Authors Posts by editores contramao

editores contramao

1346 POSTS 5 COMMENTS

0 1010

Da redação.

Fotos: Moises Martins
Equipe de reportagem: Elouise Marcelino, Fabiana Meireles, Janine Christie Sant’Ana e Lorrany Moreira 

Que as mulheres vêm conquistando espaços que, até então, eram dominados pelos homens, todos já sabem. Mas a novidade aqui é que elas foram as primeiras a balançar as redes no templo sagrado do futebol, no início da segunda edição da Taça das Favelas, em Minas Gerais, no último sábado. As seleções femininas Minas Caixa e Aglomerado da Serra fizeram a abertura dos jogos, que reúnem 32 equipes nas modalidades masculina e feminina, durante os finais de semana do mês de abril.

Nos minutos iniciais da partida de abertura, o primeiro gol do campeonato foi de Nayara Rosa de 19 anos, do Minas Caixa. A atleta entra para a história desta edição do campeonato por inaugurar o placar da competição e por ser responsável por alavancar seu time rumo à vitória de 2X1 contra seu adversário. A partida foi acompanhada com entusiasmo por moradores, jogadores e olheiros, no pequeno campo de futebol, no bairro Vale do Jatobá, na região do Barreiro. 

Um pouco mais tarde, com as equipes masculinas no gramado, a empolgação e esforço dos atletas mantiveram o interesse e o apelo emocional do público. Uma goleada protagonizada por uma trinca de jogadores e, também, a informação de um possível gol contra, estimulou o time a buscar a vitória. Ao final, Vila Tiradentes tremeu as redes cinco vezes. 

O dia que começou tranquilo, no decorrer dos apitos, bandeiradas, faltas e muitos passes de bola, logo foi tomado pela força dos cantos e gritos de guerra. E, embora exista uma máxima que diz que futebol e religião não se discutem, antes de cada partida, uma roda de orações entre os jogadores reforçou, no primeiro dia do torneio, um costume já consagrado entre os clubes da região. Ao final do dia, um clima de festa predominou entre times, torcedores e moradores da bairro. A Taça das Favelas é realizada pela Central Única das Favelas e, além da competição, é também vitrine para novos talentos e lazer para os apaixonados por futebol. 

 

0 677

Por Débora Gomes – as cores dela – Parceira Contramão Hub

algumas vezes, desenho palavras que só fazem sentido aqui, no meu coração.
que nem meu amor pelo que é teu: só parece valer alguma pena, quando conjugado, em silêncio, na primeira pessoa de dentro de mim.
eu sei que é meio hard, sombrio e antigo falar de amor nesses tempos tão cruéis. mas se não escrevo sobre ele (e você), que mais vou fazer com esse tanto que me resta?
uns poemas sem rima, umas estrofes sem qualquer emoção: é isso que vira o tempo quando tento girar os ponteiros sem ouvir teu coração.
é que sei muito pouco sobre a vida. mas sei que a sinto muito, principalmente quando tua voz me chama às 2 da manhã, pra falar sobre poesias e constelações.
quando paro ~ e me atento ~ sei que tem muito mais de amor em mim quando cê vai embora, do que quando chega. e é assim, também, que aprendo sobre permanências sem prisões, sobre pertencimento sem arriscar a chance do voo, sobre amar em liberdade, sem importância com distâncias ou abismos…

penso muito (e é quase sempre) que às vezes já é tarde demais pra esperançar nosso rastro. mas quando ouço o trilhar do tempo no tom da tua voz, volto a acreditar em potes de ouro no fim do arco-íris, a sonhar com finais felizes, a ter fé num destino que, se antes inventado, hoje nos foi dado como sinal de paz…

se a gente tiver mesmo a chance de voar, acho que nunca mais voltarei a cravar pés e desejos ao chão…

0 816

Por Giovanna Silveira – Métrica Livre – Parceiros Contramão Hub

Talvez não exista imitação entre arte e vida. Um não passa de um representação homérica do outro.

Enquanto você caminha pelas calçadas e arrisca viver na cidade, uma voz segue narrando seus passos, ou uma música vai ditando seus clímax, enquanto os dias bailam entre uma peça trágica ou uma drama documental. E nos muitos dias você se vê preso em papéis coadjuvantes… quando poderia ter sido o principal.

E então, sai de cena.

Mas então percebe que foi só o fim do primeiro ato, e a vida, na realidade é feita de muitos atos mais. E você vai marcar cada um dos personagens e lugares por onde passar;  por quê afinal, não importa, entre a arte e a vida, você vai ser sua melhor obra.

Estatuetas customizadas em tamanho real de um bebê elefante, encontram-se espalhadas pela cidade.
Por Moíses Martins

Uma das maiores exposições de Arte Pública do Mundo, Elephant Parade, desembarcou recentemente na capital mineira. O projeto começou em 2006, com inspiração em Mosha, um bebê elefante de 7 meses que teve uma de suas patas dianteiras amputadas depois que pisou em uma mina terrestre, próximo à fronteira entre Tailândia e Mianmar. A Elephant Parade foi a forma encontrada para buscar recursos para cuidar da elefanta Mosha, comprar sua prótese anualmente (uma vez que o tamanho da prótese muda conforme ela cresce), além de ajudar todos os outros elefantes asiáticos que sofrem com as minas terrestres e com os maus tratos praticados por caçadores em busca de Marfim (material arrancado das presas dos elefantes).

Querubins | Foto Moisés Martins

Ao final de cada exposição, as estátuas de elefantes são leiloados e parte da quantia arrecadada é destinada à filantropia local, a projetos de preservação dos elefantes e aos artistas participantes.

O maior valor pago por uma estátua da Elephant Parade em um leilão foi de £155,000 o que equivale aproximadamente R$ 724.555. A estátua foi criada pelo artista Jack Vettriano, em 2010, na Elephant Parade London.

O ateliê de pintura oficial, bem como a exposição dos elefantes, está acontecendo no Shopping Pátio Savassi, onde ficará exposta até o dia 15 de maio. Outras peças também estão expostas em áreas livres da cidade, como Praça da Liberdade e Praça da Savassi.

 

 

0 716

Por Yamí Couto – Poligrafias – Parceiros Contramão Hub

Tá pronta para ter disciplina? Ser uma boa menina como todo mundo acha que você deve ser? Você está preparada? Preparada para falar sem questionar, aceitar o que o sistema te falar, rir e perguntar na hora que qualquer outra pessoa mandar? Ah, mas que beleza! Temos mais uma pessoa para mandar. Mais uma força que vai fazer tudo sem questionar. Que vai entender que pensar é apenas mais uma forma de perder tempo de uma coisa que você nunca vai conseguir assimilar. Perfeito. Temos mesmo mais uma pessoa pronta para essa famosa vida adulta. Que sinta culpa se você tiver dificuldade em encontrar um bom emprego, pois não é boa o suficiente para poder entrar numa faculdade que sempre vai estar em greve, pois a cota da educação foi a primeira a ser cortada depois de não conseguirem cortar as cotas para político ladrão. Ah, mas é claro que não. Você é mais um peso para esse Estado, mina. Você tem que aceitar o seu papel de submissão. Pois quem rouba é quem faz o melhor por essa nação. Se hoje somos o país do carnaval é por deixarmos de lado pessoas mais cultas que nunca terão apoio da Elite, o que dirá do pessoal. Ah, menina… Eu fico mesmo feliz que você esteja preparada para experimentar a sua primeira cachaça depois dos dezoito anos, que agora você possa entrar nas festas para maiores e esquecer do seu nome. Fico feliz de verdade que você jamais se encontre e ouça o que as pessoas têm mais falado do que olhar para o lado de dentro e escutado. É assim mesmo.

Bem vinda mesmo, menina. Bem vinda a vida adulta onde você acha que vai se encontrar, mas é uma cilada para você continuar perdida.

Bem vinda a vida adulta onde você será mais uma nessa multidão de pessoas sorrindo por fora, mas por dentro estão mortalmente feridas. Bem vinda ao mundo adulto onde sempre vai ter alguém de fora dizendo o que vestir, o que comer ou qualquer outra coisa que você decida. Bem vinda ao mundo adulto, mina, onde você só chega a algum lugar se for tão sujo quanto eles e minta. Nós estaremos te recebendo de braços abertos e esperando roubar a sua mente e a sua língua até o momento que você não será mais útil para a nossa “humilde” carnificina.

Eu espero que você seja capaz de entender no meu texto a quantidade de ironia.
Caia fora enquanto há tempo.

Imagem: Reprodução/Google

Por Bruna Valentim

No dia 25 de março foi celebrado o Dia Nacional do Orgulho Gay. A data foi criada para propagar a valorização das causas LGBT e reforçar que independente da orientação sexual todos devem se orgulhar de ser quem são. Lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros lutam há anos por igualdade.
O Jornal Contramão resolveu conversar com quatro moradores da capital mineira e representantes da sigla LGBT para saber o que esse dia significa para casa um deles. Emanuelle, João Vítor, Gabriela e Helena não se conhecem, mas são jovens que mesmo com vivências, personalidades e gostos diferentes, lutam por um mesmo ideal que é a liberdade, uma vida segura e direitos iguais.

Engajada e defensora ferrenha das minorias, a fotógrafa e estudante de Publicidade, Emanuelle Romão de 23, tem riso fácil é extrovertida, extremamente dedicada e tem um relacionamento com outra garota e faz questão de evidenciar esse amor com fotos e textos apaixonados postados nas redes sociais. Segundo Manu, como ela gosta de ser chamada, nem sempre as coisas foram fáceis e expostas assim. “Desde pequena eu sabia que era diferente do que a sociedade me dizia que era normal, mas tive certeza quando percebi que me forçava a gostar de homens e me via triste com isso”, conta a jovem que destaca momentos de tristeza vividos: “Tive um período onde fiquei deprimida e doente. Me assumi há 5 anos e meus amigos são compreensivos, mas no início minha família não lidou muito bem, cheguei até a ser expulsa de casa”, relembra.

De acordo com Manu, foi um longo processo. “Hoje convivemos melhor, não chega a ser uma relação que tínhamos antes, mas estamos em harmonia. O que importa é que hoje me sinto livre internamente”. Para ela, o Dia do Orgulho Gay representa resistência. “É sobre não abaixar a cabeça. É para lembrar que mesmo com todo o preconceito e as dificuldades que enfrentamos continuamos juntos. Eu sinto orgulho de ver isso crescer, de ver pessoas como eu cada dia mais se assumindo mais por aí”, finaliza.

Diferente de Manu, João Vitor da Silva, 20 anos, ainda não conseguiu se abrir com a família. “Minha família ainda não sabe. Eu nunca senti a necessidade de afirmar isso ou aquilo em relação minha orientação sexual em casa, até porque não isso não vai interferir de maneira nenhuma em quem eu sou com eles, na nossa relação por minha parte. Com os meus amigos é diferente, todo mundo sabe lidar com isso e eu me sinto completamente confortável perto deles”. Para Silva, quando o assunto é preconceito ele destaca para evolução das coisas, mas frisa que ainda não é o suficiente. “Estamos sendo mais vistos, mas poucos aceitam de verdade. O Dia do Orgulho Gay é importante por ser um momento de liberdade, de ser quem você deve ser sempre, mas não consegue pela retaliação da sociedade. É um momento nosso, alegre e cheio de cores. É um momento que conquistamos pelo que lutamos todos os dias que é emprego, aceitação, é uma folga dos problemas, uma data de libertação”.


Gabriela Neto por sua vez, tem 21 anos, é estudante de publicidade, usuária assídua do twitter, e atualmente  tem uma namorada,embora não se rotule lésbica. Bissexual assumida, apesar da pouca visibilidade que as pessoas bissexuais têm na mídia, Neto diz que foi a internet e a televisão que a ajudaram a superar o medo de se assumir “Na época que me assumi, 4 anos atrás, uma coisa que me ajudou foram vídeos de pessoas no Youtube que eram parecidas comigo, coisa que eu não tinha muito contato na vida real. Também assistia Supergirl, série em que existe uma personagem lgbt, então durante o meu processo de descobrimento me ver retratada na mídia fez com que eu me sentisse melhor comigo mesma”  A jovem acredita que o dia do orgulho gay é importante pois é um momento de renovação de esperanças “Só nós sabemos o que é viver nesse mundo sendo uma pessoa
LGBT. Ver o movimento tomando a proporção que tem tomado ultimamente pelo mundo é algo realmente feliz. E eu digo feliz em caixa alta. Me sinto esperançosa, especial. Estamos no início dessa luta mas as coisas têm melhorado, está sendo devagar mas estamos chegando lá” acredita.


Helena Bonassi tem 25 anos, estuda arquitetura em uma universidade particular e é estagiária na área. A jovem que tem o hábito de se encontrar com as amigas para tomar o chá da tarde concorda com as opiniões acima. A estudante sabe que embora tenha crescido em meio a certos privilégios sociais nem tudo são flores quando uma pessoa tem coragem de assumir transexual  “Eu passei a maior parte da vida como um homem gay que costumava se montar de drag queen e aparentemente tudo estava indo bem. No fundo eu sempre soube que poderia ser trans, embora tenha colocado barreiras nessa possibilidade por medo das dificuldades que eu enfrento hoje.” Ela garante que o apoio que vêm recebendo de uma amiga próxima é fundamental para enfrentar os tempos difíceis “ Tem uma pessoa que gosto muito que se assumiu trans antes de mim e que já me enxergava de verdade, então aos poucos ela foi me ajudando a ter autoaceitação. A vi tendo a coragem que eu não tinha e comecei a ver que a vida de uma trans pode ser bem diferente da figura estereotipada de travesti, ela estava feliz, então aquilo me encorajou muito. Estou passando por um período complicado onde a dinâmica familiar está muito conturbada pelo fato de eu ter tomado essa decisão, mas se não fosse por ela eu ainda seria uma trans vivendo a vida de um gay frustrado.” 

“Ter um dia celebrando o orgulho gay mostra que isso é fruto de uma reação em massa da nova geração, estamos conquistando respeito através da resistência, mostra uma liberdade em todos os sentidos jamais vista antes.
As cenas de preconceito existem porque nós temos resistido, existido, temos tomado nosso lugar e não vamos voltar atrás” diz Bonassi sobre a data .

No último domingo, dia 25, as redes sociais foram tomadas por mensagens de apoio a causa e celebrações já conquistadas pelos LGBTs como o direito
ao casamento civil e a adoção de crianças, mas também foi um dia para relembrar pessoas que morreram vítimas de crimes homofóbicos. No resto do mundo o dia orgulho gay é comemorado em 28 de junho anualmente.