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Vander Lee

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Por Daniela Reis 

Vander Lee ficou conhecido por fazer versos que falava do amor cotidiano e por brincar com as palavras nos seus versos musiciais. Mineiro, nasceu no dia 03 de março de 1966, em Belo Horizonte. Filho do meio entre os sete irmãos, foi criado no bairro Olhos D’água, que fica situado próximo ao encontro da BR 262 com 040.  Cursou primário na escola da Mannesmman, ginasial na Escola Estadual Paula Frassinetti (Sion) e segundo grau (inconcluso) no colégio Padre Machado, situado na região da Savassi.

O cantor e compositor começou a trabalhar ainda criança, aos 12 anos, como gandula de jogos de tênis, ali permaneceu por três anos. Também atuou como faxineiro, office-boy, entregador, auxiliar de jardinagem, almoxarife e vendedor ambulante. A paixão pela música começou em casa, pois o pai tocava violão e tinha o instrumento como seu companheiro de lazer nas horas vagas de trabalho, Vander Lee, acompanhava atento o som saindo das cordas e se encantou.

O jovem buscou aprender música, começou pela flauta doce, depois a tocar escondido o violão do pai. A MPB veio a partir daí, através do FM, das revistas com cifras e das visitas que ele fazia aos amigos que tinham uma discoteca variada. Se encantou pela música de Minas, o Clube da Esquina, da geração que vinha do Vale do Jequitinhonha, a Black Music brasileira de Tim Maia Cassiano, o samba popular do Bezerra da Silva, Beth Carvalho e Alcione nesse período.

Foi aí que resolveu montar uma “banda de final de semana” que se chamava Natural, que tocava covers do 14 Bis e outros sucessos do rock nacional, como Lulu Santos, Cazuza, Renato Russo, Paralamas, Lobão, passando pela MPB de Djavan, Caetano, Gil, Milton, Beto Guedes, Luiz Melodia. A primeira apresentação foi no auditório do Lar dos Meninos São Vicente de Paula e foi um sucesso. Eles não tinham bons instrumentos, mas aos poucos, Vander Lee comprou sua primeira guitarra. A banda se desfez quando ele serviu a o Serviço Militar.

Em 1986, quando saiu do exército, seus ex-companheiros já haviam formado outra banda e ele não se adaptou na nova formação. Começou aí, a investida na carreira solo, ele e seu violão (amigos inseparáveis) compunham as primeiras notas e letras de canções que seriam sucesso.

Primeiros passos

Passou a se apresentar em outros bares da noite belo-horizontina saiu da casa dos pais, o emprego e a escola para viver da música, no início, contando com o grande apoio de Tizumba.

Em 1987, participou do projeto Segunda Musical, no Teatro Francisco Nunes e fez a primeira apresentação baseada em composições próprias. No mesmo ano, participou do festival de música “Canta Minas” e ficou em segundo lugar com a música Gente não é cor. A premiação impulsionou Vander Lee a gravar o primeiro disco independente.

Nesta época, a assinatura do cantor ainda era Vanderly, mas o engano de um locutor de rádio, que o chamou de Vanderley, o fez repensar o nome artístico.

Em novembro de 1998, Vander Lee soube do lançamento de um livro de Elza Soares, no Cozinha de Minas. O mineiro superou a timidez e levou o disco até a cantora. Duas semanas depois, Elza o ligou e pediu para incluir a música Subindo a Ladeira nos shows dela. Vander Lee dividiu o palco com ela em uma apresentação, em BH e logo depois em vários espetáculos em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. A partir daí viu seu nome projetado para todo o país.

Em 1999, o produtor Mário Aratanha ouviu músicas inéditas de Vander Lee e o convidou a gravar um CD pelo selo Kuarup. No balanço do balaio rendeu boas críticas e teve participações do gaitista e produtor Rildo Hora e de alguns companheiros mineiros como Maurício Tizumba, Tambolelê, Raquel Coutinho e do pai, José Delfino.

Vander Lee foi chamado para fazer vários shows, quando foi morar na capital carioca e conheceu o poeta Sérgio Natureza. O escritor fez a ponte até Luiz Melodia, que apadrinhou o projeto Novo Canto, naquele ano, com apresentações em Copacabana, São João do Meriti, e, pouco depois, outras performances conjuntas em BH e São Paulo.

Em 2003, Vander Lee conquistou o terceiro lugar no 6º Prêmio Visa, entre três mil concorrentes. A premiação deu fôlego para o primeiro disco ao vivo, que trouxe participações especiais de Elza Soares e Rogério Delayon.

A gravadora Indie Records distribuiu o disco e, em 2004, viabilizou o lançamento do álbum Naquele Verbo Agora, que trouxe os hits Brêu, Meu Jardim e Iluminado. As faixas do disco foram muito executadas nas rádios e o fizeram finalista do Prêmio Tim de Música, nas categorias “Melhor Disco” e “Melhor Cantor” da Canção Popular.

Em 2006, gravou o CD e DVD Pensei que fosse o céu, mostrando versatilidade entre a MPB, o samba e o funk. Com o registro, conquistou o Prêmio TIM na categoria “Melhor Disco de Canção Popular”.

Fez shows internacionais, se apresentando em Turim, na Itália, em 2008, além do Festival SXSW, nos Estados Unidos e do Festival Romerias de Mayo, em Cuba, ambos em 2009. Em 2010, votlou ao SXSW e em 2013 se apresentou em Lisboa, na programação do “Ano do Brasil em Portugal”.

Em 2009, Vande Lee lançou o disco Faro, com dez canções novas e duas regravações, Obscuridade, de Cartola e Ninguém vai tirar você de mim, de Edson Ribeiro e Helio Justo que virou sucesso na voz de Roberto Carlos.

O trabalho seguinte foi Loa, em 2014, disco romântico de MPB com arranjos delicados de piano, violões, sax e flauta. Em, Vander Lee lançou seu nono disco, com 12 faixas, todas assinadas por ele, exceto Idos janeiros, feita com Flávio Venturini. Confira matéria do Estado de Minas sobre o disco.

Em julho de 2016 Vander Lee esteve no Rio de Janeiro, e gravou um DVD no Teatro Tom Jobim, um mês antes de sua partida.

Morte precoce

O músico morreu em 5 de agosto de 2016, após um processo cirúrgico proveniente de um Infarto, na tarde do dia anterior, enquanto fazia hidroginástica. O cantor morreu as 8h da manhã na UTI do Hospital Madre Tereza, em Belo Horizonte, após a cirurgia para a correção do infarto, sofrendo arritmia cardíaca e parada cardiaca. Vander Lee deu entrada com o quadro clínico de dissecção aguda da aorta com ruptura de coronária direita, válvula aórtica e aorta descendente.

Ele completaria 30 anos de carreira no ano de 2017.