Page 320

As barbearias no centro da capital funcionam como ponto de encontro de amigos e mantém a tradição de aparar a barba de forma menos penosa para muitos homens. Por ser algo muito pessoal, o ato de fazer a barba exige uma relação de confiança entre profissional e cliente.

José Antônio de Souza, o Toninho, 44, atua como cabeleireiro desde 1982. Atualmente, seu estabelecimento, o Confraria – barba, cabelo e prosa, também recebe amigos que se reúnem no local para o happy hour. “Reunimos aqui uma turma que gosta de tomar cerveja, comer tira-gosto e trocar ideia. Por isso o nome Confraria”, explica. Há 10 anos, além dos serviços de cabeleireiro, Toninho oferece às terças e quintas bebidas e petiscos aos clientes, transformado o salão em uma espécie de bar familiar. O resultado da inovação foi positivo. “Depois que o Toninho Cabeleireiros se transformou em Confraria o movimento aumentou bastante”, comemora o proprietário.

Toninho acredita que hoje em dia não há mais aquele glamour no ato de se barbear em razão da correria do dia-a-dia. Segundo ele, “para manter uma barba bem feita e limpa, a ajuda de um profissional é essencial, mas a conversa entre amigos é o que mais atrai os homens às barbearias”, observa. Mauri Crema é cliente de Toninho e conta que se tornou amigo do cabeleireiro nos 12 anos que frequenta o estabelecimento. “Sou do Paraná e quando cheguei à Belo Horizonte fui apresentado ao Toninho por um amigo que já era seu cliente. Desde então eu corto o cabelo e faço a barba com ele. Mas tem dia que eu venho só para tomar cerveja. Na verdade a gente vem aqui para encontrar os amigos”, confessa.

Tradição

Os movimentos precisos e hábeis que, de tão repetidos, tornam-se quase automáticos marcam a rotina do barbeiro Marcos Antônio de Jesus, 45, sócio do salão de cabeleireiros que funciona no Edifício Maletta há 30 anos. O barbeiro utiliza lâminas descartáveis para trabalhar e informa que o uso da navalha é proibido em Belo Horizonte. Ressalta que mantém a tradição na hora de barbear seus clientes: “Eu uso toalhas quentes antes do início do procedimento para amaciar o pelo do rosto”, revela. Segundo o profissional, poucos estabelecimentos na cidade utilizam essa técnica. “No Maletta, o uso de toalhas aquecidas é exclusividade do nosso salão”, diz. Marcos Antônio afirma que a relação com os clientes é de amizade. E brinca: “Se trair, a gente corta o pescoço”.

O cheiro da essência de eucalipto utilizado no processo de aquecimento das toalhas agrada os frequentadores. Caso de Francisco de Assis, 56, que faz a barba no mesmo local há mais de 20 anos. O funcionário público conta que gosta de usar cavanhaque e ressalta a necessidade de se confiar no barbeiro para que o resultado saia como o esperado.

Por: Fernanda Fonseca
Foto: Fernanda Fonseca

0 456

No próximo domingo (11) comemora-se o Dia dos Pais. De acordo com a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL), espera-se um aumento de até 2% com a intenção de gasto com presentes em relação a 2012 neste mesmo período. A CDL aponta que há uma tendência maior para que os consumidores optem pelo pagamento à vista e que a maior procura deva ser por itens de vestuário.

A pesquisa realizada no mês de julho indica que 34,35% dos consumidores optaram pelo pagamento em dinheiro com gasto médio entre R$ 30,00 e R$ 100,00. Uma pequena parte optou por compras acima de R$ 400,00, indicando 1,53% da pesquisa. O atendimento de baixa qualidade foi apontado como uma dificuldade na hora de efetuar as compras, precedido pelo preço dos produtos.

Mas 0,77% consumidores pretendem utilizar o cheque especial para pagar às compras. Uma outra pesquisa feita pela CDL, no período de 17 a 31 de julho. indicou que 49,59% dos entrevistados tem até 20% da renda comprometida com dívidas, isso ocorre porque comprar por impulso, somente 19,57% dos entrevistados afirmam que fazem planos antes de realizar uma compra.

Por  Gabriel Amorim e Juliana Costa

Foto: internet

A comemoração atleticana que ocorrerá hoje, 1, na Praça Sete, a partir das 18h, o trânsito na região foi fechado, às 15h e só deve ser liberado às 4h da madrugada de sexta-feira, 2. O evento terá a presença do cantor de axé, Tuca Fernandes e dos cantores sertanejo Rick e Ricardo. Além das atrações musicais a massa atleticana poderá contar com a presença dos jogadores que fizeram parte da conquista na libertadores.

Na página do evento no Facebook, está a informação de que o famoso Pirulito da Praça Sete será protegido por grades e tapumes. A expectativa é de que 50 mil torcedores sigam em carreata da Pampulha até a Praça Sete, onde a festa começa às 18h. Mais de 200 mil latas de cerveja serão distribuídas e dois trios elétricos farão a festa da massa atleticana.

A estudante de Geologia, Mayara Carla L da Silva,  está se preparando para a festa há uma semana. “A festa aqui em casa ainda não acabou, acho que hoje é para fechar com chave de ouro. Hoje é só alegria, cerveja gelada e gente de bom gosto”, declara.

Por Juliana Costa

Foto: Hemerson Morais

O universo do mestre do suspense  (1899-1980) chega à capital mineira  com a mostra “Hitchcock é o cinema”, cartaz de hoje até 5 de setembro, no  Cine Humberto Mauro. Os admiradores do cineasta poderão assistir na telona os 54 filmes do diretor inglês e outras além de 94 produções feitas para a televisão, entre as décadas de 1950 e 1960.

 

A atração de hoje é a apresentação Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob regência do maestro Marcelo Ramos que interpretará da trilha de abertura da mostra composta por Patrick Cohen, 25. Na parte da manhã desta quarta-feira (31), a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, ensaiou juntamente com as cenas dos filmes que serão exibidos, à noite.

 

A sensação para quem assiste ao ensaio da orquestra é de entusiasmo e emoção, pois além de ser a primeira mostra de Hitchcock na cidade é também a primeira junção de música erudita, ao vivo, acompanhando as cenas mudas do primeiro filme de Alfred Hitchcock, O jardim dos Prazeres (1925). Os ingressos para a apresentação de hoje já se encontra com ingressos esgotados.

 

O maestro Marcelo Ramos explica que o humor britânico de Hitchcock ajuda no usos dos instrumentos, mas é um desafio conferir som a filmes mudos.  “Para essa apresentação a música composta muda de tempo, constantemente, por ser mais longa que o filme, mas isso é apenas um aperitivo que atrai a atenção. Já sabia dos contratempos e até ajudei no alerta.”, explica.

 Por Aline Viana

0 742

Representantes e apoiadores das ocupações populares que se concentram na sede da Prefeitura de Belo Horizonte desde às 11h da segunda-feira, 29, aguardam soluções do prefeito Márcio Lacerda, que se reuniu com os manifestantes na tarde desta terça-feira na URBEL (Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte).

A estudante Isabela Rodrigues, integrante do movimento Voz Ativa da UFMG, é apoiadora da ocupação Eliana Silva e está em frente à Prefeitura desde o início da ação. “A decisão de ocupar o prédio foi tomada para pressionar o prefeito a atender as ocupações urbanas, principalmente após a assinatura da liminar de despejo da ocupação Eliana Silva”, explica. Segundo a estudante, em reunião com os delegados da Assembléia Popular ocorrida há duas semanas, o prefeito se comprometeu a não despejar nenhuma ocupação existente e prometeu que se reuniria com os representantes das comunidades, o que não foi cumprido. Para Isabela Rodrigues: “as ocupações são a única opção de moradia das famílias que não tem condições de pagar aluguel e a luta é pelo direito dessas pessoas a uma moradia digna”.

André Veloso, membro da Assembléia Popular Horizontal e do PSol, participa dos atos desde a tarde de ontem. “Cheguei às 18h, tinha bastante gente, montamos barracas na avenida Afonso Pena e fizemos volume na rua Goiás. Fomos mobilizando o pessoal e tivemos que pressionar muito para conseguir alguns avanços, porque eles não estavam deixando entrar nenhum tipo de mantimento, nem fraudas para as crianças”, relata. Segundo André, até mesmo a entrada de defensores públicos foi dificultada pela Guarda Municipal. A expectativa dos manifestantes é de que o prefeito cumpra o seu papel de governante e escute a população. “Esperamos que o Prefeito procure encaminhar algumas das reivindicações das ocupações urbanas, para que elas sejam reconhecidas como áreas de habitação de interesse social, e uma negociação mais ampla com as ocupações que já estão ameaçadas de despejo”, completa.

O vendedor Adriano Santo André está acampado na avenida Afonso Pena em apoio ao movimento. Ele tomou conhecimento da ocupação pelo Facebook e resolveu aderir ao manifesto por não concordar com a forma de condução pela administração municipal da questão da moradia na capital. “O prefeito Márcio Lacerda se recusa a conversar com as ocupações e nós precisamos mostrar que o restante da cidade também está interessado na solução desse assunto”, declara.

Na noite de ontem, grupos se revezaram em vigília na entrada da garagem, preocupados com a entrada da Tropa de Choque da PM no prédio, o que, segundo os ocupantes, não aconteceu.

Por: Fernanda Fonseca

Foto: João Alves

No protesto da última quarta-feira, 26, convocado pelo COPAC (Comitê dos Atingidos pela Copa), estavam presentes dezenas de movimentos sociais, estudantis, centrais, sindicatos e manifestantes independentes, que juntos percorreram as ruas da capital empunhando distintas bandeiras. A passeata, que saiu da praça Sete, teve fôlego para percorrer mais de 10 km, sem a ocorrência de nenhum conflito. Os confrontos começaram quando um grupo arrancou as grades de contenção do perímetro estabelecido pela FIFA e defendido pela polícia mineira. A PM – contrariando as orientações fixadas no acordo feito entre o governador Antonio Anastasia e o COPAC – investiu indiscriminadamente contra os manifestantes, sem distingui-los dos dissidentes radicais, fazendo uso de bombas de gás e balas de borracha. O contingente da Força Nacional também foi usado, ficando no cordão de isolamento, atrás da PM.

Antes dos conflitos, o que se viu nas ruas de Belo Horizonte foi um desfile de civilidade e criatividade. Um dos exemplos foi a intervenção idealizada por Sabrina – moça que foi agredida por um policial em vídeo que circula no Youtube. Ela pintou sua própria silhueta quatro vezes no asfalto da avenida Presidente Antônio Carlos, simbolizando as quatro pessoas que caíram do viaduto José de Alencar durante outros dias de manifestação. Sindicatos e coletivos distribuíram panfletos, médicos da rede estadual de saúde e policiais civis acompanharam a marcha e um grupo de aposentados se organizou para coletar assinaturas contra o Fator Presidenciário. O designer gráfico Silas Medeiros fez e distribuiu por conta própria adesivos com dizeres ligados à luta. Até então, o que se via não era só o sorriso acrílico das máscaras de Guy Fawkes; havia, para além da indignação, entusiasmo e alegria dos que seguiam a passeata e já se esqueciam do medo de conflitos, que outrora era tão sensível.

“Não vamos subir a Abraão Caram, vamos seguir pela Presidente Antonio Carlos até a Santa Rosa”, instruía o carro de som que guiava o protesto. Dele também partia o pedido, constantemente repetido, para que a passeata seguisse pacífica e ordeira. Para evitar que manifestantes entrassem em choque com a polícia, um grupo fez uma corrente humana para isolar o acesso à avenida Abraão Caram. No entanto, apesar dos esforços, dissidentes tensionaram o ‘bloqueio’ e seguiram em direção à barreira policial. Bombas de gás lacrimogêneo foram disparadas contra a multidão, que recuou.

Ao mesmo tempo, eram registrados conflitos nas proximidades do Mineirão – onde acontecia, pela Copa das Confederações, o jogo entre Brasil e Uruguai – e no entroncamento das avenidas Presidente Antônio Carlos e Santa Rosa. Neste último, houve negociação entre os manifestantes e a equipe do GATE, possibilitando que a passeata pudesse seguir pela orla da Lagoa da Pampulha até a proximidade do Mineirinho.

Na região do viaduto José de Alencar, na avenida Presidente Antônio Carlos, houve conflito e destruição de lojas. As concessionárias da Kia Motors e Hyundai foram as primeiras a ser depredadas e, em seguida, incendiadas. Um caminhão foi arrastado e incendiado, provocando chamas incontroláveis que chegaram a derreter parte da fiação. Além deste, haviam mais dois grandes focos de incêndio que eram alimentados com madeira, material de sinalização e até cadeiras das próprias revendedoras. O helicóptero da polícia voava baixo, produzindo uma nuvem de poeira que reduziu a força do fogo. Uma loja de conveniência da Skol, instalada em um posto de combustível Ipiranga, foi saqueada, mascarados distribuíram garrafas de cerveja entre si. Pelo menos outras duas grandes concessionárias de carros importados foram depredadas: a Toyota e a Volkswagen. Funcionários encontravam-se dentro da loja da Volkswagen e um segurança chegou a disparar com arma de fogo contra o grupo que atirava pedras na fachada da loja. Mais tarde via-se outro foco de incêndio perto do mesmo posto de combustível.

Embora houvesse maciça presença policial na região, a PM levou cerca de 40 minutos para agir contra a depredação. Aparentemente, os policiais que assistiram a tudo não agiram para evitar que as barreiras que impediam os manifestantes de chegar no Mineirão ficassem desguarnecidas. Os policiais foram recebidos pelo grupo de mascarados com pedras e com as mesmas garrafas que haviam sido saqueadas. Rapidamente o Corpo de Bombeiros conteve todos os focos de incêndio e em minutos a polícia, que chegou a fazer uso da cavalaria, retomou a região. Assim que os responsáveis pela depredação recuaram, o deputado estadual, sargento Rodrigues, esteve no local e atribuiu a depredação destas propriedades ao grupo anarquista Black Bloc. No entanto, até mesmo grupos de crianças marginalizadas foram vistas comemorando os resultados da violência praticada.

Por volta das 21 horas – depois de conter o grupo de manifestantes dissidentes no entroncamento das avenidas Presidente Antônio Carlos e Abraão Caram -, o “Caveirão”, como é conhecido o carro blindado usado pela PMMG, desceu a avenida Presidente Antônio Carlos (em direção ao Centro) e um oficial alertou através de um megafone: “Atenção pessoas de bem, voltem para suas casas. Temos muitos bandidos na rua ainda, eles se infiltraram entre os manifestantes. A polícia quer restaurar a ordem e a segurança. Não andem nas vias, nas ruas, andem nos passeios. Não caminhem nas ruas. Obrigado.”. Só então houve confronto entre policiais e manifestantes que protestavam pacificamente na praça Sete desde o meio-dia.

Nas ruas, cerca de 150 pessoas foram presas, de acordo com o Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da UFMG – Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP), conforme noticiou o grupo de mídia alternativa, BH nas Ruas. A equipe do CONTRAMÃO conseguiu apurar a ocorrência de pelo menos 17 feridos que deram entrada em hospitais por decorrência das manifestações. Entre esses casos, há duas pessoas que foram alvejadas por balas de borracha na altura dos olhos – um deles perdeu a visão. No mesmo dia em que se viu a expressão do pânico na capital mineira, o jovem manifestante Douglas Henrique Oliveira Souza, de 21 anos, morreu no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS) – para onde foi levado de helicóptero pelo Corpo de Bombeiros, depois de tentar pular de uma pista do viaduto para outra quando tentava fugir do conflito entre policiais e o grupo de manifestantes dissidentes.

Por Alex Bessas

Foto por João Alves