Page 329

Depois dos protestos da Guarda Municipal de Belo Horizonte, que causaram congestionamento no trânsito em vários pontos da capital na quinta-feira, 25, a Prefeitura de Belo Horizonte emitiu nota decretando estado de emergência sob a justificativa que a greve pode comprometer a segurança das pessoas e de bens e serviços públicos. Com o decreto a administração municipal pode adotar medidas extraordinárias como a contratação de pessoal, em regime de urgência, para atender as necessidades precedentes da população.

Na ocasião das manifestações os grevistas se reuniram na região central, em frente à Prefeitura – onde paralisaram uma das vias da Av. Afonso Pena -, e seguiram até a Secretaria de Planejamento. Entre as exigências dos grevistas estão a melhoria nas condições de trabalho, porte de armas de fogo e expulsão de militares reformados do corpo da Guarda. A Prefeitura, em nota, informa que o reajuste de 83,75% para a Guarda Municipais, em relação aos anos de 2007 a 2012, foi superior a inflação acumulada do mesmo período que marcou 39,83%. Ainda segundo a nota, a prefeitura implantou o plano de carreiras o que amplia direitos, como o caso da férias-prêmio.

Desmilitarização

Apesar da exigência do uso de armamento, o advogado da SINDGUARDAS, Ronaldo Antônio Brito Junior, revela o desejo de desmilitarização da Guarda Municipal de BH. Sob os gritos de “Fora Coronel” e “Fora Capitão” ele explica que os servidores querem compor uma “guarda cidadã”. O presidente do Sindicato, Pedro Ivo Bueno inteira: “exigimos a expulsão imediata dos 200 militares reformados que estão no comando da Guarda, isso deixa ela inoperante e militarizada”. Para o advogado a presença dos militares “é o câncer da Guarda”.

Para Roger Victor, assessor de comunicação da Guarda Municipal a queixa do SINDGUARDAS não procede. “Pedro Ivo Bueno mente ao dizer que na instituição possui 200 militares”, garante em entrevista, por telefone. Em e-mail, o assessor esclarece que na guarda há apenas 18 profissionais de segurança egressos da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). “Não há impedimentos legais para essas contratações e justifica que a medida é positiva já que a Guarda tem apenas 10 anos e por isso precisa do apoio de profissionais experientes”, acrescenta.

Exigências

O Guarda Municipal Rogério Gonçalves conta que desde 2009, portanto a 4 anos, não há recomposição de salários e o ticket alimentação é de R$ 1,50 desde 2003. Segundo Gonçalves, os manifestantes também exigem o uso de armas de fogo por prestarem serviço 24 horas e para ilustrar o risco a que estão expostos exemplifica “só nesse mês apreendemos 30 armas”.

Além da expulsão dos militares e do porte de armas, a manifestação exigia recomposição salarial de 25,8% referente aos anos de 2009, 2010, 2011 e 2012, aumento do ticket alimentação para R$ 6,00, 25% de gratificação por disponibilidade integral e pagamento de adicional de risco.

A assessoria de comunicação da Guarda Municipal informou que o armamento já foi adquirido. Em nota a Prefeitura esclareceu que a recomposição salarial foi encaminhado a Câmara Municipal por meio do Projeto de Lei 248/2013, de autoria do Executivo. O documento em questão concede abono no valor de R$ 1.148,13 a ser repassado uma única vez.

Confusão

Na tarde da quinta-feira, 25, quando os manifestantes se aproximavam da área hospitalar o presidente do sindicato, Pedro Ivo Bueno, com intenção de demonstrar que a Guarda Municipal tem respeito pelos pacientes pediu “sem cornetas, sem buzinas”. Pouco depois houve confusão envolvendo um civil e militares, que fizeram uso de spray de pimenta e o golpearam com chutes. O Presidente do Sindicato interviu: “Não entrem nessa briga, isso é coisa da oposição! Somos profissionais da segurança pública, não devemos entrar em brigas”.

Em nota, a Assessoria de Comunicação da Guarda Municipal de Belo Horizonte informou que durante a noite, depois das manifestações, cerca de 200 grevistas invadiram a sede e a Sala de Operações da Guarda liderados pelo Presidente do Sindicato. Segundo a nota eles agrediram colegas que estavam trabalhando e vandalizaram o lugar, fazendo necessária a presença de agentes da Polícia Militar para conter os manifestantes.

Irregularidades

Roger Victor acusou o SINDGUARDAS de atuar de maneira irregular por não possuir carta sindical e registro no Ministério do Trabalho, questionou: “como um sindicato irregular pode fazer aquela confusão?”. O assessor de comunicação da Guarda ainda alega que Pedro Ivo Bueno não pode estar a frente do sindicato porque “teve o ato de posse cancelado por omissão de doença pré-existente” e portanto, desde 19 de outubro, não serve mais a instituição.

Por Alex Bessas e Juliana Costa

Foto: João Alves

Na próxima segunda (29), será lançado, em exibição gratuita, no Cine Cento e Quatro, o curta “O tecido dos sonhos”, de Carlos Rocha e Marcelo Braga. A exibição do curta-metragem será às 20 horas. O projeto é um experimento audiovisual que une o universo shakespeariano ao cotidiano das ruas de Belo Horizonte. O título do filme remete à citação atribuída ao dramaturgo que diz: “Nós somos do tecido de que são feitos os sonhos”.

O elenco é formado por pessoas em situação de rua e associadas à ASMARE e ao Centro de Referência da População de Rua. Os diretores esclarecem que o encontro com esses grupos de ações sociais contribuiu para a consolidação da obra. “A posição passiva, anda de mão dada com a indiferença”, declara Carlos Rocha.

Com 17 minutos de duração, o curta traz textos de Shakeaspeare interpretados pela população que vive nas ruas da capital mineira e redescobre a literatura produzida no século XVI e aclamada no século XIX, vista por tipos populares que habitam, trabalham e cruzam a cidade de Belo Horizonte. Sobre a estreia na próxima segunda-feira Marcelo Braga, um dos idealizadores e diretores do projeto, afirma: “A expectativa é a melhor possível”.

As dificuldades encontradas foram as mais naturais possíveis: nem todos os moradores de rua estavam dispostos à participar das gravações devido a problemas particulares, outros inicialmente participaram, mas por fatores externos não finalizaram. Foram seis meses de trabalho, sendo três dedicados a oficinas de preparação do elenco, já que nenhum deles era profissional e mais três de filmagens – para levar essa realidade para as telas.

Cine Cento e Quatro está localizado Praça Ruy Barbosa (Praça da estação), número 104, no Centro de Belo Horizonte.

 

Por: Alex Bessas  e  Aline Viana

Foto de divulgação.

0 738

A Câmara dos Diretores Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) estima um aumento de 15% das vendas de presentes para o Dia das Mães, em comparação com as vendas do ano passado. Os dados são de um levantamento feito com 200 lojistas, entre 25 de março e 12 de abril. Essa pesquisa também revelou que cada consumidor deve gastar, em média, R$ 150,00 em uma mesma loja.

Dos lojistas entrevistados pela pesquisa da CDL, a maior parte (56,85%) estima que as vendas de 2012 serão ultrapassadas neste ano; já 37,41% avalia que serão iguais e a minoria (11,68%) espera redução em relação ao período anterior. Daqueles que têm expectativa por uma melhora nas vendas, a maior parte (49,24%), vêem a possibilidade de acréscimo superior a 15%.

Apesar do cenário otimista os lojistas que devem manter o mesmo volume de estoque do ano anterior ainda são maioria (45,36%), seguidos de perto por aqueles que pretendem aumentar seus estoques (44,85%). Apenas 9,79% vão reduzir seus volumes de mercadoria em relação a 2012. Para o presidente da CDL/BH, Bruno Falci, trata-se de “essa é uma reação conservadora, uma tentativa de minimizar a margem de produtos que podem ficar parados””.

O ticket médio (quociente que indica a quantia que o consumidor gasta em uma loja) deve variar entre R$ 75,01 e R$ 100,00, segundo espera a maioria (19,78%) dos lojistas ouvidos. Já 18,68% estimam que o gasto deve ficar entre R$ 1,00 e R$ 50,00. Um terceiro percentual relevante (17,03%) aponta a expectativa que o consumo fique entre R$ 100,01 e R$ 150,00.

Bruno Falci acredita que a estabilização dos índices de desemprego e o crescimento da massa salarial dos trabalhadores são alguns dos fatores que contribuem para o cenário otimista apontado pela pesquisa.

Por: Alex Bessas

Foto: Pedro Vilela

No sábado, 27, será realizada e segunda sessão de fotografias da campanha Beijos Contra a Intolerância, no laboratório de fotografia campus liberdade 2, das 09h30 às 12h30 na Rua da Bahia, 1723, 4º andar, Lourdes. As fotos serão feitas por ordem de chegada e menores de idade deverão estar acompanhados de representante legal. A ação promove as diferentes manifestações do amor representadas por fotos que serão feitas no ICA (Instituto de Comunicação e Artes), o projeto encabeçado pelo coordenador dos cursos de Cinema e Moda Júlio Pessoa e pela Professora de Jornalismo Multimídia Tatiana Carvalho, apoiados pelo projeto de extensão Una-se contra a homofobia coordenado pelo professor Roberto Alves Reis.

“A educação é o melhor antídoto contra o preconceito” defende Júlio Pessoa que idealizou a campanha a partir de uma iniciativa pessoal. Pessoa convidou o psicólogo e coordenador do NUH da UFMG, Marco Aurélio Máximo Prado, para uma foto em que os dois apareceriam se beijando e os dizeres “só o amor constrói”. A divulgação da fotografia rendeu centenas de comentários e compartilhamentos no Facebook, neste momento a professora Tatiana Carvalho iniciou a organização da ação Beijos Contra a Intolerância, que a primeira sessão realizada na segunda feira, 22, de Abril, das 11h30 às 13h30 e 16h às 19h, as fotos só eram feitas mediante à assinatura do termo de autorização do termo de uso de imagem.

Roberto Reis vê a campanha como um marco e constata; “comprometimento do Instituto de Comunicação e Artes e também da UNA com o incentivo aos direitos humanos e principalmente aos direitos LGBT”, e ressalta o propósito do projeto UNA-se contra a homofobia é “levar a discussão dos direitos LGBT entendidos como direitos humanos para os vários campus do centro universitário”. A primeira sessão de fotos realizada no dia 22 deste mês, já foi divulgada na página do Una-se contra a homofobia o álbum com obteve 395 curtidas e 85 compartilhamentos, Luiza Fernanda Meira comentou: “Adorei participar! Vamos juntos fazer a diferença.”, Mariana Garcia comentou: “Belas fotos, motivo mais do que especial…parabéns!!!Pena que não pude ir..” Marco Sander comentou: “Gente, ficou um arraso… essa campanha tem que continuar… vocês estão de parabéns…”

No contexto político atual Júlio Pessoa define como perigosas as seitas fundamentalistas e devem ser fiscalizadas de perto “a Polícia Federal no Brasil tem que agir como o FBI nos Estados Unidos, monitorar muito de perto essas seitas fundamentalistas” e reafirma os valores da campanha “nós somos pela família, eu sou pela família, hoje minha mãe, meu irmão e minha sobrinha vieram dar apoio à campanha”.

Por: Gabriel Amorim

Foto da Campanha

“UNA gay”, eis os dizeres que estão pichados em uma das paredes Campus Aimorés do Centro Universitário UNA, no cruzamento da Rua da Bahia. A fotografia da pichação divulgada hoje no Facebook indignou os alunos da instituição. Ainda não é possível precisar a data exata da pichação. A professora do Instituto de Comunicação e Artes da UNA, Tatiana Carvalho Costa é integrante do projeto UNA-se Contra a homofobia e explica que esse tipo de movimento confirma a intolerância contra uma instituição que apoia resoluções a favor da diversidade e direitos humanos.

Ouça, na integra, a entrevista completa.

Texto, foto e podcast por João Alves

Para criminalista, Antônio Donato dificilmente será condenado por todos os crimes de que é acusado. Pagodão contra o Nazismo, idealizado no Facebook,  está previsto para o dia  20 na Praça Afonso Arinos

As imagens do suspeito de apologia ao nazismo, Antônio Donato Baudson Peret, 24, tentando enforcar o catador de material reciclável Luiz Célio Damásio, 42, ganharam repercussão nacional, desde o dia 05 de abril,  e geraram uma mobilização nas redes sociais, na última semana. No Facebook, está programado para o dia 20, um evento denominado Pagodão contra o Nazismo com o objetivo de “pressionar os órgãos públicos pelo avanço da investigação e das punições”, conforme esclarece uma das organizadoras que prefere se identificar como responsável pela página Anarquistas Ensinam (link).

A mobilização será na Praça Afonso Arinos, na Avenida Álvares Cabral, pretende reunir todo grupo antifascista de Belo Horizonte. “Nosso público é diverso, todas as cores, credos, estilos e etnias. O importante é ser antifascista!”, exclama a responsável. Além de esclarecer que o pagode almeja reunir “uma galera para se divertir, e que estimule os debates e a pressão popular sobre os casos”. A autora do evento explica ainda: “Nosso pagode é uma resposta às manifestações de intolerância e formação de quadrilha nazista que tem ocorrido em Belo Horizonte, que vão desde os trotes racistas na UFMG, até os casos mais recentes envolvendo os boneheads neonazistas”.

Apologia ao nazismo

Antônio Donato foi preso em Americana (SP), na segunda, 15, e esta detido no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) São Cristóvão, onde também estão Marcus Vinícius Garcia Cunha, 26 anos, e João Matheus Vetter de Moura, 20 anos, detidos no domingo, também acusados de agressões na capital. Donato responderá por incitação ao crime, apologia ao nazismo e ao racismo, lesão corporal leve, tortura, corrupção de menores (há uma foto de um menor, filho de um dos outros dois acusados, fazendo reverência nazista) e formação de quadrilha, a pena pode chegar a 24 anos de prisão.  Mas para a  advogada criminalista Gabriela Dourado, o suspeito dificilmente será condenado por todos os sete crimes de que é acusado. Ouça o podcast em que a advogada explica cada um desses crimes e suas respectivas penas, além de fazer uma análise do caso.

Por Ana Carolina Vitorino

Ilustração: Diego Gurgell