vida VAZIA?

vida VAZIA?

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Por Auspicioso Acapela – Coletivo parceiro Contramão HUB

Depois de uma tarde fria e cansativa no trabalho, resolvo me permitir um pouco de ousadia fora da rotina. Diferente das pessoas que convivo, não sou dada a bares, boates, casa de jogos e semelhantes. Sempre fui mais caseira e aprecio muito um bom filme, no meu quarto, com a Nan, minha gata. Mas por outro lado me sinto vazia e sozinha, então o erro pode estar em mim ou em minhas escolhas.

Vou para um bar, distante do serviço e de casa, pois não quero ser vista bebendo. O tempo se arrasta e as pessoas estão demais, demais, DEMAIS. Tomei 1 litro de cerveja, mas já me parece o suficiente. Estou consciente, tudo continua horrível.

Vazia.

Vou ao banheiro que não parece ter vaso, pela quantidade de urina que tem no chão. As paredes brancas têm pixos interessantes como: “Tequinha têve aqui”, “João gostoso” e “Aninha te amo”, percebo isso ao fazer toda uma acrobacia para não sentar no vaso nem sujar a minha roupa. Poderia ler mais, porém chega a hora de colocar a cara no sol e voltar para aquilo que eles chamam de diversão.

Abrindo a porta, entre frestas, vejo duas mulheres se beijando, são tão bonitas, mas aqui fede, mas elas parecem não perceber a mim nem o mau cheiro. Adio minha saída da minha cabine, mas elas suspiram cada vez de forma mais intensa, preciso tomar coragem e sair.

Saio, e como uma idiota encaro o fundo da minha pupila no espelho, pedindo aos céus para eu parar de passar vergonha. Lavo minhas mãos. EM TODOS OS SENTIDOS. Respiro fundo e me preparo para sair, dou uma última olhada para as duas e viro para porta, quando uma delas grita: “Eii!”.

Depois disso?

Vazio.

Bebo mais um pouco e ainda aceito cantar com um cara. Depois disso? Sorrisos e paquera. Depois disso? A casa de um estranho. Depois disso? Perder o último ônibus da madrugada e só pegar o das 5h da manhã e demorar mais de 50min para chegar em casa.

Depois disso?

Vazio e arrependimento.

Sinto que nem todo dinheiro do mundo pode me preencher.

Não quero uma pessoa ao meu lado, não quero bares, não quero contar sobre nada para ninguém, porque o que faço, fiz ou penso, é mais do mesmo de sempre. Hoje é Sábado e vou sorrir para meus parentes que virão me visitar. A expectativa? Não tenho. Criei na minha mente que existe uma possibilidade de vida melhor que a minha. Subestimei minha criatividade e agora me decepciono a cada santo dia.

Só não posso negar que ESTOU VIVA.

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