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Renan Damasceno, repórter do caderno Super Esportes, do jornal Estado de Minas, é um dos convidados do Tropeirão da Rússia

Time de jornalistas se encontram no Mercado Central para um bate-papo sobre a cobertura da Copa do Mundo na Rússia; o público, além de desfrutar do encontro, irá saborear um tropeiro preparado pelo chef Edson Puiati

Por Felipe Bueno

O futebol no Brasil não seria o que é hoje se não fosse pela cobertura primorosa dos jornalistas. Desde Nelson Rodrigues, e suas crônicas que traduziram a paixão pelo esporte, até os dias atuais, talvez nenhum outro tema, dentro das redações, tenha que lutar tanto contra a objetividade jornalística. É uma missão sobre-humana não colocar na narração dos jogos e nas reportagens a profusão de sentimentos que o futebol provoca.

É com esse mesmo entusiasmo que o Centro Universitário UNA promove, no dia 25 de agosto, no Mercado Central, o “Tropeirão da Rússia”. O evento irá reunir uma equipe de jornalistas que batem um bolão fora de campo, para um bate-papo sobre a experiência da cobertura jornalística na Copa do Mundo. E depois do mundial, quais são as histórias e a avaliação desses profissionais? Essas questões, junto ao fator emoção, serão discutidas durante o encontro. Entre uma rodada de conversa e outra, o público terá a oportunidade de saborear um delicioso tropeiro preparado pelo chef Edson Puiati.

Os enviados especiais, de lá da Rússia, durante um mês, acompanharam a rotina da seleção brasileira, os treinos das equipes, passaram por uma maratona de jogos e coletivas de imprensa, entrevistaram os maiores astros do futebol e tiveram que se adaptar à rotina de um país muito diferente. O Hexa não veio, infelizmente. Mas o mundial na antiga república socialista surpreendeu a todos e suscitou diversos debates, sobre o que rolou dentro e fora de campo.

A primeira etapa do bate-papo, às 10h, do dia 25 de agosto, traz na escalação a jornalista Isabelly Morais, estagiária da rádio Inconfidência e primeira mulher a narrar uma partida de Copa do Mundo na TV brasileira, pela Fox Sports, e a editora do caderno Super FC, do jornal O Tempo, Soraya Belusi. A conversa, que levantará importantes questionamentos como a participação da mulher na cobertura da Copa, será conduzida por Kelen Cristina, subeditora do caderno Super Esportes, do jornal Estado de Minas.

Na segunda etapa, entram na área os jornalistas Renan Damasceno, do jornal Estado de Minas, e Josias Pereira, do jornal O Tempo, para falar sobre curiosidades e situações que viveram durante o trabalho de cobertura jornalística do mundial na Rússia.

A Rússia era logo ali – A Copa do Mundo, se não for o evento esportivo mais importante, é, com certeza, o que mais mobiliza as pessoas em todo globo. Isso se deve, claro, às características tão marcantes do futebol, a arte dos pés e da imprevisibilidade. Durante os jogos, os olhos dos espectadores anseiam que a bola balance a rede tanto quanto os pés dos atletas aspiram um gol. É por isso que o sentimento é uníssono no futebol.

Nas ondas do rádio, da televisão, e, até mesmo, nas conexões por fibra ótica no celular e computador, é difícil perder um lance. O trabalho de jornalistas mineiros, responsáveis por transmitir, narrar e documentar os jogos, e, sobretudo, entreter milhões, ganha destaque no evento “Tropeirão da Rússia”. Foi ontem mesmo a final do torneio na Rússia, mas fica aquele gostinho de quero mais para os amantes do futebol. Essa é uma oportunidade de colocar o público em contato com os profissionais envolvidos nos bastidores da Copa do Mundo.

SERVIÇO

Tropeirão da Rússia – Bate-papo com jornalistas sobre a cobertura dos jogos da Copa do Mundo na Rússia

Quando: 25 de agosto, sábado

Onde: Mercado Central (Espaço Cultural 2 – andar do estacionamento)

Endereço: Avenida Augusto de Lima, 744 – Centro, Belo Horizonte

10h – Mulheres na Copa da Rússia – Bate-papo com as jornalistas Isabelly Morais, da rádio Inconfidência, e primeira mulher a narrar uma partida de Copa do Mundo na TV brasileira, pela Fox Sports, e Soraya Belusi, editora do caderno Super FC, do jornal O Tempo. A rodada será mediada por Kelen Cristina, também jornalista e subeditora do caderno Super Esportes, do jornal Estado de Minas.

14h – Cobertura da Copa na Rússia – Os repórteres esportivos Renan Damasceno, do jornal Estado de Minas, e Josias Pereira, do jornal O Tempo, entram na área para falar sobre a experiência.

Entre uma rodada de conversa e outra, o público terá a oportunidade de saborear um delicioso tropeiro preparado pelo chef Edson Puiati.

A participação no evento será feita mediante inscrição.

Link do formulário de inscrição: https://bit.ly/tropeiraodarussia

Sujeito a lotação – 100 lugares.

Belo Horizonte é a terceira cidade que mais tem recebido estrangeiros durante a Copa. Pouca sinalização de placas e pessoas mal preparadas para atender os visitantes em outro idioma fazem parte deste cotidiano. Não é apenas os hoteleiros que precisam de uma boa preparação nesse período mas os taxistas também.

O taxista João Batista, que exerce a profissão há 17 anos, faz uma grave denúncia ao falar sobre a preparação dos profissionais para receberem os turistas durante  o mundial. Segundo ele, a demanda de drogas, prostituição e bandidagem subiu muito neste período. Esse aumento não foi acompanhado, segundo ele, por um crescimento no número de corridas, ponto estas que estão sendo feitas, em sua maioria, por parte de translado. João alega que a única preparação que teve  veio por meio de uma orientação que recebeu por parte das Policias juntamente com a BH Trans no qual proíbe, que eles (taxistas) levem qualquer estrangeiro na Delegacia. Em caso de comparecimento eles seriam detidos com seus carros, enquanto o gringo seria liberado e eles continuariam na delegacia até todos os fatos serem apurados. Outro problema que, de acordo com João, os taxistas estariam enfrentando seria a diferença entre os câmbios. Ao realizarem a conversão de moedas, os taxistas não estariam conseguindo vender pelo preço real.

A partir da denúncia recebida, procuramos o Centro de Apoio aos Taxistas. José Estevão, presidente do Centro, nos passou algumas informações sobre a frota de táxis de Belo Horizonte. Esta que sofreu um aumento de 40% no número de corridas no período que vem recebendo a Copa do Mundo. De acordo com ele, a falta de informação para os estrangeiros ocorre devido às poucas placas de sinalização na cidade e que a provável dificuldade que os taxistas possam enfrentar ao lidar com os turistas dentro do carro é por parte do idioma. Para que essa dificuldade de comunicação não acontecesse, foram ofertados vários cursos de turismo e idiomas antes da Copa, mas para que a realização destes cursos causassem efeitos, dependia apenas da boa vontade de cada taxista participar do projeto.

Rogério Siqueira, que é taxista há 6 anos, disse que o número de corridas realmente não aumentou como o esperado pois os estrangeiros já possuem responsáveis que fazem seu descolamento ou então fazem isso por conta própria, principalmente os que estão hospedados da região do centro. Ele confirma que realmente houve um oferecimento de cursos de idiomas, no qual presenciou aulas de espanhol já que fazia curso de inglês por conta própria e disse que isso o tem ajudado bastante ao se comunicar com os estrangeiros que fazem viagem com ele.

A BH Trans não quis se pronunciar sobre o assunto, alegando que apenas a Polícia Militar poderia responder. Esta também não se pronunciou sobre as acusações.

 Texto e Foto: Bárbara Carvalhaes

O que você quer ser quando você crescer?
– “Ah, quero ser jogador de futebol”

Esse ainda é o sonho de milhares de crianças em todo o Brasil e, cada vez mais, esse desejo de ser tornar um jogador profissional  têm aumentado e com a Copa do Mundo no Brasil, não podia ser diferente. Algumas crianças chegam a se caracterizar como os craques que estão na seleção brasileira, este é o caso de Ranniee Martinnelly de Souza de 7 anos.

Caçula de três irmãos, as comparações entre Ranniee e o craque da seleção brasileira, David Luiz, 27, não passam despercebidas, principalmente depois que ele foi entrevistado por uma emissora da TV mineira durante a Exibição da Taça em abril. Ranniee que sempre usou o cabelo daquela forma – cheio de cachos – diz ser torcedor do Atlético Mineiro, mas que ainda prefere a seleção. “Gosto mais ou menos do Galo, minha grande paixão realmente é a seleção brasileira”, declarou Ranniee.

De acordo Márcia Ferreira de Souza, 44, mãe de Ranniee, ele chama atenção pelo seus cabelos loiros cacheados, parecido com o titular da seleção brasileira, David Luiz. O pequeno possui o sonho de ser jogador de futebol desde muito novo, confirma a mãe do mini craque. Ao falar sobre o filho, Márcia é cheia de palavras. “Ele é um ótimo filho, mas quando se junta com o irmão de 14 anos, sai de perto, é uma bagunça sem fim”.

Na noite da chegada dos craques em Belo Horizonte, Márcia decidiu fazer uma surpresa para Ranniee, levando o filho até o aeroporto de Confins, no intuito de conhecer David Luiz, mas não obteve sucesso como muitos outros fãs que estavam no local.

Por: Juliana Costa e Luna Pontone

Foto: João Alves

Um ano após o grande movimento que levou milhares de brasileiros às ruas, as manifestações ainda são alvo dos veículos de comunicação e causam polêmica. Tendo grande parte dos brasileiros dividindo opiniões entre ser a favor ou não, manifestantes continuam indo para as ruas em época de Copa do Mundo para mostrar sua indignação pela falta de respeito que o Governo trata sua população, não dando a eles seus direitos por completo.

O professor de Sociologia da UFMG Yurij Castelfranchi, a aluna de arquitetura membro do movimento Tarifa Zero Ana Caroline Azevedo e o Historiador Lucas Souto responderam algumas perguntas mostrando seus diferentes pontos de vista diante das manifestações ocorridas no passado que se estendem até hoje.

O que você acha que pode ser considerado o estopim da população querer organizar uma manifestação por tudo e sair depredando patrimônios públicos?

 Yurij Esta pergunta são 2 perguntas, e a resposta seria muito longa, então vou dividir. Mas, na minha opinião, a pergunta é formulada de maneira errada, por duas razões: não houve manifestação por tudo (foi mais complicado do que isso) e não houve “população sair depredando” patrimônio. Vou explicar:

 – No brasil não havia manifestações grandes há muitos anos e as manifestações com repressão violenta ou com atos de depredação eram pequenas e normalmente localizadas em lugares longe da atenção da mídia (ex.: amazônia, áreas rurais, periferias e favelas), por isso o público, e também muitos jornalistas, não estavam acostumados a ver tanta violência da polícia e tantas reações da população. Por tais razões, os enfrentamentos violentos nas manifestações, e as depredações, foram descritos com tanto clamor. Mas, se formos olhar com objetividade, de um lado, a porcentagem de pessoas envolvidas em enfrentamentos violentos foi sempre extremamente pequena: em junho do ano passado, manifestações que envolveram, no total, muitas centenas de milhares de pessoas no Brasil, tiveram algumas centenas de pessoas envolvidas em enfrentamentos violentos ou crimes: uma porcentagem muito baixa, comparável com a taxa de crime, por exemplo, entre operadores de muitas áreas importantes no Brasil, como policiais ou políticos. Não foi, então a “população” que saiu depredando, mas uma fatia muito grande da população que saiu  manifestando pacificamente. Os focos de violência foram agravados de forma marcada, a meu ver, nos casos em que a repressão da polícia se deu de forma indiscriminada e confusa, como aconteceu, no ano passado, por exemplo no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Neste ano, em BH, as manifestações foram muito menores, muito pequenas. Mesmo assim, tratou-se de algumas milhares de pessoas participando, e apenas casos de enfrentamento violento com a polícia muito limitado, envolvendo muito poucas pessoas. Eu não diria que a população sai depredando, mas que uma parte (antes grande, agora pequena) da população saiu manifestando.

Sobre as pautas da manifestação, acho que o jornalismo brasileiro, diferente do europeu, estava despreparado para entender este tipo de fenômeno, e não foi entender suas pautas porque não sabia como lidar com uma movimentação que não um “chefe de partido”, uma liderança, um único porta voz. Mas com certeza não foi “por tudo” que os manifestantes manifestaram. O grande estopim das manifestações foi muito claro e único: um grito de protesto contra uma maneira de funcionamento da política (e da democracia) que é visto como inaceitável. Nossos representantes, tanto no nível local quanto federal, são eleitos democraticamente. O que as manifestações nos disseram é que isso não significa que a população aceite delegar aos representantes democraticamente eleito qualquer escolha em nome dos eleitores: estão pedindo transparência real, participação real, influência nas deliberações. Este tipo de protesto contra o funcionamento da política tomou a forma de duas principais reivindicações: contra a corrupção, de um lado, e em favor de um uso mais transparente dos recursos e ouvindo mais a voz da população. Por isso, o estopim, no ano passado, foi o aumento das passagem de ônibus, em cidades onde as prefeituras não prestavam conta de forma transparente de como eram feitas as concessões, de porque a passagem tinha que ser aumentada se as empresas já possuiam lucros extremamente grandes, etc. Em suma, os protestos pegam como “gancho”, como “lead”, muitas coisas, locais ou nacionais (ex.: em BH, Fica Ficus, o viaduto e sua reforma, as ocupações urbanas, a mobilidade, etc.), mas a mensagem é só uma: o funcionamento da máquina política está  errado, e os manifestantes não aceitam mais que os problemas sejam resolvidos “de portas fechadas”.

 Ana Caroline – Não existe isso de manifestação por tudo, todas as manifestações tem pautas definidas e discutidas anteriormente em assembléias, nas reuniões dos movimentos sociais. O estopim é o descaso do poder público para com a população, né? Na copa, vimos milhares de pessoas sendo retiradas de suas casas, políticas higienistas com moradores de ruas, proibição do trabalho de alguns profissionais informais, como os barraqueiros do Mineirão e os pipoqueiros, passagem cara demais em comparação com o salário médio de BH, etc. Todas as pautas muito legítimas que merecem atenção do governo.

Lucas Souto – Os motivos que levam as pessoas a se manifestarem são múltiplos. Passa por desigualdades sociais históricas, que levam a formação de movimentos por direitos das chamadas ‘minorias’, à péssima qualidade dos serviços públicos ofertados por municípios, estado e federação. Claramente nas jornadas de junho do ano passado, e do junho atual, os holofotes da Copa das Confederações e Copa do Mundo fez com que muitos movimentos sociais ganhassem juntos as ruas. As depredações, ou a chamada ‘ação direta’, faz parte da posição daqueles que adotam a tática black bloc. Quem já vivenciou uma manifestação pessoalmente sabe que a parcela dos que adotam essa tática é mínima, até mesmo por uma falta de disposição a esse tipo de enfrentamento físico. A imprensa muitas vezes tenta fazer essa vinculação direta, “manifetação/depredação”, para justificar uma ação rígida da polícia. Como muita gente nunca foi a uma manifestação, acaba indo pelos noticiários e se posicionando contra o ato de se manifestar, o que, ao meu ver, é lamentável.

Antigamente as manifestações não eram tão frequentes como hoje. E tudo ficou mais evidente, pelo menos a meu ver, depois das manifestações ocorridas em Junho/Julho do ano passado. Você acha que a voz do povo perdeu força nas manifestações deste ano?

 Yurij  –  Sim, claro. A onda de junho foi muito grande e surpreendente, e está ligada tanto a problemas internos da política brasileira, quanto ao fenômeno global dos protestos “em rede”. Este ano as movimentações agregaram muito menos pessoas, e perderam sua força. Isso devido à vários fatores. Em primeiro lugar, as eleições que estão chegando: de um lado, pessoas que foram juntas nas manifestações no ano passado, agora não querem se juntar, pois agora apoiam partidos diferentes. As pessoas que estão com medo de que o Governo Dilma possa perder, e dar lugar a um governo mais autoritário ou mais corrupto, não querem agora protestar, preocupadas. As pessoas que, ao contrário, são adversárias do atual governo e querem outros grupos no poder, não querem agora correr o risco de enfraquecer políticos locais que podem ser importantes na corrida eleitoral contra o Governo Federal, e não querem juntar-se a movimentos considerados de esquerda. Além disso, o movimento do ano passado não conseguiu agregar de forma estável as pessoas, e as manifestações durante a copa do mundo são consideradas problemáticas, ou injustas, por muitas pessoas.

Ana Caroline – Não, apesar da campanha midiática pra criminalizar as manifestações, como você mesma resumiu na primeira pergunta como “quebrar tudo” e isso não é verdade, de maneira alguma, os movimentos sociais que já existiam antes ou que surgiram a partir de junho de 2013, ficaram fortalecidos. A gente teve tempo pra estudar, agregar gente, se preparar e tornar as reivindicações mais concretas. Isso não é perder voz, mas ir às ruas de forma pautas específicas.

Lucas Souto – Não. Manifestações de rua sempre aconteceram no Brasil, mas normalmente muito vinculados a movimentos sociais, o que tornava seu volume de participantes pequeno. Aqui em Belo Horizonte mesmo é só observar o “Grito dos Excluídos”, que ocorre anualmente em todo sete de setembro. O que foi visto em junho de 2013 foi algo que surpreendeu a todos pelo volume. Pessoas que até então não estavam junto aos movimentos sociais, acabaram somando as manifestações chamadas pelos movimentos sociais – como na origem de tudo, o Movimento Passe-Livre de São Paulo. Essa presença massiva, que tem muito a ver com as crescentes revoltas populares no exterior, pegou todos de surpresa. Aquela massa era múltipla. Tinham instituições ligadas a partidos; tinham pessoas que tiveram um espasmo cívico; etc. Mas o decorrer do ano trouxe uma nova postura de muitas instituições que, ligadas ao governo, resolveram não apoiar os atos contra a Copa da FIFA. Muitas pessoas já começaram a vislumbrar as eleições e resolveram não ir as ruas. Muita gente ficou com medo do terror implantado pelas promessas de forte aparato repressivo e decidiu ficar em casa. Muita gente realmente estava perdida naquelas marchas e decidiu voltar a sua posição de origem, ignorando aquilo que as levou as ruas em 2013. Creio que quem está indo as ruas agora são aqueles mesmos grupos sociais que já iam  antes das jornadas da Copa das Confederações. E suas causas são legítimas e muito importantes.

 O que você acha da repressão por parte dos militares ao tentar abafar a situação?

 Yurij  As estratégias de repressão mudaram em vários aspectos, neste ano, as forças de polícia chegaram mais organizadas e preparadas, mas há diferenças grandes em cidades e com diferentes tipo de manifestantes. Em alguns casos, houve erros ou abusos graves das forças de polícia, já denunciados às autoridades.

 Ana Caroline A repressão policial é descabida, desproporcional. Uma das pautas é a desmilitarização da polícia e o fim do modus operandi que sobrou da Ditadura Militar no país. Não podemos aceitar esse estado de exceção imposto durante a copa em que manifestantes são perseguidos e torturados, protestos são cercados e impedidos de acontecer, e a nossa liberdade de expressão e manifestação completamente cerceada.

Lucas Souto – Acho desproporcional e, muitas vezes, ilegal. Já nas jornadas de 2013 assistimos uma série de pessoas gravemente feridas por estilhaços de bombas de gás, balas de borracha acima da linha da cintura e espancamentos físicos. Não só entre os manifestantes, mas também membros da imprensa. A truculência da repressão mostra um despreparo enorme para lidar com o público. Despreparo que vemos no cotidiano, com desrespeitos em abordagens e blitz, e que ganha ar de sadismo quando vemos as notícias de espancamento de ativistas. Aqui em Belo Horizonte mesmo, nesse momento tão importante e de manifestações já esperadas, a Polícia Militar está ser Ouvidor de Polícia, principal cargo para denúncias de abusos na instituição. Ou seja, as questões são muito bem orquestradas para que a repressão seja feita de uma maneira agressiva e ostensiva, que gere temor nas pessoas de se irem as ruas protestar. Táticas que, para mim, não condizem com um estado democrático.

 As manifestações são realmente uma boa alternativa para a população ir em busca de seus direitos?

 Yurij – Manifestações não podem ser uma alternativa, a meu ver: ou seja, é impossível fazer política ou pedir direito só manifestando. As manifestações não são uma alternativa, mas um sintoma de algo que não está funcionando, e que os políticos deveriam escutar com atenção. E são um importantíssimo meio, complementar, para aprender a fazer política. E um importante instrumento de cobrança e de luta. Eu vejo nessas manifestações um momento muito importante para a democracia no Brasil, especialmente pela presença, nelas, de pessoas que raramente participaram de manifestações no centro da cidade (moradores de periferia, jovens que não faziam política, etc.).

Ana Caroline –  Ir às ruas reivindicar direitos é uma forma importante de mostrar que nós estamos aqui, cientes dos nossos direitos e que nós vamos lutar por cada um deles. Além disso, é também uma forma de retomar a cidade, entregue aos automóveis, ao consumo e a publicidade.

 Lucas Souto – Bem além de ser ou não uma alternativa, o ato de manifestar é um direito amparado na Constituição. As manifestações de rua são cotidianamente vistas em outros países. Santiago, no Chile, está passando por uma série de manifestações de rua essa semana por conta da luta estundantil pela educação superior pública e de qualidade. Há poucos dias milhares de espanhóis foram as ruas pedindo pela república quando o rei local abdicou. O ato de manifestar é justo e traz um enorme aprendizado de direitos e deveres para quem o faz. Com isso, acho importante que elas aconteçam e que se tornem um hábito dos brasileiros.

A força como a policia está agindo para conter os manifestantes – você acredita que esse pode ser um bom caminho a ser seguido pelo PMs, visando as duas manifestações pacificas ocorridas nas últimas semanas?

 Yurij  – A tática do cercamento dos manifestantes possui, a meu ver, efeitos muito negativos, embora possa resolver alguns problemas táticos imediatos. Mas não sou especialista em segurança pública e não posso opinar.

 Ana Caroline –  Não, de jeito nenhum. O que eles estão fazendo é impedir as manifestações de acontecerem, e isso é uma suspensão do nosso direito garantido em constituição de protestar.

 Lucas Souto – Não. A tática do “caldeirão de Hamburgo” (Hamburger Kessel) adotada pela polícia na manifestação da Praça Sete é alvo de críticas internacionais há anos. No Brasil ainda fere o artigo 5º da Constituição Federal em diversos pontos. Não se pode criminalizar as manifestações, como o ato de ir a rua em si já fosse passível de que a polícia impeça o direito de ir e vir das pessoas. Se as forças policiais são incapazes de distinguir quem comete um crime, como depredação, de alguém que está apenas caminhando diante de uma manifestação, ela é incompetente. Logo, a tática inconstitucional de impedir as pessoas de deslocarem pelo território da sua cidade e país, visando atender os interesses de um governo e instituição internacional (FIFA), não são nem um pouco positivas.

Texto: Bárbara Carvalhaes
Fotos: João Alves e Lívia Tostes

Era Dia dos Namorados e o caminho para casa incluía a Praça da Liberdade como rota. Dessa vez, havia algo no ar e não era o “enamoramento” dos vários casais que já tem o costume de estar na praça com ares de romantismo europeu. Dezenas de policiais circulavam por todas vias no entorno, várias viaturas chegavam fechando as ruas, cercos eram montados: uma praça de guerra era montada bem à minha vista. Me aproximei mais rápido para ver o que acontecia.

Um saxofonista, que pensava em faturar uns trocados na data, mudou de música quando a polícia tomou a praça. Não tenho ideia se era sua intenção, mas a marcha fúnebre que saiu tocando combinou com o clima que se instaurou naquela momento. Muitos casais dispersaram antes ainda de entender o que estava acontecendo; talvez até mesmo Cupido esteja mais precavido nos dias de hoje. Pouco tempo depois depois da chegada da polícia, vi as bandeiras vermelhas subindo a Avenida João Pinheiro. Mesmo imbuído da minha função (apurar todo o desenrolar da manifestação) e embora estivesse calmo, não pude evitar um arrepio de temor diante do cenário que se desenhava.

A polícia se posicionou em toda praça, com efetivo suficiente para fechar todas as ruas em volta e ainda sobrava gente para ficar em frente ao relógio da Copa – sim, falo do relógio que a Coca-Cola instalou por lá para fazer a contagem regressiva da temporada de futebol (se esse fosse um relato gonzo, eu escreveria “temporada de medo e delírio” no lugar). Ao contrário da força policial, os manifestantes não estavam em número tão expressivo. O grupo se aproximava enquanto a última porta do Xodó era fechada. O barulho não entrou bem em meus ouvidos.

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Eram exatamente 16h, quando uma linha invisível delimitou o posicionamento de manifestantes e policiais na praça; frente a frente, ambos os lados esperavam por algum movimento, alguma ação, uma faísca. A faixa invisível só não era respeitada pela imprensa, que sempre se embrenhava entre os dois grupos para ter bons registros. A linha de frente do grupo que protestava era formada por alguns mascarados, um pessoal com estilo punk e cabelos espetados, jovens e senhoras – destaco senhoras, por que não vi nenhum senhor por lá, pelo menos não à frente. Os policiais estavam imóveis, bravamente posicionados (atrás de escudos e bem armados) defronte ao fatídico relógio. Ninguém tocaria nele desta vez, nenhuma pedra o arranharia, diferente do que aconteceu nas Jornadas de Junho no ano passado. Havia forte aparato policial para garantir sua segurança desta vez.

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Contra a barreira policial os manifestantes puxaram gritos, como “olha que idiota, tá defendendo o relógio da Copa!”. Os agentes permaneciam imóveis. Até que, em certo momento, um pequeno aglomerado de manifestantes começou a queimar a bandeira do Brasil, mas o vento atrapalhou, apagando a intenção deles. Foi nesse momento em que ouvi os primeiros disparos, juntamente com o corre-corre, o gás lacrimogêneo e as pedras. Consegui ver que um manifestante havia se machucada e outro voltava para socorre-lo, mantendo as mãos sempre para cima. Ao redor: bombas de gás versus pedras. Difícil escrever “enfrentamento” para definir isso.

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Enquanto agentes policiais marchavam, uma senhora desabafou aos berros: “a população está ferida, mas o relógio está intacto! Parabéns, vocês conseguiram!”. Uma outra debochou: “a gente só queria dar um abraço no relógio, mas vocês não deixaram”. Com a praça esvaziada, mantendo formação, escudos à frente, a polícia passou a cercar outras vias.

Eram 16h20 quando um grupo de policiais saiu da praça, passou pelo prédio da biblioteca pública para enfim bloquear a Rua da Bahia. De mãos dadas com a namorada sigo para o programa romântico da tarde: vou atrás deste destacamento. Lágrimas correm pelo meu rosto e não é choro sensível pela data comercial, é o efeito do gás que já me cega. Ela assume a câmera até que eu me recupere.

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Os policiais cercaram a Rua da Bahia, mantendo duas filas de agentes. Estamos logo atrás dessa sólida formação. Afora os policiais, somos três: dois estudantes de Jornalismo – no meio de confusão de sentimentos – e um repórter de O Tempo. Enquanto acompanhamos e registramos a ação, dois policiais saíram de suas posições oficiais e se aproximaram de nós. Eu carregava uma mochila e não tinha credencial de imprensa, além disso, fotografava do celular; Guilherme Ávila, o jornalista do O Tempo, tinha credencial, uma GoPro na cabeça, câmera profissional na mão e nada de mochila. Não sei se eu usava um manto de invisibilidade ou se um repórter de jornalão, naquele momento, era mais visado para a abordagem policial, mas o caso é que os agentes me ignoraram e foram direto até Ávila. Só depois de ver a credencial, pedir seu documento de identidade, fazer vistoria corporal e fotografá-lo é que os PMs se lembraram que eu estava lá e pediram para ver o que havia na mochila sem se importar muito com o conteúdo.

Depois da revista, fizemos trajeto contrário ao ato e seguimos pela Rua da Bahia até a proximidade do Minas Tênis Clube, trocando informações com a redação. Sabíamos que com a mochila passaríamos por revistas constantemente e precisávamos nos desfazer dela. Em todo o trajeto havia circulação de policiais. Um professor universitário aparece afobado querendo saber o que estava acontecendo, o som dos tiros o assustaram. Quando explicamos ouvimos uma resposta que me fez cogitar que ele pudesse ser a própria Joana Havelange: “acho que agora não tem mais que protestar, afinal, já gastou muito dinheiro, o que tinha que ser roubado já foi roubado. Agora é nas urnas”.

De novo, o caminho de casa é o caminho da manifestação. Seguimos pela Avenida Bias Fortes. Alguns moradores estavam fora de suas casas com cara de medo. Observamos algumas pichações novas nos muros. “Vocês estão nas manifestações?”, indaga uma senhora. Explicamos que estávamos cobrindo o ato. “Tá uma bagunça, uma baderna, eu se fosse vocês passava por outro caminho”, disse ela. Expliquei que aquele também era nosso caminho para casa. “Boa sorte”.

  Texto por Alex Bessas
  Fotos: João Alves, Alex Bessas e Franciele Carvalho

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Há mais de 50 anos, no dia 12 de junho, é comemorado o dia dos namorados no Brasil. Em 2014, a data não estará tão em voga como nos outros anos, visto que a abertura da Copa do Mundo no país atrapalhará esse dia tão aguardado pelos casais apaixonados.

Além dos enamorados, a data também é muito esperada pelo comércio. De acordo com FEComércio MG, o dia é estimado como o terceiro melhor do comércio varejista, uma vez que o clima é muito festivo e é focado em trocas de presentes. Em pesquisa realizada entre os dias 02 a 05 de junho, a FEComércio MG constatou que, dos 331 entrevistados, a maioria (35,2%), pretende investir no presente um valor maior em relação à 2013. Dentre essa maioria, 47,9% afirmam como motivo principal a aquisição de um presente melhor, 33,3% diz estar em um momento feliz com o companheiro e 9,4% afirma que sua situação financeira melhorou.

Um dos programas mais comuns encontrados nesta data especial, é sair para jantar com a pessoa amada. De acordo com o proprietário do restaurante Oficina de Ideias, localizado na região centro sul, Evander Simão, o estabeleciomento comemorará o dia na data oficial mesmo (dia 12 de Junho). “A Copa é da FIFA, não do dia dos namorados”. Segundo Simão, o restaurante estará decorado à luz de velas, o que dará um clima mais romântico ao ambiente. No cardápio, serão preparados pacotes diferenciados com entrada, prato principal e sobremesa, acompanhado de vinho, com um valor mínimo.

A churrascaria Ambrósio’s Grill terá o tradicional rodízio no cardápio, mas o casal ganhará uma garrafa de frisante para comemorar o dia tão aguardado. Já o restaurante Pizza Sur, não trará nada de especial em comemoração a data, mas exibirá o jogo no horário devido (17 horas).

Cassiano e Marianne

O estudante Cassiano Lúcio ao falar de sua namorada Marianne Luiza, fica nervoso e afirma em meio a suspiros que “ela é tudo para ele”. Segundo o jovem, o casal se conheceu na faculdade em uma roda de amigos, e ele a ajudou a baixar um aplicativo no celular. Três semanas depois, surgiu o primeiro beijo e um mês depois, começaram a namorar. Marianne mora perto do Mineirão, o que irá dificultar um pouco os planos do casal. “Ainda não planejamos nada. Não sabemos o que irá funcionar, provavelmente decidiremos na hora”, finaliza Cassiano.

Jacson Dias e Maick Hannder

Jacson Dias, estudante de Cinema do Centro Universitário UNA, se derrete ao falar de seu namorado Maick Hannder. Eles se conheceram na sala da faculdade e depois de um semestre na mesma sala, Jacson o chamou pra conversar. Papo vem papo vai, a paixão foi surgindo e após um mês juntos, eles começaram a namorar. Passados quatro meses, eles comemorarão o primeiro dia dos namorados juntos em um restaurante, na noite de hoje. “Não quero que a Copa do Mundo atrapalhe os planos com ele” declara.

Por: Luna Pontone

Foto: Acervo pessoal Jacson Dias