Entretenimento

Após 69 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, o assunto ainda é forte e consegue chocar. Infâncias roubadas pelo holocausto e o terror imposto pelos nazistas é revelada na exposição “Tão somente crianças – infâncias roubadas no holocausto”, que foi aberta nesta terça-feira, 07, na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, em Belo Horizonte.

A exposição faz parte do Museu do Holocausto de Curitiba, que disponibilizou parte do seu material, como alguns objetos, vídeos e fotografias, além de doações de sobreviventes do holocausto, para uma mostra intinerante. Belo Horizonte é a quarta capital a receber “Tão somente crianças”, São Paulo, Brasília e Porto Alegre, também já sediaram a exposição.

A instalação de uma câmara escura, ganha destaque. Nela, o público se vê cercardo de luzes refletidas em espelhos, que representam as crianças que foram mortas durante a Segunda Guerra. E, a partir de um telefone, reproduz vozes de crianças e adolescentes que dizem o nome, idade e cidade onde cada uma das vítimas nasceram. A Lista é extensa e causa incômodo aos visitantes.

Nos tablets espalhados pela biblioteca, estão depoimentos em vídeo de sobreviventes contando suas histórias no campo de concentração. As fotografias, trazem junto consigo, um pouco da história nazista e o horror que as crianças passavam nos campos de concentração. Ao fundo da biblioteca, foi instalada uma cômoda com várias gavetas, algumas coloridas e abertas, que representam as infâncias vividas e algumas pretas e trancadas, que representam a infância roubada pelo holocausto junto com um painel que registra os direitos internacionais das crianças pela UNICEF.

O público pode visitar a exposição até o dia 31 de outubro, entre as 8h e 20h, de segunda a sexta, e da 8h as 16h, aos sábados. Entrada gratuita.

Texto e foto: Lívia Tostes

Em parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o grupo de teatro Espanca!, fundado em 2004, comemora seus 10 anos com uma programação especial. Após o lançamento nacional da peça “Dente de Leão” no próprio CCBB, a mostra Espanca! 10 Anos dá continuidade as apresentações com o espetáculo “Amores Surdos”. Nela conta-se a história de uma família formada por um pai ausente, uma mãe superprotetora e seus filhos. Além das dificuldades de convivência entre família, a peça traz uma metáfora sobre a passagem para a vida adulta e a perda da inocência.

Sediado em Belo Horizonte e com currículo de 587 apresentações em 57 cidades de 15 estados brasileiros, além da Alemanha, Colômbia e Uruguai, o Espanca! é um dos principais grupos de teatro do Brasil. Com trabalhos que procuram ser reflexos do tempo em que viviemos, o grupo conta com títulos como “Por Elise” (2005), “Amores Surdos” (2006), “Congresso Internacional do Medo” (2008) e “Marcha Para Zenturo” (2010). Em seus 10 anos, o Espanca! também já realizou três edições do “ACTO! – Encontro de Teatro”, um evento que é, ao mesmo tempo, um festival de teatro e um encontro entre companhias brasileiras.

Em entrevista ao Jornal Contramão, Marcelo Castro, 32, ator e co-fundador do grupo, disse que, embora cada peça aborde diferentes temas, os trabalhos não são focados neles em si. “Nos apoiamos no discurso dos textos e a partir dos ensaios vamos construindo o que a peça diz”, afirmou Castro.

O trabalho do grupo já foi vencedor dos principais prêmios brasileiros, como Prêmio Shell SP, SESC SATED MG, SIMPARC MG, Qualidade Brasil e APCA; e participou dos principais eventos de artes cênicas do país, como o Projeto de Intercâmbio com a Cia. Brasileira, o Festival de Cenas Curtas promovido pelo Galpão Cine Horto, além da IX Mostra Latino Americana De Teatro De Grupo.“Tanto a mídia quanto a crítica especializada reconhecem sua produção [do grupo] como de grande relevância para o teatro contemporâneo do país”, destacou Castro.

Para Marcelo, a abertura da sede do grupo, inaugurada em 2010, foi uma das principais mudanças nesses 10 anos de história. “Por sua localização e intensidade acabou influenciando as escolhas estéticas do grupo”, contou.

Programação de aniversário

Hoje, o grupo Espanca! é formado pelos atores Marcelo Castro, Gustavo Bones e a produtora Aline Vila Real. Em celebração aos 10 anos do grupo, a Mostra Espanca! apresentou em março, para o público do ACTO3!, a peça “Marcha Para Zenturo”; em junho “Congresso Internacional do Medo” esteve em cartaz no Teatro Alterosa; e em julho “Por Elise” voltou aos palcos do CCBB. Durante o mês de setembro foi a estreia nacional de “Dente de Leão”, também no Centro Cultural. Após a temporada de “Amores Surdos” (24/09 a 06/10), a montagem “O Líquido Tátil”, dirigida pelo argentino Daniel Veronese, estará em cartaz de 8 a 13 de outubro no teatro do CCBB, encerrará a programação comemorativa do grupo.

Texto: Umberto Nunes

Foto: Guto Muniz, divulgação.

Foi exibido ontem, 20, no Cine Humberto Mauro no Palácio das Artes um clássico do cinema brasileiro, o filme “Amante Latino” (1979) estrelado pelo cantor Sidney Magal, 61, que presenciou e interagiu com participantes no fim da sessão. A presença do cantor fechou a Mostra Curta Circuito que apresentou no mês de setembro clássicos do cinema brasileiro.

Apesar da demora para se abrirem as portas e dar inicio a sessão, a carreira do artista e algumas histórias dos anos 1970, contadas por idosos que aguardavam na fila, deixaram a espera menos tortuosa. As portas foram abertas e os organizadores do Curta Circuito apresentaram o objetivo da mostra e agradeceram a todos que colaboraram para a sua realização.

Ao som de Sandra Rosa Madalena, o cantor surgiu no palco, dando o ar de sua graça. Com o seu bom humor clássico, Magal fez piadas sobre o seu peso e sobre a sua atuação sem experiência no longa. O músico contou ao público como foi descoberto para o papel e o motivo de ter poucas falas: “Inexperiência!”, destacou.

O filme entrou na tela acompanhado com palmas e mais uma trilha musical do cantor. A história trata de temas como ecologia e pessoas que são expulsas do lugar ondem moram, ciganos e hoje, sem-teto. Apesar de polêmica, a temática foi tratada com muito humor, pela irreverência dos personagens.

Com o encerramento da sessão, o artista deu início a um depoimento emocionado, falando sobre as amizades que fez durante as gravações e que foi emocionante ver depois de tanto tempo o filme sendo exibido em uma sala de cinema. Relatou também, com a voz embargada, que vários atores já faleceram, e que isso tornou ainda mais gratificante a participação na mostra.

O bate-papo como era de se esperar, foi bem divertido. O público fez perguntas e contou ao artista histórias que tinham em relação a ele. Sidney agradeceu aos participantes o carinho e disse estar satisfeito pelo que fez ao longo da carreira, deixando em evidencia que mesmo depois de tanto tempo ainda é aclamado pelo público, que só teve histórias boas a contar.

Texto e foto: Ítalo Lopes


 

 

 

A primeira área de lazer de Belo Horizonte, o Parque Municipal Américo Renné Giannetti, conhecido apenas como Parque Municipal, completa nesta sexta-feira, 26, seus 117 anos. O parque é uma área de preservação ambiental fundada em 26 de setembro de 1897, inspirada nos parques franceses da Belle Époque. Com uma área de 182 mil quilômetros quadrados, tem cerca de 280 espécies de árvores exóticas, como figueiras,jaqueiras, cipreste calvo; e aproximadamente 50 espécies de aves, como: bem-te-vis, sabiás, garças.

A diversidade ambiental da área é tão importante para de Belo Horizonte que o local foi apelidado de “pulmão da cidade”. O parque possui, também, uma nascente com vazão de cerca de 100.000 litros por dia (leia mais em: https://contramao.una.br/nascente-de-rio-possui-vazao-de-100-000-ldia/). Entretanto a importância do local não se restringe a questões do meio ambiente. A reserva mostra sua participação cultural também, com projetos como Guernica, no qual jovens em situação de vulnerabilidade social têm oficinas de artes plásticas, ou como o Sementes de Poesia, que reúne pessoas na praça dos funcionários para recitar versos.

O lugar também costuma ser palco de casos curiosos, como conta Joana Aparecida, 49, ajudante de serviço público do local há 14 anos. “Uma vez, no aniversário do parque, um cara se enforcou aqui.”, diz. Mas nem todas as histórias são tristes. Relembrando de casos engraçados, Joana conta o do aniversário de 2001 do parque. Na ocasião, o hotel Othon Palace fez um bolo de 15 metros para os visitantes do lugar. “Todo mundo que entrava e saia ganhava um pedaço de bolo”, lembra a moça. O caso terminou em uma cômica confusão. Ao final, o bolo gigante não conseguiu atender a demanda dos visitantes. “O pessoal estava disputando os farelos do bolo, que sobram na mesa, quase no tapa. Principalmente os moradores em situação de rua”, relata.

Além dos projetos culturais, dentro do parque temos o Teatro Francisco Nunes, com programação que envolvem tanto o teatro quanto a dança. E também o Palácio das Artes, um centro cultural que reúne a loja de artesanato, exposições de artes, cinema e peças teatrais. Desde sua fundação até a atualidade, o parque passou por inúmeras modificações e reformas, a principal dela ocorreu em 2005, quando foi criada a Fundação de Parques Municipais (FMP) que passou a administrar o lugar, que foi responsável pela requalificação da área do Teatro Francisco Nunes e o desenvolvimento de um projeto paisagístico.

Belle Époque

O Parque Municipal, que teve sua  inauguração no final do século XIX, antes mesmo da inauguração da capital, e foi inspirado nos parques franceses da Belle Époque, com roseiras e coreto. A Belle Époque (expressão francesa que significa bela época) foi um período de cultura cosmopolita na história da Europa. Teve seu início no final do século XIX, por volta de 1880, durando até a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914.

No Brasil, teve início em 1889, com a proclamação da república, e foi até 1922, com a chegada do Movimento Modernista e a Semana De Arte Moderna, em São Paulo.

Comemorações

Parque Municipal está com uma programação especial de aniversário, com música, teatro, exposições e outras atividades para todos os públicos. Veja a programação:

Sábado, dia 27:

– Das 15h às 17h30: Espetáculo “Sem Fonia Musical”, com repertório de Yepocá Companhia de Teatro, na Praça do Trenzinho.

– Às 16h: Concerto no Parque – Coral Lírico de Minas Gerais – Gramadão.

Domingo, dia 28:

– Das 10h às 12h: Apresentação do Palhaço Chaveirinho na Praça do Trenzinho.

Texto: Umberto Nunes.

Foto: Divulgação site Prefeitura de Belo Horizonte.

 

Neste final de semana, 27 e 28 de setembro, ocorrerá a primeira edição do Festival Fartura BH. Organizado pela mesma equipe do Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes, o evento reunirá chefs, cozinheiros e produtores de quatorze estados brasileiros na  Praça José Mendes Júnior, localizada ao lado do Palácio da Liberdade em Belo Horizonte.

Para a realização deste evento, a organização promoveu a Expedição Fartura Gastronomia. O intuito era realizar um mapeamento de produtos, receitas, ingredientes e chefs, uma vez que o Brasil  pode ser considerado um continente da gastronomia. Durantes três anos,  a expedição passou por dezessete estados, percorreu 48.000 km e entrevistou diversos personagens da culinária brasileira.

Todo o conhecimento desta viagem acabou sendo transformado em um livro e em um curta-metragem. Este que foi vencedor da 1ª Mostra de Ensaios de Sabores Audiovisuais (MESA) 2014, na categoria Curta.

A troca dos ingressos estão sendo realizadas no Supermercados Verdemar (Lojas: Buritis, Raja Gabaglia e Sion) e são liberados apenas 4 por CPF. Para que a troca seja efetuada é necessário 2kg de alimentos não percíveis (exceto sal e fubá) ou R$ 10,00 que serão doados para o Servas.

Saiba mais sobre a programação completa: https://www.farturagastronomia.com.br/

Texto: Bárbara Carvalhaes

Imagem: Retirada do site Sou BH

 

O sábado começou muito bem!

Por algum milagre, acordei cedo (por volta das 10h), abri meu e-mail e lá estava a notícia de que Antônio José Santana Martins, vulgo Tom Zé, me receberia no hotel em que estava hospedado para uma entrevista. Na hora achei que era uma pegadinha, mas realmente era um sonho se tornando realidade.

Cheguei no hotel acompanhada de um amigo, Felipe Dias Chagas, que também é estudante de Jornalismo e se dispôs a me ajudar. Por volta das 14h15min fomos recebidos por uma moça muito simpática, a Tânia. Ela é produtora do Tom Zé e há 13 anos convive com a pessoa mais encantadora que tive o prazer de conhecer. Tânia nos conduziu para a área da piscina e academia do hotel para que pudéssemos nos preparar.

Eu e Felipe estávamos ansiosos e nervosos, quando estava tudo pronto. De repente, surge homem baixinho, magro, de cabelo bagunçado e com uma cara de quem tinha acabado de acordar. Sim era ele, Tom Zé estava em nossa frente e logo abriu um sorriso, vindo nos abraçar. Como fomos muito bem recebidos, tratamos logo de ficar bem à vontade.

Durante a entrevista, ou melhor, a conversa, Tom Zé falou sobre a cultura da música brasileira, manifestações que tomaram as ruas, redes sociais (confessou não ser muito bom com elas), as novas bandas que estão surgindo, as ideias dos jovens, ética. Quando perguntei sobre o show e citei que a rua Guaicurus era famosa pelos “bordéis” ele riu. “Genial essa palavra bordel. Eu só vi essa palavra nos livros dos poetas franceses”, disse sorrindo. Com isso nos contou casos de sua infância em Irará e sua adolescência nos “bordéis”. “No tempo que eu nasci, não se comia namorada, ave maria, pelo amor de deus, comer uma namorada, ninguém nem sonhava com isso”, contou, chorando de rir.

No final, fez questão de nos perguntar em qual período e curso que estávamos. Quando dissemos Jornalismo, ele sorriu e disse “estão no caminho certo, um dia quero ver vocês no New York Times, e olha que lá paga-se bem”. Ao final da entrevista, conversamos sobre a situação da ocupação Isidoro e ele fez questão de tirar uma foto em apoio às famílias. No último abraço e beijo, pediu para que enviássemos o que seria produzido.

Saímos desse papo com a cabeça nas nuvens e seguimos para o centro. Já estava quase na hora da Virada Cultural começar. Paramos na praça para tomar uma cerveja em comemoração e encontrar com alguns amigos. A rua já estava movimentada e respirando as 24 horas de arte que já estava para começar em BH.

Segui para o Sesc Palladium, onde me deparei com a Céu. Não conhecia muito, mas ela me surpreendeu com sua voz doce cantando Bob Marley. Na rua Rio de Janeiro, onde o palco estava montado, havia muitas pessoas. Muitas delas continuaram ali e foram assistir filmes no Sesc Palladium, com uma programação muito bacana de filmes nacionais.

Descemos a rua no sentido da Praça da Estação. Quando chegamos, o rapper Flávio Renegado se encontrava no palco agitando a multidão. Logo em seguida, Raimundos sobe ao palco. Pra quem curtiu o rock dos anos 90, assistir o show e participar dos moshs, foi sensacional.

Em seguida, fui para a rua Guaicurus, já perdida da turma. No caminho encontrei com um amigo, Felipe Oliveira, e chegamos na famosa rua. Um local que nunca me dei a oportunidade de conhecer, e como eu, havia dezenas, centenas, milhares de pessoas que estavam vivenciando a Guaicurus pela primeira vez. Uma experiência inédita. As escadas que davam acesso aos “bordéis” não paravam, era um sobe e desce danado. Os cines-putaria também não paravam, e os comentários de quem assistia todo esse movimento eram os melhores. “O que deve ter de doença nesse lugar!”, “Olha o tio descendo a escada”, “olha a cara de feliz do sujeito”, “hoje elas devem estar faturando horrores”, “pobres coitadas”. Mas a energia daquela madrugada, naquela rua, foi fantástica. Era uma verdadeira miscelânea.

O show mais aguardado da Virada Cultural estava para começar. Tom Zé subiu ao palco as 2 horas da manhã. E que show! Perdemos a noção do tempo ali, em êxtase. As músicas que tiveram seus refrões acentuados, o clima de novidade e as projeções com figuras femininas mostrando toda a sua sensualidade e nudez que ilustravam a apresentação, sem dúvida marcaram todos que estavam presentes e a história da Virada Cultural de Belo Horizonte. Ele conseguiu mesclar o show com a própria rua.

Tom Zé criou uma marchinha especial para a famosa “rua das putas”. “Guaicurus, Guaicurus, toda menina aperta na medida / Guaicurus, Guaicurus, se não fosse tu, Belo Horizonte podia ‘tá’ fodida/Guaicurus, Guaicurus, carrega tua cruz que no buraco também tem luz”, e assim ensaiou várias vezes com o público, que cantou como se fosse um hino. Como mais cedo, ele manifestou-se favorável à ocupação Isidoro e durante o show falou sobre este exemplo de resistência. Alguns representantes do movimento levantaram a bandeira #resisteIsidoro. O povo foi a loucura e eu chorei!

Texto: Lívia Tostes

Foto: Maíra Cabral