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Esse ano a marcha das vadias de Belo Horizonte superou as expectativa  de todos inclusive das articuladoras como relata em seu site Adriana Torres, ativista do Movimento Nossa BH e uma das participantes da Marcha, “foi de encher os olhinhos d’água ver mais de mil pessoas – jovens, nem tão jovens, cis, trans, mono, hétero, crianças, unidos com alegria e irreverência na defesa da liberdade e contra a violência”.

 A concentração que começou na Praça Rio Branco,as 13 horas em frente à rodoviária da Capital Mineira, passou pela Praça da Estação, Rua da Bahia, Praça da Liberdade, Savassi. o evento esse ano cresceu, conquistou, e trouxe as ruas o encanto do afeto humano em prol de um só ideal. E agora pressiona, e convida a ir além. A formar uma base de um mundo diferente para nós e para os próximos habitantes desse globo de poucos, loucos, por um intelecto em comum.

As políticas públicas relacionadas à violência contra a mulher está mais focada no “pós-violência”. “Temos poucas ações para conscientização, prevenção e conhecimento de que o machismo, a cultura patriarcal, é um dos principais fatores dessa violência”, afirma Adriana torres.

Vejo que essa reflexão deve começar dentro de nós, transformando em atitudes não machistas, não homofóbicas e não racistas no nosso dia a dia. É fácil admitir isso, não é fácil é olhar para nosso espelho interior e assumir uma postura mais humana, olhando para os outros e menos para nosso próprio umbigo.

No ultimo sábado (25), As ativistas usaram roupas curtas e algumas deixaram os seios a mostra e  o próprio corpo usado como meio de vincular o protesto para contestar o machismo. Com palavras pintadas pelo corpo, cartazes nas mãos e uma grande mistura entre muitos  homens,Crianças , mulheres e afins defendendo que é preciso aprender a respeitar não só as mulheres mas todos os seres que o merecem.

A Marcha das Vadias teve início em 2011 na cidade de Toronto, no Canadá, organizada por estudantes da universidade local. Após uma declaração de um policial na instituição que disse que se as mulheres se vestissem como “vadias” poderiam estimular o estupro.

Como explica o site.

O manifesto pacífico e bem humorado  também foi marcado em São Paulo,Recife e Curitiba, e já teve diferentes versões em diversos países. Assim a marcha chama a atenção da população, para que o preconceito seja banido dos pensamentos controversos dessa sociedade imperfeita.

A nossa conduta não deveria ser alvo de julgamentos, principalmente, porque o defini o caracter de um ser, não é constituída por “fora”, pela “casca” e sim pela essência da integridade sentimental que compartilhamos. Para se juntar a marcha não é preciso se despir, bastar estar confortável, todos são bem vindos desde que venha com alma e coração aberto a liberdade de expressão.

Por: Aline Viana

Foto: Aline Viana

Prevenção de acidentes de trânsito e afogamentos, são o foco da ação do Corpo de Bombeiros para o feriado de Corpus Christi, a ação teve início hoje, 29, às 14h e término previsto para o dia 2, de junho, mobilizando 700 profissionais, 90 viaturas e dois helicópteros que estrão de prontidão para transporte das vítimas de acidentes graves.

“Estamos em um período de chuvas e é preciso maior atenção do motorista, principalmente nas ultrapassagens.”, alerta o Capitão do Batalhão de Operações Aéreas, Petterson Monteiro. No dia de hoje, já houveram ocorrências de quedas de árvores e acidentes de carros em decorrência da chuva, de acordo com o twitter do Corpo de Bombeiros, 21 ocorrências já foram registradas.

Foram implantados 60 pontos de base nas proximidades de locais com maiores índices de acidentes, na região metropolitana de Belo Horizonte os bombeiros estarão de prontidão na MG 356, BR040, Anel Rodoviário, Rodovia Fernão Dias, BR 262, BR 381, MG 10 e MG 424, segundo o Capitão falhas humanas ainda são responsáveis por grande parte dos acidentes.

No último ano a operação Corpus Christi registrou nas rodovias estaduais um saldo de 6 mortos e 12 feridos , nas rodovias federais foram registrados 11 ocorrências de vítimas fatais e 59 feridos. Para prevenir as ocorrências de afogamento equipes de mergulhadores e salva vidas estarão de prontidão em lagoas e áreas de lazer orientando frequentadores e resgatando possíveis vítimas, que no último anos teve um saldo de 10 vítimas fatais.

Por: Gabriel Amorim e Juliana Costa

Foto: Zênio Souza

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“Antes só do que mal acompanhada”, diz o ditado e há quem diga que isso é recalque. Mas e se for? Faltam apenas duas semanas para a data menos esperada do ano, e nesse tempo não dá para mudar o status de relacionamento do Facebook. Muito menos para tirar fotos, fazer montagens e declarações enormes de um amor tão finito.

12 de junho é uma das datas com mais publicidade veiculadas em todos os tipos de mídia. São comerciais na TV, outdoors pela cidade, anúncios em sites e redes sociais deixando frustrada toda a população carente de namorado (a) da cidade. A solteira e estudante de arquitetura, Pâmella Ceikeira, 23, lembra que a data oprime os solteiros, que não tem vez na publicidade e questiona essa posição das empresas. “Porque eles não fazem nenhum anuncio no dia do solteiro (15 de agosto)? É puramente comercial, por que faz com que as pessoas tenham obrigação de presentar a outra e isso movimenta o comércio. Ou seja, ser solteiro não movimenta o comércio na cabeça deles, o que na minha opinião é bem errado”.

A estudante ainda defende seu julgamento sobre a data usando um argumento comum entre os solteiros, o fato de que eles também são felizes sozinhos. “Eu não gosto da data, porque na maior parte das vezes a mídia lembra a quem está solteiro que a vida dele é péssima porque ele está sozinho, enquanto quem está namorando é super feliz, é uma espécie de lavagem cerebral”, argumenta.

Felizes ou infelizes, os solteiros que pretendem sair no dia 12 de junho podem se preparar para cruzar a todo o momento com os casais apaixonados, pelas ruas. Em cada canto haverá flores, bombons, beijos e um ar de Paris que parece não ter fim. As faculdades vazias, e as filas de cinemas lotadas. Resta aos solitários procurar por uma balada com programação especial ou a dor de cotovelo afundando em suas mágoas.

O promotor Celio Vieira, 19, namora e afirma que a data não faz muita diferença em sua vida. “Pra mim é como se fosse um dia normal, já que não gosto de gastar dinheiro atoa, prefiro sair junto e curtir um pouco, assim um momento especial marca mais que uma lembrança. Na verdade se formos olhar todas as datas comemorativas do ano, ficaríamos pobres”, analisa.

Se existe gente que fica feliz de verdade com a aproximação da data, são as pessoas que fornecem os presentes. Data mais comercial, impossível. De acordo com uma pesquisa realizada pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), 26,85% dos 410 entrevistados pela organização, pretendem gastar de R$100,01 a R$ 150,00 com presentes para seus amores. Dos itens mais procurados, a pesquisa revelou que 39,09% das pessoas desejam investir em roupas. Vai ver que o (a) parceiro (a) não está se vestindo bem. Seguido por calçados (20,97%), Perfumes e Cosméticos (12,25%) deixando as românticas e tradicionais flores apenas com 5,20% das intenções.

O fato é que a data deprime muita gente, endivida muita gente, mas faz felizes também aqueles que ainda adoram receber cartões, surpresas em geral e um abraço no fim do dia. Porque vai ver que quem realmente se importa com o significado, ou pelo menos o intuito inicial da data, que é se lembrar de quem te faz bem, não precisa de um dia só pra provar sua importância.

Por Aline Viana e Ana Carolina Vitorino

Ilustração: Diego Gurgel

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No próximo domingo começa a disputa do campeonato Brasileiro, os times mineiros montaram bons elencos e entram forte para a disputa da competição.

Nesta edição o Projeto E faz uma análise das times no campeonato que está prestes a começar, além da confusão nas finais do NBB e a venda do atacante Neymar para o futebol europeu e a confusão entre Cruzeiro e Minas Arena.

Ouça, comente, sua opinião é fundamental para nós!

Apresentação: Ana Carolina Vitorino

Comentários: Hemerson Morais, Marcelo Franga e João Vitor Fernandes

Edição de Áudio: João Vitor Fernandes

Música: Help – The Beatles

Carros, motos e ônibus circulam normalmente em volta da praça da Liberdade, pelos jardins casais namoram, gente comum corre, há fotógrafos atentos, estudantes passam, transeuntes passeiam acompanhados de seus cães. Frestas da luz de um sol branco, de calor fraco, penetram por entre os galhos das copas das árvores, pouco antes de se esconder por detrás duma densa nuvem cinza e, em seguida, desaparecer nas velhas construções que circundam a mesma Liberdade. Tudo estaria dentro da normalidade diversa que cabe nessa praça de traços iluministas. Tudo azul, como na música d’Os Mutantes. Mas, hoje, a alameda central abrigava uma surpresa: uma grande caixa azul escuro com os dizeres “Labirinto da Felicidade”.

Da caixa saiam sons incompreensíveis, despertando a curiosidade naqueles que estavam na fila para entrar. “Sabe o que tem lá dentro?”, se perguntam. Não há resposta. Enquanto isso a fila cresce, encabeçada por adolescentes com uniformes escolares e mochilas nas costas, senhoras, senhores, pessoas de meia idade, no final dela se concentram adolescentes com trajes típicos dos headbangers. Além dos ruídos é possível entrever a tela de uma televisão onde aparece um bebê sorrindo, vestido, também, em azul.

A publicitaria Isadora Moema sorri enquanto explica: a intervenção foi criada pela agência Lápis Raro, a caixa foi produzida pela agência Do Brasil. “Fora isso não posso revelar mais nada. No máximo, que a peça publicitaria foi feita em comemoração ao aniversário de uma empresa.”.

Quando Vânia Mendes e Rúbia Schwrtz saem da caixa já não há sol, tampouco o fraco calor. Na fria tarde de sexta-feira uma caixa azul atravessada no meio da praça da Liberdade interferiu na rotina das duas mulheres. A primeira vinha de uma aula de física quântica, a segunda acabava de assistir ao comédia francesa “A Datilógrafa”. Seguiam seus caminhos, cada uma de um lado da praça, até que, atraídas pelo “Labirinto da Felicidade” se conhecem enquanto esperam a sua vez. Rúbia Schwrtz, ainda com a pipoca na mão, conversava com Vânia Mendes. “Nos perguntamos o que era felicidade.”, conta.

A mãe de Mendes namora aos 83 anos. Schwrtz tem uma tia de 83 anos, morando com ela, que faz faculdade na Fumec. Na fila, as mulheres de meia idade se vêem cercadas de entusiasmados adolescentes. Isso é também motivo de reflexão para elas. “Idosos e adolescentes parecem estar felizes, e nós, onde encontramos a felicidade nessa correria?”, questiona Vânia.

Elas tem ainda mais em comum, são artistas: Rúbia é arquiteta e decoradora, Vânia é regente da orquestra Jovem Sol das Gerais – grupo formado exclusivamente por mulheres. Quando entraram na caixa se disseram surpresas ao se deparar com muitas de suas precoces reflexões. “É mais óbvio do que imaginamos”, se espanta Mendes. Sobre o que há na caixa não revelam muito: “Risadas de neném, paisagens, é muito íntimo, são coisas”, reflete a regente que conta ter assinado um acordo para não falar o que viu no Labirinto. Ao fim, recomenda: “Vale a pena entrar para saber o que tem lá dentro.”.

 

Por Alex Bessas

Foto por João Alves

O relevo acidentado da rua Bahia não é empecilho para o vendedor ambulante que faz da rua o seu meio de vida. Deficiente visual, Tarcísio, que se autodenomina “atleticano”, é figura constante no quarteirão que faz esquina com a avenida Afonso Pena. Ao empurrar seu carrinho abarrotado de bugigangas, concorre com transeuntes apressados, portões de garagem e bancas de revistas, percorrendo seu caminho sem incomodar ninguém. Sua destreza impressiona aqueles que, mesmo enxergando, costumam cair nas armadilhas das calçadas. Buracos, postes de iluminação, hidrantes, pedras e o próprio desnível da via fazem parte do seu percurso diário. São obstáculos já gravados na memória de quem precisa sentir o chão para se deslocar.

Os produtos expostos de maneira aleatória em seu carrinho, que arrasta, pacientemente, rua acima, vão de ralo a escovinha de cabelo, passando por cadeado, desentupidor de pia, amolador de facas e até ratoeira. Pequenas utilidades domésticas que nos lembram das nossas faltas cotidianas, dos armazéns de bairro e do armário da vovó. Dando colorido ao mar de miudezas, os cadarços de tênis chamam atenção. Como um deficiente visual identifica as cores solicitadas pelos clientes é a pergunta que nos inquieta.

De semblante pacífico, Tarcísio resiste em contar a sua história. “Não mexe com esse negócio de estrela apagada, não”, diz. E insiste para que eu faça uma matéria sobre Alberto Sabin, cientista que desenvolveu a vacina oral para a poliomielite – a famosa gotinha. “A Prefeitura deveria nomear uma das ruas do centro com o nome de Sabin” propõe o ambulante. “Ele foi uma pessoa que passou pela Terra e fez algo bom para as pessoas, ajudou o mundo inteiro e não é lembrado”, lamenta.

A confusão da rua é refletida na aparente desordem do seu instrumento de trabalho, que guarda em uma loja quando deixa seu ponto e segue para casa, no bairro Barreiro. “Venho cedo para o centro e fico o dia todo”, conta. Natural de Lagoa Santa, recebe ajuda dos comerciantes da região. Os clientes também o auxiliam na escolha dos produtos. Durante a conversa, uma mulher se aproxima, escolhe um rodinho de pia e lhe entrega uma nota de cinco reais, que é tateada habilmente pelas mãos calejadas do senhor que não quis revelar sua idade.

Demonstrando seu modo de pensar particular, responde ao meu questionamento sobre quantos anos tem fazendo referência à célebre frase de Oscar Niemeyer: “A vida é um sopro. Ninguém tem idade. Quem inventa esse negócio de idade é essa sociedade podre. Deus não se importa com isso. A vida é isso aqui, um instante”.

Ao transformar caos em poesia, Tarcísio representa a alma acolhedora da rua, que se reorganiza para receber o velho cego com seu carrinho carregado de sonhos. “Se eu sumir daqui é porque acertei na Mega Sena, declara”. Enquanto isso não acontece, segue puxando seu mundo pelas ladeiras da Bahia. “Vou pegar um mexidinho ali em cima”, se despede, deixando clara a simbiose orgânica entre a rua e as pessoas que dela vivem.

Por: Fernanda Fonseca
Fotos: Fernanda Fonseca