Copa das Confederções

A Avenida Antônio Carlos se tornou praça de guerra na tarde da última segunda feira, 17, quando houve um confronto entre a Polícia Militar e os manifestantes. Os confrontos foram em um local delimitado como limite amarelo para o Mineirão durante a Copa das Confederações. Qualquer pessoa sem ingresso, de acordo com as normas e perímetro de segurança da FIFA, não poderia avançar além daquele lugar. Em caso de ser morador da região, a pessoa deve apresentar comprovante de residência para poder passar.

Pouco antes, mais ou menos a dois quilômetros do local do conflito, já havia acontecido uma primeira ameaça de atrito, quando a polícia fez um cordão de isolamento impedindo que as pessoas prosseguissem na caminhada que até o momento era pacífica. Após a negociação entre policia e manifestantes, foi permitida a retomada da marcha que seguia em direção ao Mineirão, chegando quase às portas da UFMG, onde os manifestantes foram impedidos. Foi a partir daí que as cenas de guerra começaram.

Correria, desespero e pânico tomaram conta de grande parte dos que estavam ali. Quando a primeira bomba gás foi lançada, muita gente buscou fugir dos efeitos dessa arma de efeito moral.  À medida que uma bomba nova era lançada, mais assustados os manifestantes ficavam, se afastando cada vez mais do conflito.

Porém, alguns resolveram enfrentar a ação repressiva da polícia. Enquanto os policiais lançavam bombas de gás lacrimogêneo e atiravam com armas de bala de borracha, os manifestantes colocaram fogo em alguns materiais para evitar o avanço da policia. Nas redes sociais, nesse momento, era apontada a orientação do comando da corporação para que fosse evitado o uso desse armamento durante a manifestação. A policia, informou em nota, que eles apenas reagiram aos manifestantes e que os vídeos da ação estão sendo analisados para ver se houve algum excesso por parte dos policiais envolvidos.

Confira os vídeos produzidos por um dos correspondentes no local, Hemerson Morais:

Vídeo Confronto 17-06

Confronto2

Por Hemerson Morais

Foto: Pedro Luiz

Vídeos: Hemerson Morais

Inicialmente pacífico, o protesto que ocorreu na tarde e noite do dia 17 do centro de Belo Horizonte à região do Mineirão, em Belo Horizonte, acabou em confusão em frente à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O que devia ser uma passeata tranquila foi substituída por bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e cassetetes para quem não obedecia as ordens de recuo da PM. Reivindicando a melhoria do transporte público, saúde e educação, além de contestar os gastos com a Copa das Confederações, os 20.000 participantes do evento foram fortemente contidos, apesar do pouco registro de ocorrência. Três pessoas foram presas e três saíram feridas, como um estudante de 18 anos que caiu do viaduto da Avenida Abrahão Caram.

Com gritos de protestos, palavras de ordem e entoando o Hino Nacional, a população saiu da internet e ocupou as ruas da cidade. “Eu realmente estou orgulhosa da nossa geração finalmente fazer alguma coisa. O povo gritando foi de arrepiar”, comenta a estudante Nathalia Terayama.

Para Terayama o movimento precisa se organizar para ter algum efeito. “Eu acho que a gente não pode é perder o foco e ficar andando pelas ruas tomando fumaça na cara sem pedir, de fato, alguma coisa concreta”, argumenta.

O Trajeto percorrido foi tranquilo até as imediações do Mineirão. Quando os manifestantes chegaram à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e tentaram prosseguir com a passeata, foram coibidos por tiros de bala de borracha e bombas de gás lacrimogênio.

Em nota, a PMMG disse que a violência partiu dos manifestantes e os policiais agiram para conter o tumulto.

Tropa de choque fez cerco para impedir o acesso às proximidades do Mineirão, pelos manifestantes. (FOTO: Fred Karklin)

Novos protestos

Nas redes sócias estão sendo organizados novos protestos pela cidade. O próximo ato é hoje, as 17hs, em frente a UFMG, onde os manifestantes entram em conflito com a polícia na manifestação desta segunda.

Veja abaixo o calendário das próximas manifestações:

ATO NA UFMG – BH ACORDOU
Dia 18 de junho – terça feira ás 17:20
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O GIGANTE ACORDOU E NINGUÉM PODE FICAR PARADO
Dia 19 de junho – quarta feira ás 15 horas

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MAIS VINAGRE E MENOS VIOLÊNCIA
Dia 20 de junho – quinta-feira ás 17 horas

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CONTRA A PEC 37 – Nacional Dia Do Basta
Dia 22 de Junho – sábado

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O GIGANTE ACORDOU – BH
Dia 22 de Junho – sábado ás 15 horas

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SE A PASSAGEM AUMENTAR A CIDADE VAI PARAR – BH
Dia 26 de Junho, quarta-feira ás 18 horas

 

Visite a página do Contramão no Facebook e confira a cobertura completa das manifestações.

Por Joao Vitor Fernandes

Foto: Joao Alves

Belo Horizonte, uma das capitais que vai sediar, na próxima semana, a Copa das Confederações e, no próximo ano, a Copa do Mundo de futebol, é o cenário de uma série de assassinatos de pessoas em situação de rua, de acordo com lideranças de movimentos sociais. Com as duas mortes na madrugada da última terça-feira, 11, o número de moradores de rua assassinados desde 2011 foi a 100, o que corresponde a 5% dessa população na capital. Os números são do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH) que emitiu uma nota de repúdio aos atos de violência.

Clique para ler a nota

O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos (IHG/BH) também se manifestou, ontem, 12, através de uma nota de repúdio à repressão contra a população em situação de rua. Lê-se na nota: “Belo Horizonte mantém sua terrível tradição de grupos de extermínio e de grupos de policiais a paisana que reprimem moradores de rua patrocinados por empresários.”.

A PBH, em nota divulgada hoje, lamenta o ocorrido: “A Prefeitura Municipal de Belo Horizonte vem a público externar sua completa indignação diante da violência praticada contra moradores em situação de rua nos últimos dias, na capital mineira, culminando, lamentavelmente, com a morte de duas pessoas na cidade.”.

Denúncias

Desde a semana passada, integrantes de movimentos sociais – como a Pastoral de Rua e o Consultório de Rua – denunciavam uma possível ação de remoção forçada da população com trajetória de rua, que poderia acontecer a partir da segunda-feira, 10, em função da Copa das Confederações. De acordo com esses grupos, pessoas que desenvolvem trabalhos assistenciais junto à essa população, relataram supostas ações de remoção. “Estamos vendo que isso acontece. Soubemos de uma remoção no dia 11. Tem alguma coisa acontecendo, moradores que a gente conhece não estão mais onde costumávamos vê-los”, afirma a cientista social e integrante do coletivo de teatro urbano Paisagens Poéticas, Rita Boechat.

Na quinta-feira, 6, foi convocada uma reunião na sede do Conselho Regional de Psicologia (CRP), ocasião em que se articulou uma mobilização via Facebook. Na rede social, foi criado o Grupo de monitoramento de ações higienistas, e através dele os apoiadores que se dispuseram a fazer rondas noturnas poderiam denunciar ações arbitrárias e/ou violentas contra pessoas em estado de rua. Além disso, convocaram a população a registrar e denunciar ações ilegais, como o recolhimento de pertences e a remoção forçada. (ver imagem)

A Secretaria Municipal Extraordinária da Copa do Mundo (SMECOPA) garante que não existe nenhum tipo de remoção por parte da prefeitura tendo por motivação os eventos esportivos na cidade e, por meio de assessoria de imprensa, informa: “O que a Prefeitura de BH faz é um trabalho social junto com as populações de rua. Existem leis, e a prefeitura as cumpre. Elas determinam que não podem acontecer remoções forçadas, todo mundo tem o direito de ir e vir”. A assessora Raquel Bernardes classificou a denúncia de “boato oportunista”.

Ações

O educador social da Pastoral de Rua, Jadir de Assis, informa que, durante as abordagens, são entregues aos moradores em situação de rua cartões com endereços e telefones para que eles possam se mobilizar e entrar em contato com apoiadores e lideranças de movimentos que se alinham na luta contra a suposta remoção forçada. Foi através desta estratégia que membros do Movimento Fora do Eixo souberam que um morador de rua havia sido levado, na madrugada de terça-feira, 11, por uma kombi branca, credenciada pela PBH. O grupo gravou um vídeo, nele uma testemunha afirma que policiais militares participaram da ação e chegaram a algemar o morador de rua. A denunciante afirma que houve a tentativa de levar mais três homens que conseguiram fugir.

Assista ao Vídeo feito por integrantes do coletivo Fora do Eixo.

A cientista social Rita Boechat afirma que pessoas ligadas aos movimentos sociais acreditam que os moradores de rua que sofrem esse tipo de remoção – como a denunciada no dia 11 – são conduzidos às clínicas de tratamento para dependentes químicos. Ainda segundo Boechat, o Movimento dos atingidos pela Copa também tem apoiado as rondas. O coletivo realizará uma manifestação na segunda-feira, 17, na Praça Sete, a partir das 13h. Entre as questões levantadas neste ato está a luta contra ações higienistas. Neste sábado, 10, o mesmo coletivo convoca a população para o Copelada, na Praça da Savassi, a partir das 10h. Além da realização de uma competição de futebol, haverá debate sobre a FIFA, futebol e supostas violações de direitos humanos.

Desfecho

O Ministério Público mediou um acordo entre a PBH e o CNDDH, há duas semanas, em que ficou estabelecido que nenhuma ação agressiva de retirada da população de rua poderá acontecer, conforme noticiou o Jornal O Tempo.

Na reunião do Comitê de Acompanhamento e Monitoramento da Política para a População de Rua da prefeitura, realizada hoje, 13, a coordenadora Soraya Romina afirmou que a PBH aceita o direito da população de rua ficar na rua, mas não o de se estabelecer. “Os objetos que possam obstruir o trânsito – colchões, por exemplo – deverão ser recolhidos”, informa.

A PBH, ainda em nota, defende que as ações violentas não são uma prática da gestão pública. Na nota lê-se: “as políticas públicas voltadas para o atendimento ao segmento desta populção em Belo Horizonte são considerados referencia em todo o país e são construídas em conjunto com as entidades representativas e movimentos sociais que atuam no campo da promoção, defesa e garantias de direitos da população em situação  de rua”.

Por João Vitor Fernandes e Alex Bessas

Fotos: Hemerson Morais

Nesta quarta, 12, a prefeitura divulgou o Plano Operacional de Mobilidade para a Copa das Confederações que começa no dia 15 e vai até 30 de junho. Não há mais tempo para testes e a cidade se prepara para receber turistas de diferentes partes do mundo. Por isso foi montado um esquema de restrições no trânsito da área do Mineirão, em termos de acesso, e da Praça da Estação, para os eventos festivos que ocorrerão no centro da capital. Além disso, foi determinado ponto facultativo nas repartições públicas estaduais de BH e em cidades da região metropolitana, a princípio, no primeiro jogo na segunda-feira, dia 17.

Esta determinação, mesmo em jogos cuja procura por ingressos não foi grande, é avaliada como positiva pelo Secretário de Estado Extraordinário da Copa do Mundo, Tiago Lacerda. “É a oportunidade que nós temos para ver o reflexo destas medidas para sermos mais assertivos em 2014”, afirma.

Sobre as medidas tomadas para o bom funcionamento do evento, com relação ao trânsito, a entrada no entorno do Mineirão só será permitida para veículos credenciados pela FIFA, assim como ocorreu no amistoso Brasil e Chile em abril. A partir da 00h01min do dia dos jogos será proibido estacionar nas áreas de segurança e de restrição (veja o mapa 1). Para os moradores das regiões próximas ao estádio, serão entregues cartilhas com as informações de como proceder, em termos de mobilidade e segurança, nos dias das partidas.

Área de restrições e interdições no entorno do Estádio Governador Magalhães Pinto

Aos pedestres serão delimitadas áreas para circulação nas avenidas Abrahão Caram e Antônio Carlos, Carlos Luz com Alfredo Camarate e Avenida das Palmeiras, a partir da Coronel José Dias Bicalho.

Ônibus

Além das 11 linhas convencionais que ganharão reforços para as viagens, a BHTrans disponibilizará ônibus gratuitos para torcedores com ingressos em mãos, como já experimentado no amistoso da seleção brasileira em abril. Serão seis locais de partida, denominados “Terminais Copa”, contando com 300 ônibus para levar os torcedores ao estádio, sem paradas no caminho de ida, apenas no retorno.

A chegada desses ônibus especiais será dividida: os ônibus que saírem da Savassi e Barreiro devem passar pela avenida Carlos Luz, com desembarque na Escola de Veterinária da UFMG. Já as demais linhas seguirão pela avenida Antônio Carlos e terá seu ponto final na avenida Coronel José Dias Bicalho, no bairro São Luiz.

Estes são os locais dos chamados “Terminais Copa”. Ponto de embarque, entre 12h e 15h, para torcedores com ingresso em mãos.

Já na área central, onde haverá eventos de transmissão dos jogos e shows com diversas bandas, o trânsito será modificado (Veja o mapa 2). A Avenida dos Andradas será parcialmente interditada entre a Rua dos Caetés e Guaicurus (sentido região hospitalar/complexo da lagoinha), e entre Caetés e Tupinambás (sentido complexo da lagoinha/região hospitalar). Além da interdição para carros e ônibus na Rua dos Guaicurus entre Rua Aarão Reis e Avenida dos Andradas e, também, do Viaduto da Floresta até a Rua Tupinambás.

Trechos interditado em dias de partidas em Belo Horizonte.

Por Ana Carolina Vitorino e Fernanda Fonseca

Foto: Fernanda Fonseca

Arte: João Alves

Mapa: BHTrans/Divulgação

Ouça os comentários sobre a participação dos times mineiros para a 3ª rodada do Brasileirão 2013, além das expectativas para a 4ª rodada.

A seleção do Taiti foi a primeira a desembarcar no Brasil para disputa da Copa das Confederações. Os Taitianos  vão passar um período em BH e já chegaram chamando atenção.

Ouça isso e muito mais na edição número 13 do Projeto E!

Apresentação: Ana Carolina Vitorino

Comentários: Marcelo Fraga e Hemerson Morais

Edição de Áudio: Hemerson Morais

Foto: Henrique Laion

Músicas: Over the Rainbow, What a Wonderful World – Israel Kamakawiwo’ole