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Por Bruna Valentim

Greta Gerwig é uma atriz de respeito. Musa do cenário indie, ela é referência quando se trata de filmes alternativos com histórias tão reais que chegam a ser palpáveis. Ela fala sobre o mundo feminino de forma tão pura como apenas outra mulher seria capaz de retratar. Greta é o tipo de atriz que enquanto a assistimos parece que estamos vendo uma amiga de longa data no seu próprio reality show. Como diretora felizmente Gerwig também não decepciona em seu longa de estreia.

Com cinco indicações ao Oscar,a de melhor filme, melhor roteiro original, melhor atriz, melhor atriz coadjuvante e melhor direção (Gerwig quebra recordes sendo a quinta mulher indicada na categoria em 90 anos de premiação), o filme acompanha uma adolescente interiorana e sua complicada relação com sua família enquanto busca se encontrar e seguir seus sonhos em meio a decisões erradas e atitudes inconsequentes típicas da idade.

Christine, que se autotitula Lady Bird, é uma garota de 17 anos que odeia sua cidade natal, Sacramento, sonha em viver da arte em alguma grande metrópole e se acha diferente, portanto melhor, que outras pessoas. Saoirse Ronan que da vida a personagem, com apenas 23 anos, adquiriu uma terceira indicação ao Oscar, dessa vez como melhor atriz e com muita chance de levar a estatueta para casa. Por vezes engraçada, por vezes impetuosa, por vezes simplesmente chata, mas sempre interessante, Lady Bird têm camadas e faz com que sintamos empatia e amor pela personagem, mesmo com atitudes adversas que poderia despertar uma antipatia no telespectador, mas o carisma de Ronan faz apenas com que torçamos pela adolescente de cabelo rosa em sua jornada em busca de felicidade e amor.

Os relacionamentos amorosos de Lady Bird no filme, diferentemente do que acontece na maioria dos filmes adolescentes, são romances reais es situações absolutamente plausíveis para jovens adultos. Os atores escolhidos para interpretar seus namorados, Lucas Hedges e Timothée Chalamet, mesmo que não sejam o foco principal uma indicação ao Oscar no currículo. As pessoas provavelmente se identificarão com Lady Bird e terão uma sensação do que é ser uma adolescente descobrindo o amor, a paixão, o sexo. Os primeiros momentos em um relacionamento, a primeira vez, o término, são situações que a direção do filme mostra sem firulas, sem uma áurea cor de rosa, mostra do jeito que é. Greta foi sincera sobre tudo e essa é sem duvidas sua maior qualidade como diretora. A forma como a personagem principal lida com seus interesses amorosos e seus altos e baixos é independente, honesta e nada soa falso ou melodramático, algo corriqueiro em longa metragens do gênero.

A relação da protagonista com sua mãe é o ponto mais alto do filme, não é algo perfeito como a relação mãe e filha do aclamado seriado Gilmore Girs, é algo mais cru, mas também verdadeiro. As brigas entre as personagens e a maneira como fazem as pazes é duro, é puro, é a oposição de duas personalidades fortes que se contrastam, mas acima de tudo se complementam de um jeito muito bonito. Atenção para a cena do aeroporto, lenços serão necessários.

Lauren Metcalf, mãe de Lady Bird, está em estado de graça no filme. Demonstra a exaustão da rotina dobrada para conseguir alimentar a família, o amor e a frustração que sente pela filha ao não conseguir realizar seus sonhos e ao tentar sempre tirar a garota das nuvens, mostrando a realidade que a jovem não que enxergar. A indicação ao Oscar como melhor atriz coadjuvante é mais que merecida.

A trilha sonora carrega sucessos do ínicio dos anos 2000, uma vez que o filme se passa em 2002, então vemos Bones Thugs-N-Harmony e Justin Timberlake com seu coração partido embalando as aventuras de Lady Bird pela simpática sacramento.

O filme é sucesso absoluto e é uma concordância dos críticos e da audiência. Parte disso certamente se deve a perfeição da construção da personalidade de Lady Bird, ela é segura quase o tempo todo, ela tem certezas sobre quem é e sobre o que quer. Ela vive com intensidade e verdade ao mesmo tempo em que sente medo, reconhece quando erra, pede perdão e perdoa. Ela é humana, assim como todos os personagens do filme e sua perfeição se encontra aí, no fato de que essa estória em devidas proporções poderia ser sobre você ou sobre mim. O filme contém traços biográficos de Gerwig, e é uma carta de amor a Sacramento e uma homenagem as mães, as filhas, ao poder feminino, as relações familiares e a quem se é de verdade.

Por Ana Paula Tinoco

A Netflix vem nos surpreendendo a cada lançamento. Entre séries, filmes, documentários as produções se dividem em vários gêneros e são raros aqueles que nos decepcionam. Colecionando sucessos de público e crítica, o serviço de streaming vem ganhando espaço e respeito daqueles que são amantes do entretenimento feito com qualidade e o último a arrebatar minha atenção foi Atypical.

A série que foi lançada em agosto do ano passado, 2017, pode passar despercebida se não tivermos um olhar atento e quando damos uma chance, ela nos surpreende a cada episódio. Com uma doze de humor balanceado, atypical (atípico) como já diz o nome não cai no marasmo dos estereótipos, como é o caso de vários filmes que retratam psicopatas, como: Hannibal ou Psicopata Americano e abre uma discussão leve e interessante acerca do autismo sem romantiza-lo.

No papel principal encontramos o jovem ator Keir Gilchrist (25 anos), Gilchrist é Sam, um jovem de 18 anos que diagnosticado ainda criança com Transtorno do Espectro Autista guia o caminho para que assim possamos enxergar o mundo pela perspectiva de seus olhos. Passando pelas mazelas da juventude e as descobertas que ela traz, viajamos por ambientes diversos narrados por ele, o que permite choramos, rirmos e sofrer junto a Sam.

Esses ambientes são compostos pelos núcleos que o rodeiam: família, amigos, escola e terapeuta, cada um servindo para compor o dia a dia do nosso protagonista. Em uma ótima interpretação Gilchrist nos sensibiliza a tentar compreender como é a vida de um garoto autista que diferente de nós vê o mundo com suas próprias cores e nuances.

Sua família que a princípio parece perfeita pode ser vista como a base geral de sua vivência. Com uma mãe super protetora, Elsa (Jennifer Jason Leigh) faz com que o espectador a ame e ao mesmo tempo a odeie, serve como um freio, o medo. Não permitindo a Sam a descoberta e podando sempre que pode sua vontade de mergulhar em novos mares. Seu pai, Doug (Michael Rapaport), pode ser visto como a ignorância diante do desconhecido, mas que aos poucos, assim como qualquer pessoa que procure o conhecimento, se guia e ajuda o filho na autodescoberta enquanto o mesmo vai perdendo o preconceito diante da própria inabilidade.

Sua irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) é seu porto seguro. O tratando como uma “pessoa normal”, ela mostra seu afeto e dedicação por seus gestos, olhares e às vezes com palavras. Os dois em cena são um dos pontos fortes da série, a química entre ator e atriz é perfeita e entregue na medida certa.

Porém, não é apenas Casey que enxerga Sam além de seu diagnóstico, seu amigo Zahid (Nik Dodani) é seu conselheiro e às vezes faz com que ele saia dos trilhos, rendendo as melhores cenas quando o roteiro transita entre o drama e o humor. Sua namorada Paige Hardaway (Jenna Boyd) que o ajuda a entender a complexidade do envolvimento com outra pessoa e que é necessário haver uma troca. Sua terapeuta Julia Sasaki (Amy Okuda) e seu consultório são os fios condutores do entendimento do espectador, pois é ali entre essas quatro paredes que Sam descreve seus medos, anseios e quais são suas limitações.

A escola, esse é o núcleo que mais causa desconforto, sensação que pode ser gerada não pelos clichês de escolas de ensino médio, mas pelo fato de que muitas vezes somos capazes de nos identificar com aquelas pessoas que transitam pelos corredores ofendendo e discriminando alguém apenas pelo fato de não conhecermos e algumas vezes não procurarmos o conhecimento sobre determinadas coisas que não são familiares do nosso cotidiano.

O fato é que Atypical é uma ótima série, um convite para que conceitos pré-estabelecidos sobre aqueles que possuem transtornos caiam por terra e abre o nosso olhar para entender o lado do outro. Então não tenha medo de dar o play e divirta-se, apesar de ser um assunto delicado, a roteirista Robia Rashid soube dosar na medida certa sua visão sobre o assunto.

A primeira temporada possui oito episódios e foi renovada para uma segunda que contará com 10 e ainda não possui data de estreia.

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Imagem: Divulgação Channel 4/Netflix

 Por Bruna Valentim

A série originada do canal inglês Channel 4, conhecido por produções como My Mad Fat Diary chegou na última sexta na Netflix e logo virou assunto nas redes sociais. A premissa peculiar segue as desventuras de James (Alex Lawther) um garoto frio de 17 anos que acredita com convicção ser psicopata e decide matar a nova colega de escola Alyssa (Jessica Barden), uma garota rebelde com problemas comportamentais.

No primeiro episódio vemos a primeira interação entre James e Alyssa e com um bem utilizado recurso narrativo conhecemos mais de suas personalidades e intenções. James é apático, não tem sentimentos, não se alegra, tão pouco se entristece, não tem amigos e vive em uma relação unilteral com seu pai que tenta sem sucesso se aproximar do garoto. Alyssa é atrevida e impetuosa, filha de pais divorciados sente falta de seu pai que foi embora quando a garota ainda era criança e não suporta conviver com a mãe e o novo padrasto, um homem com intenções duvidosas.

  Os dois jovens antissociais, solitários e desajustados enxergam um no outro a oportunidade de achar um sentido na vida, embora de maneiras completamente opostas. Alyssa planeja se apaixonar por James encontrando assim uma espécie de escape para seus problemas, James por sua vez deixa a garota acreditar que seus sentimentos são correspondidos pois pretende assassina-la, uma vez que já se cansou de matar animais, a única coisa lhe trazia até então o mínimo de satisfação pessoal. Quando Alyssa resolve fugir de casa em busca de seu pai e chama James para acompanha-la o garoto aceita ir com o propósito de executar seu plano macabro e é então que se dá início uma relação complicada, mas ao menos tempo genuína entre dois adolescentes problemáticos.

 A road trip em que os protagonistas embarcam pelo interior da Inglaterra conta com um carro antigo, um rádio estragado e diálogos afiados, em meio a caronas, paradas em lanchonetes e as situações mais tragicômicas e surreais possíveis. Durante a viagem são surpreendidos por  infortúnios que os levam a cometer uma série de crimes que deixa o espectador incrédulo e ao mesmo tempo fascinado pelas caoticas aventuras do casal disfuncional e fora da lei.

 A série transita entre um humor sombrio, característico de produções inglesas, dramas que arrancam lágrimas dos mais sensíveis, e o horror absoluto pautando situações graves como assédio sexual, suicídio e pedofilia chegando a deixar a audiência desconfortável. A produção da série acertou na escolha do elenco, os coadjuvantes cumprem bem seus pequenos papéis, mas o destaque absoluto é para o casal protagonista interpretado por Jessica Barden e Alex Lawther, a dupla carrega a produção nas costas e está completamente comprometida com suas atuações, os personagens são difíceis  possuem múltiplas nuances, o casal do primeiro episódio em nada lembra o casal das últimas cenas da temporada. Até aproximadamente a metade da série, que contêm 8 episódios de 20 minutos, os dois aparecem em praticamente todas as cenas e conseguem transmitir com segurança as angustias de seus personagens nos deixando imersos em seus problemas, querendo conhecê-los e entender o que os levaram a ser como são. A evolução dos personagens entre o primeiro e o ultimo episódio é perceptível aos olhos, graças ao talento e carisma dos atores que convencem o público a torcer por seus personagens completamente disfuncionais.

 A fotografia é belíssima com tons contrastantes, cores pastéis e o vermelho predominam as imagens. A trilha sonora com baladas indies, canções antigas e artistas independentes fogem do clichê, em séries do gênero que costumam optar por estar diante de uma obra atemporal, o foco é adolescência e as angústias, as certezas e incertezas que permeiam essa fase da vida. A trama  poderia inclusive ter se situado nas décadas passadas, uma vez que os protagonistas são absolutamente contra tecnologia e nem ao menos possuem celulares.

The end of the fucking world não tem nada a ver com profecias, religião, desabamentos, é sobre duas pessoas sufocadas e sem perspectiva dentro de seus próprios mundos. É uma série sobre superação, amadurecimento, e amor. A trama encantou o público e esperamos a continuação da saga de James e Alyssa de preferência com um final dos mais felizes, eles merecem.

 

Google/Reprodução

Por Bruna Valentim

Nos últimos meses o produtor de Hollywood Harvey Weinstein foi acusado de assédio sexual por atrizes como Angelina Jolie, Ashley Judd o que surpreendeu e ganhou coro com acusações de personalidades como Courtney Love e Lupita Nyongo. O som de suas vozes ao falarem sobre suas experiências com o diretor deu coragem para outras vítimas se abrirem o assunto, o que ficou conhecido como o “efeito Weinsten”. A atriz mexicana Selma Hayek, de 51 anos foi a estrela mais recente a vir a público, de acordo com o jornal The New York Times, a atriz se referiu ao produtor como “Meu monstro” e deu detalhes de um episódio “As táticas de persuasão dele iam de falar coisas doces a fazer promessas, até uma vez que, em um ataque de raiva, ele disse as palavras mais assustadoras: ‘Vou te matar, não ache que eu não sou capaz” desabafou Selma. O produtor nega as acusações que vão de assédio a estupro, mas foi afastado de sua produtora e está prestes a ter seu nome retirado da Academia do Oscar.

A aluna Priscila Mendes acha que os casos de Hollywood não são casos isolados e que isso acontece em todos os lugares e em todos os meios “Eu achei muito legal, muito bonito ver essa união, dá forças para outras mulheres que não tem tanta influência como Angelina Jolie falarem. Eu gostei muito também de mulheres produtoras, diretores retirarem esses atores, essas pessoas de suas produções. Isso é presente no Brasil também, conheço vários casos, acontece de ter mulheres assediando homens, acontece de ter homens assediando homens, mas a gente sabe que isso acontece mais com homens assediando mulheres e homens poderosos que intimidam porque as pessoas têm medo de perder suas carreiras, quem está no cinema a maioria não é pelo dinheiro porque é muito difícil ganhar muito dinheiro com isso, é pelo amor e isso as intimida, então acho esse movimento muito importante” declara a estudante.

Kevin Spacey ganhou o Oscar duas vezes, protagonizou o clássico dos anos 90, Beleza Americana, e atualmente é a estrela principal de House of Cards, série original Netflix. Spacey foi visto como um bom homem, discreto na sua vida pessoal e excelente em seus papéis, o ator seguia uma trajetória linear e exemplar já alguns anos até que em outubro ele foi acusado pelo ex ator mirim Anthony Raupp, que alegou investidas sexuais de Spacey sobre ele quando o mesmo tinha apenas 14 anos e Spacey 27. Ele se desculpou, mas afirmou não se lembrar do episódio, em posicionamento público acabou se assumindo homossexual, o que foi considerado um desserviço para a comunidade já que pareceu apenas uma tentativa de mascarar a polêmica.

A estagiária de cinema Stefânia Grochowski acredita que as penas devem ser justas, mas acredita na reintegração social dessas pessoas “Acho que cada caso deve ser estudado de forma única. Vejo que essas pessoas erraram, mas o caso do Kevin Spacey eu sinceramente acredito que o que aconteceu não foi pelo ato dele em si, foi pela repercussão do caso. Eu acho que a postura da Netflix, por exemplo, em nada se deve ao talento ator, acho que os produtores deviam ter colocado Kevin para conversar com um especialista e vê a raiz de seu problema e tentar achar uma solução. Excluir esses profissionais para sempre não acho que seja uma atitude justa, acho que as pessoas podem mudar e melhorar.”

Ed Westick é conhecido majoritariamente por dar vida a Chuck Bass, o personagem mais popular da série teen americana Gossip Girl. O ator namorou colegas de elenco e costuma ser simpático, apesar de reservado nas suas entrevistas. Não nega ao falar do papel que o consagrou como astro mundial. Westick estava planejando ficar noivo da modelo Jessica Serfaty quando foi surpreendido pelas acusações de estupro pela atriz Kristina Cohen. O ator simplesmente publicou uma frase negando conhecer a mulher e afirmou que nunca tentou forçar ninguém a nada, o que foi consequentemente questionado ao surgirem mais dois casos de assédio semelhantes vindos de jovens atrizes. Westick foi afastado da série que protagoniza White Gold, da emissora inglesa BBC e retirado do elenco de Ordeal by innocence da mesma emissora.

Outro caso surpreendente é o do criador da série One Tree Hill, um hit absoluto entre os jovens, no início dos anos 2000 foi acusado em uma carta aberta assinada por atrizes e pessoas envolvidas no programa. Em seguida foi a vez das mulheres da equipe de The Royals, sua atual produção exibida no Brasil pelo canal fechado E!, se pronunciarem fazendo coro às denúncias das mulheres de One Tree Hill. Alexandra Park a protagonista de The Royals, onde interpreta a Princesa Eleanor postou uma nota em seu twitter sobre a situação “Tenho uma responsabilidade por ter trabalhado com ele em The Royals. Estou devastada de admitir a mim mesma, aos meus colegas e à essa indústria, que eu também fui exposta a esses comportamentos repreensíveis. Estou orgulhosa e grata hoje, que podemos tomar um rumo diferente. O que nos encoraja a denunciar o inaceitável, liderança dolorosa; fé que essa liderança será removida e substituída. Fé que não seremos penalizados pelo comportamento de uma pessoa.”, disse a atriz. Mark foi afastado da produção da série e não se pronunciou a respeito das acusações.

Com artistas tão influentes denunciando crimes como assédio e estupro, a hashtag  #MeToo ganhou força nas redes sociais e a capa da revista TIME, com cinco mulheres que representam a força dessa luta, simbolizam a campanha: a atriz Ashley Judd, primeira a denunciar Weinstein, a cantora Taylor Swift, a lavradora Isabel Pascual (pseudônimo), a lobista Adama Iwu e a ex-engenheira do Uber Susan Fowler. Elas são conhecidas como as voices breakers, as vozes que quebraram o silêncio e simbolizam um movimento de extrema importância na luta feminista.

A estudante de jornalismo Lara Rodrigues acredita que o caso do Kevin Spacey é um exemplo a ser seguido “Acho utópico acreditar que é capaz retirar um abusador da sociedade, porque sempre vão existir pessoas que os apoiam. Mas acho que o abusador, seja quem for, deve ser humilhado e rechaçado quantas vezes necessário, porque se simplesmente deixarmos a pessoa de lado depois de um tempo tudo é esquecido e ele volta como se nada tivesse acontecido. O Kevin ter sua série cancelada e o modo como a sociedade no geral lidou com a situação é realmente o que deve acontecer. Mas é claro que acredito que o fato das vítimas de Spacey serem homens influenciou nas consequências de seus atos”.

Os casos acima são um exemplo claro que a união faz a força e que as mulheres vão seguir lutando contra a cultura do estupro que assombra a sociedade até o fim. O ano de 2017 parece ser o início de uma nova era para Hollywood e mostra que as pessoas não estão mais dispostas a se calarem e pelo visto os machistas não passarão, ganharão prêmios ou qualquer coisa além de uma pena justa por suas condutas.

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Por Daniel Reis 

Alerta: Spoilers!!!!

Uma das maiores surpresas do último ano, Stranger Things retorna com a estreia de sua emocionante segunda temporada, que apresenta evolução de sua mitologia, de seus personagens, e do próprio roteiro que acaba mais acertando do que errando.

Com um primeiro episódio que já define bem como essa temporada vai seguir, a série começa acompanhando a nova vida do garoto Will Byers (Noah Schnapp) que após a pouca presença na primeira temporada, se torna o grande destaque desta. Ele que agora tem que lidar com apelidos como Zumbie Boy (ou Zumbizinho) e a superproteção da família e amigos, tem seu arco aprimorado entre contatos com o Upside Down, e a surpreendente atuação do garoto de 13 anos.

Com o Halloween chegando, mantém-se aquela atmosfera oitentista da primeira temporada, com um plus que é o sétimo episódio desta temporada, chamado “The sister”, que tem ligação direta com a primeira cena do primeiro episódio e funciona quase como um Spin-off. É justamente nesse ponto que a série dá uma derrapada e parece perder um pouco da essência que os fãs tanto gostam. Porém o episódio em questão surpreende por expandir (e muito) a história da Eleven (onze) personagem da nossa queridinha Millie Bobby Brown. Com uma cena incrível, a personagem volta com tudo, sendo dona das melhores cenas da temporada, mas apesar disso o episódio não responde todas as perguntas e deixa pontas soltas para serem desenvolvidas futuramente.

Além dos destaques para as atuações mirins de Millie e Noah (Eleven e Will) a grande evolução e destaque fica por conta do Xerife Hopper interpretado por David Harbour (Nosso novo Hellboy) e que desponta nos diálogos e nos momentos mais emocionantes da temporada, é evidente o quanto o ator se entregou ao personagem e gera uma química excelente com praticamente todo o elenco da série. Mas de longe a forma com é abordada a relação dele com a Eleven, e de como os criadores conseguiram em tão pouco tempo construir uma relação tão forte, é o maior dos elogios aqui. Enquanto assistia, ficava ansioso esperando passar alguma cena deles contracenando de novo.

No entanto, nem tudo são flores e um fato que pode incomodar quem estava com saudade da trama, é ver em boa parte do tempo os principais núcleos desmembrados, temos alguns personagens seguindo motivações pessoais e outros que parecem estar ali somente para agradar os fãs da série ou servir de escada para algo no roteiro funcionar, isso não incomoda muito mas pode acabar sendo desgastante para o espectador.

Este é o caso da “vingança” pela morte da Bárbara (Shannon Purser), que era algo muito pedido pelos fãs, mas soa desinteressante perto dos outros núcleos apresentados, e faz um desfavor a personagem de Nancy (Natalia Dyer) que havia terminado a última temporada bem Badass tomando a frente em alguns momentos e partindo para luta, já nessa retorna como se não tivesse evoluído em nada, e buscando a tal vingança pela a morte da amiga somente um ano após o ocorrido, depois de cenas dispensáveis e forçadas dela bêbada chorando em uma festa de Halloween que no fim não serve de ponte para vingança mas sim para o fraco triângulo amoroso entre ela Steve (Joe Keery) e Johnatan (Charlie Heaton) bem melhor se tivessem resolvido logo no início deixando a personagem de Nancy livre para a trama que realmente importa.

Elenco mirim de Stranger Things, Premiere segunda temporada/ Foto: Divulgação

As adições também são vagas, sem ganhar tanto destaque, não pela falta de presença, mas pelas histórias serem realmente desinteressantes. Os irmãos Max (Sadie Sink) e Billy (Dacre Montgomery) são o maior exemplo disso, com um passado que é mantido em segredo quase toda a temporada, com cenas e mais cenas de diálogos misteriosos para no fim ser uma história comum de divórcio que não traz humanidade para os personagens, nem faz você gostar mais ou se importar com eles, fazendo com que estes conflitos soem como pura vergonha alheia em alguns momentos.

A parte boa foram as adições de Dr. Owens (Paul Reiser) que por se tratar de um cientista do misterioso laboratório de Hawkins. Aparentando ser bonzinho demais, traz sempre um ar de desconfiança ao espectador quando está na tela, chegando a ser um desafio a parte para quem assiste descobrir suas reais intenções. Além disso temos a chegada de Bob personagem do Sean Astin que não acrescenta muito, mas é indispensável para o arco emocional de Joyce Byers (Winona Ryder), e que possui algumas das melhores referências dessa temporada, com direito a uma piada referenciando a Goonies (filme que ele participou no anos 80 como ator mirim), quando pergunta se o mapa do Will leva a algum tesouro pirata.

Apesar das derrapadas, a série se mostra muito superior em todos os âmbitos, trazendo cenas marcantes, com diálogos e conflitos inteligentes, e um respeito a si mesma ao manter todo o clima da primeira temporada, evoluindo os principais personagens sem desrespeitar a jornada deles. A maioria das principais perguntas deixadas na primeira temporada são resolvidas rapidamente nesta, o que facilita em manter a trama simples e atrativa.

Stranger Things é hoje uma das maiores séries, e tem tudo para se manter neste posto por mais algumas temporadas, poderia facilmente causar um frisson tão grande quanto o de Game of Thrones se fosse lançada semanalmente, mas mesmo assim várias pessoas estarão discutindo a saga de Eleven e companhia. O que nos resta agora são as teorias, que vão surgir sobre o futuro da série, rever esta excelente temporada, e um especial muito interessante que a própria Netflix lançou chamado Beyond Stranger Things.

Com um roteiro em três atos, e uma direção impecável os Irmão Duffer, fizeram de novo um filme de 9 horas que vai fazer você se importar com a trama, não querer parar de assistir, não sair do sofá nem para ir ao banheiro e no fim ainda pedir por mais, reclamando sobre a demora até a próxima temporada.

Por: Hellen Santos

Hoje a televisão é um dos meios de comunicação mais usados de todos os tempos. No dia 11 de agosto, no Brasil, é comemorado o dia da TV em homenagem à sua padroeira, Santa Clara de Assis, que nasceu nesta data. No Brasil, este aparelho só chegou em 18 de setembro de 1950, quando foi inaugurada a primeira emissora brasileira: a TV Tupi, a 67 anos atrás.

O grande comunicador dos anos 50 era o nordestino Assis Chateaubriand, um dos homens mais poderosos do Brasil. Trabalhou em vários jornais até fundar o Diário Associados, fundando também a primeira emissora PRF3 TV difusora ou popularmente falando, Tv Tupi.

A Tv era um artigo de luxo, no Brasil nos anos 60 só existiam 200 mil exemplares. Nessa época as produções eram todas feitas no improviso, sem técnicas específicas, só com base no que era produzido pela rádio e o teatro.

Programas de Auditório e Novelas

Os programas de auditório e as novelas foram e ainda são um dos produtos mais visados e feitos pela tv brasileira, unindo diariamente diversos telespectadores diante do que conhecemos como um dos equipamentos mais populares da atualidade.

O primeiro beijo demorou cerca um ano para ocorrer na Tv. Em 1951, a jovem atriz Vida Alves, chegou para marcar seu nome na história da televisão brasileira. Ficou conhecida por dar o primeiro beijo exibido na tv em Walter Forster, na novela “Sua vida me pertence”, primeira telenovela a ser exibida na tv Tupi. Foi um pequeno selinho, mas marcante para uma geração cercada pela censura. Em 1963, ela marcou novamente, desta vez dando o primeiro beijo lésbico na atriz Geórgia Gomide, no teleteatro “A calunia”.

Em 1955 “ O céu é o limite” foi primeiro programa de perguntas e respostas com premiação que foi exibido na tv. A Tv Paulista, ainda em 1955, estreava “O mundo é das mulheres”, primeiro programa feminino exibido e apresentado por Hebe Camargo, considerada grande figura na história da tv até hoje. A emissora também foi responsável pelo aparecimento do ícone Silvio Santos em 1965.

Depois da Tv Tupi, as emissoras não pararam de aparecer. No final da década 60 já existiam cerca de 6 emissoras na ativa. Nessa época também apareceu a publicidade, representando a época em que as emissoras começaram a disputar por audiência. Os programas tinham o nome dos patrocinadores, um exemplo era “Grande Gincana Kibon”, programa de sucesso da TV Record, com programação infantil de maior sucesso que durou mais de 16 anos.

A Record foi a pioneira em exibir programas musicais, que revelaram grandes nomes como Roberto Carlos, Elis Regina e Jair Rodrigues, nomes fortes na música popular Brasileira.

No dia a dia dos brasileiros, nenhum outro meio de comunicação foi mais presente ou influente do que a televisão. Mesmo famílias que vivem em casas simples, sem acesso à infraestrutura básica, costumam ter pelo menos um aparelho de televisão em sua residência.