permanente ou com comorbidades
- crianças indígenas e quilombolas
- crianças que vivem em lar com pessoas com alto risco para evolução grave de Covid-19
- crianças sem comorbidades, em ordem decrescente de idade: primeiro, as de 10 e 11 anos; depois, as de 8 e 9 anos; em seguida, as de 6 e 7 anos; e, por último, as crianças de 5 anos.
No entanto, estados e municípios podem decidir sobre a vacinação.
Após tantas discussões, o Ministério da Saúde orienta que os pais “procurem a recomendação prévia de um médico antes da imunização” – mas não exigirá receita médica para aplicar a vacina.
A autorização por escrito só será necessária se não houver pai, mãe ou responsável presente no momento em que a criança for vacinada.
A vacina será dada em duas doses e com 21 dias de intervalo, assim como nos adultos, mas a dosagem, a composição e a concentração da vacina pediátrica são diferentes da dos adultos.
O frasco da vacina para crianças também terá uma cor diferente daquela aplicada em adultos, para ajudar os profissionais de saúde na hora de aplicar a vacina.