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Copa do Brasil

Na última quarta-feira, 26, as ruas de Belo Horizonte ficaram coloridas de azul, preto e branco. O jogo da final da Copa do Brasil era inédito, uma vez que era o maior clássico entre Atlético e Cruzeiro de todos os tempos.

Com dois gols de vantagem para o Atlético, dificilmente o time celeste conseguiria vencer, e realmente, não conseguiu. Nem precisava de gol pra vencer, mas mesmo assim, o time alvinegro insistiu e marcou 1×0 sobre o Cruzeiro. Os foguetes não paravam as buzinas já estava virando rotina e os gritos de “GAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAALO” não cessavam mais.

Quando o Atlético ganhou a Libertadores, a massa atleticana desceu para a Praça Sete e foi uma festa que só. Ontem, não foi diferente. Beirava 1h da manhã e só descia mais gente e a felicidade era contagiante, até para quem não era torcedor. Durante a madrugada, quem é morador do centro com certeza teve dificuldades para dormir. Era bomba, foguete e muito, muito, muito grito e cantoria do hino do time.

O jovem Wagner Ribeiro, 21, explica que a paixão pelo time alvinegro praticamente nasceu com ele. “Meu pai sempre que tinha a oportunidade, me levava pro campo, desde que eu era novinho ainda. O amor foi crescendo sabe? Quando você se dá conta, já ta gritando e chorando pelo time”, explica.

O estudante de administração Lucas Vasconcelos, 19, afirma que ganhar uma Copa do Brasil já é maravilhoso, mas ganhar do maior rival dá um gosto ainda melhor. “Foi um sentimento inexplicável, de alívio, porque é um título tão sonhado pela massa atleticana e em cima do maior rival e no maior clássico da história. Um sentimento de vingança, já que o Cruzeiro ganhou o brasileirão esse ano, mas não conseguiu ganhar do maior rival, então, só lamento”, esclarece.

A massa atleticana sempre foi conhecida por ser muito apaixonada e fiel ao time, e agora, com o Atlético Mineiro ganhando cada vez mais campeonatos, a torcida vai agraciar ainda mais os craques que jogam no time.

Texto: Luna Pontone

Foto: Marcelo Fraga

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Era uma quarta-feira típica, normal, pessoas perambulando pela cidade com pressa para chegar ao trabalho e fazer as atividades propostas. Porém, o dia 12 de novembro não foi uma quarta-feira normal. Já tinha uma semana em que não se falava de outro assunto, o temido clássico entre Atlético e Cruzeiro, na final da Copa do Brasil.

A expectativa para o primeiro jogo era imensa, uma vez que o mandante de campo era o Atlético e o jogo seria na casa do time, a Arena Independência. Durante todo o dia, as pessoas só conversavam sobre o campeonato e por mais que houvesse rivalidade, o mais importante era que a final de um campeonato tão importante seria entre os dois maiores times mineiros.

Nas redes sociais, o assunto não era outro. Porém, a maioria dos torcedores falavam que queriam um jogo em que houvesse paz entre as duas torcidas, o que é difícil de acontecer, visto que, em quase todos os clássicos entre Atlético e Cruzeiro infelizmente, têm brigas.

Antes do jogo começar, a torcida do Cruzeiro jogou milho ao redor do estádio Independência, para as “galinhas”. Isso com certeza “alimentou” a torcida do Atlético, uma vez que durante todo o jogo, eles cantavam o hino, gritavam “Eu acredito”, que ficou famoso no campeonato da Libertadores, e davam cada vez mais força para os jogadores. Funcionou. O time alvinegro levou a melhor, ganhando do time celeste por 2×0.

Quando o jogo acabou, era possível escutar buzinas e gritos dos torcedores atleticanos, enquanto a torcida do Cruzeiro ficava calada ou as vezes, soltava xingamentos e palavrões para que eles cessassem os gritos. Não funcionou. Até as 2h da manhã, ainda dava pra ouvir lá no fundo uns gritos de satisfação.

Nas redes sociais, o clima ficou intenso. Enquanto alguns cruzeirenses falavam que foi “roubado”, os atleticanos comemoravam com músicas, e enchiam as timelines dos internautas, principalmente no twitter.

No próximo dia 26, ocorrerá a tão esperada final da Copa do Brasil no Mineirão e a torcida é do Cruzeiro. Porém, o Atlético está com vantagem de dois gols, ou seja, para o Cruzeiro ganhar, é necessário no mínimo 3×0. Será que o time celeste vai aguentar a pressão do galão da massa?

Por: Luna Pontone

Capa: Umberto Nunes

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O termo “torcida organizada” pode ser definido como um conjunto de pessoas que acompanham seus times frequentemente nos estádios  para motivar os jogadores e incentivar o restante da torcida. Durante algum tempo, no início do século passado, esse foi realmente o papel exercido por esse grupo de torcedores, mas nos últimos anos muito tem se relacionado o nome das organizadas com crimes violentos e atos de vandalismo. Porém, como não é bom generalizar, fica a pergunta: ainda há torcidas organizadas que focam no seu principal objetivo?

O eletricista cruzeirense participante da organizada Máfia Azul, Felipe Viana, 22, diz que as principais regras para participar de um grupo como esse é “não promover brigas, tumultos em nome da torcida e lutar pelo ideal de apoiar sempre seu time”. Questionado sobre as últimas punições aplicadas à organizada cruzeirense, Viana diz que “a Máfia azul está punida por seis meses de entrar em qualquer estádio com uniformes, baterias, faixas, bandeiras, nada da torcida, mas isso não impede de os integrantes irem com outra roupa”.

Mesmo tendo com preferência o rival, o estudante atleticano Pedro Souza, 24, frequentador assíduo dos jogos, concorda com o pensamento de Viana. Sendo membro da organizada Fúria Alvinegra, ele destaca que “a real função das organizadas seria se reunirem para ir aos jogos, fazer a festa e apoiar o time” e completa, “como já se tornaram grupos organizados fora do estádio, deveriam também usar isso para promover mais ações de âmbitos sociais, o que acontece pouco para quem consegue mover tanta gente”.

A recente divisão de torcidas nos últimos clássicos tem causado indignação por parte dos torcedores, já que agora, a maior parte dos ingressos, ou seja, 90% ficará com o time mandante da partida, e apenas uma pequena quantidade de ingressos se destinará ao time visitante (10%).

Hoje no primeiro jogo da final da Copa do Brasil, apenas a torcida do Atlético assistirá ao jogo no Independência, palco da partida, já que a diretoria celeste abriu mão da parte destinada aos seus torcedores.

“Na historia do Futebol Mineiro sempre teve, por que hoje que a segurança é mais equipada e mais preparada não pode ter? Sonhamos com esse dia, só precisa de um pouco mais de força de vontade das autoridades”, argumentou Souza.

A opinião do cruzeirense é bem semelhante ao de outros torcedores, “acho que poderia voltar sim. Por que antigamente tinha e agora não pode mais? A polícia não consegue manter a segurança? Acho que se modernizou tudo deveria mudar isso também, porque espetáculo mesmo é as duas torcidas no mesmo campo”, concluiu  Viana.

Ingressos

Outro fator que tem incomodado a maioria dos seguidores dos times é o preço salgado dos ingressos. O estudante Ravel Pimenta, 16, que foi no jogo do Atlético contra o Palmeiras pelas oitavas de final da Copa da Brasil contou que pagou cerca de trinta reais para entrar no estadio. Ontem na fila para adquirir o ingresso do clássico, o jovem acreditava que ”muita gente não iria, pela elitização”. De acordo com o estudante, essa “elitização” tem dificultado alguns torcedores a se manterem presentes nos campos, “principalmente porque as torcida organizadas geralmente são formadas de pessoas de classes mais baixas. Com a modernização do futebol dificultou bastante”, finalizou.

A esperança é que o futebol agrade dentro de campo, já que os dois clubes vivem uma boa fase, e são unanimidade em elogios no cenário nacional nas duas últimas temporadas. Contudo o antigo modelo do futebol vai fazer falta ao torcedor e o “Padrão FIFA” ainda incomoda. “Nós esperávamos festa lindas, Mineirão e Independência lotados. Isso até sair o valor das entradas. No primeiro jogo no Horto, por exemplo, o ingresso do setor onde fica as torcidas organizadas está R$800,00. Parece que os ingressos também estão bem salgados para o jogo da volta no Mineirão. Quem perde são os clubes, pois sabem da força das arquibancadas. Espero mesmo dois jogos de luta, e briga pela bola, dentro de campo. A rivalidade é lá, aqui fora não tem rivais, apenas adversários”, concluiu Pedro.

Texto: Ítalo Lopes

Capa: Centim Vicentim e Felipe Viana

Galeria: Arquivo pessoal dos entrevistados

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“O europeu é viril, mas leal; ao passo que o brasileiro é bruto e desleal”. A frase que Nelson Rodrigues usou para compor o sua crônica “Tristíssimo Brasil”, do livro “A Pátria de Chuteira (2013)”, mesmo antiga, retrata o atual cenário do futebol e das torcidas no mundo. Uma Europa que registra cada vez menos casos policiais em relação ao futebol e um Brasil que enfrenta dificuldades em lidar com suas torcidas.

Com a proximidade de dois clássicos entre os maiores times de Minas Gerais, volta à tona os questionamentos: Será que é possível ter paz entre as torcidas? Poderá voltar às duas torcidas dividindo um estádio?

O casal Igor Dumont, empresário, e Izabela Rodrigues, estudante, 26 e 23, dizem que o fato de ele ser cruzeirense e ela atleticana nunca atrapalhou o relacionamento. “Não sou do tipo de atleticana que odeia o Cruzeiro. O Igor é mais fanático, às vezes me irrito com alguma piada, mas logo passa (risos). Não é nada que atrapalhe nosso relacionamento”, declara Izabela. Igor concorda com o pensamento da namorada e ressalta que o limite para as brincadeiras envolvendo o futebol está no respeito, “não são adversários, são parentes, amigos e pessoas”.

O casal ainda provou que é possível juntar as duas torcidas quando ela assistiu ao jogo entre os dois times na torcida do Cruzeiro.  “Eu nunca tinha ido ao Mineirão depois da reforma. O Igor é sócio torcedor e vai a todos os jogos, ele me chamou para ir ao clássico e fui na torcida do Cruzeiro, vestida com a camisa da Argentina (risos). Foi ótima a experiência, não me incomodei em assistir o jogo com os cruzeirenses. O difícil foi segurar o grito de comemoração, pois o Galo ganhou de 3×2”, declarou Izabela.

O também torcedor do Cruzeiro, Bianchi Costa, 36, operador industrial de logística, casado com a atleticana Liliam de Oliveira, 36, costuma assistir aos jogos junto com a esposa. Para Costa, apesar de serem torcedores de times opostos, a relação entre o casal é ótima, mas desabafa “dia de clássico é tenso, haja coração, é tanta coisa, fecha o olho quando o adversário ataca, fica mexendo os pés, vai na cozinha, no banheiro, olha a rua, enfim, cada um tem um jeito de torcer e aliviar a tensão”. Para a esposa Liliam, assistir os jogos juntos é tranquilo e para não brigar eles tem a receita: “nós não brincamos, só comentamos”.

O primeiro jogo que decide a Copa do Brasil vai ao ar nesta quarta-feira, 12, às 22 horas, e terá a participação apenas da torcida do Atlético, deixando alguns torcedores indignados, tanto pela forma de divisão das torcidas quanto pelo preço dos ingressos, “acho que tinha que ser meio a meio e o preço está altíssimo, pior que Champions League” afirmou o empresário Bruno Gomes, 32.

Texto e foto: Ítalo Lopes

Capa: Umberto Nunes