Medo de pedalar

Medo de pedalar

A falta de segurança no trânsito está entre os desafios de mobilidade urbana em BH, segundo 37,8% dos ciclistas ouvidos em pesquisa

Pesquisa realizada em 2015 traçou o perfil do ciclista brasileiro e os principais problemas enfrentados nas principais cidades do país. Na capital mineira, a estudo “Perfil do Ciclista Brasileiro” revelou que a falta de segurança no trânsito está entre as primeiras reclamações (37,8%) seguida da falta de infraestrutura cicloviária (25,3%).


Os dados fazem parte do projeto Transporte Ativo, que tem o patrocínio do Banco Itaú, suporte técnico do Laboratório de Mobilidade Sustentável do PROURBE-UFRJ e Observatório das Metrópoles em parceria com diversas organizações da sociedade civil ligadas a promoção do uso de bicicletas e com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Durante a catalogação dos dados, foram entrevistados 5012 ciclistas em dez cidades durante os meses de julho e agosto de 2015 – participaram das entrevistas ciclistas das regiões: Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Niterói, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Desafios da mobilidade

Apesar dos avanços alcançados, a condição atual das cidades brasileiras está longe da ideal.  Segundo Júlia Imbroisi, “BH é uma cidade realmente muito difícil, por não ter ciclovias, ser cheia de morros, porém, mesmo assim seria possível realizar um projeto interessante para ciclismo, inclusive porque o transporte público é ineficiente e caro, então é meio que uma necessidade mesmo”,desabafa.

Para o ciclista e integrante do movimento Bike Anjo BH, Vitor Brandão, há uma evolução acontecendo nas cidades brasileiras tendo como protagonistas os ciclistas urbanos e um dos maiores desafios de se locomover por bicicletas na capital  é vencer o mito de que BH tem uma topografia desfavorável e inviabilizadora da mobilidade por bicicletas. “Cada vez mais pessoas estão nas ruas para provar que basta vontade e algum planejamento de rota para contornar trechos mais desfavoráveis; A pequena e desconectada estrutura de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, que inibe os mais temerosos ou inexperientes de migrarem para o transporte por bicicletas, e por último a baixa intermodalidade.”, revela e completa “Ainda falta incentivo do poder público para a melhoria do transporte por bicicletas”.

De acordo com o jovem, a Prefeitura de Belo Horizonte por meio da BHTrans conta com um diagnóstico com locais prioritários para a implantação de ciclovias até 2020, totalizando mais de 300 km. “Existem 160 km que foram vistoriados pela BH em Ciclo, que possuem, segundo a prefeitura, recursos garantidos pelo Ministério das Cidades, porém não vão para licitação. Acreditamos que o que falta é vontade do Poder Executivo e da BHTrans” , finaliza Brandão.

O padrão de desenvolvimento urbano ainda traz os carros particulares como protagonistas e deixam os ciclistas e pedestres em segundo plano. A situação tem levado a cidade ao colapso e revela a urgência de uma inflexão no modelo de desenvolvimento urbano brasileiro. Muitos são os desafios, mas é possível um futuro melhor com a transformação das cidades brasileiras em ambientes propícios aos ciclistas.

Índices em Belo Horizonte

  • 79,8% dos entrevistados de Belo Horizonte utilizam a bicicleta há menos de cinco anos como meio de transporte.
  • 14,4% utilizam a bicicleta em combinação com outro meio de transporte.
  • 33% tem renda mensal entre um e dois salários mínimos.
  • 56,4% levam cerca de 10 a 30 minutos em suas viagens de bicicleta.
  • 36,4% dos entrevistados possuem faixa etária entre 25 e 34 anos de idade.

Por Raphael Duarte

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