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O sábado começou muito bem!

Por algum milagre, acordei cedo (por volta das 10h), abri meu e-mail e lá estava a notícia de que Antônio José Santana Martins, vulgo Tom Zé, me receberia no hotel em que estava hospedado para uma entrevista. Na hora achei que era uma pegadinha, mas realmente era um sonho se tornando realidade.

Cheguei no hotel acompanhada de um amigo, Felipe Dias Chagas, que também é estudante de Jornalismo e se dispôs a me ajudar. Por volta das 14h15min fomos recebidos por uma moça muito simpática, a Tânia. Ela é produtora do Tom Zé e há 13 anos convive com a pessoa mais encantadora que tive o prazer de conhecer. Tânia nos conduziu para a área da piscina e academia do hotel para que pudéssemos nos preparar.

Eu e Felipe estávamos ansiosos e nervosos, quando estava tudo pronto. De repente, surge homem baixinho, magro, de cabelo bagunçado e com uma cara de quem tinha acabado de acordar. Sim era ele, Tom Zé estava em nossa frente e logo abriu um sorriso, vindo nos abraçar. Como fomos muito bem recebidos, tratamos logo de ficar bem à vontade.

Durante a entrevista, ou melhor, a conversa, Tom Zé falou sobre a cultura da música brasileira, manifestações que tomaram as ruas, redes sociais (confessou não ser muito bom com elas), as novas bandas que estão surgindo, as ideias dos jovens, ética. Quando perguntei sobre o show e citei que a rua Guaicurus era famosa pelos “bordéis” ele riu. “Genial essa palavra bordel. Eu só vi essa palavra nos livros dos poetas franceses”, disse sorrindo. Com isso nos contou casos de sua infância em Irará e sua adolescência nos “bordéis”. “No tempo que eu nasci, não se comia namorada, ave maria, pelo amor de deus, comer uma namorada, ninguém nem sonhava com isso”, contou, chorando de rir.

No final, fez questão de nos perguntar em qual período e curso que estávamos. Quando dissemos Jornalismo, ele sorriu e disse “estão no caminho certo, um dia quero ver vocês no New York Times, e olha que lá paga-se bem”. Ao final da entrevista, conversamos sobre a situação da ocupação Isidoro e ele fez questão de tirar uma foto em apoio às famílias. No último abraço e beijo, pediu para que enviássemos o que seria produzido.

Saímos desse papo com a cabeça nas nuvens e seguimos para o centro. Já estava quase na hora da Virada Cultural começar. Paramos na praça para tomar uma cerveja em comemoração e encontrar com alguns amigos. A rua já estava movimentada e respirando as 24 horas de arte que já estava para começar em BH.

Segui para o Sesc Palladium, onde me deparei com a Céu. Não conhecia muito, mas ela me surpreendeu com sua voz doce cantando Bob Marley. Na rua Rio de Janeiro, onde o palco estava montado, havia muitas pessoas. Muitas delas continuaram ali e foram assistir filmes no Sesc Palladium, com uma programação muito bacana de filmes nacionais.

Descemos a rua no sentido da Praça da Estação. Quando chegamos, o rapper Flávio Renegado se encontrava no palco agitando a multidão. Logo em seguida, Raimundos sobe ao palco. Pra quem curtiu o rock dos anos 90, assistir o show e participar dos moshs, foi sensacional.

Em seguida, fui para a rua Guaicurus, já perdida da turma. No caminho encontrei com um amigo, Felipe Oliveira, e chegamos na famosa rua. Um local que nunca me dei a oportunidade de conhecer, e como eu, havia dezenas, centenas, milhares de pessoas que estavam vivenciando a Guaicurus pela primeira vez. Uma experiência inédita. As escadas que davam acesso aos “bordéis” não paravam, era um sobe e desce danado. Os cines-putaria também não paravam, e os comentários de quem assistia todo esse movimento eram os melhores. “O que deve ter de doença nesse lugar!”, “Olha o tio descendo a escada”, “olha a cara de feliz do sujeito”, “hoje elas devem estar faturando horrores”, “pobres coitadas”. Mas a energia daquela madrugada, naquela rua, foi fantástica. Era uma verdadeira miscelânea.

O show mais aguardado da Virada Cultural estava para começar. Tom Zé subiu ao palco as 2 horas da manhã. E que show! Perdemos a noção do tempo ali, em êxtase. As músicas que tiveram seus refrões acentuados, o clima de novidade e as projeções com figuras femininas mostrando toda a sua sensualidade e nudez que ilustravam a apresentação, sem dúvida marcaram todos que estavam presentes e a história da Virada Cultural de Belo Horizonte. Ele conseguiu mesclar o show com a própria rua.

Tom Zé criou uma marchinha especial para a famosa “rua das putas”. “Guaicurus, Guaicurus, toda menina aperta na medida / Guaicurus, Guaicurus, se não fosse tu, Belo Horizonte podia ‘tá’ fodida/Guaicurus, Guaicurus, carrega tua cruz que no buraco também tem luz”, e assim ensaiou várias vezes com o público, que cantou como se fosse um hino. Como mais cedo, ele manifestou-se favorável à ocupação Isidoro e durante o show falou sobre este exemplo de resistência. Alguns representantes do movimento levantaram a bandeira #resisteIsidoro. O povo foi a loucura e eu chorei!

Texto: Lívia Tostes

Foto: Maíra Cabral

Desde 2011 uma parceria entre a Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (FUNDECC), Cemig e prefeitura de Belo Horizonte (PBH), vem realizado o inventário das árvores da capital. O registro tem como objetivo, o levantamento das espécies que se encontram distribuídas pela cidade, além de uma análise de poda e saúde das árvores e o georreferenciamento que terão o detalhamento da situação que as árvores se encontram.

“O inventário é um projeto extenso, ao todo já foram avaliadas cerca de 180 mil árvores na cidade, mas que está longe de chegar ao final.”, destaca o ecólogo Bráulio Guilherme. No total, serão avaliadas mais de 470 mil árvores contemplando toda Belo Horizonte. Segundo Bráulio, este número ainda é pouco para a cidade do tamanho de BH. Depois que o projeto começou, foram plantadas 50 mil árvores e até o final, esse número pode chegar a 100 mil.

A maioria das árvores encontradas e cadastradas até agora foram, Magnólia, Leucena, Quaresmeira e quatro espécies de Ipê. Também encontraram vários paus-brasis espalhados pela cidade. “O famoso Pau Brasil é uma árvore que todo mundo tem interesse em ver, mas passam por eles todos os dias e nem imaginam que está ali”, comenta Bráulio.

Hoje, a equipe está dividia em quatro grupos de seis pessoas, entre biólogos, engenheiros florestais, ecólogos, geógrafos e técnicos em meio ambiente. Durante o projeto, já foram roubados nove tablets. Tivemos que fazer uma nova licitação para adquirir novos equipamentos, por isso houve atrasos no inventário, ressalta o écologo. Para garantir a segurança dos profissionais e equipamentos, todos os grupos são acompanhados por um Guarda Municipal, para “intimidar” possíveis assaltantes.

A cidade possui árvores que em sua maioria foram plantadas sem planejamento prévio, ou seja, não existia um projeto para buscar espécies específicas de arborização urbana. Isso fez com que muitas delas, crescessem e com a força de sua raiz quebrassem uma calçada e/ou rua inteira.

 

Ficus

Ainda não foi realizado um levantamento dos famosos Ficus de Belo Horizonte, apenas uma visita na Rua Bernardo Monteiro, onde estão localizados. De acordo com os profissionais, os Ficus estão podados de um lado, mas já apareceram novas brotações, sinal de que eles estão reagindo com controle biológico que vem sendo aplicado e a saúde delas é visivelmente reversível.

Segundo fontes que pediram para não serem identificadas, a PBH quer a poda e destoca de todos os Ficus da região Bernardo Monteiro, para implantar mais uma unidade do Highway To Hell (leia-se BRT-MOVE). Assim a prefeitura alega que as árvores estão mortas e/ou muito doentes e sem possibilidade de cura. Para evitar o corte, surgiu o Movimento Fica Ficus, alertando a população para as questões ambientais.

Texto: Lívia Tostes

Foto: Luna Pontone

Na manhã desta sexta-feira, 29, ocorreu o primeiro “Café Contramão” com a participação de Queila Ariadne e Mariela Guimarães que fizeram o especial “Um mineroduto que passou em minha vida”, do Jornal O Tempo.

A jornalista e a fotografa falaram sobres os obstáculos, experiências e as emoções, que chegaram à flor da pele no decorrer do percurso do maior mineroduto do mundo. Além disso, compartilharam a sensação de sair da redação em busca de personagens, denúncias, sentindo  medo até de dormir ao se acomodarem no mesmo hotel que funcionários da Anglo American.

Segundo elas, o vídeo que se encontra no hotsite do especial foi produzido na base do improviso. Para gravar a fala e as imagens dos personagens elas utilizaram telefones e tablets próprios, provando que quando algo é realmente feito com força de vontade, essas situações como falta de estrutura não são empecilhos.

O projeto “Café Contramão” é realizado uma vez por mês e busca aproximar profissionais renomados com alunos em bate papos. O ponto de conveniência Prontto e o restaurante Quiznos, situadas na Rua Gonçalves Dias, são parceiros do Jornal Contramão neste evento e disponibilizaram o charmoso espaço para o nosso encontro.

Café Contramão é uma atividade de extensão do curso de Jornalismo Multimídia e que o vídeo, realizado pelas equipes do Jornal Contramão e da UNATV vai estar disponível em breve no site.

Texto: Bárbara Carvalhaes
Foto: Jornal Contramão

Deficientes visuais são prejudicados pela falta de estrutura ao visitar museus da capital mineira

A cidade de Belo Horizonte, mesmo depois de ter passado por diversas obras, ainda não é apta para atender deficientes visuais. Em diversas áreas da capital é sempre visto deficientes visuais enfrentando dificuldades e transtornos, já que um ato de educação e solidariedade é algo raro hoje em dia.

Como um dos cartões postais mais visitados de Belo Horizonte, a Praça da Liberdade abriga diversas exposições, peças e eventos ao longo de seu famoso Circuito Cultural que atrai turistas e moradores da capital.

Na região da Av. João Pinheiro e Rua da Bahia é observado um grande fluxo de deficientes visuais, mas será que ao visitar os museus na região eles enfrentam dificuldade? Visando isto, o Jornal Contramão foi em busca de informações sobre a estrutura oferecida nas empresas que fazem parte do Circuito Cultural.

Segundo o Espaço do Conhecimento UFMG, a exposição “Demasiado Humano” possui alguns recursos sonoros e táteis, porém grande parte da exposição ainda é muito visual, mas eles possuem um projeto em andamento para melhorar a acessibilidade para pessoas com deficiência visual. “No futuro esperamos poder oferecer audiodescrição em toda a exposição, além de legendas em braille e mais recursos sonoros, táteis e quem sabe até olfativos”, declara Brunah Schall, responsável pelo Núcleo Educativo e de Acessibilidade. Durante o mês de março houve uma semana de palestras com o tema acessibilidade dentro do Espaço com o objetivo de sensibilizar os mediadores do museu para o atendimento a pessoas com deficiência. Segundo Brunah, o problema é que eles têm uma rotatividade muito grande na equipe e atualmente os novos mediadores não passaram por essa capacitação.

“A estrutura física do museu ainda não atende muito bem os visitantes com deficiência visual, pois há poucos recursos que exploram outros sentidos sem ser a visão. Entretanto, os mediadores podem auxiliar muito o visitante, descrevendo a exposição e guiando-os no espaço. O ideal é que o visitante tenha autonomia para conhecer o espaço, mas enquanto não alcançamos esse ideal estamos procurando soluções com os recursos de que dispomos, sendo o atendimento o nosso maior diferencial”, ressalta Brunah.

As demais empresas que fazem parte do Circuito Cultural Praça da Liberdade não se manifestaram sobre o assunto até o fechamento desta reportagem.

Texto: Bárbara Carvalhaes
Foto: Lúcia Sebe/Imprensa MG

 

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Quem já passou pela Av. Amazonas entre as ruas Aimorés e Mato Grosso, no bairro Santo Agostinho, com certeza já notou os quatro casarões da década de 1930, abandonados na região. Há quem diga, que são mal assombrados por estarem em um estado crítico.  Tombados pelo patrimônio histórico, os prédios finalmente serão restaurados.

Há cerca de dez anos, estes imovéis que pertencem a Sociedade Inteligência e Coração (SIC),  teve o projeto de reforma aprovado pela Secretaria Municipal do Patrimônio Histórico em 2012. De acordo com a arquiteta responsável pelo projeto de restauração, Maria de Fátima Camargos, a previsão para o início das obras é no começo do ano de 2015.

Atualmente, os casarões estão todos deteriorados e coberto de pichações, o que gera uma poluição visual imensa para Belo Horizonte. Segundo Fátima, o projeto de restauração já está pronto, mas falta terminar o planejamento de como as obras serão feitas para então, iniciar a restauração. Além disso, a previsão para o fim da restauração dos casarões é de um ano, mas para todo o empreendimento, se estima que finalizará em três anos.

Por: Luna Pontone

Foto: Carlos Rhienck / Hoje em Dia

NASCENTE DO HEMOMINAS POSSUI UMA VAZÃO DE 100.000 LITROS/DIA E SE TORNOU A PRINCIPAL FONTE A ABASTECER AS TRÊS LAGOAS DO PARQUE MUNICIPAL AMÉRICO RENNÉ GIANETTI

É fácil se habituar com a desvalorização dos meios naturais diante do cenário ‘cinza’ e  corriqueiro da cidade. Desta maneira,  é inevitável o sentimento de surpresa ao descobrir uma nascente principal, com a capacidade de abastecer as três grandes lagoas do Parque Municipal. A preservação da nascente desde o ano de 1897, que fornece 100.000 litros de águas cristalinas por dia, se tornou sinônimo de atração para os visitantes do local. A canalização da nascente, ainda possibilitou a construção de duas cascatas naturais na área de lazer situado no centro da capital mineira.

“Belo Horizonte possui muitas nascentes. Algumas só reaparecem em períodos pluviais. Mas a nascente do Hemominas é a única a nos fornecer tantos litros ao dia, com a capacidade de sustentar as três lagoas do parque.” orienta a Bióloga do Parque, Andrea Paiva de Oliveira. A nascente caudalosa deixa o Parque em destaque pelo seu potencial biótico e aquífero.

O Parque possui três lagoas que são alimentadas diariamente pela nascente do Hemominas, onde posteriormente são direcionadas ao Ribeirão Arrudas, rio que recebe ainda as águas do córrego “Acaba Mundo”. “A nascente corta pelo parque inteiro. Em ambientes onde não possui muitos visitantes ou transeuntes; é possível escutar o barulho dela correndo, que ecoa pelas bocas de lobo.” destaca Andrea.

Pela região central da cidade de Belo Horizonte ser bem aquífera, com intuito de manter o cuidado com as nascentes locais, foi desenvolvido o projeto urbano “Valorização das Nascentes Urbanas”. Projeto Hidroambiental que visa evidenciar para a população a importância de preservar os aspectos naturais nos meios urbanos. Estão sendo cadastrados o mapeamento das nascentes existentes e seus devidos responsáveis nomeados de ‘Cuidadores da Nascente’ – pessoas que estarão próximas; para acompanhar o desenvolvimento das nascentes.

Texto e Foto: Ana Paula Gonzaga