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Por Bianca Morais 

A Una Pouso Alegre está sempre em busca de promover Projetos de Extensão que acrescentem benefícios, não apenas aos alunos, mas a toda a população local. A unidade já foi destaque aqui no Jornal Contramão com o Projeto Cidadania, que atende pessoas em situação de vulnerabilidade e leva a eles acesso ao conhecimento da democracia.

Pensando nessas boas práticas, apresentamos hoje ações desenvolvidas pelos alunos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Nutrição, esses cursos que crescem a cada dia mais na instituição, se uniram em um trabalho e mostraram a importância da interdisciplinaridade no aprendizado.

A unidade tem tanto destaque na área de seus projetos, que já foram reconhecidos e premiados nacionalmente e a cada dia vêm desenvolvendo novos. 

Conheça agora mais sobre eles em mais uma matéria em comemoração aos 60 anos da Una.

Reconhecimento da memória local

No segundo semestre de 2020, o Centro Universitário Una de Pouso Alegre, promoveu o projeto de extensão Memória e Patrimônio da Cidade. Realizado em parceria entre os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Nutrição, com o apoio do Conselho de Políticas Culturais e Patrimoniais do município. O programa levantou a importância da preservação da memória e do patrimônio nas cidades, os alunos encararam a temática e através do ensino e da pesquisa se aprofundaram na educação patrimonial, que é parte da preservação da história do lugar em que vivem. 

Coordenado pelo Professor Gustavo Reis Machado, com apoio dos professores Amon Lasmar, Carlos Pereira do curso de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil; e as professoras Patrícia Fonseca e Sara Fiorini do curso de Nutrição, o projeto nasceu com o principal objetivo de promover a preservação do patrimônio arquitetônico e culinário da cidade. Ele atendeu a uma demanda da comunidade de difundir através da educação, o reconhecimento da cultura da região e garantir que as atuais e futuras gerações possam conhecer a origem de onde vivem, suas crenças, comidas, arquitetura, design e história.

O projeto teve quatro eixos de desenvolvimento correspondentes aos cursos que o abrangeram, sendo eles:

  • Análise das Patologias dos Edifícios Tombados: nessa etapa do projeto produziram-se mapas de danos patológicos nas edificações e envolveu os alunos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo;
  • Levantamento Fotométrico de Objetos Móveis tombados (imagens sacras) do Santuário do Imaculado Coração de Maria: executado também pelos alunos de Arquitetura e Urbanismo, elaboraram-se modelos 3D para compor inventários;
  • Criação de roteiros culturais pelo centro: através de mapas e rotas turísticas do centro de Pouso Alegre, os alunos de Arquitetura e Urbanismo produziram os roteiros;
  • Registro da Cozinha Mineira Regional: os alunos do curso de nutrição produziram vídeos com os modos de fazer da cozinha regional e valorização dos itens da cozinha.

Os quatro eixos do projeto foram desenvolvidos com oficinas de produção do material, que envolveu docentes, discentes, técnicos e também a população local. A comunidade nesse projeto é envolvida na figura do Conselho de Políticas Culturais e Patrimônio do Município, e os alunos, selecionados através de um edital, tendo na metodologia embasamento teórico e prático nas oficinas, mantiveram contato estreito com os membros do conselho, da superintendência de cultural e do Museo Municipal Tuany Toledo.

A mesa de abertura do Memória e Patrimônio da Cidade apresentou o projeto aos alunos e ressaltou a importância no processo de preservação e conservação, o evento contou com convidados especiais de cada área envolvida no projeto, entre eles, Clarice Líbano, professora e diretora de Promoção do Instituto de Patrimônio Histórico e Cultural de Minas Gerais – Iepha/MG; Edson Puiati, Chef e professor; Luana Maris, professora e engenheira civil; e Elaine Luísa de Faria, conselheira e membro titular do Conselho de Políticas Culturais e Patrimoniais de Pouso Alegre. Apresentaram-se projetos de referência no tema da educação patrimonial e como diversas áreas podem trabalhar juntas e a importância dessa união.

Gabriela Paula Freitas da Costa é aluna da faculdade e junto com seu grupo participou do projeto e garante que ele agregou muito em sua vida e trouxe lições valiosas. “Meu grupo começou desenvolvendo um trabalho super simples mas com muita persistência, fomos lapidando o projeto e aprendendo juntos. Tudo aquilo que se insiste, se aprimora, colhe-se bons frutos. Foi incrível acompanhar a nossa evolução e não somente a nossa, mas a de todos os nossos colegas que fizeram excelentes trabalhos”.

A jovem é moradora de uma cidade próxima a Pouso Alegre e desde sempre viu o local como referência, frequentemente a garota ia para lá mas não tinha conhecimento de todos os patrimônios arquitetônicos que ela tinha e apenas com o desenvolvimento do projeto que passou a conhecê-los. “Foi realmente muito engrandecedor e trouxe uma nova perspectiva sobre a cidade. Projetos de extensão são excelentes maneiras de inserir os alunos na comunidade de maneira espontânea e leve, foi um trabalho lindo que eu enquanto aluna e moradora da região, adorei desenvolver”, comenta.

Juliana Cortez é coordenadora do curso de Engenharia Civil da Una Pouso Alegre e vê com bons olhos esse projeto em relação ao retorno para os alunos. “Foi muito positivo e gratificante. Com os feedback foi possível verificar que a metodologia utilizada alcançou o seu objetivo. Além da produção de um material com excelente qualidade, os alunos se envolveram e engajaram no projeto”, diz ela.

Cursos premiados nacionalmente

Quando se trata de projetos bem sucedidos na unidade, Juliana Cortez, também esteve presente na conquista do Prêmio Ozires Silva pelos alunos do curso de Engenharia Civil. Em sua 13ª edição, o prêmio promovido pelo ISAE Escola de Negócios, que é considerado um dos principais de sustentabilidade do Brasil e reconhece ideias que colaboram com ações mais conscientes, sustentáveis e, consequentemente, para que as pessoas vivam em um mundo melhor, foi conquistado pelos alunos.

Marcos Henrique Sabino, Wellington Augusto Ferreira Caetano e Bruno Rocha Venâncio, foram responsáveis pelo projeto “Construção de Casas Emergenciais com Blocos Celulares” que visa o atendimento de diversas famílias após desastres, como o de Brumadinho, em 25 de Janeiro de 2019, que ocasionou a fatalidade de mais de 250 vítimas. Os estudantes concorreram na categoria Graduação e tiveram, ainda no processo de desenvolvimento, o apoio dos alunos Diego Lopes, Rafael Jonas Aparecido e Raik Dias de Aguiar, junto a coordenação da professora Juliana Cortez e acompanhamento dos professores Drica Nunes e Wantuir Teixeira.

Wellington Augusto, um dos alunos vencedores do prêmio, confessa que para ele receber uma premiação com o nome de um dos maiores engenheiros do país, em suas palavras, “ícone da engenharia” e responsável pela fundação da Embraer, é uma grande honra e o motivou ainda mais a buscar a excelência na área da engenharia. “Além de acrescentar um peso ao currículo, em especial na área acadêmica, receber o prêmio foi uma responsabilidade, motivou minha equipe e eu a buscarmos a cada dia mais excelência nos projetos e estar sempre nos qualificando para sermos engenheiros melhores e podermos revolucionar o país através da engenharia” disse o estudante.

“Esse prêmio veio de um desafio lançado em uma disciplina na qual os alunos são os principais agentes no processo de aprendizagem. Isso mostra como eles são capazes”, comenta a orientadora Juliana. 

“Os alunos conseguiram unir numa multidisciplinaridade o que aprenderam em sala de aula, na prática e puderam utilizar isso de maneira útil, numa realidade caótica quando em campo puderam constatar a dimensão do desastre de Brumadinho”, destaca a professora Drica.

Reconhecendo o Risco

E os projetos da unidade Pouso Alegre não param por aí. Com o bom resultado tido no Memória e Patrimônio, eles já deram início a outro. O Reconhecendo o Risco, está sendo coordenado pela professora Carolina Galhardo e o professor Daniel Casalechi, e se encontra na fase de coleta de dados através de um questionário elaborado pelos alunos. 

Esse documento possui perguntas gerais a respeito das enchentes e inundações ocorridas no município e sobre o que o cidadão conhece acerca de planejamento urbano, plano diretor e defesa civil, além disso, investiga se as pessoas saberiam como se comportar diante de um desastre e se já receberam algum treinamento ou informação a respeito. A partir da análise das respostas coletadas, os alunos irão gerar informações para a elaboração de uma cartilha que será divulgada em redes sociais com o apoio da Defesa Civil de Pouso Alegre.

Esse novo projeto partiu, principalmente, da necessidade de um tipo de matéria mais direcionado para esses desastres na grade curricular. Até o momento, foram realizadas palestras e aulas acerca do assunto com o intuito de introduzir o tema e apresentar conceitos e estudos aos alunos.

“Não só em Pouso Alegre, mas em todo nosso país, possuímos amplo histórico de desastres como enchentes, inundações, alagamentos e deslizamentos. Sabendo-se que o conhecimento é uma ferramenta de extrema importância quando pensamos em prevenção, resposta e gestão do desastre, trazer à luz informações  claras e concisas para a população foi o que motivou a criação do projeto”, ressalta Juliana.

A cartilha contará com informações como quais são os principais órgãos responsáveis pelas ações tomadas em ocorrências de desastres, a relação dos desastres com o planejamento urbano, ações estruturais já efetuadas a fim de se sanar as inundações, entre outros.

O projeto já teve a honra de receber o professor Dr. Osvaldo de Moraes, atual diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Adriano Mota, doutorando e desenvolvedor do estudo acerca do tema nesta mesma instituição e Duarte Júnior, ex Prefeito da cidade de Mariana, que estava no comando da prefeitura quando houve o rompimento das barragens e culminou em um dos maiores desastres ambientais já ocorridos no país.

“As palestras abordaram os assuntos em seus mais mínimos detalhes, muito se discutiu sobre o papel do arquiteto nesta dinâmica e o quão desafiador é colocar em prática soluções relativas ao planejamento urbano que interferem diretamente na ocorrência de alguns desastres. Os alunos demonstraram bastante entusiasmo nas palestras, que trouxeram à tona temas que não fazem parte do cotidiano da graduação”, concluiu a coordenadora.

Michel Rodrigues da Silva, é aluno de arquitetura e urbanismo e é um dos participantes do projeto Reconhecendo o Risco. Para o estudante, entender o conceito e como funciona essa questão dos desastres naturais e seus riscos é muito importante para quem está em um curso como a arquitetura. “Estou no terceiro período, e por isso não tinha muita informação sobre o assunto, confesso que era bem leigo antes de começar a me interessar por arquitetura e urbanismo, então vendo tudo isso acabo aprendendo mais como funciona as projeções de desastres, como pode ser evitado e como a população está carente desse tipo de informação”, comenta

Para informar é preciso conhecer, trabalhar conceitos básicos e fazer um panorama geral sobre determinados assuntos. Ao pensar nisso, a Una Pouso Alegre está sempre investindo em diferentes projetos de extensão, para além de ajudar a comunidade local ao prestar diferentes serviços, enriquecem aquele aluno para no futuro se tornar um profissional de excelência. 

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Por Bianca Morais

“Forever young, I wanna be, forever young. Do you really wanna live forever?”

Essa música foi lançada lá nos anos 80 e ainda é muito reproduzida por vários artistas, sua tradução diz: “Eternamente jovem, eu quero ser eternamente jovem. Você realmente quer viver eternamente?”

Escutei a música esses dias e ela me remeteu a algumas notícias que li ultimamente em alguns jornais, de que pela primeira vez desde que começou a pandemia do coronavirus, os jovens são a maioria dos internados nas UTIs do Brasil. Assustador, e o que mais me chamou atenção é que essas reportagens mostravam um perfil de jovem que se acha imbatível, que não vai pegar a doença nunca, afinal, eles ainda são muito novos para morrer, ainda têm muito o que viver.

A inconsequência desses rapazes e moças que por acreditarem serem eternos e nada pode os atingir, levam eles constantemente a desobedecerem as medidas de isolamento social e saírem para bares, festas clandestinas, aglomerações e pessoas sem máscara. Muitos deles ainda acham bonito expor essa realidade no Instagram, na minha rede social, por exemplo, vejo constantemente postagens e stories dessa galera que não tem medo do Covid, se sbaldando em festas.

Se para mim tais imagens já incomodam tanto, imagine para aqueles médicos da linha de frente  que colocam diariamente em risco trabalhando em hospitais infestados Covid e quando saem de seus plantões e se deparam com ruas e bares lotados de pessoas inconsequentes. 

Do you really wanna live forever? (você realmente quer viver para sempre)? Isso é o que eu tenho vontade de responder nos stories dessas pessoas, porque parece que não. Será que se eles não se importam com a própria vida, pelo menos não se preocupam com os pais, os avós? Mas agora os avós já foram vacinados, então eles não precisam se afligir mais.

Egoísmo ou super poderes? Não pensar no outro ou simplesmente se achar um máximo que não pega a doença? “Somos jovens, temos que viver intensamente, estamos perdendo nossas vidas para um vírus, não quero envelhecer nessa pandemia”. Realmente, vocês estão perdendo suas vidas para esse vírus, pela primeira vez vocês estão morrendo de fato. 

Não sou Deus para julgar, longe de mim, mas a realidade é que a cada final de semana, feriado ou data comemorativa  a galera se aglomera, vacila e depois paga as consequências. 

Conclusão, não são apenas os jovens que saem prejudicados, mas toda a sociedade. Acompanhem o raciocínio: o perfil da Covid-19 mudou, a população idosa está finalmente sendo vacinada, no entanto, os jovens agora têm sofrido complicações mais preocupantes, chegam aos hospitais em condições muito ruins e ficam muito mais tempo internados em uma batalha gigantesca pela vida. Esses jovens lotam os leitos de UTI, e dessa forma não sobram vagas para novos pacientes, o que tem aumentado e muito o número de mortos por dia no país. 

A cada dia um novo recorde de mortos, uma nova cepa do vírus. Não tem leito para todo mundo, se chega um jovem sem comodidade e um idoso ao hospital a procura de um leito, para quem vocês acham que ele vai? Para os forever young com mais chances de sobreviver ou para o idoso com diabetes, hipertensão e asma?

Reflexão forte, texto pesado, mas não vou me desculpar. Sei que tem muitos desses jovens saem de casa não para farrear, mas para trabalhar, são eles que levam sustento ao lar. Com o fim do auxílio emergencial no final do ano passado e com a nova “merreca” do novo, muitos cidadãos foram obrigados a voltar a trabalhar e enfrentar ônibus lotados. Se eles são obrigados a sair de casa e se aglomerar contra sua vontade, por que não podem curtir o final de semana numa festinha?

Cada um faz o que quer da sua vida, o vírus mortal está no ar, ele circula, sofre mutações, e tem se tornado mais perigoso e letal. A pandemia não vai durar para sempre, mais cedo ou mais tarde, tudo indica que mais tarde, ela vai acabar. A sua juventude pode durar para sempre, isso se você estiver vivo para aproveitá-la. Pense em você, pense no próximo, use máscara, evite aglomerações, se cuide. Em breve sairemos dessa, mas é preciso pensar consciente agora. 

 

 

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Foto: Divulgação

Por Patrick Ferreira

O conteúdo de hoje é para você que é fã de música, que tem um ídolo que ama. Podendo ter nascido ali depois de 1995, ser roqueiro, ou não. Não é regra, mas só de ser um amante musical, esse conteúdo é para ti. No conteúdo de hoje vamos mostrar que é possível amar seu ídolo, seu gênero musical, sem diminuir, xingar outras artista, o gênero musical apreciado por outros. Sim! É possível. Ao seguir essas ideias, você ainda pode evitar a fadiga, deixar de brigar em comentários no Instagram e fazer crescer a cultura nacional de forma plena. Você vai ser o orgulho do Mario Frias (contém um caminhão de ironia). Pegou tudo? É muita informação né? Mas não se preocupe, vou detalhar tudo certinho. Deixa comigo!

A começar pelo nome mais famoso do Pop nacional: Anitta. A artista usa os “feats” como frequente ferramenta de engajamento em sua carreira, e, volta e meia, se envolve em conflitos com seus parceiros. Cada vez que isso acontece, os fãs da cantora, que são muitos, perseguem, de forma irritante a pessoa que se desentendeu com ela.

Podemos citar o exemplo de Pabllo Vittar, com a polêmica de que a drag devia 70 mil dólares para Anitta, devido aos custos do clipe do hit “Sua Cara”, lançado em 2017. Sem saber a veracidade do boato, fãs cancelaram Pabllo, acusando-a de calote e tentando atrapalhar o sucesso da artista em qualquer lançamento após esse episódio.

Outro ponto, é em relação a qualquer notícia de algum artista onde Anitta não está envolvida, e alguns fãs tentam menosprezar o feito do músico em questão. Eles comentam na internet: “que relevância tem esse prêmio x?”, “Anitta não precisa disso, ela tem aquilo…”, “Joelma ainda existe?…” dentre outras coisas de revirar os olhos. A cantora não se esforça em nada para pedir trégua aos fãs, a exemplo de uma polêmica que a envolvia, e fez Ludmilla receber inúmeras ofensas racistas, a ponto de desativar suas redes sociais. Anitta só se posicionou timidamente depois de ser cobrada por alguns internautas.

Agora, os roqueiros. O Brasil é um país continental, povoado por diferentes culturas e se vocês não querem diversidade, lamentamos. Sem generalizar, mas para muitos, a música se resume ao rock e o resto, lixo cultural. Não somos obrigados a ser fãs de tudo, nem de Led Zeppelin ou Barões da Pisadinha, muito menos de Nina Simone ou Daniela Mercury. Mas assim como um guitarra e bateria, o outro tem agogô e timbau. E se tem instrumento musical envolvido e sons unidos formando uma harmonia, tudo se torna música. Mesmo que para você seja ruim. Não adianta chorar, filhinhos.

Só mais um ponto sobre o qual, quase me esqueci de falar: números. Raciocine comigo? Tim Maia faleceu em 1998. Renato Russo, em 1996. Cazuza, em 1990. Sabe qual o número de streammings tiveram em seus lançamentos em vida? Zero. A era da música digital se popularizou na segunda metade dos anos 2000. Por isso, eles são inferiores a artistas que nasceram após 1990? Eles têm culpa de terem inventado o Spotify depois? Da Lud, da Iza, do Luan Santana terem nascido depois deles? Por décadas são lembrados, mesmo depois de falecidos, mas qual foi a música que bombou no fevereiro, sem carnaval mesmo? Aquela que teve milhões de views… Nem me lembro mais.

Diminuí o mérito do hit de fevereiro sem carnaval, né? É assim que quem curte o hit de 1 mês, ou o artista eternizado se sente ao ser diminuído. Portanto, menines, meu conselho para vocês hoje é: cada um no seu quadrado! A propósito… Lembram-se desse hit?

 

*Edição: Professor Mauricio Guilherme Silva Jr. e Daniela Reis 

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Por Larissa Medeiros 

Chego cedo, é claro. Mesmo após passar horas me convencendo de que toda roupa que experimentava mostrava pele demais ou pele de menos. Mesmo após ter discado o número dele quatro vezes e ensaiado um discurso falso em que meu gato teria morrido tragicamente e que tudo teria que ser cancelado. Mesmo após me desviar do caminho intencionalmente na tentativa de me perder e nunca mais ser encontrada pra dar explicações.

Mesmo assim, chego cedo, exatos 30 minutos mais cedo. A mesma antecedência de quando te encontrei pela primeira vez. Me lembro de quando te vi procurando por mim com os olhos na entrada, ele faz o mesmo. Ele também está usando uma camiseta preta, mas o sorriso ao me ver parece mais confiante do que o seu foi. Ele beija minha bochecha e se senta, e ele não sabe como foi gentil. E, droga, eu queria que não fosse tão gentil.

Passo a refeição inteira procurando por um motivo. Maus modos à mesa, hobbies esquisitos, um olhar demorado para o decote de outra mulher, uma gíria irritante, a confissão de um crime. Qualquer desculpa para que eu pudesse sair pela porta e nunca mais atender uma ligação dele, mas nada disso acontece. Ele é só um cara normal, e nós conversamos sobre todos os assuntos que aparecem na mesa, todos menos um. Porque toda vez que ele menciona alguém de seu passado, eu desvio os olhos ou finjo interesse em algo trivial do lado de fora da janela. E ele percebe, e me lança aquele olhar de sempre, o olhar de pena. O que é loucura, é claro que é, ele não sabe. Ou pelo menos não deveria saber.

E agora estou com você na cabeça. Isso é tudo o que eu não queria que acontecesse, e ao mesmo tempo, tudo que eu tinha certeza de que aconteceria. Seria impossível não compará-lo a você. E não é justo, quando você era tão familiar e ele ainda nem sabe qual é a minha sobremesa preferida. Tento evitar, mas todos os cheiros e todas as formas ao redor se tornam, de algum jeito, sobre você.

Ele fala sobre irmos a outro lugar, e acredito que talvez seja mais fácil nesse outro lugar. Mas enquanto caminhamos, ele segura minha mão, me fazendo recuar. Me fazendo recuar tanto, que um sorriso corado não justifica. Não é tão assustador assim um cara querer segurar a mão da garota com quem acabou de almoçar, é? Mas ele entende. E em alguns momentos coloca a mão em minhas costas, como que para me guiar, mas eu sei que é um disfarce para conseguir me tocar sem que pareça íntimo demais.

Tomara que ele não me beije. Todas as vezes em que ele olha pra mim por mais de um segundo, torço para que não me beije, não quero sentir outra textura se não a sua. Mas ele beija, sem me dar tempo pra pensar. E pela primeira vez minha mente se esvazia. Não penso sobre o toque dele no meu cabelo, nem no momento em que ele me puxa pela cintura, muito menos no que minhas mãos enlaçando seu pescoço significam. Eu apenas sinto. E quando nos afastamos, eu só penso nos olhos dele. Não nos seus.

Quando se dá conta do meu espanto misturado com choro, ele começa a falar, mas eu o calo. Nenhuma mulher quer ouvir desculpas por ter sido beijada apaixonadamente. Certamente se alguém precisa pedir desculpas sou eu, por ter desaprendido a beijar lábios que não fossem os seus. Mas eu sorrio. Um sorriso bonito e divertido, o primeiro desses que consigo destinar a outro homem. Sorrio porque sei que o pouco que conheço dele, está disposto a amar. E o pouco de amor que você me deixou, estou disposta a oferecer. E lá do céu, sei que você piscou pra mim. E eu só tenho a agradecer.

 

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Por Bianca Morais 

Para finalizar a comemoração do Mês das Mães do Jornal Contramão, conheça hoje a trajetória de Mariana Rocha Tavares, mãe solteira que enfrentou e abriu mão de muitos sonhos para assumir a maternidade ainda na adolescência. 

Mariana tem atualmente 32 anos, diferente de muitas meninas, seu sonho nunca foi ser mãe. Durante a infância mal brincava de boneca e idealizava com o dia em que iria crescer, trabalhar, conhecer o mundo e conquistar sua independência. 

Mas, o destino muitas vezes nos surpreende, as coisas não saem como planejamos e os projetos de vida de Mariana foram interrompidos, quando aos 17 anos veio a gravidez não planejada. A garota que sonhava em ser independente, viu sua vida virar de cabeça para baixo ao dar a luz ainda na adolescência. Agora os seus planos não eram só para ela, agora ela era responsável por uma outra vida.

Fruto de um relacionamento conturbado e da transição da pílula anticoncepcional para o contraceptivo injetável, veio ao mundo Alice. Quando descobriu a gravidez recorreu ao pai, que não é mais casado com sua mãe, e a proposta oferecida foi o aborto, pois ele acredita que uma gestação naquela idade influenciaria no seu futuro.

Engravidar aos 17 anos não é uma tarefa fácil, ainda mais quando não é uma gravidez planejada. Porém, Mariana resolveu assumir a responsabilidade, ao contrário do que seu pai aconselhou, seguiu em frente com a gestação. 

Apesar do desespero inicial, foi nos braços da mãe que Mariana encontrou a força que precisava para continuar. Ela apoiou a filha e deixou claro que não soltaria sua mão e estaria sempre ao seu lado. 

Alice no colo da avó materna

Durante a espera de Alice o que a jovem mais escutava eram comentários maldosos sobre sua situação. “Você é doida, como vai fazer isso com a sua vida?”“O que vai ser do seu futuro agora?”, “Você acabou com a sua vida!”, “ De agora em diante não existe mais você, a sua vida vai se resumir a sua filha!”,  “Esquece tudo que já planejou.”. Então, para ela que desde muito nova idealizava diversas metas que incluíam autonomia, aquele parecia o fim de tudo. 

Muitas críticas, pouco suporte, mas a partir do momento em que transformou esses julgamentos em coragem e determinação, Mariana colocou no mundo uma criança tranquila e serena, que chegou e desmistificou todas aquelas histórias assustadoras de que ela não teria mais noites de sono em paz. Alice nasceu para mostrar que seria a grande companheira da mãe e não o fardo que a sociedade queria que ela carregasse. Mariana ganhou uma filha, uma parceira e uma amiga que a partir daquele momento só iria lhe trazer alegrias. 

Alice foi criada em um ambiente cercado de adultos, por isso, tinha uma maturidade maior ao que correspondia à sua idade. Mãe e filha frequentemente conversavam questões de ideais e realizações pessoais, a menina constantemente incentivava a mãe a correr atrás daqueles sonhos que havia deixado de lado após seu nascimento. 

Depois de ter a filha, a prioridade de Mariana passou a ser o trabalho, pois seria através dele que ela daria o melhor à Alice. “A minha criação foi baseada no ensinamento e na filosofia da independência financeira. Logo, trabalhei arduamente, e tive muitas alegrias e muito sucesso na minha carreira. Sempre dei o meu melhor como profissional e colhi os frutos disso. Porém, de uns três anos pra cá, assumi cargos de mais responsabilidade, tendo como papel na empresa a figura que representava a gestão, e comecei a sentir muita falta de conceitos, de processos baseados em estudos” relata.

Apesar do sucesso profissional, Mariana sentia falta de um curso superior. Ela deixou os estudos de lado, pois queria dedicar o máximo de tempo livre à filha. A jovem mãe presenciava pessoas próximas se formarem e sentia a vontade de alcançar essa realização acadêmica. 

“Em nossas conversas ela se posicionava muito a favor de eu me realizar, e me dava força nos momentos difíceis. Nesse período, entrei em um conflito interno pela necessidade de uma especialização mais técnica na minha carreira e ela dizia a cada instante que eu não precisava me preocupar, porque ela estaria aqui me esperando da aula, e quando fosse final de semana não ia sair do meu lado”, compartilha Mariana.

Alice e Mariana em um momento de descontração

Alice, mesmo sendo apenas uma criança, conseguiu passar a segurança que a mãe precisava para ingressar na faculdade. “Ela sempre ficou nessa função de me reafirmar, que eu era uma boa mãe e que tinha orgulho de mim, isso fez total diferença”, completa.

Com o apoio da pessoa mais importante da sua vida, Mariana, venceu o medo e entrou para o curso de Administração que sempre quis. A mulher que sempre trabalhou na área, encontrou a oportunidade de se aprimorar. 

O dia a dia

Além de mãe e filha, as duas são amigas inseparáveis. Diariamente, durante a aula de Alice na parte da manhã, a mãe organiza a casa e faz o almoço. À tarde, a louça fica com a filha, enquanto Mariana estuda e organiza as responsabilidades que assumiu na faculdade. Ela é líder de turma, fornece suporte ao Instagram do curso, participa da direção de grupos de estudos e à noite assiste às aulas remotas.

As duas compartilham do momento de estudos juntas, Mariana está sempre perto para auxiliar a filha em alguma matéria nova e divide com ela conteúdos que aprende na faculdade. “Da minha parte sempre compartilho as matérias de marketing, porque ela é blogueirinha”, brinca a mãe. 

Mariana fez-se dona do seu destino e aos 32 anos resolveu voltar aos estudos, mas o apoio de Alice é o que movimenta sua vida e sem a filha ela não viveria nada disso.

A pequena grande Alice

A grande menina Alice

Alice é uma pré-adolescente de 13 anos e assim como a mãe sempre comportou-se de forma muito independente. Como a maioria das meninas de sua idade, reclama diariamente da pandemia e de não poder sair de casa e ter contato com as pessoas. Tem conta no Instagram e no TikTok, conversa por Whatsapp e videochamada com as amigas. Na escola, sempre teve boas notas, e apesar de nas aulas remotas precisar de um pouco mais de foco, nunca deu muito trabalho.

A menina tem uma mãe muito jovem, mas com uma extensa bagagem, e por esse motivo, ao longo de sua história já passou por muitas dificuldades e precisou ser adulta em muitos momentos em que ainda era uma criança.

O maior exemplo de Alice, sem dúvidas, é a mãe e talvez esse seja o principal motivo de tanto amadurecimento por parte da menina, que desde muito nova assistiu sua mãe batalhar a fim de lhe dar a melhor educação, mesmo com o mundo dificultando as coisas para as mães solos. 

“Alice é muito humana, educada, carinhosa e sensível. Ela sempre se importa com os outros, sem passar por cima dela. Apesar de tudo que passou nunca se revoltou, ou se quer descontou em alguém as frustrações que eu sei que surgiram dentro dela. Ter que administrar conflitos que nem eram dela. Isso a fez uma pessoa mais madura com certeza”, diz a mãe sobre a filha.

A relação mãe e filha

Mãe e filha em momento de diversão

Mãe e filha trocam informações e descobrem constantemente experiências novas juntas. As duas dialogam bastante e Mariana busca sempre estar presente no meio da filha, até mesmo entre as amigas, a fim de saber com quem ela está se relacionando.

Para Mariana, a base da educação da filha é essa troca, ela veio de uma criação de muito amor, porém estruturada no autoritarismo materno e pouco caso do lado paterno, com isso, desde que engravidou de Alice quis dar uma base diferente da que . “Quero que ela nunca precise fazer nada às escondidas, passar por dificuldades sozinhas por medo de conversar e pedir ajuda, que ela nunca sinta que é um peso na vida de ninguém”. 

Considerando que nunca planejou ser mãe, Mariana tem se virado muito bem, muitas vezes se questiona se ter assumido a posição de mãe-amiga pode ter sido equivocada, mas logo em seguida se reafirma e acredita estar dando o melhor de si.

“Eu cometi grandes erros na criação dela, porém tenho orgulho de ter chegado até aqui e me enxergar como mãe. Tudo que faço é com muito amor, então por mais que dê algo errado, sei que ela vai se sentir sempre muito amada e principalmente respeitada como ser humano”, confessa a mãe.

A mãe batalhadora

Mariana, mãe da Alice

Mariana é mãe, filha, gerente, namorada e amiga, todos esses papéis que ela assumiu ao longo da vida, são constantemente questionados por ela ser, acima de tudo isso, mulher. Ser mulher em uma sociedade machista é ter que se reafirmar diariamente, provar sua capacidade aos outros. Apesar da pressão que vive, Mariana tem conseguido vencer o desafio.

Há 15 anos, na época em que assumir o papel de mãe solteira, a única coisa que ela pensava era como daria uma boa vida à sua filha, acabou por adiar alguns planos, e hoje com o apoio da menina, de sua família, e motivada pela vontade de se tornar uma profissional melhor, voltou a acreditar no seu potencial. Deu início aos seus estudos, porém não para agradar a sociedade que duvida de sua competência, mas a si mesma. 

“A faculdade me mostrou que não existem limites quando se quer algo de verdade algo. Todo esforço e dedicação se para por si, demore o tempo que demorar.” 

Para as mães que têm medo de voltar aos estudos e deixarem os filhos, Mariana aconselha: “Respeitem o seu tempo. Sintam-se livres para serem melhores profissionais, melhores pessoas e não associem isso a dinheiro nunca, e nem ao que os outros falam. Ouçam o seu coração. Você é mãe, mas é um ser humano, tem suas necessidades e seus objetivos particulares. Você existe no mundo para além do outro. Você existe pra você, e isso não é egoísmo”.

O regresso aos estudos enriqueceu não apenas intelectualmente a Mariana, começar uma faculdade serviu muito além de um mero diploma e melhores oportunidades no mercado de trabalho, foi crescimento pessoal, de vencer dificuldades e ser o que ela quiser.

Nesse mês das mães, o Jornal Contramão contou histórias de diferentes exemplos delas, porém todas com um ponto em comum, são todas mulheres que enfrentam todos os dias batalhas e fardos de serem mulheres e mães. Romantizar a maternidade seria uma banalidade se pensar no fato de que essas mães precisam se desdobrar para dar o melhor ao filho, trabalhar e ainda cuidar da casa. Ser mãe é uma grande responsabilidade, são elas que vão educar e servir de exemplo para seus filhos, determinar, na maioria das vezes, quem eles vão ser quando crescer.

Em comemoração a esse mês das mães vamos celebrar, mas também refletir, como você enxerga a sua mãe? Você tem dado o devido valor e consideração a mulher que tanto lutou para você se tornar quem é hoje?

*Edição: Daniela Reis

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Crédito: Rodney Costa

Thiago Guimarães Valu

A cobertura esportiva jornalística, acompanha as mais variadas práticas e modalidades, há pelo menos, 150 anos. Nesse tempo, evidentemente, muita coisa aconteceu.

Aqui,  trataremos, justamente, daquele que é declarado, pela “grande massa”, como o esporte mais popular do mundo, o futebol. Tenho vivido a experiência da cobertura do esporte, como jornalista, nos últimos seis anos,  e cada vez mais me faço as perguntas: “Qual o limite da liberdade jornalística na cobertura de um clube de futebol?” e “Qual a relevância real”?

Atualmente, sou repórter no canal do YouTube Cruzeiro Sports, onde produzimos conteúdos de cunho jornalístico e opinativo sobre o Cruzeiro Esporte Clube. É um canal democraticamente aberto a todos, mas, logicamente, mais consumido por adeptos do clube em questão. Atingimos a importante marca de 150 mil inscritos, recentemente, e a empresa é registrada como veículo de comunicação jornalística. Todos os seus integrantes estão registrados no Ministério do Trabalho como jornalistas, mas o clube não nos reconhece,  nem considera nosso trabalho dessa forma.

O Cruzeiro Esporte Clube segue, a cada dia, mais afundado em crises financeira, política e estrutural sem precedentes, desde que denúncias de irregularidades, tiveram conhecimento público, no dia 26 de maio de 2019, no programa Fantástico, da Rede Globo, graças a grande trabalho jornalístico da repórter Gabriela Moreira. Em um primeiro momento, a tentativa, por parte dos dirigentes, foi mostrar que se tratava de algo tendencioso, já que, no discurso dos gestores do clube, tentava-se criar um ambiente de instabilidade, já que o Cruzeiro  vivia a incomodar no âmbito desportivo. O que se viu, e se vê, desde aquele dia, é o tremendo desmoronamento de uma instituição centenária, que, graças a gestões temerárias, caminha, desde então, sem rumo e luminosidade.

Quer dizer:- a imprensa, antes querida, ao tratar dos títulos e das grandes partidas, passou a ocupar o  posto de “inimigo número” um do “estado”. A verdade é que a cobertura é agradável aos assessores de imprensa dos clubes e direções, enquanto o enquadramento das notícias e informações, favorece não ao clube, mas à imagem de quem ocupa as cadeiras mais importantes das instituições futebolísticas.

Tenho credencial de jornalista validada na AMCE (Associação Mineira Dos Cronistas Esportivos), mas, no entendimento do clube,  não passo de um influencer. Por isso, as perguntas redigidas por mim, direcionadas ao técnico do clube, na coletiva aberta a toda  imprensa, seguem ordem expressa de não serem lidas. O curioso é que  me preparo para cada jogo, do qual fazemos a cobertura, como os profissional da Rede Globo, da rádio Super ou da Itatiaia,que, aliás, me enxergam e reconhecem  como colega de trabalho. Já o Clube, não.

Pergunto, então:- se o conteúdo não fosse crítico e independente como é, será que teríamos o mesmo tratamento por parte dos mandatários do Cruzeiro? Ou seja, a liberdade para coberturas dentro dos clubes de futebol, parece estar, definitivamente, atrelada aos interesses de pessoas que detêm o poder interno, e não dos torcedores.

*Edição: Professor Mauricio Guilherme Silva Jr.