Concurso Mestre Jonas: a tradição das marchinhas

Concurso Mestre Jonas: a tradição das marchinhas

“As águas vão rolar/ Garrafa cheia eu não quero ver sobrar/ Eu passo mão na saca…saca… saca rolha/E bebo até me afogar / Deixa as águas rolar”. Esse é o clima do carnaval que já começou em Belo Horizonte. Além dos ensaios dos blocos e agremiações também temos as marchinhas, já tradicionais, não só na capital mineira, mas em todo o Brasil. O trecho citado acima é de uma composição do inicio dos anos 1950, e está entre as que não podem faltar nas festas pelo país.

O Concurso

Em Belo Horizonte, temos o “Concurso de Marchinhas Mestre Jonas”, que é realizado desde 2012. O concurso visa escolher as 15 melhores composições que serão tocadas ao vivo pela  Banda Mole, no dia 7 de fevereiro, durante o carnaval na avenida Afonso Pena. Já as 10 selecionadas durante o evento embalará o “Baile das Marchinhas Mestre Jonas”, no dia 13, concorrendo a prêmios. Para agregar mais canções ao concurso, a data de inscrição que iria até hoje, 20, foi prorrogada até o próximo dia 26.

Segundo uma das coordenadoras do projeto, realizado pela Cria Cultura, Brisa Marques, 29, o concurso “além de homenagear o saudoso músico Mestre Jonas, falecido em 2011, é uma maneira de estimular a composição e promoção de marchinhas por autores mineiros e ainda fomentar o carnaval da cidade”.  Brisa acrescenta que alguns dos critérios avaliados para a seleção das marchinhas são: originalidade do tema, letra, harmonia e melodia. “O júri do dia observa ainda a performance dos intérpretes”, frisa a coordenadora.

“Quem sabe, sabe/ Conhece bem” (Jota Sandoval – Carvalhinho)

O músico, Eduardo Macedo, 40, foi um dos vencedores de 2014, com a música “Pula Catraca”, que, além do ritmo dançante, fazia uma grande crítica social. Para Eduardo, a letra do pula catraca “veio da ideia de juntar os lados lúdicos a crítica política e social, no contexto do carnaval. O ato de pular pode ser uma brincadeira carnavalesca como pode ser algo altamente transgressor, crítico e rebelde. A produção veio a partir das discussões do grupo “Tarifa Zero BH” em relação à mobilidade urbana e ao transporte coletivo – que naquele ano estava em destaque. A mensagem final é um grito de guerra do “Movimento Passe Livre” de São Paulo, que foi muito entoado nas jornadas de junho de 2013”.

Macedo concorda com a coordenadora e destaca que “hoje o evento é referência para divulgação da produção de marchinhas do carnaval de rua em BH. O compositor participará novamente esse ano,  com a composição que leva o nome de Bibi Fomfom.

“Bibi Fom Fom é uma crítica bem humorada à primazia do automóvel na sociedade contemporânea”. Macedo ainda convida a todos para participar do bloco Pula Catraca, que sairá no dia 8 de fevereiro, pelas ruas do bairro Santa Efigênia. O ponto de encontro segundo o músico será o tradicional bar Brasil 41, localizado na Avenida Brasil.

“Este não ano vai ser/Igual aquele que passou/Eu não brinquei/ Você também não brincou” (Umberto Silva – Pedro Sette)

O músico Ronaldo Leon, 43, participará pela primeira vez do concurso, e abordará o tema de uma rede social. A composição da música, “Baixe logo o Tinder”, foi feita em parceria com Ricardo Acácio, 31. Para Leon, a escolha do tema se deu ao sucesso mundial do aplicativo – criado exclusivamente para paqueras. “São mais de 100 milhões de usuários no mundo todo, sendo 10% do Brasil”. Ronaldo acredita que os principais fundamentos para se criar uma marchinhas são “o ritmo, a harmonia simples, melodia clara e de fácil assimilação para público, além de uma letra alegre e descontraída, abordando temas em que o público se reconheça”.

Texto: Ítalo Lopes

Imagens: Divulgação

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