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*Por Daniela Reis

A receita de hoje é de Luis Felipe Castilho Assis e é uma excelente sugestão para o final de semana!

Descrição do prato: Nhoque de beterraba na manteiga de ervas acompanhado de pernil suíno e tomates sweet grape.

Quantidade de porções: 8

Tempo de preparo: 1h

Categoria: Prato Principal

Nível de dificuldade: Fácil

Ingredientes:

Nhoque de Beterraba
– 600g de beterraba cozida, sem casca e processada no mixer ou no liquidificador.
– 150g de farinha de trigo
– 130g de cebola
– 4g de alho
– Sal e pimenta a gosto
– Azeite para refogar

Manteiga de ervas
– 100g de manteiga no ponto de pomada
– 8g de alho
– 6g de salsinha
– 2g de funcho

Pernil Suíno
– 1kg de pernil suíno picado em cubos
– 20 ml de shoyu
– 8g de alho amassado
– Sal e pimenta a gosto
Para a composição
– 180g de tomate sweet grape

Passo a passo para a preparação:

Para a Manteiga de Ervas:
– Picar bem pequeno o alho e as ervas
– Misturar tudo com a manteiga
– Reserve no ponto de pomada ou na geladeira para durar mais

Para o Pernil Suino:
– Disponha o pernil em um bowl ou vasilha
– Acrescente o shoyu, o sal e a pimenta e misture bem
– Esfregue o alho picado e reserve por uns 20 minutos.
– Com um pouco de azeite, coloque o pernil em uma frigideira ja aquecida e mexa ate que esteja cozido.

Para o Nhoque de beterraba:
– Picar a cebola e o alho e refogar em uma panela funda
– Adicione a beterraba já cozida e processada e misture
– Acrescente a farinha e misture até ficar homogêneo e mais denso
– Reserve em um pote e deixe resfriar
– Povilhe farinha em uma bancada já higienizada
– Em porções pequenas, pegue a massa ja fria e modele na bancada e corte no tamanho desejado
– Esquente a água em uma panela para o cozimento
– Após a fervura da água, adicione o nhoque
– Quando o nhoque subir significa que está pronto. Retire e reserve
– Em uma frigideira acrescente a manteiga de ervas e em seguida o nhoque
– Mexa um pouco e está pronto

Junte o nhoque, o pernil e o tomate. A montagem fica por sua conta da sua criatividade! É um prato com muita cor e sabor!

 

Sobre o chef

Luis Felipe Castilho Assis é aluno do curso de Gastronomia do Centro Universitário Una. Sua paixão pela culinária começou com a avó, que o mostrou que a cozinha vai além de uma simples refeição. “Com a cozinha você se conecta com os outros, você se expressa, você cria ou relembra sentimentos e sensações. Eu posso dizer que minha maior forma de contato e aprendizado na cozinha vem das mulheres da minha vida, minhas duas avós e minha mãe. Isso me fez desde pequeno entender a importância de amar o que você faz e não ter medo de criar”, afirma Luis.

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Dependência dos animais em relação aos tutores pode desencadear ansiedade da separação ao final da quarentena

*Por Camila Toledo

Quem tem um animal de estimação sabe que ele precisa – além de muito amor – de cuidados com a saúde. Porém, muitas vezes, alguns comportamentos indicativos de problemas psicológicos podem passar despercebidos. E não se trata apenas de cães e gatos: pássaros, roedores e outros animais exóticos também têm suas particularidades e necessitam de ainda mais atenção. Falta de espaço, alojamento inadequado e apresentação de um novo companheiro de forma brusca podem acarretar uma série de problemas que vão desde a perda de apetite do animal à automutilação.

Foi o caso da Calú, a calopsita da Milena Hanazaki, de 20 anos, que conversou com a gente sobre o assunto. “Percebi que tinha algo errado com a Calú quando ela começou a se coçar muito, deixava de comer e brincar pra ficar se coçando. Ela não sabia se coçava as costas, a barriga, o rabo, se pudesse coçava tudo ao mesmo tempo. A princípio suspeitei de ácaros ou piolhos, que acabam sendo comuns nas aves, mas como o medicamento não teve efeito, o veterinário indicou exames suspeitando alguma alergia ou protozoários internos, mas todos deram negativo. Ela se coçava a ponto de machucar e, como não parava, as feridas não curavam fácil.”

Histórias como a da Calú não são casos isolados. Bruno Campos, que é médico veterinário formado pela UFMG e instrutor em medicina comportamental e psicologia canina do Núcleo de Treinamento e Adestramento de cães (NUTRA) da PMMG, explica que o estresse de um animal pode se agravar quando o dono e o veterinário não identificam comportamentos anormais, normalmente confundindo os sinais que um pet pode dar de que está estressado com problemas fisiológicos:

“As aves quando se encontram em estado de estresse tendem a arrancar as próprias penas, ingerir menos água, comer menos e ter estereotipias (movimentações compulsivas), como forma de aliviar o estresse. Algumas podem ficar balançando de forma rítmica de um lado pro outro na gaiola. Podemos encontrar na internet vídeos de pássaros fazendo isso e os donos filmando e achando bonitinho, quando na verdade isso é um sinal que o animal apresenta de que está estressado. Inclusive, existem animais que se automutilam na tentativa de drenar essa frustração. Casos como o da Calú são comuns em meus atendimentos principalmente pela dificuldade em se fazer um diagnóstico preciso do problema comportamental por aquele colega que não tenha essa casuística em sua rotina de trabalho.

Alguns animais podem ter repercussões fisiológicas como vômito, queda de pelos, diarreia e inapetência. Muitos tutores no intuito de resolverem rápido o quadro clínico buscam saídas medicamentosas para o problema, mas vale ressaltar que os psicofármacos devem ser usados com critério e serem prescritos por um veterinário. Geralmente ajustes na rotina e no enriquecimento ambiental podem ser suficientes na resolução sem lançarmos mão de métodos mais invasivos.”

Sem diagnóstico do veterinário, Milena foi quem percebeu que Calú estava acuada por causa de seu companheiro de gaiola: Nick, que havia chegado já adulto à sua casa quando Calú tinha nove meses. Segundo a tutora de Calú, os dois viveram juntos por um ano até tudo começar a acontecer:

“Eu não sabia mais o que fazer, até que um dia eu vi o Nick – minha outra calopsita – avançando na Calú enquanto ela comia e surgiu a hipótese de estar incomodada com a presença dele. Fui direto conversar com o veterinário sobre essa possibilidade e ele confirmou que era possível que a mudança de comportamento dela fosse devido a estresse. Primeiro decidimos fazer um teste tirando o Nick de casa, levei ele pra casa da minha mãe e no segundo dia a Calú já mudou o comportamento, apesar de não ter parado de se mutilar porque o estresse estava em um grau muito elevado. Quando percebi a melhora rápida da Calú, decidi com muito pesar doar o Nick. Hoje ela está curada e feliz, mas ao todo foram 11 meses de tratamento intenso, muitos remédios para tratar as feridas, anti-fungos, anti-inflamatórios, entre outros.”

Quando se trata de cães e gatos não é diferente: uma mudança no ambiente pode causar problemas por muitos meses se o tutor não entender o comportamento e as necessidades do seu animal, como explica Bruno:

 “Qualquer coisa que altere a rotina de um animal é passível de evocar nele o estresse. Barulhos que ele não tenha sido acostumado, alterações da rotina – muitos clientes entraram em contato comigo já durante essa situação de quarentena dizendo que o cão está apresentando um comportamento diferente, e isso se deve ao fato de que ter os tutores em casa todos os dias, o tempo todo, não fazia parte do contexto de vida deles.  

Nesse período de isolamento que estamos vivendo eu prevejo um aumento exponencial dos casos não só de estresse, mas também de ansiedade da separação, que é quando o animal não lida psicologicamente bem com a ausência abrupta do tutor, e isso vai ocorrer ao fim dessa quarentena. Eu recomendo aos tutores nesse momento proporcionar momentos de autonomia emocional aos pets para que eles possam brincar sozinhos, ter prazer em estarem sozinhos, e pra isso é muito importante o enriquecimento ambiental específico pra cada animal. Não precisam ser muitos brinquedos, mas sim brinquedos que estimulem o cognitivo deles e os aproximem daquilo que teriam na natureza.”

Além do relacionamento do pet com o tutor, a convivência de um animal com outro que viva no mesmo ambiente também deve ser observada. O instinto de dominação, por exemplo, pode desencadear uma série de problemas entre animais, principalmente se houver interferência – mesmo que involuntária – do tutor nessa ordem natural, como destaca Francisco Daniel Schall, médico veterinário pela FEAD – MG, que também é membro da ONG Asas e Amigos e trabalha no Zoológico de Itabirito:

“Os próprios cães definem quem vai ser o dominante, então quando o tutor percebe que um animal está mais tenaz, a recomendação é para que o cão dominante seja o primeiro a receber carinho, comida, para deixar a dominância bem estabelecida entre os animais e evitar que aconteçam brigas. Se o tutor bagunça essa ordem, o cão dominante tende a bater no outro pra ficar na frente.”

Já a médica veterinária Anna Luiza Machado Sampaio, graduada pela Universidade Federal do Pampa, ressalta que os gatos são mais facilmente estressáveis do que os cães, porém se divertem com pouco:

“Gatos são animais que só vão mostrar que estão doentes em último caso, então o tutor precisa estar atento a qualquer mudança de comportamento. Eles se estressam muito fácil, então precisam de enriquecimento ambiental, brinquedos – e não precisam ser coisas caras, pode acontecer de você comprar um brinquedo novo e o gato gostar mais da caixa em que ele veio. Além disso, precisam também de um cuidado especial ao apresentar um novo animal.

Os felinos são animais muito sensíveis e podem ter uma descarga de adrenalina que resulte numa parada cardíaca em um pico de estresse – o que também pode acontecer com cães de pequeno porte. Eu já atendi um caso em que o gato desenvolveu uma cistite – que é a inflamação da bexiga – emocional porque os tutores mudaram os móveis da cozinha de lugar.”

Animais de zoológico, exóticos, também estão são suscetíveis ao estresse, na maioria das vezes pelo fato de estarem confinados, como explica Daniel Schall:

“O comportamento de animais estressados por estarem presos num zoológico é semelhante a uma pessoa que está na cadeia, procurando o que fazer e alguns reproduzindo ações repetitivas. Os macacos, por exemplo, mexem no cadeado, uma vez que relacionam a entrada de alguém na jaula com aquele objeto, destroem tronco de árvores e objetos do recinto, mordem gravetos.”

De acordo com um estudo realizado em 2010 pelo periódico científico Ciência Rural, da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande de Sul, tendo como amostra 101 médicos veterinários de hospitais e unidades de atendimento veterinário de faculdades e universidades de todas as regiões do país, 90,2% dos profissionais afirmaram serem mais consultados sobre distúrbios de comportamento em cães do que em gatos (5,4%), e 4,3% dos médicos veterinários não identificaram a espécie com maior frequência para esse tipo de queixa.

Nesse estudo também foi perguntado aos entrevistados qual comportamento mais motiva o proprietário a abandonar ou solicitar a eutanásia do seu cão: 58,7% caracterizaram a agressão como muito frequente e 41,3% dos médicos veterinários indicaram os comportamentos destrutivos como muito frequentes.

É importante salientar que toda espécie de animal tem sua particularidade e precisa de cuidados específicos. Por isso, antes de ter um pet, é imprescindível que você pesquise sobre o que seu novo bichinho precisa para viver saudável e feliz.

*A matéria foi produzida sob a supervisão de Italo Charles e Daniela Reis

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*Por Dara Alamino

Domingo, 05 de julho.

Na verdade, já são 06, 1h05 da madrugada.

Hoje, tirei aquele característico cochilo das tardes de domingo da tradicional família brasileira. A última vez em que fiz isso? Sinceramente, não sei. Dormi tão de mau jeito que meu ombro esquerdo está doendo bastante. Com qualquer mínimo movimento, meu pescoço faz questão de me lembrar de todos os nervos que passam por ele.

Acordei com a boca aberta, sem noção de qual horário é e de onde estava. Demorei alguns segundos para me localizar, e demorou pouco tempo para que percebesse que eu sentia, no braço, uma das piores câimbras da minha vida. A sensação era terrível: muita dor e um incômodo surreal.

Dava pra ver como as tranças marcaram muito minha pele, e, sem querer, algumas ficaram enroladas em meu pescoço. Um dia, isso ainda vai me matar sufocada. Ao mesmo tempo em que sentia a dor e o incômodo, não conseguia, de jeito nenhum, fazer com que meus braços se movimentassem de acordo com os comandos dados por meu cérebro.

Demorou alguns minutos para que eu conseguisse fazer pequenos e superdoloridos movimentos.

Por ter dormido de dia, agora à noite, não estou com tanto sono, como de costume. Normalmente, sou muito boa em dormir em menos de dois minutos após me deitar. Lembro-me de ter almoçado com a minha família, um almoço tradicional, regado a vinho, caipirinha e cerveja. É um costume, e quase uma regra, para nossos almoços de domingo. Depois dele, vim ao quarto e fiquei um pouco na janela, a sentir o ventinho frio e a pensar em vários nadas, em absolutamente nada.

O bairro onde moro se chama Heliópolis, e é conhecido como “a cidade dos ventos”. Dizem, por aí, que “hélio”, em grego, significa “ventos”, e que “polis” quer dizer “cidade”. Isso explica por que venta tanto aqui. Contudo, nunca apurei, ao certo, esse fato. 

A ideia de pegar o computador, a essa hora da madrugada, veio quando saí da janela e fui para a frente do espelho. Fiquei um bom tempo me olhando de corpo inteiro, e com vários pensamentos. Pensamentos aleatórios, impossíveis de escrever na ordem cronológica.

Pensei no quanto amo minhas tranças, extremamente longas, e no quanto amo o fato de elas terem me libertado de um padrão estético absurdamente prisioneiro. Pensei nas prisões que ainda hoje carrego.

Pensei no quanto amo ter um namorado na quarentena. Pensei no quanto engordei desde que fui obrigada a me isolar em casa, após perder um emprego no último ano de faculdade. Eram 10 kg a menos, que ficam bem nítidos em fotos antigas. Pensei no quanto o “interno” pode se refletir no “externo” – mas observei bem as marcas, cicatrizes e tatuagens que já fiz ao longo da vida. Lembrei de muitas coisas que já passei e passei. 

Pensei no quanto, hoje, tenho consciência de não me prender em padrões estéticos, mesmo que me incomodem, muito, meus quilos a mais. Aliás, foram resultados de dias de desequilíbrio, o principal fator com o qual devo me preocupar.

Pensei no quanto acho meu corpo bonito, mas buscando defeitos, e não qualidades, em fotos que tiro, e em roupas que uso, principalmente, as muitas que já não servem mais.

Pensei, também, que tenho feito atividades físicas em casa, e me alimento melhor. Penso, contudo, se o faço para meu bem-estar, ou se, na verdade, seria para tentar, mesmo que inconscientemente, ter aquele corpo antigo,.

Pensei no quanto cresci como mulher. Pensei, também, no quanto é forte saber que já sou uma mulher, e não uma menina que sonhava muitas coisas, mas, ao fim, sabia que não iria conseguir conquistar nem metade.

Pensei no quanto essa menina estava enganada e, hoje, coleciono experiências que nunca imaginei viver.

Pensei se a menina de 10 anos atrás realmente teria orgulho da mulher de hoje, ou se iria se decepcionar pelos “ene” planos que não deram nada certo ou pelas “ene” vezes em que fiz papel de trouxa.

Pensei no quanto tenho muitas coisas a fazer de faculdade, mas não consigo ter energia, vontade e cabeça para tal.

Pensei no quanto estou com (muito) medo real de morrer nessa quarentena.

Pensei no medo de perder alguém que amo para esse coronavírus.

Pensei no quanto senti a falta de meus amigos nessa quarentena. Mas pensei, também, no quanto não ando tendo paciência para ficar nas redes sociais, para dialogar por WhatsApp ou realizar qualquer outra interação digital.

Enfim (pela segunda vez no texto, este enfim!)…

Deu para pensar em muita coisa, em um intervalo de pouquíssimos minutos me olhando no espelho. O silêncio da madrugada e a solidão da quarentena têm despertado diversos sentimentos e humores em mim.

Os pensamentos estão a mil! Mas sabe no que pensei agora? Por que, à tarde, não tiro outros tantos e tantos cochilos?

 

*A crônica foi produzida sob a supervisão do professor Maurício Guilherme Silva Jr.

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*Por Caio Adriano Martins Leite

Com essa epidemia, a cidade parou, muitas pessoas respeitam a orientação da OMS e não estão saindo de casa. Neste novo momento, a natureza aproveita para tomar conta do que é seu, e metrópoles estão cada vez mais verdes, trocando, de vez, o tom cinza do dia a dia.

Muitos não têm a sorte de poder ficar em casa, de quarentena, por vários motivos. Há aqueles, porém, que preferem dar sua “voltinha” matinal. Crianças brincam na rua, como se estivessem nas férias de julho; idosos, do grupo de risco, tomaram coragem, nunca vista antes, de sair as ruas.

Em meio ao silêncio predominante nas metrópoles, os animais tomaram as rédeas das coisas. Ouvimos cantos de sabiás, canarinhos, avistamos pica-paus e muitos outros pássaros, que sequer conhecemos. Tais cantos perduram durante todo o dia, e é como se dissessem: “Obrigado”. Árvores, como ipê e mangueira, florescem à moda da primavera, e é possível vê-las, durante o dia inteiro, lotadas de pássaros, que cantam como se tivéssemos em um show lírico, ou melhor, no show dos pássaros. É o grande espetáculo da natureza.

Os cachorros e seus donos estão, a cada dia, mais entrosados. Pets, que antes ficavam sozinhos em casa, agora, saindo ao menos três vezes ao dia. Vejo os donos com mais empatia, uma vez que entenderam como é ruim ficar em casa o dia todo. Parece engraçado, mas, hoje, somos nós que usamos “focinheira”.

Casais passaram a ter mais paciência com seus parceiros(as). Agora, além de viver juntos, trabalham juntos. Diálogo, neste momento, é muito importante. No entanto, descobriu-se que respeitar o espaço do outro é primordial. Famílias estão se redescobrindo, e mudando a forma de conviver diariamente. No final das contas, esta epidemia trouxe união jamais observada.

As ruas, à noite, ficam lotadas pelo vai e vem das motos que entregam comidas. Tal serviço, agora, é fundamentao às famílias, que pedem comida por aplicativos. Ir ao supermercado é algo raro, algo a ser feito, por muitas pessoas vão, de 15 em 15 dias. Tudo isso para diminuir o risco de contágio. O consumismo desacerbado também diminuiu, pois descobrimos que é a hora de manter o controle de tudo. O medo das pessoas, que não têm certeza se terão emprego amanhã, fazem-nas gastar menos.

O novo momento em que vivemos nos faz refletir. Será que, realmente, o mundo estava no caminho certo? Sairemos pessoas melhores desta epidemia. É o momento de se pôr no lugar do outro e rever conceitos. O mundo caminha para uma grande mudança.

Uma frase que se encaixa no contexto em que vivemos é a do grande escritor Alvin Toffler: “Os analfabetos desse século  não são mais as pessoas que não sabem ler e escrever, mas, sim, aqueles incapazes de aprender, desaprender e aprender de novo”.

Acredito que, em 2020, a sociedade, como um todo, terá que exercer o hábito de desaprender, com certa propriedade. Desaprender conceitos que nos trouxeram até aqui. Claro que a gente há de valorizar o que funcionou, e deu certo. É preciso, porém, desaprender um pouco, deixar verdades de lado, e abrir espaço, em nossa cabeça, para aprender conceitos novos. Afinal, está muito claro que o que nos trouxe até aqui não será o que nos levará à frente. Então, é preciso ser humilde o suficiente para entender que tudo o que sabemos tem prazo de validade, e teremos que abrir nossa mente, sempre, para coisas novas.

Teremos que, antes de tudo, sermos resilientes, e entendermos que nada será como antes. A covid-19 mudou nossas vidas para sempre, e o mais correto é preparar-se para o que vem por aí.

Qual o possível cenário, logo após a pandemia? O Biólogo Átila Iamarino foi bem feliz ao dizer: “Mudanças que o mundo levaria décadas para passar, que a gente levaria muito tempo para implementar voluntariamente, estão sendo implementadas no susto, em questão de meses”.

Em tão pouco tempo, tivemos que reinventar a forma como trabalhamos, convivemos e lidamos com outras pessoas. A palavra-chave é empatia. Tudo, ao final, se resume a isso.

 

*O artigo foi produzido sob a supervisão do professor Maurício Guilherme Silva Jr.

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Projeto de alunos e ex-alunos da Una distribui caldo para moradores de rua nas noites frias de BH

*Por Daniela Reis 

A receita de hoje é muito especial, ela tem como ingredientes principais o amor ao próximo e a solidariedade. Esse caldo de feijão delicioso é um dos pratos servidos pelo Projeto Cativar BH aos moradores de rua da cidade. Essa iniciativa foi criada por Márcio Luiz de Carvalho Junior, aluno do curso de Gastronomia do Centro Universitário Una.

Confira abaixo a receita completa e conheça mais sobre esse projeto que está aquecendo as noites frias de muitas pessoas em Belo Horizonte.

 Caldo Solidário
Quantidade de porções: 4 de 500 ml
Tempo de preparo: aprox. 3 hs
Nível de dificuldade: fácil

Ingredientes:
– 320 g de feijão
– 200 g de linguiça calabresa
– 160 g de bacon
– 120 g de pernil suíno
– 1,5 kg de cebola branca
– 5 g de alho
– 1 maço de cheiro verde
– Sal à gosto
– 1 g de colorífico
– 1 g de folhas de louro

Passo a passo para a preparação:
1) Colocar feijão para cozinhar;
2) Cortar e picar as carnes;
3) Processar ou cortar bem pequeno o alho, cebola e cheiro verde;
4) Refogar as carnes juntamente com com os tempero;
5) Após o feijão cozido bater ele em liquidificador;
6) Adicionar o feijão ao refogado de carnes;
7) Deixar ferver até engrossar;
8) Acertar o sal (se precisar);

Observações: Cuidado ao bater o feijão pois se estiver quente pode ser perigoso. Mexer sempre para que o caldo não grude no fundo da panela.

PROJETO CATIVAR BH

O projeto fundado por Márcio Luiz de Carvalho Junior conta com 10 pessoas ativas, sendo alguns deles alunos e ex alunos da Una. O projeto não tem fins lucrativos e, é uma maneira que o idealizador encontrou para ajudar o próximo.  “Levamos um alimento preparado pela equipe, além de água, roupas e kits de higiene pessoal, qualquer pessoa pode ajudar, seja com doações, no preparo do alimento a ser ofertado, na triagem de roupas e na distribuição”, explica Márcio.

Quem tiver interesse em ajudar, basta entrar em contato através do Instagram. 

 

 

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Por: Ana Flávia da Silva

O barulho do ventilador ecoa por todo o quarto. Chato, o som reverbera em minha mente confusa e faz com que eu volte à realidade. Estamos enfrentando uma pandemia. Gostaria mesmo de voltar, àquele tempo em que podíamos sair às ruas sem máscaras, sem nos preocuparmos em ficar a um metro de distância das pessoas, sem sentir falta de ar e, instantaneamente, pensar: “Será que fui infectado?”.

Quando saí à rua pela primeira vez, depois de duas semanas em casa, fiquei em choque. Naquele momento, percebi que o mundo em que vivíamos já não era o mesmo: poucas pessoas nas ruas, olhar de espanto e medo notório nos diversos rostos cobertos por máscaras. Agora, já me sinto acostumada com o momento atual, e creio que também outras pessoas. O sentimento de impotência, tristeza e medo, porém, continua o mesmo.

Meu bairro, sempre silencioso, ficou ainda mais. Só se ouve o barulho dos pássaros e dos pouquíssimos carros que circulam. Na verdade, o ruído que causa mais incômodo vem de dentro. Todos os planos cancelados, viagens suspensas, reencontros adiados… e a mente tentando lidar com os diversos acontecimentos; no caso do Brasil, a bagunça é generalizada, o que gera um misto de emoções a nos atormentar, dia e noite.

Hoje, saí à rua pela segunda vez. Fiquei em choque com o tanto de pessoas a circular nos espaços públicos. Chamou-me atenção um senhor de idade, que costuma ficar sentado, numa cadeira de plástico branca, à porta de sua casa. Sempre que passo por lá, ele está assim. Dessa vez, não foi diferente: permanecia lá, sentadinho, mas com uma máscara no rosto. Apesar de correr perigo, ninguém se atreve a tirá-lo dali. Com olhos tristes, observa o movimento, sem esboçar reação.

Acredito que todos estejam um pouco como esse senhor. Observamos os dias e as horas passarem, desacreditados da nova realidade. Fazemos nossa parte, e a vontade de voltar à vida “normal” é enorme, mas os números sobem desenfreadamente. Fica difícil acompanhar e prever quando tudo vai voltar.

Milhares de pessoas já morreram pela Covid-19 no Brasil e no mundo. As notícias são atualizadas a todo momento. O que me chateia é a falta de empatia de muitos cidadãos. Com tanta gente morrendo, há aqueles que se recusam a seguir as orientações recomendadas pelos órgãos de saúde. O vírus tem altos níveis de contágio e, ao sair na rua sem necessidade, participar de festas, e não usar máscara, pode-se prejudicar inúmeras pessoas, além de nós mesmos.

É o momento de ter consciência e empatia pelo outro. O silêncio de certas das autoridades brasileiras, diante de tal fato, também me intriga. Acredito que o respeito ao próximo deveria começar pelas pessoas encarregadas de nos representar. O poder público tem pecado nessa parte. O momento é de se ajudar, de reconhecer os erros e de lutarmos contra o vírus que assola a população mundial.

Olhar para o futuro nos leva a sentir medo. Como será a vida pós-coronavírus? Antes, tínhamos pensamento positivo. Hoje, não sabemos quando será possível abraçar aquela pessoa, ou quando poderemos aproveitar um show do artista de que gostamos. Além disso, há preocupações muito maiores, como a tão temida recessão econômica. Como estará o país daqui a um ano? Só o tempo será capaz de responder à pergunta.

Se, em 2019, me contassem que a vida, agora, seria assim, eu teria aproveitado para ter bastante contato físico com as pessoas que amo. Teria saído mais de casa e iria valorizar cada momento ao lado dos meus amigos. Afinal o amanhã é incerto, principalmente, nas condições atuais. O fato é que ainda não acabou, e é muito triste pensar nisso. Espero que tudo passe logo.

Queria não ter escutado o tal barulho do ventilador e continuar a viver no meu mundo. Aqui, podemos abraçar as pessoas que amamos. A alegria é genuína, a rotina é um presente. Neste mundo, as festas são permitidas, assim como as aglomerações. Podemos sair livremente às ruas, e nosso único medo é o de não aproveitar a vida de todas as formas possíveis. Vivemos como se não houvesse amanhã, mas na torcida para que o sol nasça novamente – e que, então, possamos repetir as doses de alegria.

 

*A crônica foi produzida sob a supervisão do professor Maurício Guilherme Silva Jr.