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Foto Reprodução Site "O Segredo"

Por Débora Gomes – . as cores dela . – Parceira Contramão HUB

cê tinha olhos de gente que chega pra ficar por um tempo
que a gente não mede, mas torce pra que não seja breve.

[pausa]

não entendo.
só sei que foi o suficiente pra que cê escrevesse dois poemas inteiros e um verso incompleto, sem rima ou qualquer cor.
– as palavras são incolores – você disse.
– eu vejo vida e sentimento em tudo – te respondi.

foi aí que a gente desandou. 
e começou a nossa sucessão de erros.
enquanto cê preferiu ficar suspenso, eu agarrei todas as incertezas e levei-as pra dançar, nessa confusão toda que é viver.
ousei palavras difíceis como reciprocidade, entendimento e tempo.
só que cê preferiu retribuir com silêncio, vazio e distância. 
mesmo sabendo que são essas as três coisas que mais me ferem, além das minhas próprias escolhas.

– eu não sei fazer rima – já tinha te dito.
– gosto da solidão – você me advertiu. 

e eu deveria ter entendido que algumas coisas precisam de pressa.
outras, de espaço.

– o meu tempo é diferente do seu – conclui.
– as portas estarão sempre abertas – você se despediu.

[recomeça]

desde então, eu sinto todo dia uma vontade grande de entrar.
te pegar pela mão e mostrar que vai ficar tudo bem, mesmo quando já não for mais carnaval.
mas aí, lembro que o caminho sempre apontou a minha partida, que ainda é só o começo do verão e que não estarei mais por perto na próxima primavera.

porque seus olhos de espera, me ensinaram que é sempre cedo demais para querer ficar…

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Por Tiago Jamarino – Start – Parceiros Contramão HUB

Em uma entrevista com Fox 5 DC, Henry Cavill discutiu o processo que entrou na remoção digital do bigode enquanto voltou para as refilmagens de  Liga da Justiça:

 

“Não é nada para cobri-lo. O que fazemos é que nós tentamos puxá-lo de volta do lábio superior, tanto quanto possível, de modo que eles o removem, e então eu tenho pontos por todo o rosto. E eles tentam colocar pontos, que são pouco visíveis, em vários pontos no rosto, o que você os veria durante o normal – e não a substituição do rosto -, seja qual for o aspecto CGI que eles possam aplicar a um rosto. E, sim, eu estava coberto de pontos e tinha um grande bigode. Era definitivamente um novo visual para o Superman “.

 

Liga da Justiça possui um elenco que também inclui Ben Affleck como Bruce Wayne (Batman), Henry Cavill como Kal-El / Clark Kent (Superman), Jason Mamoa como Orin / Arthur Curry (Aquaman), Ezra Miller como Barry Allen (The Flash) Ray Fisher como Victor Stone (Cyborg), Ciarán Hinds como Lobo da Estepe, Amy Adams como Lois Lane, Willem Dafoe como Nuidis Vulko, Jesse Eisenberg como Lex Luthor, Jeremy Irons como Alfred Pennyworth, Diane Lane como Martha Kent, Connie Nielsen como Rainha Hippolyta , Robin Wright como General Antiope, JK Simmons como Comissário James ‘Jim’ Gordon, Joe Morton como Dr. Silas Stone, Amber Heard como Mera, Billy Crudup como Dr. Henry Allen e Kiersey Clemons como Iris West. Julian Lewis Jones e Michael McElhatton também estão no filme em papéis não especificados. Aqui está a sinopse oficial do filme:

 

Alimentado por sua fé restaurada na humanidade e inspirado pelo ato altruísta de Superman, Bruce Wayne pede a ajuda de seu novo aliado, Diana Prince, para enfrentar um inimigo ainda maior. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha trabalham rapidamente para encontrar e recrutar uma equipe de metahumanos para enfrentar esta ameaça recentemente despertada. Mas, apesar da formação desta liga sem precedentes de heróis – Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman, Cyborg e The Flash – talvez já seja tarde demais para salvar o planeta de um ataque de proporções catastróficas.

 

A Liga da Justiça chega aos cinemas em 16 de novembro de 2017.

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Por Débora Gomes – . as cores dela .  – Parceira Contramão HUB

Salvador, 

aprendi, ainda criança, que certas coisas, quando começam a doer, a gente não tem muito como remediar: carece deixar ao tempo, a Deus dará, como diziam antigamente.

te conto isso porque, de uns tempos pra cá, aconteceu o que eu muito fazia gosto de não acontecer: o jeito d’ocê existir, começou a me doer. eu evitei enxergar porque não queria perder da vida, a minha única chance de amor. mas nem sei como foi. quando percebi, já tava aqui chorando, três dias direto, sem sair de casa, sem falar com os outros, sem me ver no espelho. só pensava na dor. e quanto mais pensava, mais eu sentia. coisa que nunca senti antes, quase que uma falta de vontade de viver.

corri pra Bisa, depois de uma noite em que não vi estrela nenhuma. e então ela me alertou. disse que é bem capaz que a vontade do meu pensamento, prendia meu coração n’ocê e isso desencadeava toda dor. cá no fundo, eu sabia também que metade disso (isso a dor) vinha da minha certeza de que cê não voltava porque não mais queria. e isso, em si, fazia mais cicatriz do que se cê criasse coragem pra me dizer…

é que algumas coisas, Salvador, doem mais quando a gente supõe, do que quando a gente tem certeza. e sabes muito bem que sou dada a suposições e ilusões demais. e vai ver, é por isso que sofro tanto. 

aquelas mesmas cartas que viram nosso destino, já não te enxergam mais em mim. e fiquei pensando se o amor apaga e amarela assim mesmo, como caderno velho escrito à lápis. vai ver, no fundo, nunca foi amor. foi só essa vontade de que as coisas fossem diferentes porque danei de ver no seu jeito de enxergar o mundo, uma maneira mais bonita de se viver. e isso, nem sempre vai ser libertador.

no entanto, não te preocupes. teu lugar sempre prevalecerá nas cartas e nas canções, até quando o tempo carregar tudo…

ainda (e sempre) é com amor,
Alice.

 

Feira da Agricultura Familiar Urbana

Por Hellen Santos 

O Circuito da Praça da Liberdade recebeu no prédio da antiga secretaria de Viação e Obras Públicas (também conhecido como prédio verde), na Praça da Liberdade, a Feira da Agricultura Familiar Urbana – Do Campo pra Cá. A feira que já existe há dois anos na Cidade Administrativa, está em sua 2ª edição no circuito e vem com a intenção de se fixar no espaço. A feira tem como objetivo apoiar e disseminar a agricultura familiar e os pequenos produtores na capital mineira.

Com sua saída da Cidade Administrativa e iniciação de ocupação do circuito, inicialmente a feirinha irá ocorrer no prédio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico -Iepha com 18 barracas, trazendo o campo efetivamente para a região Centro-Sul com produtos orgânicos, naturais, sem agrotóxicos, os organizadores da feira visam trazer para a população produtos saudáveis com valores mais acessível do que o consumidor encontra nas redes de supermercados. “Em grandes supermercados o consumidor vai pagar caríssimo por produtos orgânicos e aqui, na feira, o cliente terá acesso direto ao produtor.”, explica o assessor da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Marco Cordoni, que destaca: “Eles colheram por exemplo, verduras e frutas hoje pela manhã, então esse é a oportunidade que a população terá de se alimentar com produtos frescos, além de estar mais perto do produtor – conversar direto com as pessoas que vem fazer sua feira, é benefício para os dois lados”.

A pretensão principal é sistematizar a feira no circuito em um dia da semana, explica o assessor. De acordo com ele, a primeira edição foi numa quarta-feira, a segunda edição ocorreu nesta segunda, “A gente está ouvindo a população e aos produtores para vermos qual é o dia ideal para fazemos uma vez por semana. Pretendemos ocupar todo espaço aqui, já está acordado com o diretor do Circuito Cultural do Banco do Brasil de ocupar o espaço, continuaremos a ocupar e talvez ir para o outro lado da Praça, usar o espaço da biblioteca e outros espaços do Circuito da Liberdade, completa Cordoni.

Marco Cordoni-Assessor da Secretaria de Desenvolvimento Agrário

Vinicius de Lima Cruz, produtor de Mel, reforça a importância do mel e da feirinha na Praça da Liberdade: “É quase um substituto do açúcar porque ele tem um doce natural e ele é muito bom para a saúde, juntamente com a própolis que a gente também produz. Ele faz com que a sua imunidade melhore bastante”, enfatiza Cruz que destaca “Acho que o evento saindo da Cidade Administrativa, alcança um público maior, além de dar visibilidade para o nosso produto ele ainda faz com que a agricultura familiar cresça. É um evento importante que precisa realmente ser divulgado para mais áreas da cidade, fazer com que o campo fica mais próximos da cidade”.

Vinicius de Lima Cruz-Produtor de Mel

Rosângela Rodrigues de Freitas, produtora de Quitandas de Congonhas ressalta a importância da feira como resgate cultural quando alguém está provando e após a degustação avaliar seu trabalho. Freitas ainda pontua, “A quitanda artesanal é aquela que você pega para fazer e coloca muito amor. É um resgaste cultural passado pelas avós, que  sempre iam para a cozinha fazer essas quitandas com um cafezinho, chegava uma visita e você já oferecia, isso é muito gratificante”, conta Freitas.

Rosângela Rodrigues de Freitas

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Por Daniel Reis 

Alerta: Spoilers!!!!

Uma das maiores surpresas do último ano, Stranger Things retorna com a estreia de sua emocionante segunda temporada, que apresenta evolução de sua mitologia, de seus personagens, e do próprio roteiro que acaba mais acertando do que errando.

Com um primeiro episódio que já define bem como essa temporada vai seguir, a série começa acompanhando a nova vida do garoto Will Byers (Noah Schnapp) que após a pouca presença na primeira temporada, se torna o grande destaque desta. Ele que agora tem que lidar com apelidos como Zumbie Boy (ou Zumbizinho) e a superproteção da família e amigos, tem seu arco aprimorado entre contatos com o Upside Down, e a surpreendente atuação do garoto de 13 anos.

Com o Halloween chegando, mantém-se aquela atmosfera oitentista da primeira temporada, com um plus que é o sétimo episódio desta temporada, chamado “The sister”, que tem ligação direta com a primeira cena do primeiro episódio e funciona quase como um Spin-off. É justamente nesse ponto que a série dá uma derrapada e parece perder um pouco da essência que os fãs tanto gostam. Porém o episódio em questão surpreende por expandir (e muito) a história da Eleven (onze) personagem da nossa queridinha Millie Bobby Brown. Com uma cena incrível, a personagem volta com tudo, sendo dona das melhores cenas da temporada, mas apesar disso o episódio não responde todas as perguntas e deixa pontas soltas para serem desenvolvidas futuramente.

Além dos destaques para as atuações mirins de Millie e Noah (Eleven e Will) a grande evolução e destaque fica por conta do Xerife Hopper interpretado por David Harbour (Nosso novo Hellboy) e que desponta nos diálogos e nos momentos mais emocionantes da temporada, é evidente o quanto o ator se entregou ao personagem e gera uma química excelente com praticamente todo o elenco da série. Mas de longe a forma com é abordada a relação dele com a Eleven, e de como os criadores conseguiram em tão pouco tempo construir uma relação tão forte, é o maior dos elogios aqui. Enquanto assistia, ficava ansioso esperando passar alguma cena deles contracenando de novo.

No entanto, nem tudo são flores e um fato que pode incomodar quem estava com saudade da trama, é ver em boa parte do tempo os principais núcleos desmembrados, temos alguns personagens seguindo motivações pessoais e outros que parecem estar ali somente para agradar os fãs da série ou servir de escada para algo no roteiro funcionar, isso não incomoda muito mas pode acabar sendo desgastante para o espectador.

Este é o caso da “vingança” pela morte da Bárbara (Shannon Purser), que era algo muito pedido pelos fãs, mas soa desinteressante perto dos outros núcleos apresentados, e faz um desfavor a personagem de Nancy (Natalia Dyer) que havia terminado a última temporada bem Badass tomando a frente em alguns momentos e partindo para luta, já nessa retorna como se não tivesse evoluído em nada, e buscando a tal vingança pela a morte da amiga somente um ano após o ocorrido, depois de cenas dispensáveis e forçadas dela bêbada chorando em uma festa de Halloween que no fim não serve de ponte para vingança mas sim para o fraco triângulo amoroso entre ela Steve (Joe Keery) e Johnatan (Charlie Heaton) bem melhor se tivessem resolvido logo no início deixando a personagem de Nancy livre para a trama que realmente importa.

Elenco mirim de Stranger Things, Premiere segunda temporada/ Foto: Divulgação

As adições também são vagas, sem ganhar tanto destaque, não pela falta de presença, mas pelas histórias serem realmente desinteressantes. Os irmãos Max (Sadie Sink) e Billy (Dacre Montgomery) são o maior exemplo disso, com um passado que é mantido em segredo quase toda a temporada, com cenas e mais cenas de diálogos misteriosos para no fim ser uma história comum de divórcio que não traz humanidade para os personagens, nem faz você gostar mais ou se importar com eles, fazendo com que estes conflitos soem como pura vergonha alheia em alguns momentos.

A parte boa foram as adições de Dr. Owens (Paul Reiser) que por se tratar de um cientista do misterioso laboratório de Hawkins. Aparentando ser bonzinho demais, traz sempre um ar de desconfiança ao espectador quando está na tela, chegando a ser um desafio a parte para quem assiste descobrir suas reais intenções. Além disso temos a chegada de Bob personagem do Sean Astin que não acrescenta muito, mas é indispensável para o arco emocional de Joyce Byers (Winona Ryder), e que possui algumas das melhores referências dessa temporada, com direito a uma piada referenciando a Goonies (filme que ele participou no anos 80 como ator mirim), quando pergunta se o mapa do Will leva a algum tesouro pirata.

Apesar das derrapadas, a série se mostra muito superior em todos os âmbitos, trazendo cenas marcantes, com diálogos e conflitos inteligentes, e um respeito a si mesma ao manter todo o clima da primeira temporada, evoluindo os principais personagens sem desrespeitar a jornada deles. A maioria das principais perguntas deixadas na primeira temporada são resolvidas rapidamente nesta, o que facilita em manter a trama simples e atrativa.

Stranger Things é hoje uma das maiores séries, e tem tudo para se manter neste posto por mais algumas temporadas, poderia facilmente causar um frisson tão grande quanto o de Game of Thrones se fosse lançada semanalmente, mas mesmo assim várias pessoas estarão discutindo a saga de Eleven e companhia. O que nos resta agora são as teorias, que vão surgir sobre o futuro da série, rever esta excelente temporada, e um especial muito interessante que a própria Netflix lançou chamado Beyond Stranger Things.

Com um roteiro em três atos, e uma direção impecável os Irmão Duffer, fizeram de novo um filme de 9 horas que vai fazer você se importar com a trama, não querer parar de assistir, não sair do sofá nem para ir ao banheiro e no fim ainda pedir por mais, reclamando sobre a demora até a próxima temporada.

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Por Lucas D’Ambrósio

Belo Horizonte, abril de 2017. Rua da Bahia, onze horas e alguns minutos da manhã.

9105, 12 minutos

Ao meu lado, um homem com aparência de uns 40 anos, aguarda a chegada do seu ônibus. De um lado do ponto, a rua. Do outro, um açougue. Logo, a primeira aproximação: boné, chinelos de dedo, rosto marcado com cicatrizes e manchas escuras sobre a pele, que se aproximou daquele.

– Senhor, bom dia! Não vim pedir dinheiro. Eu só quero dois pés de galinha! Nós vamos cozinhar eles logo ali, debaixo do viaduto. O senhor pode me ajudar?

O homem, com aparência dos seus quarenta e poucos anos, coloca as mãos no bolso. Sacode, puxa a mão das entranhas de tecido e entrega algumas moedas. Logo ouve, de um sorriso desfalcado de alguns dentes, um “muito obrigado”.

9105, 9 minutos

Ele não estava só. Encostado na parede do açougue, outro homem aguardava o resultado das abordagens, na esperança de que o companheiro pudesse recolher algum dinheiro para a carne do dia. Esse, por sua vez, aparentava ter entre 15 a 17 anos, talvez.

9105, 7 minutos

Uma mulher de cabelos brancos, com seu um metro e meio de altura também foi abordada. Balançou a cabeça e seguiu seu caminho. Mais à frente, outra pessoa também recebe o pedido para ajudar na compra dos dois pés de galinha. Recebeu dois braços abertos. Abertos por um questionamento. Negação? Talvez. Conversa vai, conversa vem, mais um balançar de cabeça. E cada um vai pra um canto, outra vez.

9105, 4 minutos

Juntos na parede do açougue, o dois se encontram para reavaliarem suas estratégias. Uma conversa ao pé do ouvido, uma fitada para quem passa entre a loja e o ponto. Outra fitada, para dentro do açougue. Ele insiste. Agora, outra mulher. Vestido longo, com estampas pretas e brancas. Com seu ombro deslocado, se ajeitava entre o pedido da carne e o segurar de sua bolsa. Com o olhar sob um par de óculos, se afasta em dois passos quando percebe a abordagem do homem. Ela aponta o dedo para a porta do açougue e diz que ele não poderia estar ali.

9105, aproximando

Ele não desiste. Chega perto com as mãos para cima e pede para conversar. O burburinho da rua é mais alto do que a conversa que tiveram. Ela retira seus óculos e faz um gesto para ele, dessa vez, esperar. Ele retorna à mesma parede do lado de fora do açougue, mais inquieto do que antes.

9105

Não os vejo mais. Subo as escadas do ônibus e encontro o meu lugar. Pela janela vejo que não estão mais encostados naquela parede, tampouco no interior do açougue. Uma esquina à frente e lá estavam eles. No arrancar do ônibus, algo nas mãos do homem mais novo. Uma sacola. De longe, não tinham dois pés de galinha. Era um saco plástico manchado de vermelho. Pesado. Uns dois quilos de carne? Hoje vai ter rango!