Mesmo com plataformas do iTunes e Spotify, lojas de CDs resistem

Mesmo com plataformas do iTunes e Spotify, lojas de CDs resistem

Em Agosto de 2015, o Compact Disc (CD), completou 33 anos desde seu primeiro lançamento em 1982 no cenário japonês. Impulsionado pela crise financeira mundial, comércio eletrônico, programas de streaming e pirataria, o produto físico vem perdendo as forças nos últimos anos. Lojas tradicionais no Brasil como a Modern Sound no Rio de Janeiro, e também um dos maiores nomes do Reino Unido, HMV, fechou cerca de 60 lojas.

O número de vendas do CDs, DVDs e LPs, segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica, no mundo se igualaram ao número do produto digital, representando 46% das vendas, enquanto no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Discos, anunciou a queda de 11,5% do produto físico. “Nós continuamos vendendo para quem quer comprar. Eu acho que o formato digital engloba pessoas mais novas, como a faixa etária que atendemos é mais velha, de outra época, então atendemos mais gente acima dos 30 anos do que gente mais jovem”, afirma Alina Franco, proprietária da loja Discoplay há 30 anos, que fica localizada na Rua Tupi, próxima a Augusto de Lima.

Discoplay - loja de cds
Loja Discoplay fica na Rua Tupis, próximo a Avenida Augusto de Lima. /Foto: Julia Guimarães

Mesmo com a queda nas vendas físicas do produto, os álbuns religiosos continuam sendo sempre muito procurados. O primeiro CD do Padre Alessandro Campos, “O que é que eu sou sem Jesus”, alcançou o número de 864 mil cópias vendidas apenas em CD neste ano. É um número espetacular para o comércio atual, mas de nada lembra os números conquistados pelo CD mais vendido no Brasil até hoje, lançado em 1998, do Padre Marcelo Rossi, “Músicas para louvar o Senhor”, que alcançou 3,328 milhões de cópias.

Para a estudante Isadora Faria, 24, a escolha por adquirir o produto físico vai da sensação de tê-los em mãos e poder aproveitar da sensação em ter um encarte para acompanhar suas músicas favoritas. “Sei que no final das contas o que importa é mesmo o conteúdo de áudio e sei também que hoje em dia o material dos discos online tem tanta informação quanto à versão física. Mas mesmo que se esteja ouvindo a mesma coisa, muitas pessoas como eu gostam de parar o que estão fazendo para curtir o CD. Colocá-lo no player e aproveitar tudo acompanhando as letras, tendo acesso à informações de músicos, estúdios onde o CD foi gravado, todo esse tipo de coisa que fazem com  que usufruir daquela música seja uma experiência totalmente diferente”, confessa Faria.

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Discoplay. /Foto: Divulgação

Além da concorrência entre o produto físico e digital, a queda de vendas no cenário fonológico se dá a pirataria online. Em pesquisa realizada Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2012, cerca de 81% dos internautas brasileiros já fizeram downloads ilegais por sites como o “The Pirate Bay”. Mas com a criação de serviços por streaming, esses números tentem a baixar, já que se torna mais fácil fazer uma assinatura com pagamento mensal em plataformas como o Netflix, no caso de seriados e filmes e Spotify, para ouvir músicas.

“No online, além de você não ter que comprar um CD inteiro, você pode comprar as músicas separadas, o que é fantástico. Também existe os serviços de streaming como o iTunes e o Spotify, que você pode baixar música quando quiser e na hora que quiser. A diferença é a praticidade. Você pode ouvir online ou off-line também. Pros músicos deve ter diferença em renda do físico pro online. Mas extinguir os CDs não irá, porque até hoje podemos encontrar LPs, já que algumas pessoas gostam de comprar. Mas mídia online fez a indústria se reinventar diversas vezes”, declara o estudante Peter Leiva, 24.

Com diversos CDs nacionais e internacionais, muito das vezes raros, a Discoplay situada na Rua dos Tupis, próximo a Avenida Augusto de Lima, número 70. É uma das únicas lojas de CDs de rua no Centro de Belo Horizonte. A proprietária Alina Franco acredita que a diferença de sua loja para as online e de departamento em shoppings é a variedade e o espaço próprio para desfrutar dos discos. “Nós começamos com LPs e Vídeos Cassetes, vivenciamos toda a transformação. Acredito que enquanto existirem pessoas que queiram desfrutar do contato com o álbum estaremos vendendo. As editoras de livros também estão passando por mais uma modificação, mas não quer dizer que o livro físico irá acabar enquanto exista a procura por eles, é o mesmo com o CD”, garante Franco.

Por Julia Guimarães

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