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*Por Daniela Reis 

Hummmm… hoje é dia de receita! Essa gostosura de hoje é uma opção excelente para o tira-gosto do final de semana, que foi compartilhada com a estudante do curso de Gastronomia do Centro Universitário Una, Shirley Figueiredo (confira sua página no Instagram)

Lagarto Desfiado
Tempo de preparo: 1:30 h
Categoria: Tira gosto
Nível de dificuldade: Fácil
Ingredientes:
– 2 kg de carne bovina lagarto
– 1 pimentão grande de cada: amarelo, vermelho e verde (retirar toda a parte branca interna e as sementes, pois senão fica com gosto amargo);
– 1 cebola média: branca e roxa;
– Azeitonas (150 gramas, picadas, sem caroço);
– Alcaparras (1 vidrinho pequeno / dica: escorrer o líquido e lavar em água filtrada para retirar o excesso de sal);
– 50ml de molho shoyo + 50ml de molho inglês + 50ml de  molho para carnes;]
– 200ml de azeite.

Passo a passo para a preparação:
Picar o lagarto em cubos de +/- 3 dedos, não retirar a gordura para a mesma não ficar dura. Temperar considerando uma colher (sopa) para cada kg de carne. Cozinhar a carne em panela de pressão por +/- 20 minutos. Retirar, deixar amornar para desfiar a carne e reservar. Picar os demais ingredientes e misturar na carne, posteriormente colocar o molho de preferência e o azeite extra virgem de preferência.

 

Foto: Divulgação

Programação conta com mais de 60 apresentações explorando as possibilidades do fazer artístico dentro do cenário virtual 

Por Guilherme Sá

Ao adentrar pelas porta do casarão Estrela, a impressão é mergulhar no cenário cheio de sentimentos. Lembro-me bem da primeira vez que ali pisei, no primeiro semestre de 2019. As paredes da construção, feridas pelo tempo, mostram suas cicatrizes, a energia tem algo diferente, não é pesada, mas demonstra que um dia foram. Os artistas e colaboradores ocupantes, constroem suas entranhas mas também as deixam visíveis, não querem apagar a sua história. Transformaram o lugar escuro e sem vida em uma das maiores ações coletivas dessa cidade.

A partir dessa união, criaram-se ações como a que acontece até o dia 31 de julho. A Ocupação Espaço Comum Luiz Estrela em Belo Horizonte, realizará o 2º Festival de Inverno – Inverno Estelar – com uma programação extensa com participação de artistas, ativistas, arquitetos, psicólogos, educadores e produtores culturais locais, nacionais e estrangeiros. Neste ano a edição acontece totalmente online.

Construído por cincos mulheres produtoras, mas também de diferentes carreiras (característica bem comum do coletivo), são elas, Luciana Lanza (bailarina e produtora), Deise Eleutério (arquiteta e produtora), Gabrielle Salomão (bailarina e produtora), Mariana Angelis (designer e produtora), Maria Câmara (psicologa e produtora) e Yasmine Rodrigues (atriz e produtora). 

O desenho do festival surgiu na assembléia geral do Coletivo Estrela (grupo  responsável pela administração do espaço desde 2013) com o objetivo de manter ativa as ações que já vinham sendo desenvolvidas. “A gente se juntou, vamos ajudar, fazer juntos na cara e na coragem. Fizemos um edital e estamos aí experimentando essa coisa nova que é fazer tudo de forma virtual.” diz, Luciana Lanza.

A programação inclui, exposição de retratos e zines, apresentação musical, sarau, performances, discussões sobre patrimônio, oficina de percussão, de atuação para cinema, cerâmica, redação, fotoperformance, entre outros. Mas como fazer tudo isso dentro do ambiente virtual?

Mudar, adaptar e experimentar foram pontos chaves para o processo de criação do festival e quebra das dificuldades encontradas. Luciana Lanza comenta que, cada artista está á procura da melhor forma de expressão da sua arte e está aberto ao novo. “É um festival muito amplo, os artistas estão experimentando também junto com a gente, ninguém sabe qual é a melhor plataforma, a melhor mídia, melhor horário. Enfim, muitos desafios que a gente está encarando, quase que no escuro mas com muita vontade de fazer.”

Lançado o edital em junho, nos canais de comunicação, a seleção foi simples e natural, o que deixou claro que não haveria remuneração aos artistas, mas, ao encontrar apoio na vontade de construir coletivamente o festival. “Acontece que o estrela já tem um público de pessoas que acompanha, entendi quais são as lutas do lugar e, como é um coletivo muito grande que comporta muitas lutas, muitas temáticas, então o festival não poderia ser diferente. Ele recebe todo tipo de linguagem, de performance, música, dança, teatro, rodas de conversa, uma diversidade de pessoas que comunga das mesmas ideias.” conclui, Luciana. 

Para a mineira Anne Cruz que realizou a live show no último sábado, 25, a participação no festival foi o momento de mostrar sua versatilidade como cantora e apresentar-se para um público novo “A princípio fiquei com receio, pois seria uma live fora do meu canal, mas comprei a ideia de participar. Eu tive todo suporte da produção do evento. Live é um show virtual, eu tenho de criar um bom repertório, lidar com minha timidez para poder levar um entretenimento de qualidade para as pessoas que disponibilizaram seu tempo para poder me assistir.”

E também foi a oportunidade do público que já a segue, assistir sua estréia em um show solo. “Foi minha estreia cantando sozinha, na minha jornada eu vinha fazendo participações em  algumas rodas de samba em BH, e com essa onda de live, eu  venho fazendo minhas apresentações sozinha. A participação no festival foi um marco na minha caminhada como cantora. Foi muito gostoso, as pessoas interagiram com show virtual, foi lindo participar desse projeto.” comenta. 

Outro destaque é o artista amapaense Nau vegar, que apresentará no dia 31 ao lado de Thayse Panda e  Geisa Marins, com o perforbar no instagram – um bar online onde quem entrar na live poderá interagir com o artista, como se fosse um bate papo de buteco, e enquanto conversam sobre qualquer tema, fará o uso das ferramentas da plataforma, como os filtros, criando algo novo a partir das possibilidades e a experiência do encontro de diferentes pessoas. 

Para Nau, a participação no Inverno Estelar representa a conexão com um público novo, “Minhas expectativas na verdade é mais pelo público, o público que vamos receber será o público do Luiz estrela, então não sei como será.”  

O organizador do Mizura – Encontro de Performance e Intervenção Urbana no Amapá, um dos maiores do Brasil, o ator e performista comenta que sua arte utiliza principalmente do corpo para construir o espetáculo “Eu trabalho com a arte da Performance como pensado dentro das artes visuais, a arte do corpo, meu corpo é meu instrumento de trabalho. Eu não tenho uma forma de criação específica, se dá de diversas formas, lendo um livro, assistindo a um filme, ou as vezes sou atraído por algum objetivo, ou material e a partir daí eu crio um trabalho.” 

Em relação ao desafio de apresentar-se online, o artista enxerga a possibilidade de explorar os novos meios de criação performática. “Essa será a terceira vez que faço essa ação, mas tô aprendendo ainda, mas está sendo uma experiência maravilhosa, é também uma forma de explorar o campo da tecnologia que até então, não dava tanta atenção.” conclui. 

A OCUPAÇÃO ESPAÇO COMUM LUIZ ESTRELA

A ocupação cultural e autogestionada nasceu em 2013 através da reunião de um grupo de amigos, artistas e moradores da capital preocupados com o abandono do casarão da rua Manaus, bairro Santa Efigênia. 

O local foi usado para diversas finalidades. Sua origem remonta o início da construção de Belo Horizonte, servindo de Hospital Militar até 1945, após esse período, reformado para abrigar o Hospital de Neuropsiquiatria Infantil (HNPI) que funcionou até os anos 1990, com a mudança do HNPI, o espaço foi transformado em escola para o ensino de crianças com transtornos intelectuais, escola estadual Yolanda Martins, o que perdura até o ano de 1994.

Com a escola desativada, começa então o processo de abandono advindo de diversas disputas de uso que nunca foram prosseguidas, em 20 anos de deterioração e em péssimas condições estruturais ganha uma nova chance de vida e utilidade com a ocupação. 

A organização do coletivo é composta por núcleos que atuam na restauração, preservação, administração financeira e jurídica além da implantação de atividades culturais, políticas e educacionais, devolvendo luz a construção que viu tantos horrores no passado.

Faz parte da filosofia do local a luta antirracista, em defesa da negritude brasileira, pelo direitos dos povo indígenas, LGBTQIA+, a luta antimanicomial, em defesa da população de rua, a luta pelos direitos humanos e em defesa das Ocupações do país.  

O nome do espaço é uma homenagem ao Luiz Estrela, poeta e morador de rua que foi assassinado em 2013.

Para assistir e acompanhar a programação do Festival entre nas redes sociais da ocupação:

Instagram, Facebook e Youtube

 

 

 

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*Por Jéssica Oliva

Ao me levantar, pela manhã, sinto como se fosse uma borboleta, em suas fases até a libertação. A rotina se torna rotina, a janela do quarto continua sendo uma janela. E o sol das dez? Ele nunca será o mesmo. A cada dia que passa, o Sol tem características alteradas. Posso sentir quando ele exala tristeza, ou alegria. Em tempos de pandemia, o Sol tem ficado tão, mas tão quente!, que chega a rachar a minha pele.

Antes, eu corria para vê-lo entrando pelas frestas de minha janela, logo ao amanhecer. Sentia o vapor na minha pele, e logo me deitava diante dele, para me sentir melhor. Hoje, só tenho corrido para sair do quarto, sair da sala, sair do banheiro, pois tudo tem sido tão monótono que não consigo me movimentar como antes. A mistura de sentimentos aparece, as crises são expostas por sensações de desespero e inquietação, e o medo toma conta do meu Sol. Não posso sair à rua, não posso me movimentar. Às vezes, não consigo nem respirar.

Já não sei como me sinto. Os quatorze dias já viraram cem. Minha alma foi roubada, assim como meus sentimentos, minha disposição… Tenho me sentido como um objeto. O quarto fica escuro, o sorriso já não vem mais, e a vontade de sentar numa mesa de bar, e pedir uma cerveja, também já não existe. Por onde anda toda essa vontade, se não tenho sequer um minuto para abraçar meus entes queridos? Esqueci a sensação do abraço, do apego, do desapego, de estar ou não apaixonada. Tudo isso me foi tirado. Já tentei convencer o Sol de sua beleza estonteante, já lhe disse o quão importante é. Meus cabelos brilhavam, ao me pôr de frente para ele; meus olhos reluziam, ao ver raios de luz atravessando as ruas, os comércios, e a minha casa.

O vento já não vem mais, o frio chega devagar, atravessa as paredes das casas e arrepia a pele. O sentimento de perda chega a ser indolor, quando a dor já nem se é sentida mais. As valas são cavadas como buracos nas plantações de flores, a luz amarela, que vem do céu, já não reluz e reflete nos esquifes expostos ao chão. A terra é derramada junto às lágrimas de saudade. Os minutos parecem horas, e o adeus se torna, apenas, a Deus. Milhares de perguntas são feitas, e minha cabeça já não absorve sequer a soma de um mais um. A história fica, literalmente, no passado; mas e daí? Talvez, meu corpo atlético sobreviva a toda essa experiência obrigatória; talvez, eu tenha que derramar mais lágrimas para o Sol voltar.

A falta é tão grande que, quando escuto o som do famoso “Money”, a cabeça vibra e a verdadeira aglomeração começa. Talvez, eu precise viajar cinco mil quilômetros para escutar esse som tão esperado e almejado. Às vezes, fico parada na janela do quarto, e sinto que estou vivendo como no “Mito de Platão”: me sinto em uma caverna, mas a única diferença é que posso ver as pessoas falando comigo, através da TV ou do rádio. Todos falam sobre o Sol, e sobre quando ele voltará. A idealização da liberdade vai e volta de meus pensamentos. A perna chega a tremer em pensar. A sensação deve ser maravilhosa, mas ainda não sei dizer qual é. O tempo vai se fechando e a única certeza que tenho é de que os raios de luz não entrarão por minha janela tão cedo. As máscaras não cairão, e eu ainda estarei presa por uma grade, que me separa das ruas e do meu Sol das dez.

Meu cabelo não vai brilhar, meu corpo não vai se tornear, minhas unhas não crescerão, meu sorriso não vai se abrir espontaneamente, mas sei que uma vida vai ver a cor dourada que nasce todas as manhãs, vai respirar, vai gritar, sorrir, abraçar, amar, gostar e desgostar. Essa pessoa vai acreditar na liberdade, na pureza da vida, usará máscaras e álcool em gel, vai se preocupar com o próximo, e vai se doar em prol de outras vidas.

A vida não é uma peça do quebra-cabeças, mas também não é um leite derramado. A vida é importante para quem respira, grita, chora. Talvez, seja importante para mim, mas gostaria que fosse importante assim como uma flor que nasce, um bebê que chora, uma idosa que sorri. E como o Sol que entrava, todo os dias, pela minha janela.

 

 

*A crônica foi produzida sob a supervisão do professor Maurício Guilherme Silva Jr.

 

 

 

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A escritora Juliana James conversou com o Contramão e contou sobre a campanha e sua trajetória na literatura infantojuvenil

*Por Filipe Bedendo

Pessoa inquieta, produtora cultural, professora de teatro, pedagoga e escritora. É assim que a mineira Juliana James se define. Para ela, o caminho no mundo das artes surgiu bem cedo, apenas com 6 anos, quando começou as aulas aulas de teatro. Mas foi em 2013 que ela se lançou como escritora com o  livro “Qual a cor da sua vida?”. Desde então, não parou mais de escrever, já são 10 títulos publicados com temas variados que incluem diversidade familiar, inclusão de pessoas com deficiência, empoderamento feminino, e claro, fantasia.

Em março de 2020, Juliana lançou duas novas obras  e  começaria a divulgação dos títulos nas escolas, mas, assim como muitas pessoas, foi pega de surpresa pela pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Sem poder dar aulas de teatro e ao olhar as caixas de livros paradas em casa, a escritora decidiu criar uma campanha na internet a fim de arrecadar fundos e fazer uma boa ação nas instituições públicas de Juiz de Fora e região.

O Contramão conversou com a escritora, que falou mais sobre a campanha e sobre o seu trabalho.

Como surgiu a ideia da campanha? 

No dia 14 de março, lancei dois livros novos na Biblioteca Municipal Murilo Mendes: “Entrei pra família”, que fala de adoção e diversidade familiar, e “A Lua e o Riacho”, que é um livro extremamente poético, cheio de figuras de linguagem. No dia 16 de março tudo parou e  fiquei com esses exemplares em casa. Iria começar um trabalho de ir nas escolas, como eu sempre faço. Mas, com os livros em casa,  sabia que seria difícil vender. Sou professora de  teatro, meus trabalhos pararam e eu precisava encontrar uma forma de sobreviver nesse meio tempo, porque não dá pra ficar dependendo do governo. Foi aí que decidi lançar a campanha. Os livros custavam R$30,00 e R$35,00, eu coloquei todos a R$20,00. E a cada R$20,00 arrecadado, um livro é doado para uma escola pública de Juiz de Fora e região. Vários amigos contribuíram. Divulguei nas redes sociais e no Whatsapp. Já até entreguei no Caic Rocha Pombo, na Zona Norte, no Caic Núbia Pereira e na AMA. Meu objetivo é tentar juntar pelo menos 20 livros para cada escola. 

A quarentena mudou muito a sua rotina de trabalho? Como foi a adaptação?

Sim. 

É muito difícil dar aula de teatro online. Eu trabalho  com crianças, adolescentes e jovens, então, foi um desafio muito grande. Tenho mantido contato com os alunos, a gente tem feito alguns encontros digitais, mas o teatro é uma arte  que precisa do contato, precisa do afeto, de estar junto, ainda mais com crianças. 

Alguns dos seus livros são inspirados em pessoas reais, com problemas reais. Como é o processo de transformar esses assuntos em histórias lúdicas?

Para mim, o processo de escrita acontece de forma bem natural. Escrevo sobre coisas que eu quero defender, coisas que acredito e sobre pessoas que me inspiram. No caso de “Malu”, por exemplo, foi o último livro que escrevi inspirado em uma pessoa real, a Malu tinha um grave problema de saúde. Quando a conheci, a mãe dela me contou sua história  e a ideia veio na minha mente. Acho que cada escritor tem uma linha, cada pessoa escreve de um jeito. É claro que os livros são todos de ficção, alguns são inspirados em pessoas reais mas, mesmo assim, são livros de ficção. Acho que toda pessoa que escreve se inspira em alguém real. Alguma história do passado ou alguém que marcou muito a vida.

“Entrei para a Família” é um livro que abordamos diferentes tipos de família, incluindo casais homoafetivos e filhos adotados. Além deste, outros livros falam sobre deficiências e o papel da mulher na sociedade. Qual é importância de tratar esses temas com as crianças?

“Entrei pra família” é um livro muito bacana. Ele tem um cachorrinho como narrador e ele conta a história de uma garotinha que o adotou, esse é o gancho que faz ele explicar para as crianças o que é adoção. Ele explica que adotar é um ato de amor. Ensina o que está escrito no dicionário mas ele acaba explicando de um jeito mais simples e direto. E ele fala que a famílias são de todas as cores, que têm famílias de várias formações: tem a mãe com o filho, tem o pai com filho, tem família com dois pais, família que têm duas mães e tem família que a criança é criada pela avó, pelo tio ou por um irmão. O importante é o afeto que une as pessoas. Eu acho importante tratar desse tema. 

Tenho alguns amigos que adotaram. Tenho um casal de amigos que têm menininha e um casal de amigas que também têm um garotinho, então, esses amigos acabavam me pedindo para falar sobre isso. Nas minhas andanças de contação de histórias, outras pessoas que conheci me pediram isso. Fiquei com essa ideia na cabeça e então escrevi esse  livro. Coloquei o nome do personagem principal de Anny Eliza, que é o nome de uma garotinha que conheço e foi adotada. É um livro de ficção mas, como sempre, inspirado em pessoas reais que conheço.

Já recebeu alguma mensagem de pais que tiveram resistência aos livros por conta dos assuntos abordados?

Não, nunca. 

Na época que lancei “Céu de Outono”, que fala de empoderamento feminino, tive uma certa resistência por parte das escolas. É um livro que fala de gênero e é bem bacana, com ilustrações lindas. Mas, na época estava uma loucura essa coisa de “Escola Sem Partido” e de não poder falar sobre gênero nas escolas. Então, os diretores estavam com medo de me deixar contar essa história e as crianças entenderem ou levarem para casa de um jeito e alguns pais não aprovarem. Eu vivi isso, um certo temor por parte das instituições em falar sobre o assunto por receio de pais mais conservadores. Mas diretamente nunca me foi encaminhado.

Qual a principal mensagem que você deseja levar passar com os seus livros?

Não tem uma mensagem específica. Eu penso que preciso ajudar de alguma forma. Minha vontade é essa: contribuir para que as crianças se tornem cidadãos críticos e para que não sejam pessoas preconceituosas. Essa é a minha preocupação. Acho que são vários assuntos, vários temas e várias mensagens.

Você tem algum livro que marcou sua infância e te fez querer escrever?

Tenho contato com a leitura e com os livros desde muito cedo. Comecei a fazer teatro com 6 anos e fui apresentada a muitos autores. Tenho enorme gratidão ao teatro, então sou suspeita para falar. “A bruxinha que era boa” e “O Patinho Feio”, me marcaram muito, porque foram as primeiras peças que eu fiz e os primeiros textos que eu decorei. A “Maria Minhoca”, que é um texto incrível da Maria Clara Machado, “Crime Atrás da Porta” e os livros do Pedro Bandeira também. São vários livros que me marcaram, eu poderia fazer uma lista infinita.

O que você considera mais gratificante no trabalho e escritora e contadora de histórias?

Acho que o mais importante para mim e o que me deixa feliz, é que eu sou uma pessoa adulta e trabalho com algo que sou apaixonada desde a minha infância. Eu trabalho com que eu gosto, trabalho com arte, trabalho com teatro e com literatura. E isso me deixa imensamente feliz, apesar de ainda ser muito difícil trabalhar com arte.

 

 

*A entrevista foi produzida sob a supervisão da jornalista Daniela Reis e Italo Charles

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Por: Daniela Reis 

Hoje nossa receita é especial para você que precisa seguir uma dieta zero açúcar! Quem nos agraciou com essa gostosura foi o aluno do curso de Gastronomia do Centro Universitário Una, Ryan Ribeiro Bonino Silva. 

Torta de frutas vermelhas – Zero açúcar.
Quantidade de porções: 8 porções.
Tempo de preparo: Aproximadamente 6 horas.
Categoria: Doces / Confeitaria
Nível de dificuldade: Médio

Ingredientes

MASSA:
– 280g de biscoito maisena diet
– 30g de manteiga ou margarina

CREME:
– 420ml de leite condensado diet
– 400g de creme de leite em caixinha
– 24g de gelatina incolor
– 10ml de essência de baunilha

GELEIA:
– 200g de amora
– 100g de morango
– 25g de xilitol (ou adoçante culinário que possa ir ao fogo)

MONTAGEM:
– 50g de morango
– 50g de amora

Passo a passo para a preparação

MASSA:
1° Em um liquidificador ou processador, junte pouco a pouco os biscoitos maisena e bata em velocidade média, até que vire uma farofa fina.
2° Derreta a manteiga no micro-ondas ou em fogo baixo.
3° Junte, aos poucos, a manteiga com a farofa dos biscoitos, até que vire uma massa homogênea.
4° Em uma forma (30cm de diâmetro) distribua todo o conteúdo.
5° Asse por 15 minutos em forno pré-aquecido a 180°C.

CREME:
1° Em uma vasilha hidrate a gelatina com 100ml de água.
2° No liquidificador coloque todo o conteúdo do creme de leite, o leite condensado, a essência de baunilha e por último a gelatina hidratada.
3° Bata até possuir consistência homogênea.
4° Despeje o conteúdo na mesma forma em que a massa foi assada, por cima desta, e leve à geladeira por, no mínimo 4 horas.

GELEIA:
1° Em uma panela coloque 200g de amora, 100g de morango picados e o xilitol.
2° Adicione água até cobrir metade das frutas.
3° Ligue em fogo baixo e mecha até que as frutas desmanchem.
4° Se necessário, bata o conteúdo no liquidificador para que possua uma textura mais lisa.
5° Reserve até possuir temperatura ambiente.

MONTAGEM:
1° Após as 4 horas de geladeira, desenforme o conteúdo da forma.
2° Despeje a geleia por cima da torta e decore com o restante das frutas, use a criatividade!

Esperamos que você se delicie com o maravilhoso e refrescante prato livre de açúcar!

 

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Bandeira com as cores da causa LGBT no Beira-Rio (Reprodução)

          Time belo horizontino fundado em 2019 possibilitou a inserção de pessoas LGBTQIA+ no futebol

Por: João Gabriel

O futebol é mesmo fascinante e sempre conquista mais amantes ao redor do planeta, sendo indivíduos de diferentes classes sociais, nacionalidades, etnias, idades, gerações e gêneros. Todos reunidos ansiosamente à espera do gol, acompanhando lances protagonizados pelos artistas do jogo.

Com a missão de proporcionar um espaço inclusivo e de aceitação no esporte, nasceu em 2017, no Rio de Janeiro, a primeira edição do campeonato de futebol gay do Brasil: A Champions LiGay – nome inspirado na famosa Champions League – que por sua vez é organizada pela LGNF (Ligay Nacional de Futebol), disputada em quadras society. A segunda edição do torneio foi disputada em Porto Alegre/RS e passou de 8 para 12 clubes, a mais recente aconteceu em Belo Horizonte no ano passado, desta vez com 28 clubes de diversas partes do Brasil.

Com a boa recepção do campeonato, várias outras equipes do gênero continuam a surgir pelo país entre elas o “Predadores FC” do bairro Ipiranga, região Nordeste de Belo Horizonte. O clube mineiro teve sua criação em 19 de Fevereiro de 2019 com a proposta de acolher e inserir LGBTs no futebol.

Seu surgimento se deu neste período após a dissidência entre integrantes de outros clubes da categoria. A equipe conta com staff que inclui comissão técnica formada por duas treinadoras, personal trainer e psicólogo esportivo que se encarregam na manutenção da filosofia de trabalho, da técnica e autoestima dos atletas durante as competições oficiais e treinamentos.

Reiterando o espírito coletivo e a seriedade do trabalho realizado, o presidente Marcos Berna comentou “Nossos atletas/irmãos são muito conectados a família Predadores Futebol Clube. A frente da psicologia  desportiva temos o grande profissional Nil Costa que sempre pratica intervenções no cotidiano, e passa várias técnicas de relaxamento, auto controle e ansiedade.”  Segundo ele, as treinadoras e o psicólogo desempenham a função de forma voluntária.

Fora das quatro linhas o time ‘Predadores’ não contempla o amparo e auxílio de padrinhos ou patrocinadores, embora muitas vezes surgem interessados ou aproveitadores que acabam declinando o projeto no meio do caminho por inúmeros motivos “Tivemos apoiadores temporários, muitas promessas feitas e poucas cumpridas. Sempre aparecem pessoas que querem divulgar sua marca sem ajudar em nada a equipe. Mas, aos poucos identificamos as reais intenções e afastamos alguns. Alguns resolvem não patrocinar pela equipe ser LGBT, outros não renovam por opção própria ou tendo outras modalidades em vista”, esclareceu Marcos.

Quanto a escolha dos atletas, o clube adota uma política que vem a corroborar com o sentido de diversidade em todos os níveis, sem impor restrições a possíveis jogadores quanto a faixa etária, biótipo, padrão estético ou fisiológico. “Basta ter vontade de competir, recrear, que está dentro de nossa filosofia. O único pré requisito básico é ser integrante da nossa sigla LGBTQIA+. Aos interessados, só nos procurar no Instagram, via direct ou demonstrar interesse e comparecer em nossos treinos. Todos são muito bem vindos”, reforçou o presidente.

Sobre a presença de pessoas que sejam heterossexuais na composição do elenco, ela é parcialmente permitida, porém, sob algumas regras e exceções “Na categoria feminino podem sim atletas heterossexuais, no masculino permitimos treinos esporádicos, mas veremos a participação em campeonatos. Porque seria (caso acontecesse) uma forma de excluir os LGBTs que estão conosco no dia a dia.” 

Como consequência em torno dessa ação, mudanças positivas são proporcionadas no cotidiano dos jogadores envolvidos. Henrique Júnio, 21, relata sua sensação de poder vivenciar a experiência “Quando cheguei no time fui bem recebido por todos, não sabia que tinha time gay. Foi onde comecei a me abrir mais, foi uma experiência muito boa, hoje tenho o Predadores como minha segunda família. Não abro mão dele por nada.”

A rejeição à comunidade LGBTQIA+ no ambito geral do esporte revela sinais de mudanças mundo afora. Em pesquisa divulgada pela BBC em 2016, a conclusão é que 82% dos torcedores britânicos de várias modalidades, não se importariam se um jogador de seu time anunciasse ser gay. Apenas 8%, disseram que fariam questão de deixar de acompanhar a equipe se isso ocorresse. Neste mesmo levantamento 71% dos entrevistados defenderam que os clubes devem contribuir no combate a homofobia.

Em solo brasileiro já podemos notar esforços, ainda que tímidos por parte de federações  neste sentido, desde a iniciativa de incluir o número 24 (medida adotada por alguns clubes na numeração de uniformes). Estigma que começa a cair aos poucos, mas que perdurou por bom tempo no imaginário coletivo, até a abolição de cânticos homofóbicos nos estádios, sob pena de multa a instituição que não se enquadrar. Atitude até então simples, que a médio/longo prazo pode trazer transformações profundas em outras áreas no país.

Esta modalidade que diferente de outras, não necessita um tipo físico específico para praticá-la (no âmbito amador), sendo sua aplicação acessível às pessoas de características singulares, baixos a altos, de franzinos a mais fortes, de magros a gordos. Considerado o  esporte mais popular do mundo, que em tese, deveria exercer seu principal valor social, a inclusão, independente das diferenças sejam quais forem. Como todo entretenimento é um reflexo de nossas qualidades e fraquezas enquanto sociedade, o futebol tem em sua história tristes capítulos, com episódios de racismo e homofobia ainda muito corriqueiros.

História

Em 1990, época a qual o tópico em relação à orientação sexual não era sequer mencionado e discutido no mundo do futebol, Justin Fashanu, jogador inglês de futuro promissor, foi o primeiro – e até hoje, único –  atleta do futebol da história a revelar publicamente sua homossexualidade estando em atividade na carreira, enquanto atuava na primeira divisão do campeonato inglês. Passou por clubes tradicionais do país como Manchester City e West Ham. Também vale destacar que ele foi o primeiro jogador britânico a valer 1 milhão de Libras em uma transferência.

Em virtude de sua declaração pública no ano de 1990 apesar de possuir destreza ímpar com a bola nos pés, Justin perdeu cada vez mais espaço no meio futebolístico sofrendo frequentes boicotes por parte de cartolas de outros clubes, passando a conviver com ataques homofóbicos cada vez mais pesados derivado de companheiros de time, torcida, dirigentes e imprensa, que volta e meia especulava a sua sexualidade e até mesmo de seu irmão John Fashanu, que também era jogador e passou a rejeitá-lo.

A somatória de acontecimentos negativos em sua carreira e vida pessoal atribulada, culminou no melancólico fim de Justin Fashanu, que decidiu pôr fim a sua vida  em 1998, após falsa acusação de abuso sexual por parte de um jovem de 17 anos. Antes de sua morte, Justin deixou uma carta, onde negava as acusações, afirmando  que o ato sexual foi consensual e que sofreu uma chantagem por parte do jovem que queria dinheiro, e ainda considerou a possibilidade de não ter um julgamento imparcial e justo em virtude de sua orientação sexual.

Eu percebi que já tinha sido considerado culpado. Não quero envergonhar minha família e amigos. Ser gay é uma personalidade muito difícil, mas não posso reclamar. Queria dizer que não agredi sexualmente o jovem. Tivemos sexo consensual, mas no dia seguinte ele me pediu dinheiro. Ao recusar o pedido, ele falou ‘espere e você vai ver só’. Se esse é o caso, eu ouço vocês dizerem, por que eu fugi? A justiça nem sempre é justa. Percebi que não teria julgamento justo por conta da minha homossexualidade”.

O ex jogador Richarlyson, que embora nunca tenha se declarado a respeito, como Justin, foi outro caso notório de como a intolerância e a discriminação no futebol ainda continuam presentes. O anúncio de sua contratação, feita pelo Guarani em 2017 foi recebido de forma negativa e jocosa, com piadas por parte da torcida rival, de figuras públicas como o vereador Jorge Schneider  e protestos da própria torcida do “Bugre”, apelido do clube de Campinas.

A decisão de um atleta em revelar este lado da vida pessoal divide opiniões. Falas controvérsias à respeito disso, como a do conhecido treinador Renato Portaluppi podem colaborar, ainda que indiretamente, para a invisibilidade de gays no futebol profissional. Em entrevista para o jornal Folha de São Paulo, há alguns quando indagado se um jogador deveria assumir ou não sua condição Se tem um gay na música é normal, se tem um gay ator é normal, se tem um gay em qualquer profissão é normal. Mas se tem um gay no futebol, vira notícia mundial. Por quê? Não entendo isso”, opinou.

 

* Matéria supervisionada por Italo Charles e Daniela Reis