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Por Bianca Morais 

Todos os semestres, o Centro Universitário Una, promove o Conecta, um evento destinado às áreas de Arquitetura e Urbanismo, Design de Interiores, Design Gráfico e Moda, especialistas e profissionais do meio são convidados para palestrar aos alunos sobre assuntos relevantes relacionados ao mercado de trabalho, tendências e muito mais.

A primeira edição do Conecta aconteceu em 2018, e desde então, acontece com o apoio dos coordenadores, líderes de laboratórios, professores e também alunos e estagiários dos núcleos. 

Dando continuidade a série de reportagens dos 60 anos da instituição, o Jornal Contramão, apresenta hoje esse grande evento, confira.

 

O Conecta 

Assim como o próprio nome diz, Conecta é a conexão de cursos. Durante muito tempo, cada curso mantinha seus próprios eventos, cada um com sua semana, título, temática, movimentando individualmente o nicho em que estavam inseridos e muitas vezes não ofereciam a possibilidade da interdisciplinaridade. O Conecta surgiu então como a junção dos eventos da Economia Criativa concentrados em uma única semana. Com o principal objetivo de conectar pessoas, trazer o mercado de trabalho para sala de aula e aproximar estudantes da prática, através de conteúdos inovadores e inéditos. A cada edição o projeto traz para palestrar profissionais de cada área, atendendo muitas vezes a sugestões e pedidos dos próprios alunos por temáticas que achem interessantes de serem abordadas. Os professores também palpitam na hora de indicar especialistas. 

Desde o seu surgimento, o evento acontecia de forma presencial, no entanto, com a pandemia, ele passou a para versão online. Para Karolina Oliveira, líder do Núcleo de Arquitetura e Urbanismo da Fábrica Una e coordenadora do Conecta, dois pontos marcaram esse novo formato. 

“Sinto falta do prédio cheio, do calor humano e da correria que era produzi-lo presencialmente. Sempre cheio de surpresas, perrengues, o que não falta é perrengue, palestrantes que não aparecem, alguns iam em salas erradas, correria total, porém valia a pena cada segundo, cada lembrança. Mas, em contrapartida, no online alcançamos um número inédito de participantes, antes contávamos com salas para 50 alunos, com o ZOOM já lotamos uma sala virtual com 300 pessoas. O evento chegou em muitas cidades e ficou conhecido nacionalmente”, conta Karolina.

Em sua última edição, ele teve mais de 2,5 mil participações, com mais de 30 cidades presentes virtualmente, isso é a representação de como o evento tem crescido e se desenvolvido de forma assertiva durante os anos. 

“A cada edição uma palestra vira o centro das atenções, em uma das edições online, uma palestra chegou a 300 participantes e pessoas pediam o tempo todo para poder participar também, o que já não era possível devido ao limite de participantes em uma sala, o tema era neuroarquitetura. Na última edição, com apenas 3 dias de evento, a Palestra de Prática da Iluminação já não possuía ingressos disponíveis”, relata a líder do Nau.

 

A evolução

O Conecta amadureceu, a princípio como uma iniciativa entre alunos e coordenação, com pouco planejamento mas muita vontade e atualmente tem uma linha programática complexa, com planilhas e datas, relatórios de resultado e principalmente pilares bem definidos. 

Antes de estar a frente do Conecta como atual líder do Nau, Karolina participou ativamente enquanto estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo. A arquiteta já participou como aluna, palestrou e hoje coordena toda a logística do evento. 

 “Ali como discente do curso de arquitetura, tive a oportunidade de fazer parte de algo grande e inovador. Nem de longe eu poderia imaginar que hoje, como profissional, estaria à frente do evento que nasceu enquanto eu ainda estava aprendendo”, comenta ela.

O Conecta é isso, um evento que possibilita o contato com diversas áreas de cada profissão, é uma oportunidade dos docentes experimentarem e tirarem dúvidas, entenderem como o mercado está e até mesmo começar a sua rede de contatos.

“Networking é muito importante, e com certeza, o Conecta traz essa possibilidade para todos que participam. Também é um momento de respirar da sala de aula convencional, a cada palestra uma didática diferente é vivenciada, com temas tão diversos, sinto que é uma oportunidade de recarregar as baterias para continuar o período letivo com tudo”, completa a coordenadora.

Conecta é um evento de grande proporção e que transforma a Una, especialmente, a Cidade Universitária em um ambiente de inclusão, acesso e empregabilidade. Independente de ser uma iniciativa da Una, ele é aberto ao público geral de forma gratuita, levando conhecimento e informação sobre diferentes temas, sobretudo,  os relacionados a qualquer prática profissional e as novas tecnologias, a todos que tiverem interesse em crescer. 

Com o tempo o Conecta evoluiu e avançou um degrau, na próxima edição ele irá contar com mais um curso, a participação é inédita das Engenharias e promete temáticas inovadoras que vão vir como principal atração. 

Conecta, berço de grandes profissionais

O curso de Arquitetura e Urbanismo é sempre o mais presente. Mais de 50% das participações são compostas por ele, logo em seguida o Design Gráfico e a Moda. É importante ressaltar que a presença dos estudantes é importante não apenas para o evento, mas para si próprio. Todo conteúdo apresentado nas palestras só tem a somar em seus currículos, além claro, do certificado de horas complementares. O Conecta ajuda a abrir portas para o universo do trabalho.

O Conecta me ajudou para que eu estivesse aqui e tenho certeza que vai fazer o mesmo por muitos outros estudantes. Ele tem um poder transformador, quem participa e vive o evento sabe que nunca vamos sair da mesma forma que entramos. 

Novas conexões, vontades, rumos e olhares, isso são sentimentos que o Conecta desperta. Um evento empoderado, onde um dos princípios é a inclusão de todos. Acredito que o Conecta é reflexo dos alunos, afinal eles são co-construtores ativos, e nossos alunos são incríveis, inovadores e criativos. 

Como resultado da combinação de tantos fatores, entregamos para a comunidade, um evento rico em diversidade, profundidade e dinamismo. A instituição ganha espaço e a cada Conecta mais pessoas conhecem o jeito Una de ser”, conclui Karolina.

 

Com a palavra, o coordenador 

Antônio Terra, coordena os cursos de Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Jornalismo, Cinema e Audiovisual, Gastronomia, Moda, Design Gráfico e Design de Interiores

“A universidade é por natureza um ambiente para troca e conexão. A universidade não acontece em uma sala fechada, ela acontece quando a gente consegue congregar todas as energias que compõem uma cadeia de valor de uma área de conhecimento. E o Conecta nos possibilita isso. 

É aquele momento que de olho nas transformações do mundo, do homem, das questões tecnológicas que vão surgindo em cada área, convidamos especialistas, referências de mercado, pessoas que estão vivendo histórias, construindo legados em suas competências e especialidades, para estarem conosco e abrir diálogo com nossos alunos e professores.

Tem sido também um espaço para que o aluno ganhe mais protagonismo, nas últimas edições tivemos algumas oficinas e cursos, oferecidos por nossos alunos que são especialistas em outras áreas, algumas vezes complementares à própria formação deles.

Então o Conecta é para a gente um espaço de crescimento e de engrandecimento desta jornada acadêmica”.

 

Esse semestre o Conecta acontece nos dias 05, 06 e 07 de outubro. Fique ligado na programação!

 

 

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Por Bianca Morais 

O Conselho Regional de Economia da 10ª Região/MG existe há 56 anos e tem como principal objetivo impedir a atuação de leigos e garantir o mercado de trabalho aos verdadeiros profissionais, fiscalizando o exercício da profissão de economista.

Como extensão a ele, foi criado oficialmente no dia 8 de agosto de 2019, o Conselho Regional de Economia Acadêmico de Minas Gerais – Corecon Acadêmico-MG, através da Portaria Nº 138 e regulamentado por estatuto próprio. Possui representação pelos estudantes graduandos em Ciências Econômicas e Relações Econômicas Internacionais do Estado de Minas Gerais.

O Conselho faz com que os alunos dos cursos de Ciências Econômicas estejam mais próximos do Corecon, e consequentemente, possam atuar juntos às Universidades buscando melhor formação acadêmica, profissional e humana. O Conselho apoia os alunos em sua trajetória acadêmica e os prepara para o mercado, além de oferecer preparação com cursos, eventos e seminários com temas diversos. 

Luan Felipe Goulart Reis, tem 21 anos e atualmente cursa o 6º período de Ciências Econômicas do Centro Universitário Una. O estudante ingressou no Conselho logo no seu início e já soma atualmente dois anos de participação. O processo seletivo é feito por meio de uma entrevista e dinâmica com o propósito de buscar os mais interessados, estudantes que tenham disposição para aprender e inovar, Luan é esse sujeito, e recentemente foi escolhido para assumir a presidência do Conselho.

“Para virar presidente é feita uma sabatina e votação pelos membros envolvidos no processos, eu me candidatei espontaneamente, hoje eu represento a nossa marca, defendo os interesses da organização e estudantes de Ciências Econômicas e REI, além de coordenar toda a nossa equipe de diretores” conta ele.

Luan é um jovem que sempre se interessou por Ciências Sociais, como história, sociologia, filosofia, além de ser apaixonado por matemática, foi quando ele analisou os cursos que entravam em seu perfil e a economia caiu como uma luva. O fato do estudante ter assumido o cargo de presidente entre diversos outros alunos de diferentes instituições privadas e públicas, é além de um merecimento, uma representatividade para a Una.

“Do ponto de vista dos nossos alunos, eles têm no Luan uma motivação para estreitar ainda mais os laços com o Conselho, ele traz essa representatividade tanto interna quanto externa, pois quando pensamos em um relacionamento com as outras universidades, é muito importante pensar que ele está atuando na tomada de decisão dos conselhos de uma forma geral, atuando com esse objetivo de fomentar a aprendizagem acadêmica humano e profissional dos alunos”, comenta Raphael Paulino, professor do curso de Ciências Econômicas da Una. 

O aluno se sobressaiu entre estudantes de diversas universidades tanto públicas quanto particulares, se tornou uma ferramenta ativa na propositura de sugestões, na organização de eventos e nos pensamentos acerca da matriz curricular dos cursos de ciências econômicas. 

“É muito interessante essa situação dele, ele já tem feito atuação nesse sentido e é imprescindível que essas universidades que ofertam o curso Ciências Econômicas estejam próximas do Conselho profissional da área, no caso do Corecon, e nesse sentido o Luan acaba sendo um elemento de interlocução mais direta e mais fácil”, completa o professor.

Sem dúvidas, o Centro Universitário tem formado profissionais excelentes, e um representante como Luan dentro do Corecon é edificante, afinal, é um aluno que ajuda a construir positivamente a imagem institucional em termos de robustez acadêmica. 

“Nós conseguimos formar alunos que estão atuando na liderança de outros alunos do mesmo segmento e do mesmo curso para além dos muros da Universidade, isso é fantástico”, pontua Raphael. 

Para o jovem ter em suas mãos a oportunidade de transformar o Corecon Acadêmico em uma referência para os estudantes de Ciências Econômicas e Relações Econômicas Internacionais no estado de Minas Gerais, sempre buscando a excelência e representação, é incrível. 

Para seus colegas de curso, Luan deixa um conselho sobre a importância de entrar para o Corecon:

“O ser humano é um Homo Socius, com isso um Homo Politicus, o Corecon traz para a frente a oportunidade de jovens se transformarem em referência em suas universidades, transformando-os em líderes”.

 

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Por Daniela Reis 

O TBT de hoje relembra a construção do Muro de Berlim que iniciou no mês de agosto de 1961. A estrutura foi um dos grandes símbolos da Guerra Fria e rodeava os limites de Berlim Ocidental, capital da Alemanha Ocidental.

O Muro de Berlim existiu ao longo de quase três décadas e foi responsável por conter o fluxo de pessoas que se mudavam da Alemanha Oriental para a Alemanha Ocidental. Estima-se que, durante a existência do muro, mais de 100 pessoas tenham morrido tentando cruzá-lo. O Muro de Berlim foi abaixo em 1989, quando o bloco comunista começou a ruir no leste europeu.

Explicação

A construção está relacionada com a fuga de população da Alemanha Oriental para a Alemanha Ocidental durante toda a década de 1950 e começo da de 1960. A disputa na Guerra Fria refletia diretamente em uma competição entre as duas Alemanhas, embora a vantagem da Alemanha Ocidental fosse notória.

Essa recebeu pesados investimentos dos Estados Unidos via Plano Marshall, e, por isso, su0a economia prosperou rapidamente. Os números da economia da Alemanha Ocidental eram substancialmente melhores em comparação aos da Alemanha Oriental. Além dos investimentos, essa situação era explicada porque a Alemanha Ocidental dispunha de mais população e mais recursos.

Além da economia, havia uma questão fundamental que separava as duas Alemanhas: a liberdade. A repressão imposta na Alemanha Oriental era coordenada pela polícia secreta, a Stasi, que tinha milhares de informantes espalhados pelo território da RFA. A repressão não era uma exclusividade de Alemanha Oriental, mas de todo bloco sob influência soviética.

Esses fatores levaram a um enorme êxodo populacional na Alemanha Oriental, e, de 1948 a 1961, 2,7 milhões de pessoas mudaram-se da Alemanha Oriental para Alemanha Ocidental, segundo levantamento do sociólogo e jornalista Jayme Brener. Entre esses milhões de pessoas, havia um número elevado de professores, médicos e engenheiros.

A situação era emergencial para a Alemanha Oriental, pois a perda de mão de obra, sobretudo da mão de obra qualificada, representava um risco para o desenvolvimento econômico do país. Essa situação chamava a atenção das autoridades da RDA, principalmente, a partir de 1958. Assim, para impedir que esse fluxo de pessoas aumentasse, a Stasi foi mobilizada.

Essa fuga de população ficou conhecida entre as autoridades da RDA como Republikflucht, e o uso da Stasi não foi suficiente para conter a situação. Foi essa polícia que sugeriu o fechamento físico das fronteiras como a única maneira eficaz de reduzir a fuga de cidadãos. Levando esse conselho em consideração, Walter Ulbricht, líder da RDA, pediu autorização a Moscou para fechar a fronteira.

A construção

A construção do Muro de Berlim foi resultado de deliberações e negociações que se arrastaram por meses entre as autoridades alemãs (da RDA) e soviéticas. O pedido de Ulbricht foi realizado em maio, a autorização soviética foi dada em junho, e a construção do muro só foi iniciada em agosto de 1961. Esta fez parte da Operação Rosa.

A operação para construir o muro foi conduzida de maneira extremamente secreta, uma vez que se temia uma reação das nações ocidentais, bem como temia-se que, caso a informação vazasse, um número gigantesco de pessoas fugisse de última hora. O historiador Patrick Major fala que, na RDA, somente 60 pessoas sabiam de sua existência.|2|

Os soviéticos então deram início aos preparativos silenciosos da Operação Rosa, e o comando desta foi entregue a Erich Honecker (presidente da Alemanha Oriental entre 1976 e 1989). Os serviços de inteligência das nações ocidentais tinham evidências de que a RDA poderia fazer alguma ação para fechar as fronteiras. Entretanto, não houve nenhuma mobilização para impedir que isso acontecesse, até porque não se sabia quando seria.

Os soviéticos e alemães determinaram que a operação aconteceria na passagem do dia 12 de agosto para o dia 13. Naquela madrugada, milhares de tanques russos tomavam conta das ruas de Berlim e, pela manhã, os soldados da RDA já haviam se posicionado nos limites entre Berlim Oriental e Berlim Ocidental, com milhares de metros de arame farpado que fechavam a fronteira entre as duas cidades.

Ao longo dos meses seguintes é que foram realizadas as ações necessárias que implantaram vários quilômetros de muro de concreto, torres de segurança, cercas eletrificadas, e colocaram no local equipes monitorando o muro 24 horas por dia. O monitoramento era realizado por soldados do exército da Alemanha Oriental que, além de armamento pesado, tinham, à sua disposição, cães de guarda.

O fechamento da fronteira e a construção do Muro de Berlim conseguiram praticamente acabar com o êxodo de cidadãos para a Alemanha Ocidental. Estima-se que, depois do muro, somente cerca de cinco mil alemães orientais conseguiram fugir do país, e, entre 1961 e 1989.

Parte do Muro de Berlim, que separava os dois lados da cidade, em imagem de 1962.

 

A queda

O Muro de Berlim foi derrubado em novembro de 1989, e isso foi resultado do colapso do bloco comunista na Europa. Ao longo da década de 1980, a situação do bloco agravou-se como um todo. No caso da RDA, a crise econômica fomentou manifestações de populares que desejavam uma economia melhor e mais liberdade.

Em 9 de novembro, o governo da RDA anunciou equivocadamente a abertura das fronteiras do país e milhares de pessoas aglomeraram-se nos locais de travessia. Para evitar um desastre de grandes proporções, a medida foi confirmada e a população, em festa, reuniu-se para derrubar o muro na passagem do dia 9 para o dia 10 de novembro de 1989. Isso deu início ao processo de reunificação da Alemanha.

Queda do Muro de Berlim

Por Keven Souza

Pertencer à área urbana é estar suscetível, a todo tempo, a constantes mudanças e transformações que como em qualquer outro lugar há sempre adeptos e críticos com o ritmo acelerado. Porventura, iniciar um estilo de vida saudável com o objetivo de diminuir o sedentarismo causado pela rotina agitada, não só garante o bem-estar, como também torna popular a integração branda da natureza nos centros urbanos. 

Pensando nesses hábitos salutares, o Laboratório Ecossistêmico Interdisciplinar de Aprendizagem (LEIA) foi um projeto de extensão sediado pelo Centro Universitário Una, que reteve o objetivo de inserir o “verde” da natureza em ambientes constituídos majoritariamente por concretos. A iniciativa focada na agricultura coletiva e em contraposição a áreas ociosas, promoveu saúde alimentar e qualidade de vida por meio de hortas urbanas sustentáveis desenvolvidas como um modelo funcional e compacto em espaços do cotidiano que, em suma, não possuíssem utilidade.     

O projeto LEIA se propôs a engajar na saúde da comunidade através da gestão coletiva de técnicas agroecológicas e inovadoras ao lado de parceiros e alunos, se tornou um projeto de sucesso que reverbera, até hoje, além da instituição com ações que não só obedecem aos cuidados de preservação do meio ambiente, como também fomenta o contato com a natureza. 

 

O início

O laboratório nasceu a partir de uma pesquisa de mestrado sobre sustentabilidade gastronômica, via projeto de extensão, liderada pela professora de gastronomia da Una, Rosilene de Lima Campolina, também idealizadora da mostra acadêmica “GastroUna”, como fruto de estudos científicos e desenvolvimento local. 

Desde sua estreia em 2016, foi pensado como um grande “guarda-chuva” de saberes plurais que abrangesse tanto um laboratório social, quanto um espaço experimental com foco educativo e ecológico. O LEIA foi o primeiro projeto a implementar uma horta urbana sustentável em Belo Horizonte, sendo idealizado pelas educadoras Rosilene Campolina, Luíza Franco, Edimeia Ribeiro e Gabriela Schott

Como público-alvo integrou alunos e funcionários da Una, e de forma brilhante chegou a conquistar a comunidade local, além de estudantes de outras universidades, que com atuação mútua, totalizaram cerca de trezentos participantes ativos no projeto situados na Cidade Universitária, no terraço da Una campus João Pinheiro II. 

Canteiros do LEIA no terraço do JP II a partir do reaproveitamento de caixas e embalagens de bacalhau.

O laboratório partia da premissa de não se restringir somente ao ambiente acadêmico. As oficinas e ações giravam em torno dos pilares da educação – ensino, pesquisa e extensão. Nesta perspectiva, um dos objetivo era orientar a comunidade sobre práticas sustentáveis por meio da gestão de resíduos orgânicos e inorgânicos com eixo na educação alimentar e no combate ao desperdício, oferecendo técnicas e métodos sobre cultivo, construção e manutenção de canteiros e plantas através das hortas implantadas.

Dentre as principais atividades desenvolvidas, as oficinas “mãos na massa” com construção de canteiros e o “mãos na terra” com a manutenção do espaço LEIA da Una, duravam há cerca de uma e meia com ensino sobre conceitos de arquitetura urbana, agroecologia, compostagem, agricultura familiar, soberania alimentar, aspectos nutricionais dos alimentos e dicas para elaboração de receitas culinárias. Além disso, cada participante possuía seu próprio vaso de tempero, legume ou hortaliça disponibilizados para as atividades. 

Na visão de Rosilene Campolina, que é mestra em Sustentabilidade Gastronômica e foi capitã do projeto, a proposta de usar espaços ociosos em locais otimizados pela sustentabilidade é excepcional para o estudo e desenvolvimento de novas tecnologias que viabilizem reduzir o lançamento de resíduos inorgânicos no meio ambiente. “O Projeto de extensão demonstra o potencial de se tornar um modelo de sustentabilidade para a educação e a integração, o que permite ser exemplo para comunidade por meio do incentivo social”, explica. 

A missão de implementar as hortas era exclusivamente para qualificar a comunidade em relação à manutenção e autogestão de hábitos sustentáveis. O incentivo da criação de feiras de orgânicos e espaços verdes de convivência, gerou transformação social e auxiliou na saúde alimentar de inúmeras pessoas por meio da arquitetura familiar com foco no Slow Food e na produção coletiva. “Foram muitas conexões que, até hoje, reverberam pela cidade em ações que ‘beberam’ na fonte do laboratório. Uma ação incrível que propôs a sistematização sustentável em áreas disponíveis no contexto urbano, tais como os terraços, quintais, parques, jardins públicos, entre outros” ressalta Rosilene, sobre a importância das ações.  

Em seu escopo, a interdisciplinaridade é um dos pilares pensados para desenvolver atividades educativas que estimulavam a participação de diferentes cursos da academia no mesmo propósito – a otimização de espaços ociosos em processo da biodiversidade – que por meio de oficinas e workshops sobre tecnologia sustentável, construtiva e inovadora funcionava com colaboração de alunos dos cursos de gastronomia, arquitetura, nutrição, comunicação, moda e biologia.

Gabriel Benzaquen Magalhães, que está no décimo período de arquitetura e urbanismo e envolveu-se na extensão no ano de 2017, diz que sua participação ativa e engajada, há cerca de um ano na extensão foi imprescindível para ampliar seus conhecimentos sobre a ecoarquitetura. Uma ciência que procura fortalecer cada vez mais projetos arquitetônicos que minimizem o impacto ambiental e prospectam a sustentabilidade. Participar e aprender foi bastante enriquecedor, foi fundamental para entender o que funciona e às vezes não, é ter uma noção real do quão importante é a construção dos mobiliários de forma ecológica. De fato, fica a lição de que, com um pouco de dedicação e pesquisa, é possível se fazer muita coisa de forma sustentável e econômica”, afirma ele. 

Suas ações eram destinadas a desenvolver projetos e layouts que fossem práticos para quem frequentava o espaço do LEIA. O processo era estudar e desenhar os projetos a serem construídos, planejar os insumos e materiais a serem utilizados ou reutilizados, arrecadar materiais em uma articulação voltada à gestão de resíduos, mapear as espécies a serem cultivadas, aleḿ de pensar nas formas de replicar os projetos em outras áreas. Porventura, sua equipe ficou encarregada de elaborar um móvel para o armazenamento de mochilas com materiais recicláveis para a execução. 

Ele explica que, observa a colaboração coletiva como um instrumento poderoso que transforma os meios e as diferentes realidades sociais que existem na área urbana. “Quando várias pessoas se unem em prol de um mesmo objetivo, tudo se torna mais possível de se realizar. E esse é o legado do projeto para mim. É saber que existem iniciativas que vão além da sala de aula e minha trajetória foi ótima, pude fazer amizades, aprender coisas diferentes, ajudar pessoas e construir uma visão mais ampla de tudo que a arquitetura e o trabalho em equipe podem construir”, ressalta Gabriel.

Aula de Ecogastronomia com os alunos colhendo ora-pro-nóbis nas hortas do LEIA no terraço Una JP II para aula de Cozinha Brasileira.

A ascensão da sustentabilidade nos espaços urbanos se tornou um modelo viável para atrair atenção dos jovens a espaços verdes e como resultado positivo, por causa do LEIA, existe a contínua conexão entre todos que acreditam na transformação do meio em que se vive por meio de uma postura ambientalmente sustentável. Para Hemanuel S. De Carvalho e Tomás, gastrônomo formado pela Una e mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, o projeto, no ano de 2016, foi objeto de estudo para sua pesquisa que tinha o propósito de compreender a capacidade dos discentes em despertar e potencializar ações sustentáveis nos meios produtivos agrícolas, o que significa que observou o desenvolvimento profissional dos estudantes de gastronomia através do LEIA.

“O projeto foi o instrumento pelo qual pude compreender que a alimentação não é o ato de comer. Através dele entendi que alimentação é um ciclo, que começa no campo, e que não termina na mesa do comensal, uma fase produtiva de caráter agrícola que é o início, para que possamos nos tornar cidadãos conscientes e acima de tudo questionadores. Visto que a alimentação é um dos mais importantes traços culturais de todos os seres”, explica. 

Segundo ele, ingressar como extensionista trouxe momentos marcantes, um específico aconteceu na oficina de “mãos na terra”, em que pôde participar ao lado de uma senhora de idade, também extensionista, que por um acaso lhe ensinou muito sobre as plantas que têm potencial alimentícias não convencionais (PANCs), afinal desconhecia esse cultivo de desenvolvimento espontâneo. E a partir deste episódio compreendeu o projeto como um lugar feito de conexões e totalmente transversal. “Naquele momento percebi que o LEIA proporcionava um ensino horizontal, aprendemos uns com os outros, trocamos saberes e construímos conhecimentos coletivos baseados em nossas realidades, valorizando uma pedagogia freiriana”, desabafa Hemanuel.

 

Parcerias e ações externas

As parcerias do LEIA intituladas como “marketing verde”, foram sediadas em colaboração com empresas e entidades que, assim como o projeto, possuíssem uma preocupação inerente ao futuro em relação à sustentabilidade nas próximas gerações. As ações em conjunto vieram com o intuito de desvincular o atual modelo planetário de desenvolvimento que compromete a manutenção das diversas formas de vida. Neste contexto, a Una através do curso de gastronomia projectava e ansiava contribuir para o bem-estar social ao lado da sociedade, por isso vieram a acontecer inúmeras colaborações voltadas a ações sustentáveis.

Ao longo dos anos houveram diversas parcerias marcantes que foram benéficas a todos envolvidos na extensão, como a parceria com EMATER, SENAC, ABRASEL, Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, Fazenda Engenho D’água, Frente da Gastronomia Mineira (FGM), Eja do Colégio Imaculada, Circuito Aproxima, grupo Skank com o fornecimento do Bioneem do Henrique Portugal e dentre outras, que ajudaram não só nas oficinas, mas em diferentes atividades externas desempenhadas pelo projeto. 

Uma das parcerias significativas ocorreu a partir da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), através da professora Rosângela Míriam Lemos Oliveira Mendonça, que é pesquisadora e coordenadora do curso de design gráfico da presente universidade mineira. 

No ano de 2016, Rosilene Campolina e a professora de design gráfico, fizeram o primeiro contato para pleitear ações interdisciplinares que prezavam a sustentabilidade econômica, social e ambiental por meio de hortas e jardins urbanos. A partir disso, após as atividades e ações promovidas pelo LEIA, a parceria surgiu com o propósito de atuar com mutirões para ampliação e a manutenção da horta no terraço JP II, através dos recursos didáticos baseados em design sistêmico.  

Rosângela afirma que atuou em parceria com o projeto para fortalecer o potencial das hortas urbanas, comunitárias e agroecológicas, sendo significativo para que unisse forças no projeto. Explica também que a partir das ações desempenhadas, houve-se a motivação para atuarem juntas e que por meio dos valores pessoais e profissionais que ambas possuem, tornaram-se amigas para além do projeto. 

“Nossa parceria é a prática coerente dos nossos valores. Visamos a importância de relacionamentos duradouros com apoio mútuo para o crescimento conjunto, e para contribuir para a melhoria da qualidade de vida da nossa sociedade”, define Rosângela, sobre a parceria com o LEIA através de Rosilene Campolina.  

 

Visibilidade e alcance social 

Em sua trajetória, o laboratório veio a conquistar relevância social para se tornar um dos projetos de maior destaque dentre outros da intuição com uma grande visibilidade mútua, sua história de desafios e lutas, mas de sucesso, trouxe reconhecimentos nacionais e diversas premiações eminentes. Atualmente, o LEIA faz parte Relatório de Sustentabilidade (RS) do Grupo Ânima, criado para estimular e parabenizar projetos de desenvolvimento social/sustentável de inovação nos modelos de ensino-aprendizagem; além de ter tido reconhecimento internacional com participação em pesquisa na Universidade de Hamburgo na Alemanha, como um grande instrumento para cooperação na implantação e difusão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU para Agenda 2030.

Indicado ao Relatório de Sustentabilidade do Grupo Ânima
Indicação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU para Agenda 2030.

Recebeu ainda certificados da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais (EMATER-MG) como parceiro pelas metas favoráveis aos Objetivos do Milênio (ODM) que se referem a um conjunto de ações a serem alcançadas até 2030 para a redução da fome e da pobreza, por meio da soberania alimentar e da proteção ao meio ambiente.

Por definição, é um projeto de sucesso, vigoroso e totalmente complexo. Realizado através do esforço e engajamento dos envolvidos que acreditam na sustentabilidade como uma filosofia de vida. O LEIA, em síntese, tem como legado a proliferação de hortas urbanas e periurbanas na sequência de habituar práticas saudáveis no cotidiano das pessoas, e é uma extensão que repercute nos dias atuais para além do espaço da Una. Sendo capaz de ecoar luz a temáticas importantes e ajudar aqueles que procuram por novos modelos de vida, mais próximos da natureza e mais engajados com as causas sociais. 

 

Depoimentos dos participantes 

“O LEIA concretizou, na prática, a interdisciplinaridade das disciplinas na grade curricular da graduação de Arquitetura. Além do olhar social urbano, os alunos tiraram, literalmente, do papel os projetos que orientava em sala e em outras disciplinas. Participamos de ações fora da universidade, levando-os para as comunidades como a Vila Estrela na Barragem Santa Lúcia. Estas ações geraram muitas trocas e contribuições de saberes, necessidades e desafios reais para desenvolvimento de tecnologias para a sustentabilidade urbana, incluindo métodos alternativos de agricultura urbana e gestão de resíduos entre comunidade acadêmica e sociedade civil”, diz Luiza Carvalho Franco, que é Especialista em Sustentabilidade e foi uma das idealizadoras do projeto, sobre sua participação como coordenadora na parte de Arquitetura. 

“Fui criada em uma cidade do interior que desde muito nova já sabia de cultivo, manejo e manutenção de hortas e o LEIA, só me fez aumentar meu prazer pelas plantas. Carrego até hoje as lembranças do início do projeto, passamos pelo processo de implantação, onde participei desde a escolha do nome e foram várias reuniões. Formamos tudo e começamos a plantar as primeiras sementes e mudas, a partir daí várias pessoas e equipes começaram a se formar. Lembro também das primeiras flores comestíveis que a professora Rosilene Campolina colheu e enfeitou um prato com hortaliças e temperos colhidas pela horta do projeto e no terraço comemos eu, ela e outros colegas”, relembra Maria Galdina da Conceição de Menezes, formada em Gastronomia pela Una e ex-extensionista da extensão.

“O LEIA me fez valorizar muito mais o alimento, me ensinou a utilizar os insumos de todas as formas possíveis e a dar devida importância aos produtores. Um projeto que não se resumiu apenas a uma universidade, pois ele sempre envolveu todas as camadas da sociedade e todas as áreas de estudo. Nunca foi direcionado apenas aos alunos, seu propósito era estimular o consumo consciente dos alimentos e sempre esteve de portas abertas para aqueles que estivessem dispostos a trabalhar para a disseminação desse conhecimento sobre hortas”, diz Maria José Avelino Victória, professora de gastronomia da Una.

 

Edição: Daniela Reis

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Por Luiza Vinte e Matheus Velleda

O High End da moda, mais conhecido como alto luxo e as práticas da  sustentabilidade sempre tiveram conotações contra-intuitivas, já que o luxo por muito tempo refletiu o excesso, hedonismo e ostentação, enquanto a sustentabilidade sempre teve fortes mensagens de reestruturação do consumo desenfreado. Entretanto, a sustentabilidade e o luxo carregam valores parecidos, como respeito pela matéria-prima de qualidade, uma mão de obra qualificada, respeitada, o que nos fazem acreditar que há a possibilidade dessa vertente coexistir dentro do mercado de moda e de luxo.

A indústria do luxo em sua primariedade não foi associada junto às questões ambientais e às mudanças climáticas, porém com todas mudanças sociais obtidas nos últimos anos, o luxo passou a evocar um significado diferente em seu conceito, tais conceitos de qualidade, feitos à mão e atemporalidade são intrinsecamente sustentáveis. Além disso com o crescimento do poder aquisitivo entre a gerações mais novas, que tem pensamentos muito mais sustentáveis e eco-friendly que as gerações anteriores, é preciso que as marcas se adaptem e comuniquem com essa nova demanda que cada vez mais se concretiza, não como tendência mas sim uma forma de garantir um futuro justo para as futuras gerações.

Seguindo a linha do raciocínio do mercado de luxo e o crescimento de tendências sustentáveis, listamos algumas tendências que ganharam ao longo das últimas semanas espaços e interpretações dentro das grandes marcas de moda e luxo.

Patchwork

O patchwork, técnica milenar de juntar retalhos de tecidos já era usado no século 9 a.C no Egito antigo como uma forma de reutilizar sobras de tecido e prolongar a vida útil de uma peça, já na idade média o seu uso foi para criar peças que iam por baixos das armaduras para proteger a pele das armaduras, a técnica se espalhou por toda a Europa.

Mas só foi no fim da década de 1960 que a técnica foi  de fato introduzida à moda, graças à forte influência da cultura hippie e a valorização crescente das habilidades e do trabalho manual, que são necessários para produzir patchwork. Neste período o surgimento do artesanato tradicional  se tornou uma alternativa à moda dominante, e como a técnica do patchwork é barata e fácil de se fazer, era uma ótima maneira de adicionar individualidade a uma roupa.

Nos dias de hoje, com o agravamento da pandemia e as formas de repensar moda e consumo, a tendência nostálgica aos anos 60,  traz consigo a ideia de que nada é jogado fora, mas sim reaproveitado. Desde o inverno de 2020 a tendência do remendos, vem ganhando presença nas passarelas e assumindo muitas interpretações, como a Marni que exibiu  um sneaker feito de aproveitamentos, Alexander Wang apresentou um terno abstrato em patchwork, o crescente pensamento de conscientização e reaproveitamento foi até uma das principais tendências abordadas no desfile primavera/verão de 2021 da Dolce e Gabbana, abordou o maximalismo do patchwork, fazendo referência a ilha de Sicìlia na Itália, onde diferentes culturas se encontraram, como os espanhóis e os árabes.

Dolce e Gabbana desfile primavera/verão 2021
Tênis da Marni

 

Tecnologia

Couro que costuma a ser sinônimo de luxo, passou a ser questionado com a medida que o veganismo se torna cada vez mais popular e debatido em todo o mundo. Por muitos anos alternativas como o “couro ecológico” eram facilmente anunciadas como veganas e sustentáveis, mas na realidade o couro de poliuretano (PU) ou policloreto de vinil (PVC) são tão ruins e maléficos ao planeta, muitas vezes piores que o couro animal. 

Com a evolução da tecnologia e avanço em pesquisas de têxteis, alternativas começam a surgir para o mercado/consumidores empenhados em consumir produtos sustentáveis. Um exemplo de como a tecnologia vem se tornando uma aliada do mercado sustentável, foi apresentado esse ano pela marca francesa Hermès, que em parceria a startup de ciência de materiais, a Mycoworks, um material similar ao couro, porém feito de cogumelos. Até o final deste ano um dos modelos de bolsa mais famosos da marca, o “Victoria”  passará a ser confeccionado com esse material.

Sylvania, nome dado ao material, foi resultado de uma colaboração de três anos entre a MycoWorks e a Hermès. Com esse lançamento Hermès se junta a outras grandes marcas de moda e luxo no percurso para encontrar alternativas viáveis e não plásticas ao couro animal, devido às crescentes preocupações ambientais. 

Ano passado grandes marcas como Stella Mccartney, Kering e Adidas também anunciaram que estavam investindo em outra alternativa à base de micélio (parte vegetativa de um fungo) chamada Mylo. Para uma marca tão tradicional como a Hermès, lançar um produto como esse foi surpreendente, já que a marca é conhecida mundialmente pelas suas bolsas, que são consideradas um dos produtos de luxo mais procurados em todo o mundo.  Se sua influência conseguir tornar o couro de cogumelo algo cobiçado, seria uma grande vitória para o meio ambiente. Iniciativas como essas são exemplos de atitudes que podem gerar bons frutos para um consumo mais sustentável e a esperança é que, se bem sucedida, a ideia inspire o resto da indústria de luxo para alternativas mais ecológicas.

Bolsa da Hermès

 

Upcycling

Em junho do ano passado, quando as fábricas da Chanel reabriram, Virgine Viard, diretora criativa da marca francesa, montou uma coleção de resort usando botões e fios que sobraram da última coleção, o que parece soar algo bobo é na verdade uma inovação dentro da marca. Já a Prada, lançou um ano anterior o Re-Nylon, uma coleção composta inteiramente por um nylon regenerado, criado através de um processo de reciclagem e purificação de plástico coletado dos oceanos, redes de pesca, aterros e resíduos de fibra têxtil em todo o mundo.

A prática nomeada de upcycling se consolidou até na alta costura. Em janeiro deste ano, os designers holandeses Viktor e Rolf lançaram a sua coleção nomeada de “Haute Fantaisie”, que revitalizou vestidos, tecidos e materiais reaproveitados de anos anteriores, a coleção que foi descrita como uma “rave de alta costura”, proteja uma energia positiva, desafia ideias do que alta costura pode ser.

Upcycling, como descrito nos exemplos anteriores, é o processo de criação de novos itens a partir de materiais já existentes, duplicando o ciclo de vida das peças, e de um ponto de vista criativo, cria uma nova perspectiva estética e de informações ao produto, tornando-o único. O objetivo dessa tendência que está se tornando mainstream é fazer com que o consumidor e o mercado percebam as consequência de uma produção irresponsável e sem consciência. Além de tudo ainda é uma ótima iniciativa para momentos de incerteza econômica, já que a sua produção é feita com peças antigas, descartando então a necessidade de compra de mais matéria prima.

Viktor e Rolf – primavera 2021

 

Não é nenhuma novidade que a pandemia, nos obrigou parar e repensarmos toda a nossa realidade. A sociedade se isolou, sem saber ao certo quando tudo ia passar, e se de fato vai passar, diversas empresas, sejam grandes ou pequenas, enfrentaram e ainda enfrentam grandes desafios. A garantia de um futuro se tornou incerto para nós e para o planeta. Com o levantamento de pautas como a ameaça à sobrevivência humana, a constante degradação dos recursos naturais, a exploração de animais, o abuso ambiental e o aquecimento da temperatura devido à emissão de gases poluentes tornaram a questão ambiental um assunto urgente e necessário. Os consumidores, que cada vez mais se demonstram abertos a discutir tais pautas, e se tornam cada dia mais preocupados com os impactos ambientais e sociais da indústria da moda,  por sua vez decidem apoiar marcas que promovam a  transformação do setor em uma indústria ecologicamente e socialmente responsável. 

E com essa crescente preocupação em processos e cadeias produtivas responsáveis, ideias de reaproveitamento, adesão de uma tecnologia limpa e ecologia são bastantes interessantes. A esperança é que essas inovações veganas, lideradas pelas grandes marcas cheguem no mainstream e possam ser cada vez mais debatidos. 

Um ponto que chama atenção, são as contradições entre discurso e prática da cadeia de moda, resta saber se as marcas de fato se preocupam com uma mudança limpa e responsável ou se é apenas uma estratégia  de marketing para se manterem relevantes no mercado. É importante que as marcas e as pessoas entendam que a sustentabilidade vai muito além de um couro produzido de cogumelos ou a utilização eventual de retalhos. Para entender a sustentabilidade na moda é importante que olhemos para todos os bastidores de uma marca, seja a origem, os processos químicos dado ao tecido, processo de produção, quem costura, quem e como se distribui. 

Uma roupa sustentável não pode ser produzida em larga escala, não há como padronizar, por exemplo, uma peça feita de patchwork já que a ideia da técnica é utilização de retalhos, e não um mix de texturas, tecidos e estampas. Roupas sustentáveis tem uma produção individual, dentro do seu tempo, se preocupando com os impactos ambientais e sociais. As marcas de luxo andam por um campo minado, por muitos anos as grandes marcas de luxo foram responsáveis por ditar tendências e comandar o mercado, agora sob uma nova pressão de um consumidor mais rigorosos, e com a estrondosa força das redes sociais, se tornou fácil para que todos os consumidores ao redor do mundo se juntem e possam de fato cobrar atitudes ecológicas, transparentes, honestas e responsáveis das marcas.

 

 

Edição: Keven Souza

Por Bianca Morais 

A série de reportagens sobre os 60 anos já trouxe boas histórias a esse Jornal, conhecemos projetos, laboratórios, personagens. E hoje é dia de contar a história de Lélio Fabiano.

Lélio foi um dos diretores que passaram e deixaram uma marca importante na instituição. Sua trajetória foi de junho de 2012 até novembro de 2016, sem dúvida, marcada para sempre na história do Centro Universitário Una. 

Quem é Lélio Fabiano

Jornalista Lélio Gustavo

Lélio Fabiano dos Santos é jornalista, escritor, ex-seminarista e professor. Com 82 anos de idade, ele pode ser considerado um verdadeiro ícone do jornalismo, em sua bagagem inclui passagens pelos mais antigos jornais mineiros. Deu seus primeiros passos profissionais no Jornal Binômio, entrou em setembro de 1961. Em dezembro desse mesmo ano, testemunhou o veículo de comunicação ser depredado por militares. Passou pelo Correio de Minas, Diário de Minas, entre outros. Esteve presente nas ruas acompanhando e cobrindo o pré-golpe de 64, as primeiras passeatas de operários e estudantes, as comissões na Secretaria de Saúde e as Marchas com Deus pela família e liberdade. 

Repórter multifacetado, fazia coberturas esportivas, econômicas, políticas e policiais. Em um tempo no qual não se exigia diploma para ingressar na profissão, Lélio desfrutou dos mais diversos benefícios de ser um jornalista profissional (sem frequentar a universidade) na década de 60, como descontos em impostos e passagens aéreas. 

Usufruindo desse desconto, em 1967, Lélio comprou uma passagem só de ida com destino à Paris, onde foi procurar preencher o vazio que sentia após concluir um curso de Direito na Universidade Federal de Minas Gerais, o qual fez simplesmente para ter o diploma. 

“Fiz direito porque era o curso mais fácil para mim, para estudar você tinha que saber português, latim e francês. Latim eu era craque, dez anos de seminário, português desde o primário gostava de fazer composição, e francês o idioma que escolhi”, explica.

Quando estava em seu primeiro ano no curso de Direito, a UFMG criou o curso de Jornalismo, porém, Lélio já jornalista profissional, não queria estudar em um curso que acabara de abrir. Em razão disso, depois de se formar como advogado,  quando embarcou para Paris, grande centro cultural, iniciou um mestrado no Instituto Francês de Imprensa, na Universidade de Paris, e fez sua dissertação com o tema: “O Alcance Social e Político da informação esportiva no Brasil”. 

Na França, Lélio teve muito mais que a oportunidade de estudar, esteve presente em mais um dos momentos importantes da história do mundo, o Maio de 68, movimento político marcado por greves e ocupações de estudantes. Mais uma vez o jornalista registrava memórias que nenhum governo ditador poderia arrancar dele.

Manifestações em Paris – Arquivo Pessoal

“Eu morava ali no coração da revolução, no Quartier Latin, eu corri da polícia, cheirei gás, ajudei a ocupar as instalações do Instituto Francês de Imprensa”, relembra.

 

Entrada no cenário acadêmico

Por longos anos, Lélio foi seminarista e manteve uma relação próxima com a Igreja Católica, devido à esse motivo, quando voltou da França, foi convidado por Dom Serafim Fernandes de Araújo, antigo reitor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), para que ajudasse na criação do curso de comunicação da instituição. Em meio a ditadura, o jornalista ajudou a erguer aquela faculdade, sendo o primeiro diretor, em 1971.

Lélio e o Padre Geraldo Magela se conheceram nesse período. “Quando era diretor na PUC, o Dom Serafim me pediu para chamar a dar aula na comunicação o tal padre que tinha chegado de Roma e estudado jornalismo, esse era o Padre Magela e ali nos conhecemos”. 

Lélio em seu escritório

A chegada de Lélio na Una

Lélio ficou durante cinco anos e meio na PUC e quando saiu criou sua própria companhia, Lélio Fabiano Comunicação, que prestava assessoria para diversas empresas de diferentes segmentos em Minas Gerais, um dos clientes, inclusive, era o Centro Universitário Una.

Quando os três fundadores da Ânima, Daniel Faccini Castanho, Mauricio Nogueira Escobar e Marcelo Battistela Bueno chamaram o Padre Geraldo Magela para a reitoria da Una, Magela e Átila Simões, que estava na direção, conheciam bem o trabalho de Lélio, e dessa relação surgiu o convite para que ele assumisse como diretor do Instituto de Comunicação e Arte, ICA, o atual campus liberdade.

“Topei o convite com coragem e temor, 40 anos depois de sair da Católica, depois da minha vida ter passado por vários lugares, esse convite, tive a honra de participar do nascimento desse grupo, inicialmente como consultor e em seguida diretor de uma unidade na área a qual era a minha vocação, a minha paixão”.

 

O Lélio e a Una

São 60 anos de Una, e para se marcar um local que em tantos anos se passaram milhares de alunos, professores, coordenadores, diretores e reitores, é preciso ser um sujeito muito extraordinário. 

“Entrei em uma hora muito interessante, no início de uma grande aventura, o curso já existia muito bem, mas cheguei para consolidar mais e propor um ambiente relaxante. Até hoje eu trabalho muito movido assim, pela liberdade, franqueza, não aquele autoritarismo. Meu principal trabalho foi reunir os professores, funcionários, coordenadores de cursos e laboratórios e acho que cumpri minha missão”.

Lélio revolucionou o ICA, a começar pelo nome, antes de sua entrada a pronúncia dessas três letras era separada: I – C – A e isso incomodava o novo diretor, o campus não tinha uma marca.

“Uma das maiores escolas de comunicação do país era o ECA, da USP, Escola de Comunicação e Artes da faculdade de São Paulo, ali foi celeiro de importantes teóricos e profissionais. Eu queria uma marca dessas para o nosso, falei que I-C-A era foneticamente feio, usei o ICA, e aí virou ICA para tudo, todo mundo sabia do ICA, internamente pelos alunos e quem vinha de fora”.

O ex-diretor participou de diversas mudanças estruturais no ICA, para que aquele lugar se tornasse um ambiente de conforto. Segundo ele, fez uma revolução arquitetural, com sua ajuda os arquitetos da Una assimilaram o espírito do campus, uma faculdade de portas abertas.

“Eu falava que dirigia das masmorras, porque era embaixo, perto ali onde é a biblioteca. Chegava para os reitores e falava que não era possível esconder os professores lá, estou escondido, eu queria aparecer. Você não vai fazer comunicação subterrânea”.

Como diretor, Lélio não tinha muita proximidade dos alunos igual na época em que era professor, por isso, sempre que tinha oportunidade de discursar para eles, seja nas cerimônias de formatura ou nas semanas de palestras de cursos, ele procurava levar para os jovens a importância da liberdade, de ser livre dentro do espaço que estuda, ele buscava abrir as portas dos cursos e fazer eles trocarem ideias entre si.

Enquanto com os estudantes os encontros eram poucos, com os professores Lélio tinha uma grande proximidade. “O grupo de professores que encontrei, diria eu, que fui privilegiado de dirigir, se eu fosse técnico de futebol seria aquela famosa seleção brasileira da década de 70, Pelé e Tostão. Foi um tempo muito rico, e eu era estimado por eles da mesma forma como eles eram por mim”. 

Lélio Fabiano e seu time de professores, em ordem da esquerda para direita: Lélio Fabiano, Sávio Leite, Roberto Reis, Tatiana Carvalho, Pedro Coutinho, Júlio Pessoa, Piedra Magnani, Daniela Viegas
Piedra Magnani, Cândida Borges Lemos e Lélio Fabiano dos Santos na 5ª ExpoUna

Lélio e o Núcleo de Conteúdo (NUC)

Lélio era diretor do Instituto de Comunicação, logo, liderava os cursos do campus liberdade, sendo eles cinema, jornalismo, relações públicas, publicidade e propaganda e moda, mas não podia negar seu lado jornalista, que passou por tantos momentos históricos.

O diretor instigava os alunos a irem atrás das notícias, na fase em que dirigiu o campus, acontecia no Brasil as manifestações de junho de 2013, o comunicador estimulou não apenas os estudantes como o próprio Jornal Contramão a vivenciar aquilo.

“Lembro que houve confusões com a polícia, eu falava para eles irem, enfrentarem, complicarem tudo. Jogaram uma bomba em cima de um dos meninos e o NUC tinha a foto, falei, pública, não tem frescura não. Busquei dar forças e me juntei a quem queria gritar”.

O jornalista viveu o maio de 68 na França. “O francês é assim, um cara cuspiu na rua, no dia seguinte sai notícia sobre aquele cuspe”, e era aquilo que ele queria levar a Una, portanto, logo no dia seguinte ao início das manifestações ele já organizava debates com o objetivo de discutir sobre o assunto na faculdade, Lélio queria movimentar tudo. 

Na época em que era diretor, o campus ainda tinha a extensão do ICA, o ICBEU, lá era onde encontravam-se os laboratórios, entre eles o NUC. Lélio abriu o NUC para o mundo ver, retirou as cortinas pois tampava a visão da calçada.

“O NUC precisava disso, ele estava meio isolado, eu ia muito lá, fiz uma transformação, eles trabalhavam de frente a rua da Bahia, uma das principais de Belo Horizonte, estava se criando o circuito cultural de Bh, então vamos participar disso, vamos deixar as pessoas passarem e nos verem”. 

Um local físico precisa irradiar, e Lélio fez não somente o NUC, como todos os outros laboratórios e a instituição irradiaram. 

“A única coisa que me deixou danado foram aquelas escadas de incêndio. Precisa? Então faça, mas vamos fazer ela da forma mais bonita. É lei, a gente não vai lutar contra a lei, isso é bobagem”.

 

O último diretor romântico

Lélio se identifica como o último diretor romântico do campus, romântico porque manifestava a paixão, se entregou por completo a cada um dos cursos que dirigiu.

“Os projetos tão aí, o curso de cinema na fase em que tinha o Júlio e o Cicarini, conquistaram tanto espaço. O curso de moda, eu tinha uma paixão por aqueles desfiles, aquilo para mim era um São Paulo Fashion Week, queria que chamasse São Paulo Fashion ICA, era um negócio tão bonito. A agência de publicidade, tantos projetos bacanas”.

O diretor impulsionava seu time de estrelas, durante sua gestão muitos projetos foram realizados, a Una se tornou um dos maiores centros acadêmicos universitários social na área de inclusão, programas de luta anti racista, contra a homofobia, realizados pelos professores Roberto Reis e Tatiana Carvalho Costa com seu apoio.

 

Homenagem a Lélio Fabiano

Lélio Fabiano é uma pessoa que merece ser aplaudida de pé, e qualquer homenagem a ele ainda não é o suficiente para tudo que ele ofereceu, e é com todo o respeito e gratidão a esse esplêndido profissional, que o campus liberdade deu seu nome à sala dos professores. 

“Eu levei assim, o respeito sem medo, me senti respeitado e jamais temido. Esse simbólico mexeu muito comigo, fotografei e mandei para toda a família, porque se eu tivesse sido um babaca, autoritário, mal humorado e chato eles não teriam me homenageado”. 

A Sala Professor Lélio Fabiano dos Santos é o pedaço do ex- diretor que sempre estará presente na faculdade. 

Placa em homenagem ao jornalista

“A Una e o Grupo Ânima foram muito importantes para mim, cheguei com dignidade e sai com mais dignidade ainda. Sai em um momento de maturidade e até um pouco de idade, tenho juízo suficiente para saber quando a gente é mais produtivo, e foi assim, eu entrei na Una e a Una entrou em mim, e nenhum sai do outro”.

 

Recado de Lélio aos futuros jornalistas da Una

Lélio nasceu na segunda guerra mundial, esteve presente durante a ditadura militar e em maio de 68, pegou os piores e melhores papas da igreja católica, hoje enfrenta a pandemia da Covid-19 e com tudo isso o jornalista deixa uma palavra aos futuros ocupantes de seu lugar: Resistência. 

Para quem assistiu de perto momentos absurdos de autoritarismo do governo, falta de liberdade da imprensa, ver atualmente, depois de tanta luta, a regressão, muitos pedindo retorno do governo militar, voto impresso, é absurdo. 

“Depois do regime militar veio uma nova constituição e eu jamais imaginaria que isso poderia voltar, o que é a memória do brasileiro, onde foi que nós erramos”.

Na opinião de Lélio é imprescindível que um bom profissional esteja sempre bem informado, é preciso aprender a ler jornal, conhecer, comparar, saber criticar. 

“Como é uma aula de jornalismo que ninguém sabe ler jornal. Nas minhas aulas eu ensinava a ler jornal. Um jornal impresso bem feito te dá notícias de tudo: política regional, nacional e internacional, futebol, cultura, tem que ler O Globo, a Folha de S. Paulo e Estadão”.

E não somente a mídia impressa, é necessário ver a mídia da internet e televisão.

“Não é assim, detesto a globo, globo lixo, espere aí, minha paixão não é o Bonner, se for paixão eu assisto a Monalisa Perroni, essa sim tem entusiasmo e movimento o jornal, mas é preciso ser crítico, saber criticar, então no meu ponto de vista jornalista que fala Globo Lixo, não deveria nem passar”.

Ser jornalista é amar a profissão, estar sempre se profissionalizando e procurando aprendizado. Desta maneira que Lélio conquistou tanto, desde pequeno lá na cidade de Guaçuí no Espírito Santo, ainda garoto ele ia até a agência de banco onde o pai trabalhava para ler O Jornal, líder do Diário dos Associados. O impresso chegava de trem, uns cinco dias depois de ser publicado, notícias antigas que ele já havia escutado no rádio, mas mesmo assim sentia o prazer imenso de ir a fundo e ler. 

Lélio dá notícia de tudo, quando professor, chegava em sala de aula e escrevia no quadro de giz tópicos como: 3 regiões do mundo em conflito, 4 cemitérios de Belo Horizonte, 7 jogadores da seleção brasileira de vôlei, 4 ministros do governo federal, na sequência falava aos estudantes que escrevessem em uma folha de papel e entregassem no fim da aula.

“Os alunos apavoravam, ‘não sei 4 cemitérios’, e eu falava, pois é, o jornalismo vai dar notícias sobre cemitérios. ‘Ai não gosto de vôlei’, mas vai precisar falar de vôlei. É a nossa profissão, sinto muito, temos que saber, ler jornal todo dia, passar o olho na mídia impressa”. 

 

Recado de Lélio para os 60 anos da Una

“Sendo diretor da Una senti o mesmo ardor, a mesma paixão de quando criei o curso de comunicação da católica, com meus 32 anos em plena ditadura militar. Voltar ao acadêmico nos meus 70 anos para mim foi uma boa oportunidade, liderei uma equipe excelente, voltei a uma praia que eu estava acostumado a frequentar.

E digo a vocês, um sozinho gritando é pouco, dois é bom e três faz uma gritaria, acho que o dia que essa Una não gritar mais, esqueça, está acabando. É muito importante que o grupo não enfraqueça, não deixe o fogo apagar, soprem as brasas e deixe a cinza entrar nos olhos dos outros, não no nosso, e vamos continuar”.

 

Edição: Daniela Reis