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O psicólogo e escritor, João W. Nery, 62, lançou na Casa UNA de Cultura o livro Viagem solitária, uma autobiografia que narra os preconceitos e problemas enfrentado pelo primeiro transhomem do Brasil. O lançamento reuniu aproximadamente 60 pessoas, na noite de ontem, e foi seguido de um debate, cujo tema foi “Diversidades”. “Meu livro é uma autobiografia, é todo em primeira pessoa. Eu sou considerado o primeiro transhomem. Eu gosto dessa palavra, transhomem”, informa João Nery.

O termo transhomem, quando uma mulher se torna homem, ainda, hoje, é pouco conhecido no país. “Eu sempre me senti um menino”, esclarece o autor que se submeteu ao procedimento cirúrgico em 1977, aos 27 anos, em plena ditadura militar no Brasil. “Eu nasci na década de 50 e não se falava na palavra transexualismo. Ninguém no Brasil sabia o que era isso, só no exterior”, informa.

Bate Papo com João Nery

De acordo com Nery, mestre em psicologia, todo o processo de reconhecimento do sujeito ocorre por meio do reconhecimento do outro. “Eu acredito que a partir dos 3 anos mais ou menos, quando a gente começa a pronunciar o pronome “eu” é que a gente começa a se tornar uma pessoa, a se diferenciar do outro. E a partir do outro que a gente se reconhece. A gente sabe que é moreno porque tem o loiro, a gente sabe que é magro porque tem o gordo”, explica João Nery.

João W. Nery está em Belo Horizonte para divulgar o livro e participar do 7º Encontro de Travestis e Transexuais da Região Sudeste e 1º Encontro Nacional da Rede Trans Educ, na UFMG. Militante da causa LGBT, Nery se diz defensor das minorias. “Eu também sou muito feminista. Eu luto contra qualquer tipo de discriminação. Eu sou pelas minorias”, enfatiza.

Bate papo com João Nery

Confira o video:

Por: Raquel Ribas e João Vitor Fernandes

Foto: João Vitor Fernandes

Moradores e comerciantes compareceram, ontem, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, para uma Audiência Pública que discutiu o Projeto de Lei (2031/11), que visa implantar o espaço cultural “Praça da Savassi”.

A Audiência contou, também, com a participação de representantes de classe, dentre esses agentes culturais, a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) e Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), além de representantes dos moradores da região da Savassi.

A proposta do vereador Tarcísio Caixeta (PT) levanta questões sobre um espaço para a cultura em cena em espaços públicos. Na contramão das reivindicações dos moradores da região da Savassi, Leonardo Cezário, 32, coordenador do Duelo de MC’s, defende uma cidade para todos, com a promoção de eventos e espaços culturais. A despeito disso, ele relembra e se indigna com a forma na qual pessoas denominadas do movimento Hippie são tratados na Praça 7, no centro Belo Horizonte. “Uma cidade silenciosa é uma cidade oprimida. Temos que ter espaço pra fazer barulho”, diz.

Confira a entrevista com Leonardo Cezário no podcast:

Por Felipe Bueno e Raquel Ribas

Edição de áudio: Anelisa Ribeiro


Hoje, no dia do primeiro aniversário da Casa UNA o gestor cultural Guaracy Araújo diz estar muito contente e satisfeito pelo aniversário e espera que seja o primeiro de muitos outros. “É uma alegria para todos”, afirma. “A gente sabe como é difícil levar um projeto cultural adiante. Temos que comemorar”. Durante este primeiro ano, o centro cultural trouxe para o público grandes exposições, oficinas e artistas como Elke Maravilha e Sérgio Britto.

A coordenadora Janaína Vaz resume em duas palavras este momento: “alegria e construção”. E destaca ainda, que este primeiro ano foi de aprendizado e superação. “Foi uma fase de entender o projeto”. “O objetivo de agora em diante é viabilizar parcerias, dar continuidade ao projeto e continuar abrigando a boa cultura”, explica a coordenadora.

Localizada no casarão antigo à Rua Aimorés, 1451, no bairro de Lourdes, a Casa UNA conta com temas mensais, que norteiam as intervenções artísticas e culturais do espaço. Ao longo deste ano foram explorados diversos assuntos como o riso, a cultura Árabe, a poesia dentre outros.

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A Casa UNA fica localizada no casarão antigo à Rua Aimorés, 1451, no bairro de Lourdes.

No mês de maio o tema abordado foi poesia. O mês de julho contou com manifestações artísticas que rodearam o mundo Árabe . A coordenadora da Casa UNA, contou na ocasião que “o objetivo é propor um novo olhar acerca de uma região que muitas vezes é mal interpretada”.

Ainda no mês de julho, a atração paralela foi o cantor e integrante da banda Titãs, Sérgio Britto, que estava em Belo Horizonte para um show de divulgação do seu CD solo “SP55”. No mês de agosto o tema foi “O riso” e Guaracy Araújo marcou presença com a palestra “O riso contra o poder”. “O riso embala bem as coisas, aquilo que parece muito doloroso, muito difícil e até muito ofensivo, o riso de certa forma atenua isso, além do mais quando as pessoas são capazes de rir de alguma coisa, elas também são capazes de se identificar e se posicionar em relação àquilo”, explicou o gestor durante sua palestra.

Este mês

No dia de seu primeiro aniversário a Casa UNA receberá o ator Marco Ricca, o autor do Grupo Galpão Chico Pelúcio e o diretor Sérgio Borges.

Confira no site da Casa UNA mais informações e a programação completa:

https://www.casauna.com.br/

Por: Bárbara de Andrade

Fotos: Felipe Bueno

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Na abertura da Mostra “30 anos sem Glauber Rocha – Um Leão de Muitas Cabeças”, nesta manhã, os alunos do curso de Moda fizeram uma intervenção no pátio do ICA que resgata a estética da fome que marca a concepção de cinema praticada por Glauber Rocha.

Um grupo de alunos trajando roupas inspiradas no cangaço leram trechos dos texto de Glauber Rocha. “O objetivo da apresentação foi traduzir a independência do cinema nacional com relação à Hollywood, com a identificação do povo brasileiro”, o consultor de moda, professor e jornalista, Aldo Clécius Neris da Silva, 32. “O figurino da apresentação foi totalmente criado pelos alunos de moda”, informa.

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De acordo com Aldo Clécius, a apresentação foi inspirada numa concepção artística que compõe o universo de Glauber Rocha. “A inspiração principal foi a estética da fome que expõe a pobreza, o primitivismo, que os estrangeiros consideram como exótico, diferente e bonito”, explica. “O brasileiro enxerga a miséria e as mazelas do povo no cinema nacional, por ser um cinema artesanal, com dificuldades na criação”, avalia Aldo Clécius.

Na concepção de Glauber Rocha, o cinema deve ser feito com o material que se tem em mãos, seja de grande valor ou não, a questão é ser criativo, original. O importante é a história que se conta, fugindo das regras e dos padrões criados pelos estrangeiros.

Por Anelisa Ribeiro

Fotos Anelisa Ribeiro e Bárbara de Andrade

Passeata percorre a região Centro-Sul e impacta novamente sobre o trânsito

Os motoristas, os pedestres e os usuários do transporte coletivo que passaram pela região Cento-Sul de Belo Horizonte, na tarde desta quarta-feira (24), encontraram retenções no trânsito em diferentes pontos. A partir das 17h, os professores da rede estadual de ensino, em greve há 70 dias, saíram numa passeata que começou no pátio da Assembléia Legistlativa, no bairro Santo Agostinho e terminou na Praça Sete. Os principais corredores de trânsito como as avenidas Amazonas, Afonso Pena e Bias Fortes ficaram congestionadas.

Segundo o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), cerca de nove mil pessoas participaram do protesto. Na assembléia, os professores decidiram pela manutenção da greve por tempo indeterminado. De acordo com o sindicato a proposta de política salarial anunciada pelo Governo de Minas não atende às reivindicações da categoria e foi rejeitada. Os professores reivindicam a equiparação do piso salarial do Estado ao piso nacional.

Trânsito

Conforme a BHTrans, as principais vias de acesso ao centro ficaram interditadas. Contactada pela reportagem, horas antes da passeata, o órgão que gerencia o trânsito da cidade afirmou que desconhecia a informação de que haveria uma passeata na região Centro-Sul.

Muitos motoristas e pedestres ficaram revoltados com a situação, mesmo concordando com a legitimidade da greve. Para o assessor parlamentar Abraão Issa as  manifestações tem que ter lugar certo e a hora certa, tem que ser marcada. “Não concordo nem com a manifestação dos professores, nem com o trânsito idependente de manifestação, está tudo horroroso nesta cidade, muito mal planejada”, avalia.

Já o operador Felipe Guedes manifesta concordância com o manifesto. “Mesmo que esteja me atrapalhando no trânsito eu tenho que aceitar”, destaca. A funcionária pública Valdecir Batista endosssa essa opinião. “Com relação ao trânsito eu não gosto, mas eu sou a favor da manifestação dos professores”.

O empresário José Antônio Alcântara, por sua vez, critica o horário escolhido pelos professores. “A manifestação está atrapalhando o trânsito demais, me atrapalhou a buscar os meninos na escola, me atrasou totalmente. É uma falta de responsabilidade dos professores em fazer uma coisa dessa e logo no horário de pico, prejudica todo mundo”.

O cabelereiro Deivison Tavares também critica o horário escolhida para a passeata dos grevistas. “Deveria ter uns horários melhores, porque a gente sai cansado do serviço, fica agarrado dentro do ônibus”. Mas reconhece a importância do movimento. “Mas não deixa de estar certo fazer a manifestação, porque a categoria ganha muio mal”,conclui.

De acodo com o Sind-UTE/MG, a próxima assémbleia dos professores da rede estadual de ensino está prevista para o dia 31 de agosto.

Por: Bárbara de Andrade e Marina Costa

Fotos: Felipe Bueno