De maneira interativa que aproxima as obras dos visitantes, a exposição sobre a cientista Marie Curie está em cartaz no Espaço TIM UFMG do Conhecimento. A exposição tem como foco a passagem da cientista por Minas Gerais, que durou do dia 16 a 18 de agosto de 1926, mas, também, conta a história e a vida de Curie.
Agraciada com o Prêmio Nobel por duas vezes, por seus estudos no campo da física, Marie Curie foi pioneira em diversos sentidos. Em um momento em que, a sociedade, ainda, vivia, majoritariamente, de acordo com arquétipos determinados culturalmente e, marcados historicamente, a cientista ingressou na Universidade Sorbonne e produziu diversos estudos sobre a radioatividade.
Durante sua estadia em Minas Gerais, Marie Curie chegou à estação central (vinda do Rio de Janeiro), passou pelo Instituto de Radium (atualmente, “Instituto Borges da Costa”), pela câmara de deputados, em seguida pela secretária de Estado de Minas Gerais, por Nova Lima, Lagoa Santa, pelo Instituto Ezequiel Dias, automóvel clube, conservatório, Palácio da Liberdade, Correios, Instituto de Radium (Faculdade de medicina), grande hotel (Edifício Maleta) e por fim estação Central (indo para o Rio de Janeiro).
Segundo a professora Universitária da UFMG e diretora de Divulgação Científica UFMG, Silvania Sousa do Nascimento, uma equipe da Diretoria de divulgação Cientifica trabalhou cerca de seis meses na pesquisa histórica e, posteriormente, mais sete para a seleção e produção das unidades temáticas da exposição, sob sua direção. “A curadoria final foi realizada por mim e pela professora Claudia França”, conta. “Tendo os eixos históricos definidos e a pesquisa iconográfica pronta planejamos a unidades pensando em mostrar o contexto urbano de Belo Horizonte na época da visita e construir módulos interativos buscando soluções interativas e não mediadas por tecnologias digitais para entrar no contexto da época”, explica a professora.
Ainda segundo Nascimento, há muitas controvérsias sobre a vida acadêmica e pessoal do casal Curie e seus filhos. “Foi muito interessante pesquisar as diferentes fontes documentais e fílmicas da época e as novas leituras da posição da mulher nas ciências. Nossa exposição buscou trazer o cotidiano do trabalho cientifico de inovação, que ela realizou e seu lado de mulher migrante dedicada à família”, esclarece.
A exposição
“A construção dos cenários com suas roupas e alguns objetos buscou oportunizar o visitante a compreender um pouco este contexto. Os módulos são acompanhados por legendas em Braille e pensamos em integrar aos monitores portadores de necessidades especiais que podem também vivenciar o universo de Marie Curie”, explica Silvania Sousa.
A professora afirma ainda ter pouco material iconográfico que documenta a passagem de Marie Curie por Minas Gerais. “Por isso trabalhamos, principalmente, com fontes textuais do Arquivo Público de Minas Gerais (SEC-MG) e do Centro de Memória da Medicina da UFMG. A seleção visou trazer para o visitante uma face ainda não explorada assim mostrar um ângulo diferente da pesquisadora”, destaca. “A exposição agora deve circular por Minas Gerais”, informa.
Visitantes
O marceneiro Daniel Felipe Resende afirma que não conhecia Marie Curie, mas que gostou da sua história e da exposição. “Gostei da exposição por ser interativa, é bem mais atraente do que ficar só vendo e lendo. É muito melhor essa forma de você poder ter contato”, destaca.
A estudante Lorena Stefane também não conhecia. “Estou gostando bastante da exposição, parece que é bem interessante a vida dela, lutou bastante pra conseguir o que queria e por isso acabou se destacando na sociedade”, comenta a estudante.
“Vejo a Marie Curie como um exemplo de lutadora, eu a vejo como as mulheres daquela época deveriam ser, lutar mais pelos seus direitos. Graças a ela e a outras mulheres, que nós mulheres conseguimos os direitos que temos, a liberdade que temos”, finaliza Lorena.
Minientrevista com o artista
O figurino que compõe a exposição é obra do estilista Hudson Freitas. A convite da Diretoria de Divulgação Cientifica (DDC) que, se deu através da pesquisadora Cláudia França, o estilista teve um espaço dedicado à roupa usada pela cientista Marie Curie. “Ela (Cláudia França) me disse que estava criando uma exposição inspirada na viagem de Madame Curie a Minas Gerais. Pediu-me que fizesse dois vestidos de época sintetizando toda a vida e obra da pesquisadora”, revela Hudson Freitas. Confira a mini entrevista com o figurinista Hudson Freitas:
Jornal Contramão: Como é feita a construção de um figurino?
Hudson Freitas: Ler o roteiro da peça para se inteirar da história é o começo de tudo. Depois, fazer uma analise bem apurada dos personagens, identificando quem é quem. Após estas informações, passo para a pesquisa de construção das roupas. Se é uma produção de época, eu leio muito a respeito da década na qual se passa a peça.
Jornal Contramão: Como foi o processo de construção do figurino da exposição da Marie Curie?
Passei dois dias trancados lendo a respeito da vida e da obra da pesquisadora, li a respeito da sociedade, da época e as condições que levaram Madame Curie a França. A pesquisa foi me conduzindo, gentilmente, a um ponto central, duas cores: preto e branco.
Jornal Contramão: Como você vê a personalidade Marie Curie?
Hudson Freitas: Sempre admirei Marie Curie, pelo seu esforço e sua coragem extrema. A primeira mulher a lecionar dentro de uma universidade. O convite para integrar a equipe de pesquisa me favoreceu a descobrir mais a respeito dessa notável pesquisadora, e do seu legado deixado para toda humanidade.
A exposição sobre a Marie Curie pode ser conferida até o dia 26 de fevereiro no Espaço TIM UFMG do Conhecimento.
Endereço: Praça da Liberdade s/n, Belo Horizonte.
Entrada franca
Por: Bárbara de Andrade e Felipe Bueno
Fotos: Felipe Bueno