Uma tarde na mostra Charles Chaplin (continuação)

Uma tarde na mostra Charles Chaplin (continuação)

Dentro da sala de projeção, todos se acomodam em suas poltronas. O filme Casamento ou luxo começa e não havia ninguém conversando durante a exibição, algo raro nos dias de hoje. O cinema mudo exige de sua plateia uma atenção maior. Nos filmes falados, os diálogos nos fazem compreender o que se passa em uma cena, mesmo sem olhar para tela, pois quando ouvimos podemos imaginar, mas no cinema mudo, não. Cada gesto e expressão facial das personagens pedem para serem vistos, interpretados, sentidos.

No cinema mudo de Chaplin, a plateia reage a cada gesto da personagem. Como na cena do susto da plateia no momento em que o personagem Jean  pega um revolver de dentro de uma gaveta, a reação do público é um “óóó”, em coro. As pessoas podem prever o que acontecerá na cena seguinte. Cenários e objetos andam carregados de significados e a ausência de cor não faz falta. Diante de um filme de Chaplin, nós mesmo conseguimos dar à historia a suas próprias cores.

Casamento ou luxo é o primeiro mergulho de Chaplin no drama e traz o próprio Charles Chaplin como um simples papel de funcionário de ferrovia, mas a ausência do cineasta como personagem principal não diminui o filme. Chaplin, eternizado não só pelo cinema mas também por ser autor de frases marcantes finaliza o filme com uma lição: “O tempo cura as feridas, o segredo da felicidade é ajudar os outros.”

Por Perla Gomes

foto: Marcelo Fraga

 

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