Page 326

Profissionais e usuários dos serviços de saúde mental, além de familiares e simpatizantes da causa, animados pela escola de samba ‘Liberdade Ainda que Tam Tam’, saíram as ruas de Belo Horizonte hoje, 16, em comemoração à Luta Antimanicomial. Neste ano, a maior bandeira do desfile – que se concentrou na Praça da Liberdade por volta das 13h seguindo em passeata/desfile até a Praça da Estação depois das 15h – é a “defesa de uma política digna, inclusiva e responsável para os usuários de álcool e outras drogas”, segundo a presidente do Conselho Regional de Psicologia (CRP) Marta Elizabete.

Militantes da causa usavam coloridas fantasias criadas a partir de materiais recicláveis, alguns dançavam ao som de uma marchinha carnavalesca, que entre seus versos brincava: “psiu, psiu, psiu, estou ouvindo vozes”. Um trio elétrico ocupava a parte central da praça, onde os presentes faziam alegorias. O clima festivo é a marca da manifestação pela Luta Antimanicomial em Belo Horizonte. Neste ano o evento reuniu cerca de três mil pessoas sob o tema da resistência, representada pela a frase “Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir”. Dividido em seis alas, o desfile contou com homenagens a diversos movimentos: “Estamos falando da criança e do adolescente como o futuro, falando da loucura, falando da ditadura militar”, informou Marta Elizabete.

A usuária da rede de saúde mental e membro da Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais (Asussam-MG), Maria Soares Ferreira, afirma que o ideal dos militantes é lutar não só pelo fechamento de leitos psiquiátricos – “que tem essa lógica de trancar para tratar” – e sua substituição por uma rede substitutiva – “um serviço de portas abertas em que a pessoa possa ser tratada em liberdade, com cidadania” -, mas também de combater todas as formas de discriminação à pessoa que tenha algum sofrimento mental. Ela defende que “a luta antimanicomial tem como insignia a ética”.

Maria Soares enumera: “Em Belo Horizonte a rede esta bastante implantada. São 9 centros de convivência, 7 Centros de Referência em Saúde Mental (CERSAMs), o 3° Cersam-Ad – que atende dependentes de álcool e outras drogas – será inaugurado, embora isso seja um tanto tardio e a gente está correndo contra o tempo para ampliar a rede de apoio a estes usuários. Há um Centro de Referência Psicossocial (Caps-Ad) na pampulha que funciona 24 horas, foi inaugurado recentemente um no Barreiro e está para ser aberto outro na regional nordeste.”. Para ela a luta deve ser conduzida no sentido de ampliar essa rede, exemplifica: “há demanda para a abertura de mais dois CERSAMs”.

Marta Elizabete ratifica o pioneirismo mineiro no engajamento pela luta: “Nós temos manifestações em quase todos estados do Brasil, mas não podemos deixar de considerar que minas é um lugar de muita importância, porque Minas Gerais sempre esteve na luta pela liberdade”. A presidente do CRP comentou sobre a política de redução de danos, que procura diminuir os danos de viciados em crack a partir do uso de drogas lícitas: “Nós somos trabalhadores da saúde pública. E o Ministério da Saúde no Brasil adota a estratégia da redução de danos como uma das ações da política de álcool e outras drogas. Há uma série de ações que tem que ser desenvolvidas para a estratégia, que é razoavelmente recente, e envolve todo um trabalho de aproximação, de orientação, de informação aos usuários e as famílias.”. A militante acredita que o sucesso nas ações da política para tratamento de usuários de álcool e outras drogas implica em investimento do setor público para a construção de uma rede de serviços que inclui consultórios de rua, Caps-Ad, casas de acolhimento transitório (para pessoas que ainda não tiverem condição de retornar a suas casas), leitos em hospitais gerais para desintoxicação, abordagem com humanidade.

Sobre o caráter festivo do movimento, Marta Elizabete justifica: “hoje nós estamos fazendo um movimento comemorando e falando que nós estamos resistindo a políticas autoritárias do governo, de projetos de leis do parlamento e de projetos que vão contra um ideia de uma política de qualidade, digna, inclusiva. Nós estamos fazendo esta manifestação em homenagem a luta por uma sociedade brasileira melhor.”

 

Por Alex Bessas

Foto por João Alves

Na semana em que é lembrado o dia mundial de luta contra a homofobia, celebrado no dia 17 de maio, grupos que atuam na promoção da liberdade sexual se mobilizam em ações que visam colocar o tema em discussão. O crescente número de manifestações pela promoção de políticas de inclusão e combate ao preconceito reflete o descontentamento de setores da sociedade com o tratamento que tem sido dado à questão pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, presidida pelo deputado Marco Feliciano.

Na sexta-feira, 17, estudantes do Centro Universitário UNA programaram um Beijaço Contra a Homofobia na Praça da Liberdade. O objetivo dos organizadores é mostrar que os casais homossexuais devem ser respeitados em seu direito de manifestar afeto em público, sem medo de sofrer violência. A ideia surgiu durante a execução da campanha Beijos Contra a Intolerância, promovida pelo projeto de extensão Una-se Contra a Homofobia, que contou com a participação dos alunos que estão a frente do Beijaço, marcado para as 18h20. No evento criado no Facebook mais de mil pessoas já confirmaram presença.

Outra ação agendada para amanhã, às 17h, é O Amor Está na Moda que promoverá um desfile de salto alto contra a homofobia. De acordo com informações divulgadas na página do evento no Facebook, trata-se de um gesto coletivo de cidadania: “por ser uma performance colaborativa, durante a ação o público presente poderá subir no salto e desfilar sua atitude sobre a passarela ao ar livre expressando sua indignação contra os atos de homofobia”.

No sábado, 18, a Praça da Liberdade será palco de mais uma manifestação, a partir das 18h30. Antecipando a Parada LGBT de Belo Horizonte, o 1º Encontro Liberdade LGBT BH promete reunir centenas de apoiadores da livre expressão sexual, que se concentrarão em frente ao Coreto.

Por: Fernanda Fonseca

Foto de divulgação do evento

Os vendedores de rua estão presentes em nosso cotidiano. Diariamente, os vemos e ouvimos anunciando itens que nos interessam ou não, mas estamos sempre apressados e focados em nossa existência que não prestamos atenção nesses “personagens” que nos circundam e podem revelar boas histórias de vida.  Há 29 anos, João Alves da Rocha (69) tem sua banca de frutas e doces no mesmo ponto, na Rua Gonsalves Dias em frente ao antigo prédio do IPSEMG, uma banca de estrutura simples, asseada, tratada com esmero.

O comerciante diz que a rua é “um presente de Jesus”. Ao longo do tempo Alves conquistou clientes fiéis e amigos. “Eu tenho uma família, alguns desgarraram de mim, mas de vez em quando chegam aqui com a família.”, afirma. Residente do bairro Santa Teresa, João Alves está no segundo casamento, é cristão, pai de 10 filhos a maioria casados, trabalha sozinho, de segunda a sexta, das 7h às 17h.  Para chegar à Praça da Liberdade, ele usa duas conduções, o metrô e um ônibus. Todas às segundas ele vai até o CEASA comprar as frutas e faz todo o percurso utilizando o transporte público.

 Os alimentos são armazenados com cuidado no estacionamento onde guarda o carrinho “é um lugar bem asseado, não tem rato, barata é bem ventilado e detetizado.” ressalta o comerciante. Sobre a violência João Alves conta que “uma pessoa foi pagar uma compra de cinco reais com uma nota de dez reais, a nota sumiu no ar, o cara saiu pulando entre os carros, eu fiquei com dó da dona perdoei o valor da compra e dei a ela cinco reais”.

Para se divertir João gosta de ir ao clube aos finais de semana com o neto. “Vou ao clube da copasa com meu netinho, ficamos lá o dia inteirinho”, conta. O comerciante se considera muito feliz, tem casa própria, e com o dinheiro que ganha com sua banca paga faculdade de uma de suas filhas e vê o trabalho como uma terapia e tem vontade de chegar aos 100 anos.

Há poucos metros do senhor João, conhecemos também outro trabalhador diário, Rogério José dos Santos. Vendedor de pipoca e guloseimas na porta do Centro Universitário Una da Rua da Bahia, diz que antes teve apenas dois empregos e herdou do pai o carrinho em 1949 aos 15 anos. Desde, então, não tem outra atuação profissional que não seja ser pipoqueiro. “Estou, há 20 anos trabalhando aqui, e a maioria dos meus clientes são alunos, ex-alunos e a família deles que por tradição compram em minha mão desde a infância”, afirma. O único filho de Santos não tem interesse em seguir os caminhos do pai, mas parece não se incomodar com isso. Em suas horas vagas gosta de viajar, principalmente para “Roça”, como diz.

A vida de ambos é bem diferente e ao mesmo tempo parecida, pois além de exercerem a mesma profissão, são distintos em comportamento. Seu João é falante, gosta de demostrar o que senti e o que pensa. Já seu Rogerio é pacato um pouco tímido e objetivo. Mas a maneira como vivem o cotidiano em meio ao transtorno do movimento urbano chama a atenção por simplesmente concordarem em ser felizes.

 Por: Aline Viana e Gabriel Amorin

 Foto: João Alves

0 1302

A reflexão acerca do papel transformador da educação marcou a posse do novo reitor do Centro Universitário UNA, Átila Simões, na tarde de ontem. Em cerimônia afetiva que reuniu no salão principal do Museu Inimá de Paula, os diretores dos cursos de graduação da instituição, os professores, os alunos e demais autoridades e convidados, o novo reitor assumiu o compromisso de dar continuidade ao trabalho do seu antecessor, o Pe. Geraldo Magela, morto 29 de setembro de 2010, que foi lembrado com saudade pelos presentes.

O presidente da Ânima Educação, Daniel Castanho, abriu a sequência de homenagens. “O Átila já vinha conduzindo a reitoria juntamente com o Pe. Magela e foi um grande aprendiz dos seus ensinamentos”, declarou. Castanho garantiu que a indicação do vice-reitor para assumir a vacância do cargo foi legitimada por toda a comunidade acadêmica. Ao proferir um discurso emocionado, a professora Helivane Santos, representante do corpo docente, comoveu a todos. “Eu não queria fazer um discurso muito extenso, nem dizer palavras que eu não sinto de verdade”, explicou.

Átila Simões também foi homenageado pelo corpo discente, ali representado por membros da UNA DM Jovem, por colaboradores, que entregaram placa, pelos reitores da Unimonte e da Uni-BH, e pelo secretário de estado de ciência tecnologia e ensino superior. Os diretores e coordenadores que compareceram à cerimônia estavam felizes com a indicação de Átila. Para Celso Garcia, diretor do Instituto Politécnico “a capacidade que o Átila tem de enxergar o futuro é algo impressionante”. A diretora do Instituto de Saúde dos campi de Contagem e Betim, Rebeca Rosa, declarou que “o que a gente espera é continuidade de crescimento e qualidade acadêmica, que é o que o Átila já vem trazendo para a Una desde que assumiu como vice-reitor”. Natália Alves, coordenadora de extensão, lembrou as características pessoais de Átila: “o Átila é uma pessoa que eu admiro muito, pela inteligência, pela lucidez, pelo brilhantismo e também pelo humanismo. Ele é um grande incentivador das iniciativas de extensão, sempre atento à formação humana do aluno”.

“Sinto que o corpo docente está cada vez mais forte, bem preparado, comprometido com a casa e valorizado pelos alunos. Queremos trabalhar para que professores e alunos se encontrem em bons momentos de aprendizagem, para que os alunos aproveitem o tempo em que estão na UNA para ampliar seus horizontes, descobrir coisas novas, mudar suas cabeças e crescer”, declarou Átila Simões. Sem se esquecer do passado, o reitor lembrou dos anos que passou na companhia do Pe. Geraldo Magela: “em 2008, eu assumi a vice-reitoria e passei a trabalhar diretamente com ele, o que foi fantástico. Fizemos muita coisa em conjunto, suas palavras eram sempre muito sábias e assertivas. Eu aprendi muito com essa convivência”.

A trajetória do novo reitor na Ânima Educação se confunde com o processo de reestruturação da UNA, iniciado em 2003. Formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo, Átila Simões assumiu a vice-reitoria da instituição em 2008. Natural de Campinas-SP, mudou-se para Belo Horizonte, constituiu família e obteve o título de mestre pela Una. “Eu vivi Belo Horizonte com gosto, eu vivi a UNA com gosto, a instituição me fez feliz e eu espero fazer de professores, alunos e funcionários pessoas igualmente felizes”, contou.

Por: Fernanda Fonseca

Foto: Juliana Costa

“O que foi que aconteceu de errado na evolução da imprensa brasileira que fez com que textos autorais, como aqueles de Joel Silveira, deixassem de ser bem aceitos em boa parte das produções jornalísticas da atualidade?”. Essa é a pertinente pergunta que Geneton Moraes Neto deixa aos pensadores do jornalismo. Aliás, “pensador do jornalismo” é um  título que o pernambucano rejeita, porque prefere fazer jornalismo a ficar postulando sobre sua natureza. Tal crítica está explicitada no documentário Garrafas ao Mar, que será apresentado hoje, às 19h30, no Teatro João Ceschiatti do Palácio das Artes, no projeto Sempre um Papo.

O filme traz uma série de entrevistas de Geneton com Joel Silveira, tido por muitos como o maior jornalista brasileiro. Entre as várias histórias, há o caso de uma reportagem sobre Getúlio Vargas, resultado de um encontro que durou menos de cinco minutos. O então presidente do Brasil recebeu Joel Silveira, acreditando que ele queria um emprego, mas quando soube que o objetivo do encontro era uma entrevista, levantou sisudo sem falar uma palavra. Mas isso não impediu o repórter de fazer um grande texto que pode ser lido no livro Tempo de Contar. “É um exemplo de como, se você não for um burocrata, você pode ser um bom jornalista”, declara Geneton. Na ocasião, além da exibição do documentário, debaterá sobre a crise do texto jornalístico.

Crítico do texto robô, despersonalizado, Geneton defende que “chegou a hora de ressuscitar o jornalismo minimamente autoral”. Esta é, para ele, a alternativa para que sobrevivam os jornais que devem, sem dúvida, se reinventar. Geneton faz ainda uma defesa aberta a reforma do jornalismo, a abertura dos veículos para os textos autorais, e decreta: “Fazer jornalismo é produzir memórias”.

Por Alex Bessas

Foto por João Alves

0 886

Hoje especial sobre o clássico entre Atlético e Cruzeiro, partida válida pela decisão do mineiro. O jogo tem tudo para ser a melhor partida entra as duas equipes nos últimos.

O time celeste defende a condição de única equipe invicta da temporada no futebol brasileiro, já o alvinegro defende sua invencibilidade no Independência, estádio onde ainda não foi batido desde a reinauguração.

Ouça essa discussão cheia de bom humor e rivalidade na 9ª edição do Projeto E!

Apresentação: Ana Carolina Vitorino

Comentários: Hemerson Morais, João Vitor Fernandes e Marcelo Fraga

Edição: Hemerson Morais

Foto: Henrique Laion

Música: Galo e Cruzeiro –  Vander Lee