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Por Bruna Valentim

 

Os jovens não estão usando camisinha e isso é um fato. Os índices de doenças sexualmente transmissíveis vêm aumentando consideravelmente entre a juventude no Brasil é um sinal alarmante para a nova geração.No Brasil de acordo com o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, a taxa de infectados explodiu entre 2006 e 2015 na faixa etária​ entre entre 15 e 29 anos e diminuiu entre a população mais velha. Em uma roda de conversa com  pessoas nascidos nos anos 90, quando o tópico doenças sexualmente transmissíveis (DST) surge as experiências e declarações são semelhantes, o maior medo é a AIDS porque não tem cura, mas em contraponto a maioria não usa preservativo em suas relações por confiar na saúde de seus parceiros.

 Acredita-se que a doença teve origem no início do século vinte no continente africano quando caçadores da região buscavam carne de macacos para se alimentarem e ao entrarem em confronto com o animal o sangue do macaco contaminava as feridas dos caçadores. O vírus chamado SIV podia ser encontrado no sistema imunológico dos chimpanzés e dos macacos-verde africano. Apesar de não deixar esses animais doentes, o SIV por ser um vírus altamente mutante, teria dado origem ao vírus HIV que quando não tratado dá origem a AIDS. Nos anos 70 o vírus começou a ser propagado ao redor do mundo e no início dos anos 80, foi reconhecido como uma nova doença que pouco se sabia, mas muito se temia.

 

 Na década de 80 o medo se alastrou pela população mundial e muito se especulava entorno dos motivos da doença e suas vítimas. A princípio acreditava-se erroneamente que a transmissão do vírus se assemelhava a forma que se contrai uma gripe, teoria que mais tarde foi posta por terra. Também acreditavam que a doença seria uma espécie de “cólera divina” um castigo enviado por Deus para os homossexuais, prostitutas e pessoas que levavam uma vida considerada desregrada, mas com os avanços das pesquisas e o passar dos tempos foi comprovado que a história era diferente, o vírus era transmitido sexualmente, por meio do compartilhamento de seringas e sangues já contaminados e que absolutamente qualquer pessoa expostas a essas situações poderia entrar em contato com o vírus se infectar. Na época a doença matava em pouco tempo e não havia qualquer esperança de cura. Ter hiv era como receber uma sentença de morte, o que vitimou muitas pessoas, sem distinção de classe social, raça e credo.

 

As pessoas então começaram a se proteger e o uso da camisinha virou primordial nas relações nas últimas décadas do século passado.  Quem viveu o surto da AIDS tomava precauções e fazia exames regularmente. Os índices de contaminação diminuíram e com o surgimento do coquetel a doença se tornou tratável e a qualidade de vida dos infectados melhorou. Hoje uma pessoa contaminada pelo vírus se tratada corretamente segue uma rotina normal e com uma alta expectativa de vida.

 

As novas gerações, porém, parecem não se dar conta da gravidade da doença, não é incomum escutar jovens dizendo que temem mais uma gravidez indesejada do que a AIDS, e portanto seguem tendo comportamentos sexuais irresponsáveis o que resultou no aumento do índice de contaminação entre os mais jovens. Desde o início dos anos 2000 o número de diagnósticos no país aumentou em 6%, enquanto no resto do mundo o número de infectados pelo vírus teve uma queda de 28%.

 

Em 2015, porém, pela primeira vez desde o surgimento do vírus o Comitê Consultivo sobre Drogas Antivirais, que aconselha a Agência Americana de Drogas e Alimentos (FDA, na sigla em inglês), aprovou o uso do Truvada, medicamento Profilaxia pré-exposição que busca prevenir a AIDS e a Organização Mundial de Saúde Recomendou que os grupos considerados de risco (homossexuais, transexuais, profissionais do sexo) fizesse o uso da Truvada.

 

O uso do medicamento que chegou recentemente ao Brasil pelo sistema único de saúde (SUS) se assemelha ao uso de remédios anticoncepcionais, o medicamento vem em uma cartela com 30 comprimidos, que devem ser ingeridos uma vez por mês durante todo o mês. O uso pelo SUS ainda é restrito é  o preço da cartela varia entre 290 e 400 Reais. O remédio ainda não é popular no Brasil e causa dúvida sobre o seus benefícios.

“Bom, eu não sei se eu usaria. Teria que fazer uma pesquisa muito grande a respeito de efeitos colaterais (não quero ter trombose igual o anticoncepcional feminino pode causar), mas acho que é uma ótima possibilidade, principalmente para quem tem uma vida sexual ativa e bem movimentada, sabe? Vou passar o carnaval no Rio e atividade sexual essa época é mais intensa, então acredito que remédio ajudaria porque não teria tanta preocupação com camisinha estourar ou pelo alto número de parceiros.
Porém acho que isso tem que ser extremamente conversado, porque muita gente acha que os métodos contraceptivos substituem a camisinha e não é bem assim, né? Pilula não substitui, DIU também não, etc”. É o que diz o universitário de 25 anos, João Bicalho.

 

A clínica geral Neuzilene Maurício vê no remédio um avanço ao combate ao HIV, mas tem algumas ressalvas “Creio que o truvada é uma importante ferramenta para reduzir novos casos de infecção por HIV, e nesse sentido todas novas ferramentas são bem vindas, levando em consideração que o vírus é uma pandemia de suma importância para a saúde pública e todas as armas para barrar seu crescimento são importantes. Porém vejo com cautela a disseminação midiática do medicamento como método mágico em detrimento ao uso do preservativo, que continua sendo a melhor ferramenta de prevenção, sobretudo em dias atuais que  observamos o crescimento nos casos de sífilis e hepatites virais por exemplo, que por vezes ficam minimizadas pela sociedade. Como é um medicamento novo só podemos medir a eficácia com tempo, embora pesquisas mostrem o beneficio do uso, nem sempre o uso em massa reflete o mesmo benefício”.

 

É importante ressaltar  que meio  considerado mais eficaz para a prevenção de dsts ainda é a camisinha e que ela deve ser sempre a primeira opção quando se trata de sexo, barata e por vezes gratuitas, é de fácil acesso para toda a população. Vale lembrar que anticoncepcionais são apenas meios de controle reprodutivos e não é servem para proteger doenças. Em caso de comportamento de risco, buscar a unidade de saúde mais próxima dentro das primeiras 72 horas após a exposição para avaliação profissional. O exame de dst pode ser feito de maneira gratuita em centros de testagem e aconselhamentos, onde o processo é rápido, seguro e sigiloso.

 

 

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Por Bruna Valentim

Nos últimos meses o produtor de Hollywood Harvey Weinstein foi acusado de assédio sexual por atrizes como Angelina Jolie, Ashley Judd o que surpreendeu e ganhou coro com acusações de personalidades como Courtney Love e Lupita Nyongo. O som de suas vozes ao falarem sobre suas experiências com o diretor deu coragem para outras vítimas se abrirem o assunto, o que ficou conhecido como o “efeito Weinsten”. A atriz mexicana Selma Hayek, de 51 anos foi a estrela mais recente a vir a público, de acordo com o jornal The New York Times, a atriz se referiu ao produtor como “Meu monstro” e deu detalhes de um episódio “As táticas de persuasão dele iam de falar coisas doces a fazer promessas, até uma vez que, em um ataque de raiva, ele disse as palavras mais assustadoras: ‘Vou te matar, não ache que eu não sou capaz” desabafou Selma. O produtor nega as acusações que vão de assédio a estupro, mas foi afastado de sua produtora e está prestes a ter seu nome retirado da Academia do Oscar.

A aluna Priscila Mendes acha que os casos de Hollywood não são casos isolados e que isso acontece em todos os lugares e em todos os meios “Eu achei muito legal, muito bonito ver essa união, dá forças para outras mulheres que não tem tanta influência como Angelina Jolie falarem. Eu gostei muito também de mulheres produtoras, diretores retirarem esses atores, essas pessoas de suas produções. Isso é presente no Brasil também, conheço vários casos, acontece de ter mulheres assediando homens, acontece de ter homens assediando homens, mas a gente sabe que isso acontece mais com homens assediando mulheres e homens poderosos que intimidam porque as pessoas têm medo de perder suas carreiras, quem está no cinema a maioria não é pelo dinheiro porque é muito difícil ganhar muito dinheiro com isso, é pelo amor e isso as intimida, então acho esse movimento muito importante” declara a estudante.

Kevin Spacey ganhou o Oscar duas vezes, protagonizou o clássico dos anos 90, Beleza Americana, e atualmente é a estrela principal de House of Cards, série original Netflix. Spacey foi visto como um bom homem, discreto na sua vida pessoal e excelente em seus papéis, o ator seguia uma trajetória linear e exemplar já alguns anos até que em outubro ele foi acusado pelo ex ator mirim Anthony Raupp, que alegou investidas sexuais de Spacey sobre ele quando o mesmo tinha apenas 14 anos e Spacey 27. Ele se desculpou, mas afirmou não se lembrar do episódio, em posicionamento público acabou se assumindo homossexual, o que foi considerado um desserviço para a comunidade já que pareceu apenas uma tentativa de mascarar a polêmica.

A estagiária de cinema Stefânia Grochowski acredita que as penas devem ser justas, mas acredita na reintegração social dessas pessoas “Acho que cada caso deve ser estudado de forma única. Vejo que essas pessoas erraram, mas o caso do Kevin Spacey eu sinceramente acredito que o que aconteceu não foi pelo ato dele em si, foi pela repercussão do caso. Eu acho que a postura da Netflix, por exemplo, em nada se deve ao talento ator, acho que os produtores deviam ter colocado Kevin para conversar com um especialista e vê a raiz de seu problema e tentar achar uma solução. Excluir esses profissionais para sempre não acho que seja uma atitude justa, acho que as pessoas podem mudar e melhorar.”

Ed Westick é conhecido majoritariamente por dar vida a Chuck Bass, o personagem mais popular da série teen americana Gossip Girl. O ator namorou colegas de elenco e costuma ser simpático, apesar de reservado nas suas entrevistas. Não nega ao falar do papel que o consagrou como astro mundial. Westick estava planejando ficar noivo da modelo Jessica Serfaty quando foi surpreendido pelas acusações de estupro pela atriz Kristina Cohen. O ator simplesmente publicou uma frase negando conhecer a mulher e afirmou que nunca tentou forçar ninguém a nada, o que foi consequentemente questionado ao surgirem mais dois casos de assédio semelhantes vindos de jovens atrizes. Westick foi afastado da série que protagoniza White Gold, da emissora inglesa BBC e retirado do elenco de Ordeal by innocence da mesma emissora.

Outro caso surpreendente é o do criador da série One Tree Hill, um hit absoluto entre os jovens, no início dos anos 2000 foi acusado em uma carta aberta assinada por atrizes e pessoas envolvidas no programa. Em seguida foi a vez das mulheres da equipe de The Royals, sua atual produção exibida no Brasil pelo canal fechado E!, se pronunciarem fazendo coro às denúncias das mulheres de One Tree Hill. Alexandra Park a protagonista de The Royals, onde interpreta a Princesa Eleanor postou uma nota em seu twitter sobre a situação “Tenho uma responsabilidade por ter trabalhado com ele em The Royals. Estou devastada de admitir a mim mesma, aos meus colegas e à essa indústria, que eu também fui exposta a esses comportamentos repreensíveis. Estou orgulhosa e grata hoje, que podemos tomar um rumo diferente. O que nos encoraja a denunciar o inaceitável, liderança dolorosa; fé que essa liderança será removida e substituída. Fé que não seremos penalizados pelo comportamento de uma pessoa.”, disse a atriz. Mark foi afastado da produção da série e não se pronunciou a respeito das acusações.

Com artistas tão influentes denunciando crimes como assédio e estupro, a hashtag  #MeToo ganhou força nas redes sociais e a capa da revista TIME, com cinco mulheres que representam a força dessa luta, simbolizam a campanha: a atriz Ashley Judd, primeira a denunciar Weinstein, a cantora Taylor Swift, a lavradora Isabel Pascual (pseudônimo), a lobista Adama Iwu e a ex-engenheira do Uber Susan Fowler. Elas são conhecidas como as voices breakers, as vozes que quebraram o silêncio e simbolizam um movimento de extrema importância na luta feminista.

A estudante de jornalismo Lara Rodrigues acredita que o caso do Kevin Spacey é um exemplo a ser seguido “Acho utópico acreditar que é capaz retirar um abusador da sociedade, porque sempre vão existir pessoas que os apoiam. Mas acho que o abusador, seja quem for, deve ser humilhado e rechaçado quantas vezes necessário, porque se simplesmente deixarmos a pessoa de lado depois de um tempo tudo é esquecido e ele volta como se nada tivesse acontecido. O Kevin ter sua série cancelada e o modo como a sociedade no geral lidou com a situação é realmente o que deve acontecer. Mas é claro que acredito que o fato das vítimas de Spacey serem homens influenciou nas consequências de seus atos”.

Os casos acima são um exemplo claro que a união faz a força e que as mulheres vão seguir lutando contra a cultura do estupro que assombra a sociedade até o fim. O ano de 2017 parece ser o início de uma nova era para Hollywood e mostra que as pessoas não estão mais dispostas a se calarem e pelo visto os machistas não passarão, ganharão prêmios ou qualquer coisa além de uma pena justa por suas condutas.

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Por: Rúbia Cely

 

Vemos diariamente diversas campanhas que nos incentivam a aderir a doação de sangue, assim como medula e outros órgãos gerais do corpo. Mas, assim como nós, seres humanos, os animais também demandam de cuidados médicos e uma hora ou outra podem necessitar de doação. Vertente veterinária pouco divulgada, resulta na escassez de sangue veterinário nos estoques do país.

Segundo Rafaela Lima, médica veterinária, existem inúmeras causas que podem fazer o animal vir a precisar de uma transfusão sanguínea, conta que geralmente são doenças que causam anemia profunda, como as transmitidas pelo carrapato, leishmaniose, alguns casos de neoplasia (tumor), em casos de cirurgias, hemorragia aguda ou tudo que gera uma baixa de células no sangue, levando os animais a precisarem da doação.

Lima, que trabalha na Element Vital – Banco de Sangue, revela que eles são o primeiro lugar especializado de Minas Gerais, “Existem clínicas que oferecem bolsas, mas a maioria tem o material para atender as demandas internas, podendo acabar vendendo para outras clínicas, mas especializados, somos apenas nós”.

Por existirem poucos locais que trabalham com a demanda de transfusão em animais e somada a pouca visibilidade que campanhas de doação de sangue para estes tem, os estoques dos bancos são insuficientes. Rafaela revela que a maior dificuldade está em encontrar doadores.

Será que seu animalzinho pode ser um doador?

Atualmente em Minas Gerais, a Element Vital é o órgão que recebe as doações, trabalhando atualmente apenas com sangue de cães, e para ser um doador o animal precisa preencher alguns requisitos.

O seu animal deve:

  • Ter entre 1 e 8 anos;
  • Ter o peso maior ou igual à 25kg;
  • Não ter feito transfusão;
  • Ter as vacinas em dia;
  • Ter o controle das pulgas (desejável);
  • Em caso de fêmea: Não estar gestante ou amamentando;

A dálmata Louie em sua segunda doação de sangue para Element Vital.

 

O sangue canino:

Os cães podem ter mais de vinte tipos sanguíneos, mas somente oito tem uma importância clínica. Os grupos sanguíneos dos cães são classificados em dog erythrocyte antigens – antígenos de eritrócitos de cães (Dea), de Dea 1.1 à 1.3 e de Dea 3 à 8. A tipificação sanguínea apenas para Dea 1.1 e 1.2, pois são o grupo que pode causar mais reação durante a transfusão.

A tipagem é um teste muito caro, em termos de mercado dos laboratórios o valor gira em torno de 200 reais, conta Rafaela, explicando que é necessário realizar os testes com os dois animais, o doador e o receptor. Portanto, o teste de compatibilidade costuma ser a primeira escolha por parte das clínicas e clientes por ser mais acessível financeiramente.

A média do valor da bolsa de sangue aqui em Minas é R$300,00, sem contar com o procedimento e internação do animal, podendo variar de acordo com tamanho e peso do animal. Além da Element Vital, outros dois locais realizam transfusão e atuam como banco de sangue.

Para mais informações sobre tipagem, compatibilidade e para doar, você pode ligar para:

Element Vital – banco de sangue

Contato: (31) 99982-4445

Endereço: R. Platina, 165 – Sala B – Prado, Belo Horizonte – MG, 30410-430

 

Pronto Socorro Veterinário

Contato: (31) 3422-5020

Endereço: R. Jacuí, 891 – Bairro Floresta, Belo Horizonte – MG.

 

Life Hospital Veterinário

Contato: (31) 2552-5694

Endereço: Rua Platina, 165 – Prado, Belo Horizonte – MG.

 

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Por Bianca Rolff – Gauche – Parceira Contramão HUB

 

Prezado Destinatário,

Esta carta se dirige a você, você mesmo, que por algum motivo iniciou a sua leitura e espero possa prosseguir até o final. Pode parecer loucura escrever uma carta para um alguém desconhecido, mas a esta altura, qualquer um tem o poder de se tornar um amigo em potencial, uma ajuda muito bem vinda ou pelo menos alguém com um mínimo de interesse.
Esta é uma carta de amor. Mas não desanime logo aqui! Como bom escritor que sou, “romântico” como diriam meus ex amigos mais próximos, ela possui enredo triste e desastroso. Não venho por meio dela pedir a você, destinatário de minhas palavras, que se case comigo, que se padeça do meu sofrimento catastrófico, ou mesmo declarar o meu amor por você, aquele amor platônico, de observação e genérico que todos sentimos ao menos uma vez na vida e que, muitas vezes, é mais real do que um amor vivido.
Não é isso.
Esta é uma carta de amor. Mas de amor-próprio. Ou talvez seja o compartilhamento de um relato de quem precisa a cada minuto que passa de um parceiro de ouvidos (no caso, de olhos, já que escrevo esta carta)  na caça ao diagnóstico mais importante de minha vida.
Em algum momento de meu passado recente, iniciei uma saga digna de um poeta típico, como diriam os meus ex amigos mais próximos. Por razões múltiplas, muitas delas oriundas de decepções relacionadas a outras pessoas e também de expectativas mínimas criadas, mas que, em acúmulo se tornaram um grande queda (e não quebra) de expectativa, iniciei uma descida aos níveis do Inferno de Dante e não consegui emergir à superfície. É complicado e nem sempre ético querer colocar a culpa pelo seu fracasso no próximo mais próximo, mas muitas vezes, é o que dá início a uma grande reação em cadeia. É complicado, mas bem comum e compreensível.
Há alguns dias, entretanto, passados os momentos de luto por mim mesmo e meus relacionamentos falecidos, acordei com uma grande câimbra no lado esquerdo do corpo, algo que me impedia completamente de sair da cama. Você deve pensar – assim como eu também pensei – que pudesse ser um derrame, ou qualquer coisa relacionada ao coração, como estamos cansados de ver nesses seriados médicos da TV.  De fato, vim a descobrir por conta própria no mesmo dia, tratava-se de um problema no coração. Mas nada de derrame. Eu estava sofrendo de falta de amor-próprio. É como falta de potássio, vitamina C, glicose, só que afeta diretamente a parte do coração que é abstrata. Não o órgão pulsante que temos dentro do peito, mas o coração idealizado por nós como local centralizador dos sentimentos, local onde guardamos todas as nossas tristezas, alegrias, surpresas e decepções.
Nos primeiros instantes, achei que se tratava de ausência de amor para dar. Eu tinha passado por um momento de desilusão tão grande, daqueles em que você aposta a mão de cartas que não tem, só por um vislumbre de felicidade, mas a jogada se transmuta num grande blefe invertido e você termina sem um tostão no bolso e um vazio ainda maior no peito, onde deveria morar aquela pessoa que não mais está lá. A desilusão foi tamanha a ponto de eu não mais olhar com vontade para as coisas interessantes ao meu redor, a ponto de uma simples conversa se tornar perigosa e frágil, ou de minhas mãos tremerem com a simples menção do responsável pela aposta mais alta da minha vida. Esqueceram foi de me avisar que às vezes, os dados podem estar viciados e isso nem sempre é uma coisa boa.
Contudo, aos poucos fui percebendo – em análise profunda, já que sair da cama eu não conseguia, – que esse amor para dar eu tinha e sobrava. Por isso mesmo eu sofria tanto. Havia em mim tamanho acúmulo de amor que eu não sabia como utilizá-lo, e por isso mesmo trancava-o dentro de mim. Seria uma questão de tempo para que eu conseguisse finalmente canalizá-lo para uma boa pessoa, alguém cujo amor por mim também seria em retribuição, alguém cujas vibrações fizessem as cordas da arpa que havia dentro do meu estômago vibrarem no tom correto da melodia. Ora, a vida é assim desde sempre: sempre iremos sofrer por amor (ou por isso que achamos ser amor, mas na verdade é um genérico bem fajuto).
Pois bem, só me sobrava a fatídica opção: a câimbra em meu lado esquerdo indicava ausência de amor, mas por mim mesmo. Você, a esta altura – se é que chegou até aqui – deve estar se perguntando como alguém pode ficar com câimbras devido à falta de amor-próprio. Pois eu lhe explico.
Para tentar preencher o buraco que se instaurara dentro de mim ante à perda de um grande amor, eu comecei a tentar preenchê-lo desesperada e rapidamente. Com paixões fulminantes de uma noite, várias por semana, a grande maioria delas resultando em pessoas semelhantes a mim (pois sim, eu era a queda de expectativa delas, gerando um ciclo vicioso e muito, muito trágico para a humanidade), com drinks quentes acrescentados de grandes enxaquecas e perdas de memória, com trabalho do qual eu não precisaria em momento algum da vida, mas que ocupava a minha cabeça e não me deixava pensar naquilo que, por pior que fosse, ainda me fazia ter certeza de estar vivo. É engraçado, pensando agora com uma certa distância, quase como se psicanalista de mim mesmo, como buscamos placebos dos mais diversos para as nossas dores. Por um tempo, eles funcionam perfeitamente, até nos fazem achar que finalmente somos capazes de fazer aquela canalização do amor para outras pessoas e coisas de novo. Mas quando percebemos que é placebo…
A gente pensa em canalizar sentimentos para todos os lugares, menos para onde realmente interessa: para nós mesmos. E então: câimbra!
Eu não fazia ideia de como curar aquilo. Tentei de tudo: ligar para o médico, fazer massagem, chamar a ambulância, o corpo de bombeiros, dar entrevista na rádio à procura de conselhos, até mesmo ligar para a minha antiga grande razão de existência pedindo por clemência (ou mesmo para dizer-lhe algumas verdades entaladas que de nada resolveriam). Nada disso adiantava e nem adiantou. Busquei ajuda espiritual, tentei ouvir mantras ou mesmo alguns exercícios mais básicos de yoga… Nada.

A câimbra, como seria suposto, deveria passar em algum tempo. Pelo menos naquele dia. Mas durou. Estendeu-se. Eternizou-se no (meu) tempo e espaço, impedindo-me de fazer quaisquer coisas, inclusive reagir. Nunca achei que fosse tão difícil lidar com a ausência de algo diretamente ligado a mim, mas justamente por a câimbra ser a única coisa que me incomoda de fato, na ausência desse sentimento por mim mesmo (se não fosse por ela, eu nem mesmo notaria a ausência) é que eu não me importaria de continuar neste estado auto-sentimental quase vegetativo. No momento, estou quase vegetando fisicamente, também.

Sabendo que, factualmente, a decisão que tomei talvez surtisse o mesmíssimo efeito de ligar para a estação de rádio mais badalada à pedido de um conselho ou uma ajuda, eis que aqui estou, redigindo esta carta (até mesmo a mais lenta das galinhas cataria os milhos mais agilmente do que eu a lhe escrever, caríssimo destinatário). Matemático que sou, sei bem das probabilidades ínfimas de receber uma resposta, um conselho ou alguma quebra de inércia de sua parte, mas ainda assim, tento como recurso improvável, mas existente. Pedi que deixassem esta carta no meio das tantas cartas de Dia dos Namorados na porta da livraria do shopping, na esperança de que você a leia e não a devolva (afinal, descobri que não sou o único a escrever cartas a desconhecidos, logo, há uma luz no fim do túnel).

Pense, se não como uma carta de amor, mas como uma questão de saúde privada. Afinal, não mexo meu lado esquerdo e bem… de gauche, basta Drummond.

No aguardo de uma resposta o mais breve possível. Esperançoso.

Alberto G.

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 Por Hellen Santos 

 

 

Viver na era tecnológica tem seus inumerados benefícios. Hoje podemos sair a vontade a noite pelas baladinhas ou festa sem se preocupar se terá ou não aquela carona amiga.  Os números de aplicativos de transporte que existem hoje são grandes,um dos principais já tem o alcance de mais de 482 cidades de todo o mundo. Porém, o que vem preocupando é a falta de segurança que alguns usuários dizem existir. Os motoristas vêm sofrendo com a quantidade de roubos e sequestros, já os usuários, na maior parte mulheres, vem levantando  o índice de ocorrências de assédios e estupros.

 

 

O motorista de um dos aplicativos, Willian Vinicius de 45 anos, há um ano vem trabalhando neste tipo de transporte como opcional de uma segunda renda. Ele explicou que em uma de suas primeiras viagens preferiu sair à noite, conselho dado por amigos da mesma profissão, porém, apareceu a primeira situação difícil: “Eu aceitei a viagem, logo eu vi que o aplicativo estava me mandando para a entrada de uma comunidade, até aí tudo tranquilo, só que percebi que estava entrando numa rua com pouca iluminação, e tinha dois rapazes suspeitos a minha frente, naquele momento eu só pensei em acelerar o carro e sair daquela emboscada, e foi o que eu fiz. Logo a frente identifiquei mais dois comparsas dos caras, eles iriam me assaltar”.

 

 

 

Bárbara Campos, estudante de direito acredita que os aplicativos passam mais segurança para ela: “Apesar do que os noticiários repassam da falta de segurança dos aplicativos, eu ainda prefiro pegar esse transporte particular, ainda mais pela a falta de segurança pública que temos hoje nos ônibus”.

 

 

Existe uma proposta de aplicativo de transportes direcionados exclusivamente para mulheres passageiras e motoristas. O Femitaxi já está em ativa em algumas cidades do país. A ideia surgiu a partir do crescimento de números de violência contra a mulheres que utilizam esse meio de transporte. Os dados de estupro e assédios nas viagens são grandes. Conforme pesquisa do Jornal Estado de Minas, neste ano foram registrados cerca de 75 casos entre os meses de janeiro e julho de assédio.  



Conforme o site Nexo, esse tipo de situação vem sempre ocorrendo. Os aplicativos costumam ter empresas de callcenter especializadas em receber as denúncias dos usuários e envia-las para a polícia. O desligamento do motorista acusado depende da avaliação da gravidade do crime. Também é feita as avaliações por análise de boletim de ocorrência.

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Por  Jean Lescano – Poligrafias – Parceiros Contramão HUB

Eu sei que já conversamos sobre isso várias vezes, e eu até pediria desculpas por tudo o que vou falar, imagino sua feição ao ler esse texto. Eu precisava desabafar, já que com você é sempre do teu jeito e no seu tempo. Nós precisamos conversar, mesmo que por textos…

Hey, vem cá. Senta aqui.

Eu também já passei por maus bocados. Eu deixei muita gente partir por conta disso. Você sabe, eu sou fechado e detentor de meus próprios sentimentos e prazeres. No fundo, sei que isso me priva de ser muito feliz. Eu entendo bem que no fundo, talvez, nós dois sabemos:  você só quer me proteger.

E eu nem sei bem do quê. Você abraça seus problemas e os deixa só para ti, como se fosse uma criança controlando seu brinquedo mais legal. Você s[o quer me proteger de coisas que te preocupam e te estraçalham por dentro. Você só quer me proteger da verdade:  você não me quer.

Não como eu imaginei que queria.

E, no fundo mesmo? Eu não posso te segurar comigo.

Você não precisa me contar o motivo pelo qual mergulha em uma agenda lotada de amigos e rolês, como nem por um momento para em casa pra eu te surpreender em um sábado a noite, pois como eu disse, você só quer me proteger e eu só quero teu bem. É que agora é oficial, agora eu me dei conta que quem não quer mais viver assim empurrando as coisas com a barriga sou eu; eu não consigo simplesmente parar de fantasiar as coisas e no final tomar uma dose de realidade. Eu não quero mais acordar com ressaca de sentimentos.

Se você amasse, no fundo, eu saberia. Se você quisesse, eu saberia. Nunca é seu momento, nunca. Hoje é não, amanhã também. E eu me dei conta de uma coisa: quem ama não faz joguinho, apenas deixa fluir, sem medo do passado, apenas se joga.

Quem ama, não vai se ligar ao passado. Quem ama é futuro.

Eu nunca quis ter você como minha namorada pra ser um troféu. Não te queria pra correr o risco de reviver teu passado. Eu queria uma chance pra mostrar o quão sensacional tu é.

E tá sendo muito legal até agora, de verdade, foi tudo especial!

Mas eu não consigo e, pra ser sincero, não sei nem se você vai ler isso. No fundo, torço que leia e entenda o que nunca consegui te falar, mas também queria que não visse. Conhecendo um pouco de você, ví que não gosta de ser confrontada.

E, no fundo mesmo? Eu não posso te segurar comigo.

Eu não vou te cobrar mais ,muito menos privar você de suas vontades. Infelizmente terei de aceitar o fato que, pra sua família, sou só mais um conhecido. Indireta? Nunca mais. Eu vou seguir como já seguia antes de você aparecer.

Mas caso tu volte, sinceramente não saberei reagir. O problema em afastar quem não ama é esse, a gente nunca sabe como superar. Mas supera. Mas numa dessas eu posso estar tão longe que você não conseguirá me alcançar; tão longe que não vou conseguir te atender quando me telefonar. Ou mesmo estarei muito perto, porém vivendo em um mundo que não há espaço para eu ficar.