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Por: Gabriel Barros

Três Pontas, Sul de Minas Gerais. Francisco Barros, meu pai, há mais de 30 anos, é radialista na rádio local da cidade, e, desde que eu me entendo por gente, tem um programa sertanejo diário, que começa às 5h e termina às 8h30. Logo depois de encerrá-lo, já começa a preparar um jornal de notícias diárias, que vai ao ar de 11h30 às 12h. Assim é a rotina do meu velho, em seu trabalho, que realiza com muito amor. Fiz essa pequena introdução, sobre o trabalho de meu pai, devido à grande influência que ele tem sobre a profissão que escolhi para exercer na vida: o Jornalismo.

Desde criança, me aventurava nos estúdios da rádio Sentinela FM. Mexia aqui, fuçava dali, até que, quando eu tinha 8 anos, meu pai resolveu me testar. Em 2007, fiz meu primeiro programa piloto, o “Turma da Bagunça”. E não vou mentir: ficava constrangido sempre que ouvia minha voz nas antigas caixas de som do “estúdio B” da rádio. Não gostava. Adorava assistir a meu pai trabalhando, mexendo naqueles milhares de botões, mandando o famoso “alô” para os ouvintes, mas não conseguia me enxergar fazendo tudo aquilo, àquela época.

Fui criado no meio do Jornalismo. E, a partir dos fatos que irei contar, descobri que, para ter sucesso num ofício, não basta ser um bom profissional. A paixão e o tesão pelo que se faz são essenciais para alcançarmos os objetivos traçados em nossos sonhos. O apoio que tive dos meus pais foi um grande diferencial para meu início de carreira. É importante, porém, levar em consideração que, em diversos casos, os pais oferecem grande resistência à profissão escolhida pelo filho. Debateremos isso ao longo da história.

Meu pai, junto a minha mãe, sempre me incentivou. Eu era resistente, contudo. Após a decepção com o programa piloto, meu pai tentou me inserir no meio jornalístico, com outras atividades. Gravei até propaganda para o dia das mães, em lojas da cidade: “Mamãe, eu te amo muito. Feliz dia das Mães!”. E, uma vez mais, ao ouvir minha voz gravada, não me sentia satisfeito. Fiz diversos spots para testar, aprimorar e trabalhar minha voz. E meu pai sempre a meu lado.

Passaram-se os anos, e fiquei na geladeira. Meu pai me deu um tempo, para, realmente, decidir o que eu queria. A paixão pelo Jornalismo, porém, habitava em mim, de maneira bem tímida, mas não conseguia enxergar o futuro, e não estar inserido no meio. Até que, em 2016, no auge de meu ensino médio, último ano de escola, e de cursinho preparatório para o Enem e o vestibular, meu pai, uma mais vez, me testou. No dia 23 de setembro, em Três Pontas, é realizada a Festa do Beato Padre Victor, evento religioso que envolve toda a população da região. A rádio Sentinela FM aparece de novo no cenário, juntamente a meu pai, que me chamou para ajudá-lo na cobertura jornalística do evento.

Um misto de nervosismo, animação e adrenalina tomou conta de mim. Mens desinibido, mas ainda bem contido, iniciava, ali, às 15h do dia 23, na praça da Matriz, minha jornada em busca de depoimentos de romeiros que tinham história em particular com o Beato Padre Victor. Daquele modo, ao lidar com pessoas de diversas cidades, estilos e hábitos, meu sonho de ser jornalista, finalmente, aflorava. A emoção das pessoas, ao me contar suas histórias, me fez voltar e lembrar do quão emocionado eu ficava, ao assistir meu pai a trabalhar…

No final da cobertura, às 19h, cheguei à rádio com a memória do gravador – aqueles “tijolões” da época – bem cheia. E, quando fomos passar os áudios ao computador, para editarmos e já prepará-los para ir ao ar, pela primeira vez, não fiquei desconfortável com minha voz nas caixas de som, agora no “estúdio A”. Fiquei, em verdade, muito feliz com o resultado. E a alegria não vinha, apenas, do fato de minha voz parecer menos “estranha”. Ali mesmo, ao olhar para o lado, meu pai, com os olhos carregados de lágrimas, me parabenizou pelo trabalho e disse: “Que orgulho, meu filho”. Aquilo foi a virada de chave para seguir meu sonho.

Não sei se, ao final deste relato sobre minha vida, você se identificou com algo. Fato é que a paixão levou-me a esta linda profissão. Falo da paixão por assistir a meu pai trabalhando, e da paixão das pessoas ao serem entrevistadas. E da paixão que, hoje, meus pais têm por mim, por ter seguido minhas convicções.

Hoje, no último ano da faculdade de Jornalismo, relembro tudo o que já vivi, e não me canso de agradecer, a meu pai, pelos puxões de orelha, pela paciência e pelo respeito que sempre teve comigo. E pelo tempo que tive para absorver o que desejava em meu futuro. Levarei comigo os aprendizados de meu pai e de minha mãe. Além de me educar e fazer de tudo por mim, eles me fizeram – e ainda me fazem –, acreditar que a profissão que escolhi pode transformar o mundo em um lugar mais plural, harmônico e democrático.

 

*A crônica foi produzida sob a supervisão do professor Maurício Guilherme Silva Jr.

Um ranking publicado pela agência genebrina Press Emblem Campaign sobre os países onde há maior número de jornalistas assinados coloca o Brasil em terceiro lugar. O resultado desse estudo tem causado preocupação em entidades sociais e revela um problema a ser solucionado. De acordo com a assessoria de imprensa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), há uma orientação para que os profissionais não confrontem o ameaçador e para que recorram à empresa para qual trabalha, pois esta oferece assessoramento jurídico, mobiliza e cobra ações efetivas e eficazes das autoridades.

“Não há qualquer tipo de segurança ou mesmo garantia de segurança para quem exerce a profissão de jornalista”, é o que defende o jornalista Raphael Tsavkko Garcia, confirmando o desconforto da classe. Como prova, ele ainda relata uma situação em que foi ameaçado: “Em 2001, fotografei e gravei um protesto de neonazistas em plena Avenida Paulista. Eram neonazistas, fascistas, integralistas, enfim, toda a nata de extrema-direita reunida para defender o deputado Bolsonaro. Até hoje, dois anos depois, ainda recebo ameaças por parte de neonazistas e similares, mas, felizmente, nada mais grave me ocorreu”.

Segundo Garcia, a falta de segurança para com os jornalistas não fica apenas por conta do Estado. Além disso, ele faz uma dura crítica aos órgãos, naturalmente envolvidos com esses casos: “Infelizmente, não podemos contar com quem deveria nos representar, pois os sindicatos estão mais interessados em decidir quem pode ou deve sequer ter direito a ser chamado de jornalista baseados em um pedaço de papel e não em capacidade, habilidade e mesmo amor pelo que faz”, aponta.

A crítica de Garcia ainda continua, quando ele cita a diferença entre as mídias de grande poder aquisitivo e as mídias alternativas: “Enquanto na grande mídia jornalistas se vendem pelos melhores preços (em muitos casos pelo preço possível, ou passam fome), vendem sua ideologia, sua ética, sua integridade para reportar aquilo que querem os patrões, na mídia alternativa – vide a Caros Amigos – resta a precarização”, destaca Garcia.

Reafirmando a posição de incômodo, o redator do portal O Tempo, Frank Martins, expõe sua opinião sobre o assunto e assinala uma ação de proteção aos jornalistas: “Não vejo preocupação nenhuma das empresas de comunicação e do sindicato da categoria com a segurança do jornalista. No que acompanho, no máximo, dependendo da ocasião, são fornecidos coletes à prova de bala. Mas isso apenas durante uma cobertura. Jornalistas que fazem matérias especiais e investigativas vivem sendo constantemente ameaçados e/ou perseguidos”.

Como escapatória para casos de violência Martins ainda sugere iniciativas para o profissional: “Basta o repórter mexer com o esquema e divulgar para sofrer as retaliações. Com isso, a primeira instituição a ajudar o jornalista deve ser a empresa para qual ele trabalha. Acho também que as leis deveriam começar a serem cumpridas e os responsáveis por essas mortes serem punidos. Já seria um bom começo. Uma utopia seria a organização da classe por meio do sindicato”.

Vale do Aço

O caso de assassinato do radialista Rodrigo Neto e do fotógrafo Walgney Carvalho em março, no Vale do Aço, evidencia ainda mais a questão da segurança para profissionais da área de comunicação. Em nota, a Polícia Civil informou que mudanças estão sendo feitas na delegacia regional de Ipatinga, com o intuito de reestruturar e iniciar uma nova fase da Polícia Civil na região, uma vez que sete policiais, seis militares e um civil, já foram detidos com suspeita de envolvimento nos 14 casos investigados na região.

Sobre o ocorrido no mês de março no Vale do Aço, Frank Martins analisa como um alerta: “Cada caso é um caso, mas essas mortes de jornalistas no Vale do Aço mostram e reforçam a insegurança que vivem os profissionais de comunicação que denunciam as mazelas da sociedade. Caso isso não signifique nada para as autoridades e para a própria classe, não sei o que é preciso para alertar os profissionais”.

Por Ana Carolina Vitorino

Imagem: Internet

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A primeira meta da Comissão da Verdade dos Jornalistas Mineiros (CVJM) é entregar um relatório sobre casos de censura e perseguição aos profissionais da imprensa, durante a Ditadura Militar no Brasil (1964/1985) para a Comissão Nacional da Verdade dos Jornalistas, em Brasília, até o dia 1º de agosto.

A expectativa do SJPMG é que o trabalho da Comissão acelere a apuração dos casos de violação dos direitos de jornalistas no período da ditadura militar no país. Para a apuração haverá pesquisas na imprensa e nos arquivos da época; serão ouvidos jornalistas que sofreram violação de direitos, cônjuges e parentes de primeiro grau dos já falecidos. “Todos os jornalistas que foram perseguidos, cassados, exilados, presos, mortos, torturados, ou que sofreram qualquer tipo de intimidação durante o período militar, a Comissão irá apurar”, esclarece o assessor de comunicação do SJPMG, Hugo Pirez.

A Comissão foi empossada, na tarde de segunda-feira, 18, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG). Integram a CVJM os jornalistas Luiz Carlos de Assis Bernardes, Helena Barcelos, Neide Pessoa, Pauo Lott e Nilmário Miranda. “Os integrantes são defensores dos Direitos Humanos. Alguns são figuras de proeminência na luta contra a ditadura”, explica Pirez.

Por: Rafaela Acar e Rute de Santa

Foto: Blog  TecCiencia

Na manhã do último dia 7, a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Eneida da Costa, se reuniu com o presidente do sindicato dos professores, Gilson Reis, vereadores dentre eles Arnaldo Godoy, deputados como Jô Moraes, Fábio Ramalho e Fred Costa, representantes de universidades de comunicação, ex-presidentes do sindicato e convidados para um café parlamentar, que discutiu o PECs dos jornalistas em relação a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão. O encontro foi na sede do Sindicato e a mesa foi mediada pelo diretor de Relações Institucionais, Luiz Carlos Bernardes.

Os participantes apresentaram propostas de apoio a categoria. A ideia é mobilizar estudantes, professores e autoridades políticas. “Pode abrir uma discussão muito complicada sobre o fim do diploma na divocácia, sobre o fim do diploma na história, na ciência política, na sociologia e no final das contas, nós corrermos o risco da exigência do diploma só para médico, dentista, engenheiro e para poucas categorias”, declara Peninha.

Confira a entrevista completa com diretor de Relações Institucionais do Sindicato dos Jornalistas, Luiz Carlos:

Jornalista Luis Carlos Bernardes by jornalcontramao

A deputada federal Jô Moraes, ressalta a importância da participação das faculdades nestes eventos: “Acho que a gente devia fazer uma campanha dirigida especialmente para as faculdades de comunicação para que eles possam compreender o papel desse processo na construção da sua valorização”, destaca.

Confira a entrevista completa com a deputada Jô Moraes:

Deputada Jô Moraes by jornalcontramao

Jô Maraes durante a entrevista ao Contramão
Jô Moraes durante entrevista ao Contramão

Já o vereador Arnaldo Godoy pediu mais força às escolas de comunicação. “As escolas tem que empenhar mais nesta empreitada. Tem que investir nisso”, destaca, pois, “representa os estudantes, a força que vão ter os estudantes para fazer um jornalismo cada vez melhor, mais independente e mais democrático”, conclui. O vereador destaca ainda o apoio de três senadores: Aécio Neves(PSDB), Clésio Andrade(PR) e Zezé Perrella(PDT). “Temos que publicizar a palavra dos três senadores que estão a favor do diploma”.

O presidente do sindicato dos professores, Gilson Reis, propôs uma luta pela regularização. “Fazer uma reunião conjunta com o Sindicato dos jornalistas, o movimento estudantil. Uma reunião entre os vários setores, sindicato, estudantes, professores para ver se cria uma campanha direcionada a questão do diploma”.

Durante o debate o deputado estadual Fred Costa deixou claro o seu apoio pela causa, fez propostas e disse fazer o possível para ajudar a categoria. “Eu me coloco a disposição de sair hoje recolhendo assinatura e fundar a frente parlamentar dentro da assembléia legislativa”, propôs.

No próximo dia 16, será votado, novamente, no Senado o PEC 033, a obrigatoriedade do diploma do jornalista para exercer a profissão.

Por: Bárbara de Andrade

Fotos: Jéssica Moreira

edição de áudio: Anelisa Ribeiro