Desvendando BH
Lugares pouco conhecidos da capital mineira

A Biblioteca Pública de Belo Horizonte, apresenta até o dia 30 de junho a Exposição Naïf, quadros que retratam a vida do artista José Raimundo Naïf. Nascido no sul de Minas Gerais, na zona rural de Pouso Alegre, Naïf que antes era jardineiro descobriu seu talento no ano 1999, quando foi trabalhar na casa do artista plástico Fábio Ferrão. Contando com o incentivo de Ferrão, o jardineiro hoje é artista, trabalha com pinturas e gravuras que representam a zona rural de Pouso Alegre.

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Os quadros trazem imagens de festas típicas, trabalhadores do campo, sítios e fazendas da região e cavaleiros.

Com cores atrativas e traços simples e delicados, o artista encanta o público. A estudante Andréia Campos, 23, diz que se encantou com os tons e a vivacidade das obras, “ Gosto dos traços que ele usou, a forma como ele agrupou os elementos na tela, isso é um diferencial e muito elegante”, ressalta a jovem. imagem-333

Para conhecer mais o trabalho de José Raimundo acesse a sua galeria no flickr

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Por Ana Paula Sandim

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Na tarde desta sexta-feira a região Centro-Sul da Capital ganhou novas marcas. Estudantes de design de produção saíram às ruas do bairro de Lourdes para realização de um trabalho de faculdade. Como proposta  de trabalho, os três jovens deveriam fazer uma releitura de obras de arte. A escolha do grupo foi à obra “As mãos negativas”. A ideia do grupo é passar essas mãos, que antes só eram encontradas em cavernas para a urbanização da cidade.  Que segundo o trio seria as cavernas de hoje. Com uma lata de spray, uma luva na mão, os estudantes saíram às ruas deixando as novas mãos.  Ana Alice* diz que o trabalho ainda não está completo, que pretende pinchar mais, para montar uma galeria mostrando diversos lugares da cidade com a nova marca.

Não acreditam que seja pichação e sim trabalho escolar. Sempre procuram muros que já contenham grafite, pois a arte de grafitar é autorizada. Os jovens contam que tiveram alguns problemas e que chegaram a ser expulsos de um estacionamento, mas que a maiorias das pessoas só passam na rua e olham com cara ruim. Por outro lado, outras pessoas chegam a parabenizar achando que os grafites presentes nos muros, foram feitos por eles.  Os estudantes esperam que a faculdade aprove a atitude e valorize o trabalho e não considera vandalismo.

*Foi utilizado um pseudônimo para preservar a integridade da fonte.

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Por: João Marcelo Siqueira

Fotos: João Marcelo Siqueira

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Quando o “louco” tem espaço para se expressar, as pessoas dão credibilidade ao que ele está falando? Na maioria das vezes ninguém perde tempo escutando o que uma pessoa portadora de sofrimento mental tem a falar, pois muitos na sociedade já tem um preconceito e acreditam que o doente mental não segue uma linha de raciocínio que qualquer pessoa ‘normal’ teria. Porém no dia 18 de maio essa situação muda um pouco.


A Praça Sete parou na tarde desta terça- feira. Usuários, familiares, trabalhadores da saúde mental, parceiros e amigos ocuparam a rua Afonso Pena para o desfile da Escola de Samba Liberdade Ainda que Tan Tan, em defesa na luta antimanicomial. Esse dia é muito especial para os portadores de sofrimento mental, pois pela décima quarta vez eles ganharam as ruas da cidade e mostraram que estão presentes na sociedade, e que são capazes de levar uma vida social.

A terapeuta ocupacional Priscila Andrade explica que o tema escolhido para o desfile deste ano, ‘Solidariedade: Há em ti, há em mim’, faz uma alusão à tragédia que ocorreu no Haiti, tendo em vista que a sociedade também se balançou, tornando-se mais solidária frente ao sofrimento da população haitiana. O desfile foi dividido em alas, cada uma com um subtema diferente.

A primeira ala “Me empresta tudo que resta que lhe devolvo sonhos de sobra” representa a solidariedade. A segunda, “Libertar-te da dor, encontrar-te com a cor”, faz uma referência a Semana da Arte Moderna de 1922, explorando a experiência dos delírios e alucinações. A terceira ala veio com um grande balão e as crianças, no bloco “Todas elas cabem no nosso balão”. Já a quarta ala, “O balanço da loucura aterremota a ditadura da razão”, representa os movimentos sociais, compreendidos como placas tectônicas que se movimentam, numa destruição de constrói algo novo, aludindo ao terremoto no Haiti. A quinta ala “Que mentira é essa? Quem me tira dessa?” denunciou as mentiras no âmbito da saúde. E a última ala “Basaglia viu e anunciou, Bispo luziu quando endoidou” conta a história da reforma psiquiátrica.

O desfile contou com a presença de três trios elétricos, alas fantasiadas representadas por cada CERSAM regional, escola de samba, rainha de bateria e muita alegria, música e samba no pé. O movimento buscou, mais uma vez, a evolução na luta política pelos seus direitos, entre eles o de se expressar perante a sociedade, e conseguiram muito bem. Trouxeram para a avenida o samba enredo produzido pelos próprios portadores de sofrimento metal.


História da Luta Antimanicomial

Em 1993, aconteceu o I Encontro Nacional do Movimento da luta Antimanicomial, em Salvador – BA, tema como lema “O Movimento Antimanicomial como movimento social”. Esse evento reafirma princípios básicos da identidade do Movimento, como a independência do aparelho de estado, compromisso de transformação social, luta por uma sociedade sem manicômios e caráter não partidário. E também debates sobre diagnósticos do portador de sofrimento mental, as possibilidades de novos tipos de tratamentos terapêuticos e progressos dos direitos. Sendo assim surge o CERSAM – Centro de Referência em Saúde Mental. Centros como este estão presentes em vários pontos da nossa cidade, buscando tratar de forma humana, os doentes que chegam para serem atendidos. Esses Centros realizam tratamentos que possibilitem o portador de sofrimento mental, possa ser reintegrado na sociedade e levar uma vida “normal”. Opondo-se aos manicômios e a maneira agressiva que em alguns lugares tratam os doentes.

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Por: João Marcelo Siqueira e Débora Gomes

Fotos: Débora Gomes


A gincana “Ativa Urbana” promovida pelo Grupo Alvo da Mocidade, deixou a Praça da Liberdade com cara de praia. Pranchas de surf, guarda-sol, cadeiras de praia, frescobol e centenas de jovens muito animados integravam este cenário praiano.

Na gincana, oito equipes de jovens, a maioria de 13 a 17 anos, foram divididas por cores e nomes e participam de provas e prendas. O evento acontece uma vez por ano, sempre no mês de maio. Nos quatro sábados do mês eles se reúnem no pátio do colégio Promove no bairro Mangabeiras para as provas esportivas como, queimada, futebol, rouba-bandeira e outros jogos.

O estudante Giovani Rodrigues, 15, participa do grupo há cinco anos. Ele os conheceu através do padrasto que participava quando jovem e do irmão mais velho, que o levou um dia ao encontro do grupo. Segundo ele, participar da gincana ensina valores como, amar ao próximo e aproveitar a vida de forma saudável. “(…) também por causa das amizades que faço” conta Rodrigues que estuda no colégio Mendes Pimentel atrás do Minas Shopping.

Lucas Vinícius de Oliveira, 22, é programador do evento e conta que outra prova da gincana é o protesto “Já que Minas não tem mar, eu vou criar”. Alguns jovens usam roupas de banho, outros incorporam personagens como, vendedores de canga e churrasquinho, surfistas e até um cachorro fantasiado com barbatana de tubarão brincava com os jovens. “A nossa ideia é trazer mais jovens para o grupo”, relata Oliveira.

O Grupo

A idéia partiu de um grupo chamado ‘Alvo da Mocidade’, que teve origem nos Estados Unidos e atua pelo Brasil inteiro. Hoje, eles não têm nenhum vínculo com o grupo americano e existe em Belo Horizonte há mais de 33 anos. O grupo ajuda jovens em todos os aspectos de sua vida: emocional, física, social e espiritual. Apesar de não terem nenhum vínculo com alguma religião, a missão do Grupo Alvo é apresentar a mensagem de Jesus Cristo para os adolescentes e ajudá-los a crescerem na fé. Até a última contagem, havia 309 jovens participando da gincana nesta tarde.

Alvo da Mocidade está presente em Brasília, Belo Horizonte, Campinas, Ribeirão Preto, Nova Lima, São José do Rio Preto e São Paulo.

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Por  Daniella Lages
Fotos: Daniella Lages, Marcus Ramos
Vídeo: Marcus Ramos

Quinta é dia de feira na Savassi. Comidas típicas, doces, frutas, verduras, legumes, biscoitos e bebidas, são comercializados, dando ao centro da capital, um aspecto interiorano, lembrando as feiras de domingo. A Feira Modelo é conhecida em Belo Horizonte como a ‘Feirinha da Savassi’, e acontece semanalmente na Rua Tomé de Souza, esquina com Cristovão Colombo, sempre a partir das 14 horas.

Cada barraca é responsável por um produto específico. Feirante há 15 anos, Wilson Lazaro Ferreira, 45, vende doces de diferentes tipos, balas, queijo fresco e feijão.  Ferreira chega à Savassi por volta das 13h e permanece até as 19h. “As outras barracas ficam até às 10 horas da noite, mas a minha não dá movimento até esse horário”, diz. O produto mais vendido é o queijo, tanto para os clientes fiéis e antigos, quanto para os novos.

Um pouco mais a frente, Agda Maria Simeão, 48, cuidava das bebidas.  “No período da noite o pessoal consome bastante.”, diz. Além de cervejas e refrigerantes, Simeão vende sanduíches e pequenas porções de carne. “A freguesia é boa graças a Deus, dá para faturar bem”, conta a feirante enquanto termina de guardar as bebidas no freezer.

Outra atração da feira é a barraca de milho da Ivanilda Rodrigues. Com 57 anos, Rodrigues trabalha como feirante há 40 e vende pamonha, mingau de milho e milho verde cozido há 13 anos na Savassi. O cheiro de milho invade a feira toda, atraindo clientes do Rio de Janeiro e São Paulo, que de acordo com a feirante, sempre voltam para comprar mais. O segredo da pamonha ela não revela: ”o preparo da pamonha dá trabalho. Tem que cortar, passar na máquina, tirar o suco do milho, misturar açúcar, manteiga, queijo e colocar para cozinhar”.

E como não pode faltar em uma boa feira, a barraca de frutas e legumes também atrai sua clientela fiel. A maioria das frutas é comprada no Ceasa, o outras como morango, mexerica, caqui e banana chegam direto do produtor. Giovane Lauriano Teixeira, 44, é feirante há 15 anos. A barraca grande, cheia de frutas e legumes de diversos tipos é resultado de um trabalho em família. “Todos ajudam um ao outro dentro do possível. Aqui na Savassi, todos me conhecem”, diz Teixeira sorrindo, enquanto atendia os clientes. O aposentado Ronaldo Aroeira vai à feira todas as quintas, sempre com um carrinho ou uma sacola bem grande para guardar suas compras. O produto que não pode faltar segundo ele é a ‘mexerica carioca’: “Pode até ter em outro lugar, mas já sei que aqui tem e é bom, então para quê sair daqui?”, diz.

O órgão responsável pela fiscalização e manutenção da feira é o ‘Abastecimento’, da Prefeitura de Belo Horizonte. Cada feirante paga anualmente uma taxa à prefeitura, correspondente ao tamanho de sua barraca. No entanto, uma das reclamações dos feirantes é justamente a ausência dos fiscais da prefeitura no local, que aparecem e passam apenas uma vez ao dia.

Mesmo com algumas dificuldades, o clima de diversão e descontração prevalece na feira. “Costumo dizer que a gente ganha pouco, mas diverte muito”, conta sorrindo o feirante Wilson Lazaro Ferreira.

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Por: Débora Gomes

Repórter: Danielle Gláucia e Iara Fonseca

Fotos: Débora Gomes

São seis horas da tarde, hora do rush na Rua da Bahia, vestindo um pequeno smoking, combinando com o sapato e uma calça social, o menino carregava sua maleta e um hamster soltava de dentro do bolso. O pequeno mágico André de Paula Silva,12, trabalha como artista de rua há seis meses. Ele para em frente às mesas dos bares e começa a fazer seus números.

André aprendeu a fazer truques de mágica com um senhor chamado Henrique, que também é mágico e faz seus números na praça sete, em frente ao MC Donald’s da Avenida Afonso Pena, esquina com rua Rio de Janeiro. Ele conta que sonha em ser mágico desde pequeno e um dia, enquanto passeava pelo centro da cidade, viu Henrique fazer mágicas, deixando o menino maravilhado. Ele chegou perto e pediu para que o mágico lhe vendesse um baralho para que pudesse aprender o ofício. Henrique então deu de presente o baralho e o smoking e outro amigo lhe deu um sapato social, montando assim o figurino do pequeno artista.

Em menos de cinco meses André já tinha aprendido inúmeros truques. “Já sei muita coisa, nem sei quantos números eu já aprendi com o mestre Henrique” conta André que chama o professor de “mestre”.

Durante as apresentações ele faz desaparecer pedaços de plástico, faz truques com baralho e uma pequena caixa de fósforos. “O hamster ainda não tenho truque para ele, estou estudando ainda” relata André. No final da apresentação ele recebe uma gorjeta, que segundo André, usa para ajudar em casa.


Morando em Sabará, André vem todo o dia para a Praça da Liberdade e volta para casa sempre perto das nove horas. “É longe a minha casa e não gosto de deixar a minha mãe preocupada”. André já chegou a ganhar 150 reais em um único dia de trabalho e a maior gorjeta que já ganhou, segundo ele, de um homem muito generoso, foram 50 reais. “Eu ajudo em casa com tudo, mas se ganho um dinheiro extra eu gasto com alguma coisinha pra mim” conta com um sorriso no rosto. “Preciso de mais instrumentos, uma bengala, uma cartola, mas é tudo muito caro pra mim ainda” finaliza André.

Perguntamos o que a mãe de André acha do filho ficar na rua, trabalhando com mágica. “Ela acha o máximo eu ser artista de rua, que mãe não gostaria disso pro filho?” conta orgulhoso o pequeno mágico.

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Por Daniella Lages
Fotos e vídeo Ana Paula P.  Sandim
Edição vídeo Marcos Ramos