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As histórias em quadrinhos (HQ’s) fizeram parte da infância de muitos jovens, principalmente nos anos de 1970 a 1990. Não é difícil encontrar quem já tenha lido as aventuras do “Homem-Aranha”, do “Homem de Ferro”, ou ainda do “Batman”. Entretanto, os quadrinhos não se resumem somente ao universo DC Comics e Marvel Comics. Existem também os quadrinistas independentes, as editoras novas, como a brasileira Blue Comics, e também, as editoras que distribuem verdadeiros livros em forma de quadrinhos, como foi o caso da Devir Livraria, que lançou em julho o terceiro livro da sequência “Yeshuah”, do paulista Laudo Ferreira Jr, que é quadrinista há mais de 30 anos e ilustrador há cerca de 20.

Com um nome meio diferente, em hebraico, “Yeshuah” significa “salvação”. A HQ narra a trajetória de Yeshu, ou traduzindo para o português Jesus. A história que Laudo conta em seus quadrinhos não é, exatamente, a mesma que a bíblia católica ou evangélica narra. No catolicismo a imagem de Cristo é vista como uma divindade. Laudo ressalta, em sua obra, o lado humano de Jesus. Os acontecimentos seguem a mesma cronologia da bíblia, mas a imagem de Cristo é mais como ser humano, uma pessoa com medos e crenças.

O desenvolvimento do HQ teve seu inicio por volta de 1998, sendo sua última parte, “Yeshuah: Onde tudo está”, lançada em julho desse ano. “Minha espiritualidade foi se desenvolvendo ao longo do trabalho. Amadurecendo junto com a obra”, explica o quadrinista. Segundo o autor da obra, a ideia de se criar uma história em quadrinhos demonstrando um lado mais humano de Jesus veio a partir da leitura de evangelhos apócrifos (aqueles considerados não oficiais). “O livro de São Tomé, mostra outra percepção de Jesus”, destacou Laudo.

Da história

A história dos quadrinhos do paulista segue o mesmo rumo da história bíblica, indo do nascimento de Cristo a morte, passando pela travessia do deserto e a traição por Judas. Entretanto, nas HQ’s de Laudo, não se mostram a crucificação em si de Jesus, nem a ressureição. Embora, após a morte, ele reapareça para Maria de Madalena.

Na história de “Yeshuah” o caso é narrado por Maria de Madalena, já idosa, para um jovem que estaria escrevendo-a. No desenvolver dos quadrinhos, o leitor pode notar que o uso dos nomes em hebraico dá a história um ar mais próprio, distanciando-a mais daquela contada nas igrejas.

Outros aspectos, na HQ, reafirmam mais essa distância entre as duas histórias. Como o momento antes da prisão de Cristo, em que ele se retira e revela seus medos e receios com a morte para Adonai (Deus). Ou também o ataque de fúria que o próprio Yeshu sofre ao chegar em Jerusalém. Esses pontos, que trazem ao próprio Jesus a imagem de humano, são os principais pontos da história de Laudo Ferreira Jr.“Às vezes se teatralizam tanto que descaracterizam o fundamento”, disse o quadrinhista.

Da crítica

Apesar de ser uma história sensível, que vai de encontro com os dogmas da igreja, os quadrinhos foram bem recebidos pela crítica especializada em HQ’s. “O trabalho foi muito elogiado”, ressalta Laudo. Após a divulgação do trabalho, o ilustrador foi convidado para participar de feiras de quadrinhos, inclusive de mangás, mas explica que são cosias diferentes. “O leitor de mangás não é, necessariamente, leitor de histórias em quadrinhos”, explica Laudo.

Por outro lado, o trabalho recebeu “pancadas” de alguns religiosos. “Uma mulher me achou na internet e me mandou um e-mail me xingando, dizendo que eu ofendi a imagem de Maria”, contou Laudo.

Lançamento em BH

Na noite dessa quinta-feira, 9, Laudo Ferreira Jr. o autor de “Yeshuah” estará autografando os exemplares da HQ na livraria Saraiva, do shopping Diamond Mall (Avenida Olegário Maciel, 1600 – Lourdes, Belo Horizonte) às 19 horas. Nos últimos meses do ano, Laudo estará na Brasil Comic Con que acontecerá em novembro, e na Comic Con Experience, em dezembro.

Texto: Umberto Nunes.

Foto: Arquivo pessoal.

Não é de hoje que o trânsito de Belo Horizonte está um caos. Nos horários entre 7h e 8h da manhã e 18h às 20h é complicado chegar e ir embora do centro da cidade. O trecho que compreende a Rua da Bahia e a Avenida João Pinheiro, um dos acessos mais utilizados para se chegar à região Sul da cidade, vive com o trânsito praticamente parado nesses horários, dificultando o acesso de estudantes, moradores e trabalhadores da região.

De um tempo pra cá, a tecnologia vem sendo uma grande aliada dos motoristas para encontrarem melhores rotas. Perfis no twitter e uso da hastag #transitobh vem causando uma grande aderência por parte dos internautas. O aplicativo mais conhecido e acessado é o Waze, criado em Israel e comprado pelo Google no ano passado, mas este não é o único. Moovit, Buus e Fale Trânsito são apenas alguns de tantos outros existentes.

A aderência por parte dos usuários de aplicativos e redes sociais que possuem a proposta de ajudar na mobilidade urbana, mostra que o mercado está aberto e precisando de ideias inovadoras como essas. A empresa belohorizontina de computação gráfica Visual Virtual  é a responsável pela criação do aplicativo “Zumpy”.

De acordo com André Andrade, diretor da empresa Visual Virtual, o projeto deste aplicativo começou em Janeiro deste ano. Segundo Andrade, foram três meses de elaboração e sete meses de construção com uma equipe de oito pessoas. O aplicativo foi lançado no último dia 22 de setembro, Dia Mundial Sem Carro, e está sendo aceito muito bem pelo público. A estimativa de downloads é de cinco mil até o final do ano.

O aplicativo permite a identificação de rotas semelhantes entre amigos e colegas; criação e gerenciamento de grupos; facilita a troca de informações como a rota, ponto de encontro e horário de saída de maneira prática.

Segundo a publicitária Letícia Lessa, o aplicativo no começo pode gerar desconfiança na população pelo fato de pegar carona com estranhos, uma vez que moramos em uma cidade que possui o índice de criminalidade alto. “Se o aplicativo realmente funcionar, pode ser que diminua a quantidade de carros nas ruas, fazendo com que o tempo gasto no trânsito seja menor e assim as pessoas fiquem menos estressadas.”, relata Lessa.

Texto: Bárbara Carvalhaes
Foto: Divulgação

Após 69 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, o assunto ainda é forte e consegue chocar. Infâncias roubadas pelo holocausto e o terror imposto pelos nazistas é revelada na exposição “Tão somente crianças – infâncias roubadas no holocausto”, que foi aberta nesta terça-feira, 07, na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, em Belo Horizonte.

A exposição faz parte do Museu do Holocausto de Curitiba, que disponibilizou parte do seu material, como alguns objetos, vídeos e fotografias, além de doações de sobreviventes do holocausto, para uma mostra intinerante. Belo Horizonte é a quarta capital a receber “Tão somente crianças”, São Paulo, Brasília e Porto Alegre, também já sediaram a exposição.

A instalação de uma câmara escura, ganha destaque. Nela, o público se vê cercardo de luzes refletidas em espelhos, que representam as crianças que foram mortas durante a Segunda Guerra. E, a partir de um telefone, reproduz vozes de crianças e adolescentes que dizem o nome, idade e cidade onde cada uma das vítimas nasceram. A Lista é extensa e causa incômodo aos visitantes.

Nos tablets espalhados pela biblioteca, estão depoimentos em vídeo de sobreviventes contando suas histórias no campo de concentração. As fotografias, trazem junto consigo, um pouco da história nazista e o horror que as crianças passavam nos campos de concentração. Ao fundo da biblioteca, foi instalada uma cômoda com várias gavetas, algumas coloridas e abertas, que representam as infâncias vividas e algumas pretas e trancadas, que representam a infância roubada pelo holocausto junto com um painel que registra os direitos internacionais das crianças pela UNICEF.

O público pode visitar a exposição até o dia 31 de outubro, entre as 8h e 20h, de segunda a sexta, e da 8h as 16h, aos sábados. Entrada gratuita.

Texto e foto: Lívia Tostes

Em parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o grupo de teatro Espanca!, fundado em 2004, comemora seus 10 anos com uma programação especial. Após o lançamento nacional da peça “Dente de Leão” no próprio CCBB, a mostra Espanca! 10 Anos dá continuidade as apresentações com o espetáculo “Amores Surdos”. Nela conta-se a história de uma família formada por um pai ausente, uma mãe superprotetora e seus filhos. Além das dificuldades de convivência entre família, a peça traz uma metáfora sobre a passagem para a vida adulta e a perda da inocência.

Sediado em Belo Horizonte e com currículo de 587 apresentações em 57 cidades de 15 estados brasileiros, além da Alemanha, Colômbia e Uruguai, o Espanca! é um dos principais grupos de teatro do Brasil. Com trabalhos que procuram ser reflexos do tempo em que viviemos, o grupo conta com títulos como “Por Elise” (2005), “Amores Surdos” (2006), “Congresso Internacional do Medo” (2008) e “Marcha Para Zenturo” (2010). Em seus 10 anos, o Espanca! também já realizou três edições do “ACTO! – Encontro de Teatro”, um evento que é, ao mesmo tempo, um festival de teatro e um encontro entre companhias brasileiras.

Em entrevista ao Jornal Contramão, Marcelo Castro, 32, ator e co-fundador do grupo, disse que, embora cada peça aborde diferentes temas, os trabalhos não são focados neles em si. “Nos apoiamos no discurso dos textos e a partir dos ensaios vamos construindo o que a peça diz”, afirmou Castro.

O trabalho do grupo já foi vencedor dos principais prêmios brasileiros, como Prêmio Shell SP, SESC SATED MG, SIMPARC MG, Qualidade Brasil e APCA; e participou dos principais eventos de artes cênicas do país, como o Projeto de Intercâmbio com a Cia. Brasileira, o Festival de Cenas Curtas promovido pelo Galpão Cine Horto, além da IX Mostra Latino Americana De Teatro De Grupo.“Tanto a mídia quanto a crítica especializada reconhecem sua produção [do grupo] como de grande relevância para o teatro contemporâneo do país”, destacou Castro.

Para Marcelo, a abertura da sede do grupo, inaugurada em 2010, foi uma das principais mudanças nesses 10 anos de história. “Por sua localização e intensidade acabou influenciando as escolhas estéticas do grupo”, contou.

Programação de aniversário

Hoje, o grupo Espanca! é formado pelos atores Marcelo Castro, Gustavo Bones e a produtora Aline Vila Real. Em celebração aos 10 anos do grupo, a Mostra Espanca! apresentou em março, para o público do ACTO3!, a peça “Marcha Para Zenturo”; em junho “Congresso Internacional do Medo” esteve em cartaz no Teatro Alterosa; e em julho “Por Elise” voltou aos palcos do CCBB. Durante o mês de setembro foi a estreia nacional de “Dente de Leão”, também no Centro Cultural. Após a temporada de “Amores Surdos” (24/09 a 06/10), a montagem “O Líquido Tátil”, dirigida pelo argentino Daniel Veronese, estará em cartaz de 8 a 13 de outubro no teatro do CCBB, encerrará a programação comemorativa do grupo.

Texto: Umberto Nunes

Foto: Guto Muniz, divulgação.

Belo Horizonte, 24 de setembro, 17 horas. Um casal de estudantes foi advertido devido a um beijo dado em um bar. Brasil, 28 de setembro – Debate presidencial.  O candidato à presidência da republica, Levy Fidelix (PRTB),  declara em rede nacional o repudio a famílias homoafetivas.

Rede Social

Através do Facebook, um estudante de Moda desabafa sobre o caso de homofobia que sofreu no Bar Ponto Bahia na última quarta-feira, 24. O jovem relatou que estava com o seu namorado no bar e afirma que ao trocar beijos com ele, o garçom do estabelecimento os descriminou, alertando que ali era um lugar tradicional e pediu para “maneirar” nos carinhos.  O estudante alega que eles tinham dado um simples beijo como qualquer casal. Após conversar com a gerente do estabelecimento, e confirmar que era a política da casa, eles chamaram a polícia e registraram um boletim de ocorrência contra o bar. Uma lei Municipal e Estadual garante o penalidade ao estabelecimento que descriminar pessoa em virtude da sua orientação sexual.

Em reação ao episódio ocorrido e a tantos outros casos de LGBTfobia, um evento no Facebook foi criado em apoio, mais de 7 mil pessoas convidadas para participar. O “Beijaço contra a LGBTfobia no Bar Ponto Bahia”, ocorreu na sexta-feira, 26,  com cerca de 200 pessoas. Enquanto alguns curiosos assistiam, a bandeira LGBT era erguida em frente ao Ponto Bahia. Um abraço coletivo foi dado em volta do estabelecimento pelos presentes. Palavras de respeito e amor eram entoadas e os líderes do ato garantiram que não estavam chateados com o garçom, mas questionavam a política adotada pelo o dono do bar, que até o fechamento dessa reportagem não quis dar declarações sobre o ocorrido.

Política

Outro caso que ganhou destaque nas redes sociais foi relacionado às declarações do candidato Levy Fidelix (PRTB) no debate televisionado pela TV Record.

Ao ser questionado a respeito da aceitação de famílias do mesmo sexo, pela também candidata à presidência da republica, Luciana Genro (PSOL), Levi foi enfático ao dizer: “Então, gente, vamos ter coragem, nós somos maioria, vamos enfrentar essa minoria [gays]”. Ele afirmou também “Dois iguais não fazem filhos e digo mais: aparelho excretor não se reproduz”.

A reação nas redes sociais não poderia ser diferente. De forma instantânea, os usuários do twitter criaram a tag #LevyVcÉNojento para comentar as declarações do candidato, que atingiu a categoria dos tópicos mais comentado no país.

Além da revolta do usuários nas redes sociais, a Comissão Especial da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral a cassação da Candidatura de Levy Fidelix pela as declarações. De acordo com a denúncia a OAB, o candidato violou o Artigo 286 do Código Penal, que puni a incitação publica à pratica de crimes, à pratica da violência, quando declarou que eles, a maioria, deveria tomar atitudes contra essa minoria, os homossexuais, para que eles não continuem tendo direitos reconhecidos. De acordo com a Comissão isso também fere os objetivos centrais do país que estão presentes na constituição.

Acompanhe, nas próximas semanas, uma série de reportagens especiais sobre cidadania e direitos LGBT no Jornal Contramão.

Por: João Alves
Foto: Gustavo Melo

 

Foi exibido ontem, 20, no Cine Humberto Mauro no Palácio das Artes um clássico do cinema brasileiro, o filme “Amante Latino” (1979) estrelado pelo cantor Sidney Magal, 61, que presenciou e interagiu com participantes no fim da sessão. A presença do cantor fechou a Mostra Curta Circuito que apresentou no mês de setembro clássicos do cinema brasileiro.

Apesar da demora para se abrirem as portas e dar inicio a sessão, a carreira do artista e algumas histórias dos anos 1970, contadas por idosos que aguardavam na fila, deixaram a espera menos tortuosa. As portas foram abertas e os organizadores do Curta Circuito apresentaram o objetivo da mostra e agradeceram a todos que colaboraram para a sua realização.

Ao som de Sandra Rosa Madalena, o cantor surgiu no palco, dando o ar de sua graça. Com o seu bom humor clássico, Magal fez piadas sobre o seu peso e sobre a sua atuação sem experiência no longa. O músico contou ao público como foi descoberto para o papel e o motivo de ter poucas falas: “Inexperiência!”, destacou.

O filme entrou na tela acompanhado com palmas e mais uma trilha musical do cantor. A história trata de temas como ecologia e pessoas que são expulsas do lugar ondem moram, ciganos e hoje, sem-teto. Apesar de polêmica, a temática foi tratada com muito humor, pela irreverência dos personagens.

Com o encerramento da sessão, o artista deu início a um depoimento emocionado, falando sobre as amizades que fez durante as gravações e que foi emocionante ver depois de tanto tempo o filme sendo exibido em uma sala de cinema. Relatou também, com a voz embargada, que vários atores já faleceram, e que isso tornou ainda mais gratificante a participação na mostra.

O bate-papo como era de se esperar, foi bem divertido. O público fez perguntas e contou ao artista histórias que tinham em relação a ele. Sidney agradeceu aos participantes o carinho e disse estar satisfeito pelo que fez ao longo da carreira, deixando em evidencia que mesmo depois de tanto tempo ainda é aclamado pelo público, que só teve histórias boas a contar.

Texto e foto: Ítalo Lopes