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Lucas D'Ambrosio

O estado de Minas Gerais é uma das referências nacionais quando o assunto é música popular brasileira. Também conhecida como MPB, o gênero, considerado um reflexo daquilo que existe de original da cultura musical nacional, feita e pensada por aqui, é aquele que consegue alcançar diferentes gerações entre os seus adeptos. Belo Horizonte, capital do estado e berço de movimentos musicais como o Clube da Esquina, ainda mantém de forma pulsante, os tons desse gênero lançando, por exemplo, nomes como os de Clara Nunes, João Bosco, Milton Nascimento, Paulinho Pedra Azul e Marcus Viana, assim como outros mais recentes, como Paula Fernandes, Aline Calixto e Flávio Renegado.

O projeto Quatro Cantos Coral na Praça, idealizado pelo BDMG Cultural, foi criado para divulgar o canto coral de Minas Gerais e promoverá o encontro de coros infanto-juvenis mineiros na noite desta quarta-feira, 10, a partir das 19h30. O palco será a Basílica de Nossa Senhora de Lourdes, localizada na região centro-sul da capital mineira. O encontro irá reafirmar a importância da música popular como forma de expressão cultural, além de demonstrar sua importância na formação de crianças e adolescentes. No total, serão quatro grupos de coros: Jovem Sesc, Gotas da Canção, São Geraldo e Raio de Luz. De acordo com Leila Lúcia Gregório, coordenadora do Coral BDMG o projeto surgiu “para que existisse um espaço para apresentação dos coros e uma agenda cultural que servisse tanto para divulgar, como interação cultural da cidade de Belo Horizonte”. Sobre a edição desta quarta-feira, Leila Gregório explica que será uma edição excepcional, trazendo coros exclusivamente infantis e infanto juvenis. “No entanto, as apresentações do evento Quatro Cantos contam com corais de todas as faixas etárias”, ressalta.

João Paulo Cunha, presidente do BDMG Cultural destaca a importância do incentivo à música como plano de apoio ao aprendizado de crianças e adolescentes, “O incentivo à cultura é reconhecido com um dos caminhos mais produtivos para a inclusão de crianças e adolescentes. A música, por suas características, é uma das artes que mais se aproxima dos valores sociais que desejamos levar aos jovens. Por meio da música os jovens se socializam, desenvolvem projetos coletivos, entram em contato com a cultura e têm ainda oportunidade de profissionalização”, finaliza.

Coral Raio de Luz

O coral Raio de Luz, foi criado no ano de 1998 e está vinculado ao projeto social Obras Educativas Padre Giussani. Nele, participam quarenta crianças que vão dos 9 aos 13 anos de idade. No repertório, além de músicas e cantos tradicionais da Igreja Católica, as crianças interpretam clássicos da MPB. Vanderlúcia Balsamão, 48, é supervisora da socialização e explica que a ideia do projeto do coral surgiu com o intuito de oferecer às crianças “Coisas belas que pudessem alargar os seus horizontes”. Balsamão acredita que a música, bem como a arte em todas formas de expressão, é um direito universal. “Infelizmente, a acessibilidade a cultura é precária em nosso país, principalmente para a população de baixa renda. Nesse sentido, percebemos a importância de criar canais de cultura que possibilitem às crianças escolher o que lhes encanta e edifica como seres humanos”. ressalta a supervisora que falou sobre a importância de incluir projetos culturais no processo de formação das crianças e adolescentes que participam do projeto.

Todo semestre, seleções são realizadas pelo coral para incluir novos participantes e cantores. Um teste é realizado para avaliar a saúde vocal dos concorrentes, além da experiência musical de cada um dos interessados. Nas apresentações, todo o repertório é organizado e elaborado pelo maestro Daniel Rezende Lopes e pelo músico Marco Aurélio, responsáveis pela condução do coral, que mesclam as músicas entre aquelas que “querem ser ouvidas” com as que estão presentes na realidade individual de cada uma das crianças.

Projeto Quatro Cantos Coral na Praça – BDMG Cultural

Dia: 10 de Agosto

Hora: 19h30

Local: Basílica de Lourdes – Rua da Bahia, 1596 – Lourdes/BH

 

Reportagem e Fotografia: Lucas D’Ambrosio

Neste ano, o Festival Internacional de Corais (FIC), realizado entre os dias 1º e 15 de setembro, integrou a programação da Primeira Virada Cultural de Belo Horizonte, com apresentações dos corais Ribeirão de Areia e Vozes das Veredas, na Praça da Liberdade.O coral Ribeirão de Areia é formado por moradores do distrito de Jenipapo de Minas, no Vale do Jequitionha. A apresentação contou com um repertório de canções populares e uma homenagem ao cantor e compositor Chico Buarque. “A ideia  de homenagear Chico Buarque surgiu na última edição do FIC, quando homenageamos os 110 anos de nascimento de Carlos Drummond de Andrade. Imediatamente lembrei do Chico Buarque que é um ícone de nossa Música Popular Brasileira e a partir daí começamos a planejar o FIC 2013”, conta o Maestro Lindomar Gomes, organizador e curador do festival, a música escolhida para a homenagem foi Passaredo.

O coordenador do coral, Lori Figueiró, explica que o grupo é composto por crianças e jovens: “É um projeto da Associação Jenipapense de Assistência à Infância (AJENAI) em parceria com o Fundo Cristão para a Criança, com o apoio do Ponto de Cultura.”. Segundo Figueiró, o coral interpreta músicas do Vale do Jequitionha, em um resgate de grupos de cultura popular. No repertório está uma canção de autoria do próprio grupo: “A música Nós, um Coral é uma composição da Karen Antônia, de 12 anos, e foi composta a partir de uma oficina de fotografia e literatura.”

A estudante de psicologia Marília Beatrice, 22, prestigiou a apresentação de coral. “O que me chamou atenção no coral foi o fato de estarem homenageando o Chico Buarque, mas eu vim pra conhecer, saber como é a apresentação de um coral”, explica. Já a carioca Iza Gontijo Silveira, 79, participa de um grupo de coral no Rio de Janeiro e veio prestigiar a atração. “Estou a passeio em BH e aproveitei pra ouvir os corais que eu adoro”, diz.

Os cantos entoados pelos corais resgatam tradições do povo mineiro e promovem um encontro de gerações, em uma atmosfera de nostalgia e encantamento. Dalca Rosa, 42, enfermeira, afirma que os corais representam o estado de Minas Gerais. “É uma oportunidade de ver os corais, que reúne muita coisa boa. Temos que aproveitar e prestigiar”, declara.

Texto:Fernanda Fonseca

Foto: Fernanda Fonseca