Por KEV

Sempre levanto a bandeira de que estilo é sobre ser, num movimento lindo e interno que parte do seu eu e se externaliza. Mas preciso te dizer a verdade: ser, hoje, é também ter em algum nível.

Não digo ter marcas caras e de renome por aí, mas algo que você representa, que você possa chamar de seu. Aquilo que você serve, traz conforto e, de certa forma, funciona.

O discurso medíocre de que só o “ser” importa (re)afirmar e validar a falta de acesso que muita gente passa na moda.

Sim.

Se para você condenar a Shein é mais importante que entenda o acesso que ela traz às pessoas, e não digo só ao financeiro, mas de tamanhos, modelagens, opções. Você claramente não entende nada de moda.

Não me confunda! A conversa não é sobre inocentar a marca em aspectos de produção e mão de obra problemática, mas expor o fato de que, hoje, ela é uma referência no quesito compra de várias populações latinas. Isso, devido, claro, ao preço “acessível” e ao poder de compra, agora, com a ajuda da marca, dadas essas pessoas.

Ou seja: não dá mais pra falar sobre o “ser” sem o considerar o “ter”. A gente precisa discutir esses acessos, sobre quem pode ter muito, quem tem que se virar com o pouco, quem se faz chique com nada e quem não é lido como estiloso de jeito nenhum.

“O chique é ser”, muitas vezes, só é chique mesmo quando você já tem muito — por isso o papo sobre “tenha menos coisas” precisa sempre sair da bolha de quem sempre teve tudo.

Ter acesso à roupa é importante, e ter menos só é legal por escolha.

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