TBT: Greve dos caminhoneiros 2018

TBT: Greve dos caminhoneiros 2018

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Por Daniela Reis 

Na última semana, em meio às comemorações e manifestações do dia 07 de setembro, muito se falou sobre uma nova greve dos caminheiros igual ou maior a que aconteceu em 2018. Vários seriam os motivos, entre eles o preço abusivo dos combustíveis, a gasolina já ultrapassa os R$7 em muitas regiões do país. 

Por esse motivo, o Contramão traz hoje uma matéria para relembrar os impactos causados pela paralisação dos motoristas de carretas e caminhões há três anos. 

 

A greve e seus impactos 

A greve dos caminhoneiros, em maio de 2018, durou 10 dias e provocou uma brusca interrupção do fornecimento de bens e insumos básicos da economia. Por alguns dias, as cidades esvaziaram, por falta de combustível em postos de gasolina. 

O impacto na economia foi imediato, tanto na inflação quanto no PIB. O rápido equacionamento do problema fez com que o parte do impacto da inflação fosse temporário: a forte alta em junho foi compensada por alguma deflação em agosto daquele ano. 

O impacto da atividade, em particular na indústria de transformação, foi mais permanente: a mediana das projeções de crescimento do PIB antes em abril de 2018 era de 2,8%. O PIB acabou crescendo apenas 1,2% (resultado revisado recentemente para 1,8%). Parte da decepção do crescimento pode estar relacionada às incertezas eleitorais daquele ano. Mas a maior parte da queda das expectativas veio com a greve e a perda não recuperada da produção naquele período 

Durante a greve, o setor da economia que mais sentiu foi a indústria. A falta de entrega de insumos e de bens finais provocou uma queda de 3,4% da indústria de transformação entre abril e junho de 2018. Os setores que mais sentiram foram informática, equipamentos de transportes e bebidas – além da categoria “diversos” (Tabela abaixo). A retomada foi heterogênea, com cerca de metade dos setores voltando (ou superando) o nível pré-greve seis meses depois.

No setor de serviços, o impacto foi muito forte dado o peso dos serviços de transporte. Mas pouco se espalhou para outros setores. A PMS recuou quase 5% em maio, mas em junho já havia superado o patamar pré-crise, com o fim da greve (gráfico abaixo).

Apesar da retomada pós-greve, a perda de produto durante aqueles meses foi permanente. A mediana das projeções de crescimento do PIB antes em abril de 2018 era de 2,8%. No  final do primeiro semestre, a projeção havia recuado para 1,55% (gráfico abaixo). O PIB acabou crescendo apenas 1,2% (resultado revisado recentemente para 1,8%). Ainda que parte desta decepção esteja associada às incertezas eleitorais daquele ano, a greve parece mesmo ter sido a principal responsável pelo crescimento menor.

 

A importância dos caminhoneiros

Essenciais para economia, os caminhoneiros movimentam 60% de toda a carga brasileira, percorrendo 1,7 milhões de quilômetros de estradas que há em nosso país. Essa classe trabalhadora é vital para o funcionamento do país, você deve ter percebido isso nos últimos eventos de greve generalizada.

Praticamente tudo o que utilizamos no nosso dia a dia, seja perecível ou não, é transportado por um caminhão. O transporte de cargas no Brasil é feito em grande parte por estradas, portanto precisamos de políticas públicas que cuidem das estradas para que toda frota possa circular com qualidade e segurança.

O transporte feito nas rodovias é um dos mais simples e eficientes. Sua execução depende, como mencionamos, da existência e boas condições das rodovias. Embora a logística seja mais simples, manter as rodovias em boas condições e controlar a criminalidade parece que não tem sido tarefa fácil para os nossos governantes. Dos 1,7 milhões de quilômetros percorridos em território nacional, apenas 12% deles é feito em estrada pavimentada.

Outra questão que precisa ser levada em conta é o preço do diesel. Hoje, quase 30% do preço final do combustível no Brasil são impostos, como o Cide, o ICMS e o PIS/Confins, realidade que vem a ser a maior causa da paralisação dos caminhoneiros em 2018.

Sabe o que resulta um caminhão parado? Resulta no Brasil parado! Sem remédios nas prateleiras, sem comida nos supermercados, sem gasolina para se trafegar.

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