Utilidade Pública

O escândalo do Mensalão e o do bicheiro Carlinhos Cachoeira são dois casos de corrupção recentes no Brasil. É comum ouvir no ônibus, ou na fila do banco alguém dizer que está desanimado com a política, pois todos os políticos são corruptos e ladrões. Más será que a corrupção é algo que só acontece no âmbito político? Uma pesquisa realizada pela UFMG em parceria com o instituto Vox Populi mostra atitudes corruptas como, por exemplo, pagar propina a um guarda para evitar uma multa não é considerado errado por parte dos brasileiros. A equipe de reportagem do contramão foi às ruas com a seguinte pergunta! Você considera furar fila, ou comprar um CD ou DVD pirata um ato de corrupção? Confira as entrevistas.

 

Por João Vitor Fernandes

Foto: Hemerson Moraes

Vídeo: Mariah Soares

“Fui skinhead nos anos 80, mas, hoje, não faço mais parte do grupo”, é assim que José (nome fictício) se apresentou à reportagem do CONTRAMÃO, durante o contato telefônico. “Não adianta, você insistir que eu não vou passar dados precisos sobre a minha idade e identificação. Eu quero ajudar a esclarecer essa confusão de que todo skinhead é racista e homofóbico. Mas quero permanecer no anonimato”. Essa foi a condição para que a entrevista fosse feita, por telefone.

“Sinto tristeza quando leio os jornais noticiando todas as agressões aos homossexuais e aos negros como atitude de skinhead. Muitos skinheads não são homofóbicos ou racistas. Em BH, há uma galera que só está interessada em camaradagem, tomar cerveja e ouvir uma boa música”, explicou o ex-skinhead. “É preciso tomar cuidado com essas coisas, pois a falta de conhecimento da população sobre os skinheads pode gerar revolta e preconceito contra o grupo”, disse.

A conversa com José durou 20min. Nesse tempo, ele garantiu que há, sim, a presença, em BH, dos “Carecas do Brasil”, um grupo nacionalista e integralista que tem como valores “Deus, Pátria e Família”. “Eles não são racistas, isso iria contra a ideologia da facção. Contudo, não gostam homossexuais e tem resistência aos Punks”, explicou. Outra facção existente na capital mineira é a dos nazi [ou White Power] que, segundo José, configuram-se como os mais radicais. “Existe esse grupo em Belo Horizonte e é uma minoria, mas é preciso que as autoridades façam alguma coisa. Meu medo é que as agressões em BH fiquem tão frequentes como em São Paulo”, declarou.

Segmentos

De acordo com o ex-skinhead, as diversas segmentações do movimento confundem a população e a mídia. “As pessoas não conhecem de verdade do movimento e, logo, ligam os crimes por racismo ou homofobia a todos os skinheads. Na verdade, essas coisas são feitas por uma minoria, como os nazis”, explica.

Segundo José, os skinheads não possuem uma raiz preconceituosa. “O movimento surgiu no final da década de 60 a partir dos imigrantes jamaicanos, os rude boys, e jovens operários ingleses, que se reuniam para ouvir música negra norte-americana, o rockstead (ritmo inglês) e ska (ritmo jamaicano). Esses são os indícios de que é um movimento de origem cultural operária sem discriminação a quem quer que seja”, esclareceu.

A primeira dissidência aconteceu no início dos anos 1970, quando partidos de direita observaram nos jovens skinheads uma força de liderança. “Inicia-se a fase em que algumas pessoas se tornaram nacionalistas e começaram a repelir com violência os jamaicanos e aqueles que os apoiavam. Essa foi a primeira imagem que circulou pelo mundo em relação aos skinheads”, esclareceu. “Os hooligans surgiram no mesmo período e era uma galera que curtia futebol e cerveja e, às vezes, entrava em confusão com as torcidas adversárias”, explicou.

“Eu lamento que a população veja todos os skinheads da mesma forma. Espero ter ajudado. Boa sorte”, ele disse finalizando a ligação.

Saiba mais sobre os perfis dos skinheads aqui.

Por: Hemerson Morais

Foto: Willian Gomes

O caso de agressão sofrido por dois homens na Savassi, no fim de semana, protagonizado por rapazes identificados como brancos, carecas e tatuados, gerou repercussão entre outras vítimas de violência. O episódio tem se tornado comum em diversas áreas da cidade.

Na madrugada de sábado, um jornalista que, hoje, prefere não se identificar, postou em seu blog uma denuncia de violência sofrida por ele e um amigo quando saiam de um show. “Eu estava na Savassi, ponto de encontro de emos, neogóticos, patys, playboys, fashionistas, gays, jovens, velhos, estudantes uniformizados, economistas e skinheads. Dois deles [skinheads] me atacaram. Não me esqueço da careca, das tatuagens, dos olhos endemoninhados, do ódio”, relata o jornalista em seu blog.

Ainda no relato em seu blog, ele afirma que: “O motivo aparente: abracei um amigo dizendo boa noite, após nos divertirmos no show do Kid Abelha. Estávamos felizes, brincando, falando amenidades”, conclui.

Outro caso de violência

O designer de produtos, Manuel Batista, conta que foi agredido nas proximidades da Praça Raul Soares quando fazia a divulgação para uma festa de uma boate LGBT. Bandeira estava acompanhado de outros dois amigos, um deles caracterizado como Drag Queen. Perto da 1h da manhã os rapazes foram abordados por um grupo de ‘playboyzinhos’. “Eles estavam com pedaços de pau na mão gritando ‘vamos pegar, vamos pegar’. Eu fui pra cima também, o que nos deu uma válvula de escape”, explica Bandeira.

Segundo o designer, a tentativa de agressão não foi cometida por skinheads. “Não tinha ninguém com cabeça raspada, estavam todos com vestimenta normal, de gente ‘riquinha’, que sai para poder fazer bagunça na rua”, declara Batista.

Por Ana Carolina Vitorino e João Vitor Fernandes

Ilustração: Diego Gurgel

O projeto de lei (PL)4211/2012, proposto pelo deputado federal Jean Wyllys (P-SOL/BA), à mesa diretora da câmara dos deputados, visa regulamentar a atividade de profissionais do sexo.  “A intenção é a de trazer cidadania aos grupos, historicamente, discriminados, inclusive marginalizados por leis arcaicas, ou pelo interesse de proselitistas de que esses grupos continuem sujeitos à discriminação”, explica Wyllys.

Ainda segundo o deputado não se trata de estimular a prostituição e, sim, criar uma lei para regulamentar e fiscalizar a prática. “Hoje, a prostituição é reprovada pela mesma sociedade que se utiliza de seus serviços. Não se trata de mudar o juízo de valores sobre a prostituição, ou de estimulá-la. É de dar a dignidade merecida a qualquer pessoa”, esclarece.

Povo

A população se divide no que diz respeito a este assunto. O estudante de engenharia civil Philipe Augusto diz que apesar de ter assuntos mais importantes a ser debatido ele apoia a ideia. “Não acho errado, mas tem coisas mais importantes para serem feitas. A saúde e o transporte são exemplos disso”, declara.

Por outro lado o músico Lucas Santos diz que a não concordar com o projeto de lei. “Acredito que este tipo de lei não vai ajudar diretamente quem trabalha com sexo. Será que os profissionais querem mesmo essa regulamentação? Isso pode trazer perda de dinheiro para essas pessoas”, defende.

Jean Wyllys defende que “A população, como em tantos assuntos polêmicos, está sendo influenciada sobre o tema com informações distorcidas” e completa dizendo que “regulamentando a profissão é que será possível fiscalizar o funcionamento das casas de prostituição, por exemplo”.

Por: João Vitor Fernandes e Rafaela Acar

Ilustração: Diego Gurgel

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deu, nesta quarta, 24, parecer favorável a um projeto de autoria do deputado Dinis Pinheiro (PSDB), que trata de maior transparência nas promoções e liquidações feitas pelo comércio. O texto do projeto diz que “muitas vezes, os anúncios publicitários não correspondem à realidade, servindo apenas como uma forma de atrair o consumidor até o estabelecimento”, ressaltando que muitas vezes os estabelecimentos informam o preço original do produto como se fosse um desconto.

 O projeto pretende que os estabelecimentos comerciais, ao informar uma promoção, deixem claro para o consumidor qual era o valor original do produto antes do desconto. O relator do parecer, deputado André Quintão (PT) propôs em seu parecer que o projeto altere a lei 15.449/2005 que regulamenta oferta de produto em promoção ou liquidação por estabelecimento comercial.

Para que as alterações na lei entrem em vigor, é preciso agora que o projeto seja aprovado em plenário e sancionado pelo Governo do Estado.

Por Marcelo Fraga e Paloma Sena

Foto: Internet

Duas semanas após a publicação da matéria “Quem não enxerga também precisa ver”, a equipe do CONTRAMÃO se depara com o desrespeito das pessoas com deficiência visual. Um funcionário do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) jogava o lixo na calçada da rua Espirito Santo esquina com Avenida Augusto de Lima, obstruindo o caminho de das pessoas com deficiência visual que utilizam as guias para se locomover. “A colocação do lixo nas calçadas não é culpa do funcionário. A própria prefeitura não disponibiliza lixeira suficiente para armazenar o lixo” comenta a presidente do Centro de Vida Independente (CVI), Kátia Ferraz.

Para a presidente do CVI, o lixo seja talvez um dos menores problemas da pessoa com deficiência.  “A prefeitura exige que o proprietário do imóvel coloque as guias, porém isto não é padronizado, então acontece de ter degraus nas calçadas, falta de equipamentos de segurança. Isto tudo atrapalha a locomoção”, conclui Kátia Ferraz.

A assessoria de imprensa da SLU informa que o sistema de coleta de lixo da capital e dividida em nove regionais e que as fotos serão encaminhadas para o responsável da regional Centro-sul.

Por João Vitor Fernandes

Foto: Hemerson de Morais