Webinar sobre autismo no ambiente universitário mostra os desafios do corpo docente.

Webinar sobre autismo no ambiente universitário mostra os desafios do corpo docente.

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O autismo tem amplitude de doenças não-raras e já é aquele um por cento que precisa ser mais reconhecidos pelos órgãos competentes.

Por Lucas Requejo

No dia 4 de maio, foi realizado um webinar sobre autismo no ambiente universitário, mostrando como os professores podem realizar a integração de alunos com TEA (Transtorno de Espectro Autista) sem que as aulas não sejam comprometidas e nem infrinja o desempenho do aluno durante sua formação no ensino superior.

O TEA, mais conhecido como autismo, está em uma crescente que preocupa especialistas. Segundo o portal Canal Autismo, o número tem aumentado, passando a ser um transtorno não-raro. Estima-se que um por cento da população brasileira que ou nasceu com, ou desenvolveu o TEA.

Porém, se diz estimativa, pois o TEA não possui uma estratégia de diagnóstico bem desenvolvido aqui no Brasil, haja visto que nem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) possui um levantamento assertivo sobre o assunto.

Pensando nisso, a Una se adiantou e ofereceu este evento, por meio do Projeto de Extensão “Ciclo de debates sobre sociedade inclusiva”, que serviu de aporte para discutir um assunto tão importante. E, para abrir a palestra, a professora Carla Soares, de 44 anos, mediou com acadêmicos da universidade e revelou suas expectativas:  “A ideia do webinar é mostrar como o NAPI (Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Inclusão) trabalha na inclusão de alunos já diagnosticados com o TEA e trazer todo o aporte de conhecimento sobre os caminhos que a Una traz, em prol da inclusão destes estudantes”.

O Welder Vicente, coordenador do NAPI, de 36 anos, é psicopedagogo formado na UFMG e trabalha na absorção de alunos que possuem transtornos de caráter psicossocial. Trabalhou com diversos projetos, mas, na Una, é mais gratificante. “Meu mestrado é sobre o autismo e eu amo desdobrar este assunto, pois trabalhamos muito para que a inclusão de alunos deste espectro na Una seja cada vez mais volumoso e, consequentemente, satisfatório”.

Welder conectou diversos aspectos do TEA; iniciando com um breve histórico no webinar. “O autismo era encarado como esquizofrenia. Dentro do Hospital Colônia – conhecido como o local que ocorreu o holocausto brasileiro, em Barbacena (MG). Os autistas eram isolados e dormiam sob o chão frio durante o inverno, além de serem submetidos a torturas”.

E complementa: “Com o passar do tempo, como hoje nós conhecemos três níveis de autismo, a primeira era colocada como síndrome de Asperger. Ainda por cima, a psicologia contemporânea começou a relacionar o diagnóstico do autismo diretamente à gestação, transferindo à mãe uma culpa, colocando-a como “mãe geladeira”, dizendo que ela foi tão fria a ponto de não se conectar ao feto, e que, por isso, a criança nascia autista”.

Ao inserir o tema dentro das vias legais e estatísticas, Welder mostrou gráficos que demonstraram a evolução mediante à responsabilidade de políticas públicas para pessoas especiais. De modo geral, as estatísticas começaram a ser levantadas em 2008, com a criação da lei de cotas. A partir de 2015, o TEA foi integrado em todos os seus níveis, e hoje, possui até carteirinha comprobatória.

O autismo era enquadrado, ainda, como Asperger. A partir de 2010, o MEC (Ministério da Educação e Cultura) passou a levantar o cenário de ingressantes com autismo em universidades a nível federal, regional e estadual. De lá até 2019, em todos os aspectos, o volume cresceu mais de 150% em todos os cenários. Porém, o MEC não realizou mais nenhum levantamento desde 2020, mas Welder menciona que, a cada 10 mil alunos matriculados ao ano, dois são autistas.

No cenário qualitativo da formação e das matrículas dentro da Una, Welder cita os cursos mais procurados como comunicação, pedagogia, psicologia e direito. Porém, sinaliza algumas deficiências: “As áreas de exatas, como engenharia e matemática, e outras de humanas, como moda e arquitetura, não tem uma matrícula sequer”.

Em relação ao ambiente de estudos na universidade, ele traz que, por direito, cada aluno pode ter um mediador interno, para auxiliá-lo na adequação em geral, e que, o custo com este processo não deve ser repassado ao aluno, de forma alguma.

Sobre o desenvolvimento e suas percepções, Welder afirma: “O autista tem algo que chamamos de hiperfoco, e temos que trabalhar para que o aluno não o perca, pois será certa a sua desistência do curso. Mas, não significa que ele terá redução de conteúdo por isso. O que é preciso ser trabalhado é a sua ambientação e seu interesse no curso o qual escolheu.”. E completa: “Já encontrei até professor autista. É gostoso ver ele lecionando o que ama. O hiperfoco ajuda muito.”

O dia a dia do estudante autista, em meio à sua adaptação dentro do ambiente, pode trazer alguns perrengues iniciais, mas que todos precisam ser salientados. Ele citou um exemplo relacionado ao hiperfoco, onde uma estudante, devido estar próxima ao ar-condicionado, somando a temperatura à poluição sonora, ela teve uma crise de ansiedade. Tudo conseguiu ser controlado, graças ao excelente trabalho do NAPI.

Todo o webinar foi acompanhado por mais de 50 participantes no geral e todos saíram realizados com a excelência das falas de Welder e todo seu conhecimento, agregando grande sabedoria a um tema que, a cada dia, precisa ser minuciosamente adequado ao nosso conhecimento, pois, como Welder finalizou a sua palestra, “não dá mais para sermos segregados por não nos conhecerem de fato”.

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