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“Fui skinhead nos anos 80, mas, hoje, não faço mais parte do grupo”, é assim que José (nome fictício) se apresentou à reportagem do CONTRAMÃO, durante o contato telefônico. “Não adianta, você insistir que eu não vou passar dados precisos sobre a minha idade e identificação. Eu quero ajudar a esclarecer essa confusão de que todo skinhead é racista e homofóbico. Mas quero permanecer no anonimato”. Essa foi a condição para que a entrevista fosse feita, por telefone.

“Sinto tristeza quando leio os jornais noticiando todas as agressões aos homossexuais e aos negros como atitude de skinhead. Muitos skinheads não são homofóbicos ou racistas. Em BH, há uma galera que só está interessada em camaradagem, tomar cerveja e ouvir uma boa música”, explicou o ex-skinhead. “É preciso tomar cuidado com essas coisas, pois a falta de conhecimento da população sobre os skinheads pode gerar revolta e preconceito contra o grupo”, disse.

A conversa com José durou 20min. Nesse tempo, ele garantiu que há, sim, a presença, em BH, dos “Carecas do Brasil”, um grupo nacionalista e integralista que tem como valores “Deus, Pátria e Família”. “Eles não são racistas, isso iria contra a ideologia da facção. Contudo, não gostam homossexuais e tem resistência aos Punks”, explicou. Outra facção existente na capital mineira é a dos nazi [ou White Power] que, segundo José, configuram-se como os mais radicais. “Existe esse grupo em Belo Horizonte e é uma minoria, mas é preciso que as autoridades façam alguma coisa. Meu medo é que as agressões em BH fiquem tão frequentes como em São Paulo”, declarou.

Segmentos

De acordo com o ex-skinhead, as diversas segmentações do movimento confundem a população e a mídia. “As pessoas não conhecem de verdade do movimento e, logo, ligam os crimes por racismo ou homofobia a todos os skinheads. Na verdade, essas coisas são feitas por uma minoria, como os nazis”, explica.

Segundo José, os skinheads não possuem uma raiz preconceituosa. “O movimento surgiu no final da década de 60 a partir dos imigrantes jamaicanos, os rude boys, e jovens operários ingleses, que se reuniam para ouvir música negra norte-americana, o rockstead (ritmo inglês) e ska (ritmo jamaicano). Esses são os indícios de que é um movimento de origem cultural operária sem discriminação a quem quer que seja”, esclareceu.

A primeira dissidência aconteceu no início dos anos 1970, quando partidos de direita observaram nos jovens skinheads uma força de liderança. “Inicia-se a fase em que algumas pessoas se tornaram nacionalistas e começaram a repelir com violência os jamaicanos e aqueles que os apoiavam. Essa foi a primeira imagem que circulou pelo mundo em relação aos skinheads”, esclareceu. “Os hooligans surgiram no mesmo período e era uma galera que curtia futebol e cerveja e, às vezes, entrava em confusão com as torcidas adversárias”, explicou.

“Eu lamento que a população veja todos os skinheads da mesma forma. Espero ter ajudado. Boa sorte”, ele disse finalizando a ligação.

Saiba mais sobre os perfis dos skinheads aqui.

Por: Hemerson Morais

Foto: Willian Gomes

Os grupos denominados como skinheads são muito diversificados, não se trata apenas de um único segmento ou de uma única ideologia. Existem grupos que lutam contra o preconceito e outros que tentam propagar uma suposta supremacia racial e de valores. Conheça alguns grupos skinheads existentes no Brasil:

Skinhead Tradicional

Também conhecido como trad skin, é um grupo cuja influência remete aos primeiros grupos skinheads britânicos dos anos 1960. Nesta época, o reggae jamaicano e o soul eram muito populares entre os jovens operários ingleses. Este grupo é antirracista, até mesmo devido a sua influência e apreciação pela música dos negros vindos da Jamaica.

Nazi-skin

Conhecidos, também como White Powers, este grupo prega a supremacia branca e o antissemitismo. Os nazi-skins ficaram conhecidos por promoverem atentados violentos contra homossexuais, negros, miscigenados e pregam ao extremo o nacionalismo, é comum o enaltecimento da figura de Adolf Hitler e do símbolo nazista da suástica.

“É difícil definir o porquê deste tipo de ação, levamos consideração os valores morais impostos pala sociedade e o próprio sujeito, autor deste tipo de violência, muitas vezes, é um sujeito discriminado”, explica a psicóloga Michelle de Almeida.

Skinheads contra o preconceito racial

Com o intuito de fugir dos rótulos pejorativos que os skinheads tradicionais passaram a ser definidos, no final dos anos 1980, foi criada uma vertente inglesa denominada SHARP (Skinheads Against Racial Prejudice ou Skinheads Contra o Preconceito Racial, em tradução livre). O grupo SHARP tenta fortalecer o caráter de integração mostrado pelos primeiros movimentos skinheads e fazem frente ao fascismo e ao racismo de alguns grupos de skinheads, além de adotar a postura de não ter ligação com partidos ou outras organizações políticas.

Os Carecas do Brasil

No Brasil, existe uma vertente denominada “Os Carecas”, o grupo é nacionalista e integralista,  são declaradamente contra movimentos de esquerda, principalmente, o comunismo. Adotam uma moral conservadora relacionada com o combate às drogas e o lema é “Deus, Pátria e Família”.

 

Por Marcelo Fraga e Rafaela Acar

Ilustração: Diego Gurgell

 

 

Hoje, 31 de outubro, no Facebook, muitos usuários celebraram o Halloween, comemoração estadunidense do dia das Bruxas. Porém, poucos se lembraram de um dos personagens mais famosos do folclore brasileiro e que, também, tem seu dia comemorado hoje: o Saci Pererê, eternizado nas histórias de Monteiro Lobato. “Acredito que a cultura nacional tem se misturado a outras culturas, principalmente, a norte-americana, e acho isso lamentável, porque resulta numa “ignorância” da nossa cultura. Os alunos acabam por desconhecer a nossa cultura e não valorizá-la”, explica a pedagoga e professora 4º ano do ensino fundamental Luciana Dell’Areti,.

A estudante de jornalismo Juliana Costa concorda com a pedagoga. “Nós só vemos algo do folclore acontecendo quando estamos no ensino fundamental. A geração de hoje não está interessada em saber se o Saci nasce dentro dos bambus. Ela quer é festa”,  comenta.

A estudante do 2º ano do ensino médio Kézya Tavares também acredita que o brasileiros valoriza a cultura estrangeira. “Eu mesmo nem sabia que existia uma dia para o Saci-Pererê”, reconhece.

Para Luciana Dell’Areti cabe aos educadores resgatar as riquezas do folclore nacional. “Nós buscamos expor aos alunos que o Halloween não pertence ao nosso cabedal de conhecimentos, porém isso não impede que os alunos tomem conhecimento desse tipo de cultura. Agora, deixar de comemorar as nossas datas e festas para comemorar as estrangeiras, ao meu ver, é equivocado e fora do nosso contexto”, avalia.

Nas Redes

Mesmo a grande maioria não sabendo ou simplesmente esquecendo do Saci-Pererê, houve quem lembrasse do nosso personagem. Foi o caso da Fan-page, Halloween não 31 de outubro dia do saci, que foi criada para protestar contra a banalização da cultura nacional. Outro exemplo foi a página da globo internacional que ultilizou o folclore brasileiro para felicitar o dia das bruxas.

Imagem divulgada pela Globo Internacional

Por Ana Carolina Vitorino e João Vitor Fernandes

Fotos: Internet

O Centro Universitário UNA promoveu ontem uma palestra com os apresentadores do programa 98 Futebol Clube, da Rádio 98, Clube e a da assessora de comunicação do Comitê da Copa BH Raquel Bernardes, no auditório do ICBEU, o evento foi aberto aos estudantes e a toda comunidade acadêmica. “É importante falar das ações para copa, porque queremos que a sociedade se envolva nesse projeto e para se envolver tem que conhecer”, declara. “Os alunos tem uma mente aberta, enxergam a oportunidade de participar desses projetos”, acrescenta.

Assessora do Comitê da Copa

Rádio

Os apresentadores do programa 98 Futebol Clube, que estiveram presentes, falaram com humor sobre suas carreiras. “O diferencial do rádio é a imaginação a pessoa saber o que ela tá ouvindo e a partir daí ela criar. A instantaneidade, o rádio sempre foi o veículo mais instantâneo mais acho que isso mudou depois da internet principalmente na questão das redes sociais, mas de qualquer forma ele é instantâneo”, comenta o apresentador e jornalista Igor Assunção.

Assunção ainda acrescentou, “Nunca tive menor a intensão em trabalhar com o rádio, na faculdade as aulas não me despertavam entusiasmo, mas as oportunidades surgiram e eu acabei me identificando nesta área”.

Estavam presentes no evento os apresentadores do programa 98 Futebol Clube, Mário Alaska (Abracadabras), Natália de Sá (Natonga) torcedora do América e Igor Assunção (Porco) torcedor do Atlético.

Por Ana Carolina Nazareno e Rute de Santa

Fotos: Ana Carolina Vitorino

Muito se tem falado nos últimos dias sobre o ataque a dois homens que se abraçavam na Savassi, ligando essa agressão a skinheads. Grupo este que é caracterizado por integrantes de cabeças raspadas e tatuagens, e que também se tornou conhecido por atacar minorias. Porém há várias vertentes deste grupo, e algumas delas, inclusive, praticam o repúdio ao preconceito.

História

O movimento skinhead surgiu na Inglaterra na década de 60. Nasceu como um ato de protesto de uma parcela de jovens da classe operária inglesa, ao se verem diante da crise econômica e social que o país enfrentava após a introdução de novas tecnologias e, consequentemente, uma onda de desemprego. Devido à crise, uma minoria étnica trabalhava por salários muito baixos e nada compatíveis com os tetos sindicais que os britânicos recebiam. Portanto, os skinheads originalmente surgiram por conta desta crise, não tendo nenhuma influência política ou racial. Porém, ao final dos anos 70 a história muda. A partir de então, a raça e a política passaram a ser fatores de primeira importância ao grupo, gerando divisões entre os próprios skinheads.O grupo extremista, politicamente, pode ser tanto de extrema-direita quanto de extrema-esquerda. Os grupos geralmente são identificados pela sua moda, que costumam incluir botas, suspensórios, o culto ao futebol e a cerveja.

No Brasil

As influências das primeiras informações a respeito dos skinheads britânicos tiveram efeito a partir de 1977 através de discos, revistas especializadas, jornais, entre outros meios de comunicação. A influência dos skinheads estrangeiros foi fundamental para o desenvolvimento do movimento no Brasil. Um exemplo disso é que esses jovens brasileiros adquiriam, quase que por obrigação, o livro inglês Skinhead escrito por Nick Knight, este livro era considerado a cartilha dos “carecas” brasileiros.

Os primeiros skinheads brasileiros surgiram nos bairros da Zona Leste de São Paulo e nas cidades industriais que formam o ABC paulista – Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, por volta de 1982. Hoje estes grupos são encontrados por todo o país, inclusive em Belo Horizonte.

 

Esta é a primeira de uma série de reportagens especiais sobre este tema. Acompanhe a série durante essa semana.

 

Por Marcelo Fraga e Rafaela Acar
Imagem: divulgação do filme “A outra história Americana”