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Faltando exatamente um dia para o maior evento de futebol do mundo, o Brasil, considerado o país do futebol, não vem mostrando muita empolgação com os jogos que serão realizados nos gramados brasileiros.

Sem o ânimo de sempre, pouquíssimas ruas estão enfeitadas se comparadas com os anos anteriores. Lojas de artigos de decoração com a temática não possuem a mesma demanda e a venda de vuvuzelas, cornetas, chapéus, camisas, bandeiras dentre outros artigos não é a mesma, visando que a FIFA proíbe o uso da maioria desses artigos nos estádios.

Obras que iniciaram anos antes não conseguiram serem acabados a tempo e agora, os operários correm a todo vapor, trabalhando noite e dia. Tendo como exemplo, a nova estação Pampulha que mesmo antes de ter sua obra completamente concluída, já começou a prestar seus serviços, de forma precária como alega alguns dos usuários.

Nas redes sociais, poucas pessoas andam comentando sobre assistir os jogos juntos dos amigos e família, mas por outro lado, há um grande número de brasileiros envolvidos nos eventos relacionados às manifestações, estas que já possuem data e horário marcado em sete das cidades – sede.

Copa sem o povo

A COPAC (Comitê Popular dos Atingidos pela Copa) organiza em Belo Horizonte, o Ato Nacional “Copa sem o povo, tô na rua de novo” no dia 12 de Junho, 12:00, na Praça Sete para reivindicar os direitos dos cidadãos brasileiros.  Enquanto isso, em São Paulo, vai ser realizado o protesto “Se tiver demissão, não vai ter copa”, no metrô Carrão por causa da demissão dos 60 metroviários.

A questão: – se vai ou não ter copa, adiantamos que vai ter sim, mas o que todos querem é trabalho, moradia, respeito, diálogo, educação e seus direitos.

Texto: Bárbara Carvalhaes
Foto: Gabriel Amorim

Em forma de festa, o movimento Tarifa Zero (TZ) reuniu cerca de 100 pessoas na Avenida Nossa Senhora do Carmo, em frente ao Chevrolet Hall, na última sexta feira, 06. A concentração começou por volta das 17 horas, onde os manifestantes começaram a organizar a festa. Dentre as pautas levantadas, a ocupação do espaço público, o gasto abusivo da Copa do Mundo e claro, a redução da tarifa.

 Em mutirão, voluntários colaram bandeirinhas, arrumaram o som e se prepararam para a festa. Antes de fecharem a rua, alguns manifestantes fizeram um deboche em forma de entrevista usando máscaras de figuras conhecidas, como Márcio Lacerda, prefeito da cidade e Ramon Victor César, presidente da BH Trans. A locutora fazia chamadas típicas de festa junina com problemas apontados pelo TZ. “Olha o metrô do Barreiro” dizia a locutora, enquanto os manifestantes respondiam “é mentira”.

 Os manifestantes começaram o ato fechando a faixa lateral da avenida, sentido o bairro Belvedere. Logo depois, fecharam mais duas faixas do canteiro central da avenida, causando transtorno para a população. Guardas municipais instruíam os motoristas no local a fazerem o retorno.

 Segundo o organizador Eduardo Macedo, o ato em forma de festa junina é o primeiro com uma temática. Alguns manifestantes foram vestidos a caráter para o ato. Vendedores ambulantes participaram da festa, vendendo cerveja e até acessórios com as cores da seleção canarinho. Por volta das 20 horas, os manifestantes começaram a dançar quadrilha e queimaram uma catraca, que simbolizava uma fogueira da festa junina.

“As manifestações vão continuar, principalmente no período da Copa”, disse Eduardo Macedo, integrante do TZ. Recentemente, houve um aumento de 7,5% no valor da passagem metropolitana.

Texto e foto por: Cassiano Freitas e Lívia Tostes

Está acontecendo desde o dia 07 de Junho, no Palácio das Artes, a Semana Aberta do Programa de Residências Internacionais. Desenvolvido pela Fundação Clóvis Salgado e o Jardim Canadá Centro de Arte e Tecnologia (JA.CA), o programa teve mais de 270 artistas inscritos, no qual houve 12 selecionados sendo sete brasileiros e cinco estrangeiros.

A seleção ocorreu através de vários critérios, estando entre eles originalidade e coerência do projeto proposto pelo artista, trajetória e interações com o espaço urbano. Além disso, os candidatos poderiam escolher entre duas modalidades para se inscrever: Arte e Pesquisa. Os artistas e pesquisadores escolhidos foram divididos em três ciclos de residência, iniciado em abril com término em novembro e para que o projeto seja realizado, os participantes contam com uma ajuda de custo de R$2.600,00 (dois mil e seiscentos reais).

O desenvolvimento dos projetos acontecerá na Galeria de Arte Contemporânea e Fotografia até o dia 14 de Junho e terá a presença de Fernanda Rappa (SP), Thelmo Cristovam (PE), Guilherme Cunha (MG) e Krzysztof Gutfranski (Polônia) que tem o foco no Diálogo das Artes com as Ciências – botânica, física, neurociências e mineralogia.

 Ervas do cerrado

A artista Fernanda Rappa de São Paulo dedicou seu programa de pesquisa ao resgate dos raizeiros do interior de Minas Gerais, destacando o uso das plantas do Cerrado. Nesta quarta-feira, 11, a artista realizará uma intervenção no quarteirão fechado da Rua Carijós, no Centro da cidade. A intervenção ocorrerá através da divulgação das propriedades e degustação das ervas estudadas.

Texto: Bárbara Carvalhaes

Foto: Divulgação

Uma hora é o tempo que o bancário Vinícius Mundim economiza no trajeto do trabalho, na Praça da Liberdade, para casa, no Bairro Dom Cabral. A advogada Juliane Rocha consegue poupar meia hora por dia ao cruzar a rua Gonçalves Dias, entre os bairros Funcionários e Santo Agostinho. A fórmula que ambos usam para fugir dos congestionamentos da capital é a mesma: deixar a preguiça de lado e tirar a bicicleta de casa.

Para Vinícius, a bicicleta como primeira opção de transporte traz muitas vantagens, principalmente financeiras. “Por ano, gasto R$250,00 com manutenção, com um carro. Poderia gastar isso por mês só com gasolina”. Juliane ja economizou R$ 3.200 em um ano. Para ela, o maior benefício é a qualidade de vida. “O stress do trânsito estava me deixando muito impaciente. Quem vai trabalhar de bicicleta chega ao trabalho mais feliz”, comenta.

Entretanto, os próprios ciclistas afirmam que a prática não traz só vantagens. Guilherme Tampieri, da Associação BH em Ciclo, conta que o desrespeito por parte dos motoristas e a falta de lugares específicos para estacionar são as maiores dificuldades. “Tem lugares que eu gosto de ir, mas não posso porque não aceitam bicicleta”, explica.

Segundo a BH Trans, Belo Horizonte atualmente possui aproximadamente 53 km de ciclovias. Até o final de 2015, a prefeitura pretende concluir um plano de mobilidade para incentivar o uso das bicicletas na capital. De acordo  com o coordenador do Programa de Mobilidade da Agência Metropolitana, Samuel Hertel, “o transporte não-motorizado é menos poluente, ocupa menos espaço viário e tem custo zero.”

Com base nos dados da Secretaria de Estado Extraordinária de Gestão Metropolitana, dos 15 milhões de deslocamentos individuais realizados diariamente na RMBH, 80 mil são feitos de bicicleta e a tendência é que o uso desse meio de transporte cresça 2,5% em cinco anos.

Texto: Ana Magnani, Frederico Thompson e Ingrid Torres

Foto: João Alves

Em 2007, quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo em 2014, Herlanderson Silva sonhou com um evento que traria muita prosperidade para o bar que gerencia na Savassi. A região foi revitalizada há pouco tempo, além de abrigar muitos estabelecimentos e diversidade de pessoas – a combinação perfeita para unir o útil ao agradável: ganhar dinheiro e ter o prazer de receber turistas estrangeiros para torcer e ver o Brasil ser hexacampeão.

Entretanto a realidade hoje é outra. A poucos dias da abertura da Copa do Mundo, Silva não sabe dizer ao certo quando seu bar irá funcionar.

A dúvida surgiu a partir da experiência da Copa das Confederações, no ano passado. O bar, localizado à Rua Antônio de Albuquerque, sofreu prejuízos com os arrastões que pegaram onda junto com as manifestações que eclodiram por todo o país. “Estamos preparados para fechar as portas a qualquer momento se houver baderna”, explica.

No quarteirão da Rua Pernambuco, a livraria Status, investiu e apostou em um ambiente externo com música ao vivo, mas  foi impossibilitada de manter seu padrão durante os 32 dias de evento. “A Prefeitura de BH já nos notificou informando que não teremos alvará para usar o espaço externo, não será permitida música ao vivo nem montagem de telão, só poderemos utilizar o ambiente interno”, relata o gerente Charles Santana.

Em função de tanta burocracia, os demais bares da região decidiram não modificar nada no cardápio. Nada de coquetéis comemorativos, nem pratos novos, ou sequer decoração. “Apenas o reajuste nos valores, porque a Ambev já aumentou em 11% o preço da cerveja, que está por 7,90 a garrafa de 600 ml”, conta Jarbas Gomes, responsável pelo Baiana do Acarajé.

De acordo com Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel), após repercussão dos impactos que o setor de alimentação fora do lar sofreria com o segundo aumento consecutivo da tributação sobre bebidas frias, o Ministro da Fazenda se reuniu com o presidente executivo da Abrasel e representantes do setor de bebidas. Segundo Guido Mantega, aumento marcado para 1º de junho foi adiado para setembro e acontecerá de forma escalonada.

A ideia da Copa do mundo era mostrar uma cidade turística, capaz de receber pessoas de vários países. Por enquanto, consumidores e comerciantes estão muito receosos com o que irá acontecer nos dias de jogos, principalmente os que a cidade mineira irá sediar.

O belo-horizontino, habituado com o movimento boêmio da capital, terá que se adaptar neste período. Joana Melo, estudante de moda, moradora da região sul e cliente fiel dos bares da Savassi, diz que não tem intenção de assistir aos jogos na rua. “Já que não irão oferecer nenhum diferencial e diante da expectativa de violência, optei por torcer na casa de amigos”, explica.

Já em relação à exibição dos jogos, no interior dos estabelecimentos, a FIFA estabelece condições, que podem ser consultadas no site Exibição Pública FIFA. E sobre a colocação de telões nas calçadas dos estabelecimentos para a exibição dos jogos, o interessado precisa licenciar o evento na Prefeitura e seguir as condições da FIFA, de acordo com o regional Centro-Sul.

Já a Secretaria Municipal Extraordinária da Copa do Mundo (SMCOPA) disse que Belo Horizonte terá dois eventos oficiais durante a Copa do Mundo – os jogos que serão realizados no Mineirão e o FIFA Fan Fest, evento de exibição pública dos jogos, no Expominas.

Texto: Grazi Souza, Silva de Assis e Ursulla Magro

Foto: João Alves

A ação cineclubista começou no Brasil em 1928, com o Chaplin Club, no Rio de Janeiro e desde então foi se espalhando por todas as regiões do país. Hoje, totalizam cerca de 1370 cineclubes ativos, segundo o Conselho Nacional de Cineclubes no Brasil. Após 50 anos de Ditadura Militar, o cineclubismo continua a ser uma prática vanguardista. Em 1964, após o golpe, foram fechados vários cineclubes que eram vistos como prática subversiva. Em Belo Horizonte, a repressão fechou na década de 70, o curso de cinema da PUC Minas.

Sempre com local, data e horários fixos, os cineclubes exibem filmes de diversas temáticas – política, social, ou até mesmo a filmografia de alguns cineastas que marcaram, geralmente pensando na democratização do acesso e filmes que não circulam dentro das salas comerciais. A exibição é sempre acompanhada de debate, que tem ampla participação e importância. Nos debates os cinéfilos trocam experiências e despertam sua criticidade.
Texto: Luna Pontone
Foto: Danilo Vilaça