Saúde

           O que a atendente da rodoviária, o passageiro da linha 3050 e o fubá, da torcida organizada do Cruzeiro podem ter em comum? A princípio, todos se encontram em Belo Horizonte. Mas uma característica ainda mais peculiar os uniu. Eles, assim como várias outras pessoas, se tornaram personagens das histórias relatadas nos jornais e revista produzidos pelos alunos do 1º e 2º módulos do curso de Jornalismo, do Centro Universitário UNA.
O trabalho faz parte da semana Vitrine, que expõe durante os cinco dias de junho os produtos finais da disciplina TIDIR, de toda a FCA. Coordenados pelo professor Reinaldo Maximiano, os alunos deste módulo escolheram um tema sobre Belo Horizonte, focando em personagens e cuidando para que este tema ganhasse um novo olhar, fugindo do que já é abordado pela grande mídia.
Por isso, pessoas comuns, histórias corriqueiras e atitudes desconhecidas por muitos ganharam espaço nas produções dos alunos. “Rodô: sobre o terminal rodoviário”, “InFoco: sobre as torcidas organizadas”, “O Coletivo: sobre o ônibus da linha 3050” e “Regresso: sobre as penitenciárias e o trabalho da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados” foram o resultado final do trabalho dos alunos desses módulos, que mesmo sem ter cursado uma disciplina de produção gráfica, se empenharam e conseguiram desenvolver belas produções.

Por Jéssica Vírginia e Natália Oliveira.

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A comunicação está presente em todo o lugar e tempo, de diversas formas culturais. Esse eixo norteou as apresentações do TIDIR do módulo B de Publicidade e Propaganda desta quinta-feira.O tema principal de todos os trabalhos era o corpo como meio de comunicação. Os grupos mostraram que é possível realizar a comunicação não apenas através da fala, mas também através de gestos, expressões, imagens, movimentos.

Eram quatro grupos com os seguintes títulos: “A arte e o movimento do corpo no circo”, “Identidade Própria”, “Dança Contemporânea “e “Corpo e Mídia”. Apresentaram sub-temas interessantes relacionados diretamente com o curso de comunicação. O primeiro grupo resgatou um tema pouco vivenciado pela juventude, como reconheceu uma das alunas na apresentação, pois nunca foi a um circo, por não ter oportunidade quando criança e quando adulta pela falta de curiosidade.

Por Andressa e Thaline.

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A noite desta terça contou com a presença da professora do programa de pós-graduação da PUC-Minas, Geane Alzamora, que fez palestra sobre “Jornalismo cultural e diversidade”

Geane destacou que jornalismo cultural lida com um público de vanguarda que está em movimento, onde a cultura acontece nas ruas. Na maioria das vezes o jornalismo cultural se desenvolve no culto a personalidade. Como exemplo, ela cita o show de um cantor famoso e que o principal foco dos veículos é fazer uma entrevista com o artista Ela afirma que o jornalismo cultural se constrói na força da narrativa e não no factual. O que chamamos de notícia praticamente não existe nele.

Geane contou um pouco sobre a história do jornalismo cultural, lembrando que foi criada uma editoria de variedades para abrigar tudo o que não cabia nas outras editorias já existentes. A partir disso nasceu a editoria de jornalismo cultural.

Ela acredita que na era digital, com blogs, redes sociais, entre outros, o maior problema dos jornalistas de cultura é que o papel de mediador do jornalista é exercido por várias pessoas. Ela exemplifica dizendo que as pessoas confiam muito mais em uma dica musical de um amigo do que de jornalistas. Surge uma desconfiança da credibilidade jornalista de cultura.

Por Gabriel Sales , Guilherme Côrtes , Natália Zamboni e Vitor Hugo .

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Popularizado na década de 1990 entre grupos urbanos, da cultura alternativa, Sticker é considerada uma subcategoria da arte pós-moderna e é uma forma de transmitir uma mensagem, sentido, manifestação ou simplesmente o prazer de enfeitar a rua do seu gosto ou ponto de vista seja no alto de um poste, no final de uma placa ou até mesmo em casas abandonadas.
Em entrevista para Contramão Online, Raquel Schembri, 25 anos, formada em artes plásticas e com pós-graduação em Moda, conta um pouco sobre seus trabalhos com arte urbana.

“Acredito muito na arte nas ruas como um convite a mudança na percepção de cada um.” (Raquel Schembri)

Contramão – Quando começou a executar os trabalhos? (Stickers, quadros…)
Raquel Schembri – Comecei a desenvolver o meu trabalho em 2003/2004, tanto o de pintura e desenho quanto o trabalho nas ruas e em lugares abandonados. Na época já estava na Escola Guignard.

Contramão Algum artista o incentivou? Quem, e com qual trabalho?
Raquel Schembri São vários artistas que me incentivaram e que me inspiram. Atualmente de artistas que tem ou tiveram uma ligação urbana, admiro o Blu, o Herbert Baglione e Os Gêmeos. Tem um artista, que cria animações, que pra mim ele é meu “guru”, o Hayao Miyazaki, me identifico muito com as obras dele. Uma de suas obras mais conhecidas é “A Viagem de Chihiro”. Na rua, o artista que me despertou para o mundo da arte na rua foi Xereu, fiquei instigada com  as caras que ele distribuía na cidade, mas só fui conhecer ele pessoalmente um tempo depois. O artista Ramon Martins foi quem me introduziu nesse universo, principalmente no grafitti. Trabalhamos juntos por um bom tempo. 

Contramão Participou de algum curso de desenho, design, etc.?
Raquel Schembri Formei na Escola Guignard, UEMG, em Artes Plásticas. Depois fiz Pós em Design de Moda na Fumec.

Contramão Qual material utiliza na execução dos trabalhos?
Raquel Schembri Minhas pinturas em tela ou papel são na maioria das vezes tintas acrílicas. Comecei esse ano a experimentar tinta a óleo, mas estou “apanhando” muito. O tipo de raciocínio para a execução é muito diferente.
Na arte urbana, utilizo pigmentos, tintas próprias para parede, nanquim, e outros materiais que variam como guache, acrílica, spray, carvão e por aí vai. 

Contramão Quanto tempo gasta?
Raquel Schembri Bom, depende do que estou fazendo. Não gosto de ficar “fritando” muito tempo no mesmo trabalho. Fico feliz quando consigo terminar no mesmo dia! Pinturas em quadros são as que demoram mais, às vezes fico 4, 5 dias em um único retrato. Já na rua o máximo que gastei foram duas tardes, mas normalmente gasto uma tarde só.

Contramão– Qual o horário que faz os trabalhos na rua? Já foi pega executando o trabalho em alguma área proibida? Existe algum risco?
Raquel Schembri – Gosto de trabalhar durante a tarde (não consigo acordar cedo, só funciono legal depois de umas 16h00min) espichando pra noite dependendo do lugar, pois gosto mais de pintar em casas e lugares abandonados, normalmente não tem iluminação. Já fui pega sim umas vezes, mas nunca tive grandes problemas. Primeiro porque mesmo sendo ilegal, pintar num ambiente que vai ser demolido é bem mais tranqüilo do que na fachada de uma casa, de um prédio ou de algum comércio. É mais escondido, poucas pessoas vêem. E sinto que eu sendo mulher e sabendo “trocar idéia” faz diferença. Pra mim o maior risco é de estar pintando sozinha. Adoro trabalhar só, chega a ser espiritual pra mim. Mas também é perigoso. Uma vez numa casa enorme três caras cheirando cola começaram a mexer comigo. Se eles quisessem fazer alguma coisa, ninguém ia ver nada, mas não aconteceu nada.

Contramão O que motiva a continuar a fazer os trabalhos, sendo que não tem nenhum vínculo lucrativo?
Raquel SchembriPra mim tem vínculos lucrativos, sim. Não relacionados à grana, mas pra mim, gerar um questionamento em alguém, despertar algo, mudar nem que seja um pouquinho o cotidiano de uma pessoa, já é um lucro. Acredito muito na arte nas ruas como um convite à mudança na percepção de cada um. São poucas as pessoas que conseguem observar o que está ao seu redor. Acredito que a contemplação é um elemento importantíssimo para saber viver melhor o presente. Faço minha arte sem grandes expectativas, mas gostaria muito que fosse como quando colocamos o dedo num redemoinho de água de uma banheira que está esvaziando. Já reparou que a água se dissipa?

Contramão Acredita que com os manifestos, você cria nas pessoas uma idéia critica?
Raquel Schembri A minha preocupação não é criar uma idéia crítica, mas despertar algo nas pessoas.

Contramão– Como surgem as idéias, qual é o sentindo? (na arte urbana)
Raquel Schembri- As idéias não são muito elaboradas. Normalmente eu decido na hora o que eu vou fazer, e as idéias são meio vagas. O resultado final sempre é uma surpresa pra mim.

Contramão- Qual a idéia que acha que passa para os conhecedores e não conhecedores desse tipo de trabalho?
Raquel SchembriCada um interpreta como quer e com a sua percepção. É muito mais individual que imaginamos.

Contramão Se os trabalhos servem como uma forma de manifesto, para quem é esse manifesto direta ou indiretamente?
(Sem resposta)

Contramão Os trabalhos já foram apresentados em alguma exposição de arte? Qual e onde?
Raquel Schembri Já cheguei a pintar duas casas inteiras junto com o artista plástico Ramon Martins e fizemos um convite da exposição, chamava “Sem Dono”. Era legal porque ninguém esperava que fosse uma casa abandonada, suja, com mau cheiro. Teve gente que teve que pular o muro para poder ver. A galeria para os artistas de rua é a cidade. Como a característica desse trabalho é a efemeridade, o registro que tenho são as fotos. Expus algumas delas em Torino, na Itália, na exposição “Viver Minas”.  Minhas pinturas e desenhos já foram expostos em galerias e em feiras nacionais e internacionais como em Montevidéu (Uruguai), Hollywood, NY (EUA), Londres (Inglaterra).


ContramãoQual trabalho foi mais importante? Por quê?
Raquel Schembri Pra mim, todos os trabalhos têm sua importância. É claro que tem uns que eu gosto mais que outros. Teve uns que foram mais especiais, como a pintura que eu fiz para a minha mãe, nos dias das mães. O pássaro de duas cabeças que eu fiz no dia do Natal também estava incrível o ambiente. Senti uma paz muito grande enquanto fazia, minha mente estava em outro nível.

Contramão Qual a diferença do seu trabalho para outras consideradas poluições visuais, como pixações e outdoors?
Raquel Schembri A intenção. Isso muda completamente. A intenção das propagandas é o dinheiro, e o povo tem que “engolir” essa imposição diariamente. Muitos pixadores e grafiteiros já têm a questão da auto-afirmação muito forte. As pessoas têm que parar de pensar muito nelas mesmo e voltar um pouco no outro. Todos têm uma responsabilidade com o que mostram com o que passam à diante. O mundo está precisando de pessoas que acrescentam. Sempre tenho o cuidado de não passar algo negativo (apesar de que isso é subjetivo). Também não faço questão de assinar.

Contramão Qual é a sensação depois do trabalho feito?
Raquel Schembri Normalmente, quando termino um trabalho, não tenho uma opinião formada sobre ele. Não sei se gostei. Vou sentindo com o tempo que vai passando. Fico feliz em rever um trabalho, mas na maioria das vezes duram muito pouco tempo, as demolidoras não perdem tempo. A sensação durante e depois do processo nunca é igual, mas pra mim é sempre íntimo.

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