Contramão HUB

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Por Giovanna Silveira – Métrica Livre – Parceiros Contramão Hub

Talvez não exista imitação entre arte e vida. Um não passa de um representação homérica do outro.

Enquanto você caminha pelas calçadas e arrisca viver na cidade, uma voz segue narrando seus passos, ou uma música vai ditando seus clímax, enquanto os dias bailam entre uma peça trágica ou uma drama documental. E nos muitos dias você se vê preso em papéis coadjuvantes… quando poderia ter sido o principal.

E então, sai de cena.

Mas então percebe que foi só o fim do primeiro ato, e a vida, na realidade é feita de muitos atos mais. E você vai marcar cada um dos personagens e lugares por onde passar;  por quê afinal, não importa, entre a arte e a vida, você vai ser sua melhor obra.

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Por Yamí Couto – Poligrafias – Parceiros Contramão Hub

Tá pronta para ter disciplina? Ser uma boa menina como todo mundo acha que você deve ser? Você está preparada? Preparada para falar sem questionar, aceitar o que o sistema te falar, rir e perguntar na hora que qualquer outra pessoa mandar? Ah, mas que beleza! Temos mais uma pessoa para mandar. Mais uma força que vai fazer tudo sem questionar. Que vai entender que pensar é apenas mais uma forma de perder tempo de uma coisa que você nunca vai conseguir assimilar. Perfeito. Temos mesmo mais uma pessoa pronta para essa famosa vida adulta. Que sinta culpa se você tiver dificuldade em encontrar um bom emprego, pois não é boa o suficiente para poder entrar numa faculdade que sempre vai estar em greve, pois a cota da educação foi a primeira a ser cortada depois de não conseguirem cortar as cotas para político ladrão. Ah, mas é claro que não. Você é mais um peso para esse Estado, mina. Você tem que aceitar o seu papel de submissão. Pois quem rouba é quem faz o melhor por essa nação. Se hoje somos o país do carnaval é por deixarmos de lado pessoas mais cultas que nunca terão apoio da Elite, o que dirá do pessoal. Ah, menina… Eu fico mesmo feliz que você esteja preparada para experimentar a sua primeira cachaça depois dos dezoito anos, que agora você possa entrar nas festas para maiores e esquecer do seu nome. Fico feliz de verdade que você jamais se encontre e ouça o que as pessoas têm mais falado do que olhar para o lado de dentro e escutado. É assim mesmo.

Bem vinda mesmo, menina. Bem vinda a vida adulta onde você acha que vai se encontrar, mas é uma cilada para você continuar perdida.

Bem vinda a vida adulta onde você será mais uma nessa multidão de pessoas sorrindo por fora, mas por dentro estão mortalmente feridas. Bem vinda ao mundo adulto onde sempre vai ter alguém de fora dizendo o que vestir, o que comer ou qualquer outra coisa que você decida. Bem vinda ao mundo adulto, mina, onde você só chega a algum lugar se for tão sujo quanto eles e minta. Nós estaremos te recebendo de braços abertos e esperando roubar a sua mente e a sua língua até o momento que você não será mais útil para a nossa “humilde” carnificina.

Eu espero que você seja capaz de entender no meu texto a quantidade de ironia.
Caia fora enquanto há tempo.

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Por Tiago Jamarino Blog Start

Filmes de espionagem tem vida longa desde meados da Guerra Fria, com sua linha cinematográfica bem definida por violência, muita ação, jogos de intrigas e bastante sedução. A um clichê com tramas internacionais com armas e países que podem destruir a paz mundial, o pano de fundo sempre é um interesse maior por parte de um país “dito neutro”, para desvendar esses interesses. Em Operação Red Sparrow, temos uma história que usa um fundo histórico verídico para contar mais uma história manjada de espionagem. Jeniffer Lawrence protagoniza essa obra que tinha tudo para ser grandiosa, mas tem um roteiro que escorrega feio. Lawrence volta a trabalhar com Francis Lawrence (diretor dos três últimos filmes da franquia Jogos Vorazes), a missão dada a Jeniffer Lawrence é bem árdua com um roteiro com a famigerada história de americanos contra russos, que tem mais um filme esquecível.

Outrora talentosa bailarina, Dominika Egorova (Jennifer Lawrence) encontra-se em maus bocados quando é convencida a se tornar uma Sparrow, ou seja, uma sedutora treinada na melhor escola de espionagem russa. Após passar pelo árduo processo de aprendizagem, ela se torna a mais talentosa espiã do país e precisa lidar com o agente da CIA Nathaniel Nash (Joel Edgerton). Os dois, no entanto, acabam desenvolvendo uma paixão proibida que ameaça não só suas vidas, mas também as de outras pessoas.

O filme é baseado em uma adaptação literária do ex-agente da CIA Jason Matthews, que foca mais em um lado sensual da espionagem, com um tom bem misógino e com temas bastantes pesados como violência e cenas de estupro. A muita exposição de nudez e um filme que vai realmente mostrar como é aquela agência Red Sparrow, uma agência de belas mulheres que conseguem qualquer informação pela sensualidade. O longa começa a desandar justamente quando a melhor agente (teoricamente), se apaixona por um agente americano, rapidamente a construção da personagem de Lawrence vai por água abaixo. Filmes como Atômica (2017) e Salt (2010) se baseiam em um ar mais 007, com sedução como robe e uma ação frenética ao mesmo tempo que consagra sua protagonista como uma personagem forte. Apesar de Lawrence segurar em alto-nível as pontas, Operação Red Sparrow beira a monotonia, longo demais e nada para surpreender.

A direção é do Francis Lawrence, que desenvolve uma narrativa que é ousada, no sentido de saber que seu filme irá causar vários desconfortos ao espectador. Já no começo temos uma cena de ação com nudez, que é bem pesada, sendo o cartão de visita do que estar por vir, com várias cenas de nudez frontal masculina e muita exposição do corpo da protagonista. O jogo de câmeras é bem elegante, bem no prologo tem uma luz forte com um tom avermelhado destacando sua protagonista. A cinematografia é belíssima e com um tom cru, reagindo ao humor da personagem de Lawrence, quando está deprimida usa roupas pretas e quando está alegre e charmosa usando roupas vermelhas. O designer de produção atua de maneira magistral, principalmente a maquiagem que reproduz bem todos os hematomas oriundos das cenas que o causaram. As sequências de ações não são tão empolgantes e o trabalho da trilha sonora é bem abaixo!

O roteiro assinado por Justin Hayth traz a clássica história dos americanos contra os russos, soa mais como uma propaganda anti-governo russo, mas a narrativa é longa demais e recebe todos os clichês de filmes de espionagem. Tais mecanismos de roteiro tornam a história dilatada, um certo desenvolvimento que em muito beira a preguiça, se arrastando por 140 minutos. O que se espera de um filme de espionagens são aqueles twists, que neste filme até tem, mas você vai prever todos, exceto a personagem principal, que está a um passo à frente de todo mundo. Apesar de conduzir algumas cenas de tortura sádica, aquelas cenas tensas e pesadas, bem angustiantes, o filme dá um drible ao entregar uma relação amorosa proibida que não é bem desenvolvida. Algumas reviravoltas podem até impressionar, mas o roteiro fica confuso sem saber onde levar seus personagens, que ao final, começa a ganhar uma grande quantidade de furos.

O elenco tem bons nomes, alguns nomes de peso, a começar pela protagonista que segura o filme. A Jennifer Lawrence vale todo ingresso do filme, ela convence como espiã, sensual, com uma atuação bem minimalista. A protagonista parece estar confortável o bastante para entregar uma atuação convincente e atrativa, fica óbvio que Lawrence pode interpretar qualquer papel que ela quiser. O único problema é o sotaque russo-americano que é totalmente desnecessário e incomodo em boa parte. O elenco de apoio é totalmente descartável e com nomes de peso como Charlotte Rampling, Jeremy Irons e Joel Edgerton. O grande problema do elenco de apoio, é a falta de tempo de tela, atuações bem apagadas e esquecíveis.

Em resumo, Operação Red Sparrow é um filme sobre espiões que literalmente se prostituem em nome de sua  Pátria. Com uma protagonista que segura o filme, sendo melhor atrativo, com um roteiro que derrapa e não sabe a onde levar seus personagens. O filme não se decide o que quer ser, embora seja interessante e atrativo visualmente, o sentimento que fica é, que sua falta de ação poderia tornar o longa muito mais empolgante e com um resultado bem mais satisfatório.

 

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Por Débora Gomes – . as cores dela . – Parceira Contramão HUB

 

querido Salvador,

diz meu coração, que cê só anda um pouco perdido, sem saber como voltar. sem muito jeito pra crer nessas ideias dele, apenas lhe pedi: ‘não se engane, coração. não acredite em tudo que sente’.

existem muitos caminhos, Salvador. estradas curtas, estradas longas, estradas com poucas ou infinitas curvas. aprendi, ainda muito pequena, que quando a gente tem pouca certeza, mas alguma fagulha no coração, a gente consegue chegar onde se deve, aprendendo a amar a trajetória inteira.

não sei o que te aconteceu… se cê cansou dessa brincadeira de longitudes, se seu tempo anda desencontrado, se cê esqueceu minhas poesias, se cê achou melhor seguir, me deixando dentro desses vazio. mas seja lá o que for, não tenha medo. a gente não deve culpar destino algum, nem dizer desses agoras, que às vezes se fazem tarde demais.

mas me escreva quando sentir saudade. as portas vão estar sempre abertas pr’ocê.

com amor,
Alice.

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Nathália Sales – Poligrafias – Parceiros Contramão HUB

Hoje, precisei lidar com a saudade. Não sabia ao certo se chorava, sorria ou deixava meu silêncio gritar. Refletindo sobre essa loucura que estou sentindo, percebi o quanto sou imatura ou madura demais para conversar e dizer o quanto me dói lembrar de algo que aconteceu, de algo que poderia ter acontecido, mas não aconteceu.

Às vezes, a saudade chega e nem me dou conta que está ali. E justamente hoje, olhando aquela fotografia que fiz questão de eternizar, eu a senti bater, como aquela chuva de verão que vem sem avisar. Como aquela chuva que vê uma nuvem no céu e sabe que o dia não será ensolarado, sabe que terá que carregá-la e fazê-la desabar em tempestade.

Mas é só ter calma porque logo depois o vento leva aquela nuvem pra longe. Pois bem, a nuvem é minha saudade, a chuva você sabe quem? Com paciência, consegui olhar o céu e ver que o sol estava escondido lá no horizonte. Logo mais ele voltará a brilhar e secará tudo que a chuva fez questão de molhar.

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Por Geovanna Silveira – Metrica Livre – Parceira Contramão HUB

 

Quero ser dona logo.

Dona antiga, vivida, vencida

Dona respeitada, feita e ferida

Arrependida das más decisões mas

certa de vida

Dona do próprio tempo e do próprio gasto

Dona do amor e do marasmo

Talvez quem sabe

Dona de um espaço

Espero ser dona logo.

Não pra contar a mesma história de monólogo

Dona de mim, do eu lírico, ópio

Quero ser dona do meu real ilusório.