Na companhia da saudade

Na companhia da saudade

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Foto Reprodução Internet

Por Queka Barroso – Sou muitos – Parceira Contramão HUB

A saudade é minha maior companhia. Ela está presente constantemente em minha vida desde os quatro anos de idade, quando me mudei de casa pela primeira vez. Alguns não acreditam que eu me lembre perfeitamente dessa época; mas, sim, me recordo do que vivi, senti e da chegada da saudade. De lá para cá ela nunca mais me deixou.
Ou falta alguém, ou o lugar está errado, ou eu que já não sou mais a mesma.

É racionalmente explicável que a saudade chega quando algo vai embora. Mas, poeticamente, poderia ser até mesmo divino a saudade ser bem-vinda na despedida de outrem.

No entanto, ela não é bem-vinda. Ao contrário, ela nos tortura, nos para no tempo. Como bem disse Rubem Alves: “a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”.

A gente convive, a gente se acostuma, mas a gente quer sim voltar. Voltar para um abraço, um lugar, um encontro, uma companhia, uma convivência. Voltar a uma fase, a um estado de espírito, a um modo de vida. Voltar a ser, a conseguir deixar de ser, a se entender. Voltar o tempo, parar o tempo, esquecer do tempo.

Não conheço quem tenha morrido de saudade, mas desconheço felicidade plena quando a alma se faz saudosa. Porque o futuro é um ponto de interrogação que vai ser explicado logo à frente. Agora, o passado… o passado é um ponto final que pode encerrar até mesmo a escrita – e é justamente na hora que ninguém quer parar de ler.

No entanto, que saibamos viver o presente de forma absoluta para que a vida não nos peça para voltar, mas sim para continuar. E, ao inevitável, que a saudade recorde, não recorte. Até porque “Deus existe para tranquilizar a saudade”, lembrando o nosso querido Rubem Alves.

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