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Ruas de BH

A livraria Van Damme, localizada na Rua dos Guajajaras, 505 no centro de Belo Horizonte, se mantém fiel a seu propósito: Vender Livros. Contradizendo a forma trabalhada pelas livrarias de shoppings que vendem diversos outros artigos além de livros, tais como, CD’s, videogames, a aclamada Van Damme não comercializa nada além de livros.

Fundada em 1971, a livraria não se sente ameaçada com os concorrentes das livrarias de shoppings, como conta o diretor financeiro Johan Van Damme Junior, 44. “A Van Damme foi fundada há muito tempo e é tradicional, ela tem um público cativo e tem um perfil diferente das livrarias de shopping. Não as vejo como nossas concorrentes”, explica.

Em uma época em que duas grandes livrarias tradicionais da capital mineira fecharam, a Van Damme acredita que isso ocorreu após a revitalização da Savassi, a Mineiriana e a Status se viram obrigadas a fecharem em função dos aumentos dos aluguéis, que estão altíssimos. “A Van Damme sobrevive no mercado porque o imóvel é próprio e também porque meu pai, fundador do estabelecimento é referência em livraria, em cultura e experiência que ele adquiriu ao longo dos anos com o estabelecimento”, destaca Van Damme Jr.

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Sobre os preços

Evitada pelo público mais jovem que procura economizar gastos e uma comodidade maior com os inúmeros sites de vendas onlines, o diretor financeiro defende que livraria não cobra mais caro pelos produtos. De acordo com o comerciante isso se trata dos preços estabelecidos pelas próprias editoras: “Livro é tabelado e os preços são impostos pelas editoras. A Van Damme pratica o preço que a editora coloca.

Ele acredita que as livrarias de shopping para atrair a clientela, colocam as promoções e que lá, não é necessário isso, já que os clientes que frequentam o local são fiéis. “Não vendemos mais caro, apenas colocamos os preços das editoras. Meu pai é coerente com isso desde o início. Quando informatizamos em 1995, para facilitar o trabalho, nós pegamos alguns livros antigos e fizemos uma liquidação, mas isso foi uma prática isolada e não é pratica da Van Damme normalmente”, finaliza.

www.vandammelivraria.com.br/Reportagem produzida para o Trabalho Interdisciplinar Dirigido V que tem como temática o cotidiano das ruas de Belo Horizonte. Belo Horizonte, junho de 2015.

Por: Lucas Freitas e Luna Pontone
Fotos por: Moniele Vilela

Rua Goitacazes - Luana Paula e Jessica Natália
Foto por Jéssica Natália

Histórias acontecem em todos os cantos, sempre haverá um fato, um acontecimento, que marcará alguém ou algum lugar.

Passando de geração em geração, a sapataria Ascendino carrega o nome que passou desde o avô até o neto, mantendo as tradições familiares. O comércio que está aos cuidados de Ascendino Filho e seu irmão tinham como dono anteriormente de seu pai e seu avô, onde a vida da família cresceu e permaneceu apertando solas, trocando fitas e colocando cores nos sapatos, foi como conseguiu criar seus três filhos.

A sapataria que, não por acaso tem o nome do dono, tem um belo histórico e clientes fiéis. Sr. Ascendino diz que ali não é o melhor ponto comercial de Belo Horizonte, já que seu concorrente principal é o grandioso Shopping Cidade, porém, por estarem ali há mais de vinte anos, os clientes se tornaram fixos. “É cada coisa que nem da pra acreditar (risos). Já salvei até casamento com minhas colas mágicas de colar sapato”, conta que uma moça chegou aos prantos com um par de sapatos brancos, tamanho 35, explicando que o sapato era da sorte, uma vez que todas as mulheres da família o utilizaram em seus casamentos.  Justo na sua vez, a sola havia se soltado, e estava apertado no seu pé tamanho 36. Senhor Ascendino como de costume, arrumou o sapato. Só não podia fazer milagres e garantir o bom uso perante a situação. A moça calçava 36 e o sapato era 35, o uso lhe dariam dolorosos calos.

Segundo o sapateiro, é raro um acontecimento extraordinário na rua, uma vez que o quarteirão de seu comércio é quase deserto. Confessa que é exatamente dessa paz que ele mais gosta. “Às vezes me sento na porta e posso ver o movimento da Avenida Amazonas e fico pensando em como as pessoas não tem mais tempo para viver as pequenas coisas da vida. Cidade grande é um corre-corre infinito.”

O grande movimento do centro de Belo Horizonte, fator que leva ao alto índice de estresse, é o que mostra que a cidade está viva e crescendo e, mesmo que seja assustador tanta correria, ela é necessária. “Fico parado pra ver se alguma coisa acontece” diz Ascendino, foleando um jornal amassado que já havia lido mais de cinco vezes no mesmo dia.

“O que não me deixa desistir daqui são as historias, as lembranças do meu pai que estão em cada canto. Meu avô montou o estabelecimento para que a família tocasse pra frente e tivesse o próprio negócio, aí a gente acaba se apegando. Mesmo não dando pra ficar rico, consigo sobreviver”, explica ele sobre como tudo começou.

Os filhos não mostram interesse na sapataria, e o proprietário diz não ficar magoado com isso, uma vez que entende que eles estudaram para ter um destino diferente do seu. “Ainda não sei o que vai ser desse lugar quando eu não aguentar mais trabalhar”, diz o senhor olhando todos os sapatos acumulados nas prateleiras.

No coração da Rua Goitacazes existem lindas histórias de vida. Onde parece não acontecer nada, é onde vidas inteiras já aconteceram.

Reportagem produzida para o Trabalho Interdisciplinar Dirigido V que tem como temática o cotidiano das ruas de Belo Horizonte. Belo Horizonte, junho de 2015.

Matéria por Luana Paula Rocha