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Por Júlia Guimarães – Rádio K-POP Brasil – Parceira Contramão HUB

Depois de muita garra as Armys finalmente puderam acompanhar a primeira vitória do BTS em solo americano. A Billboard Music Awards aconteceu no domingo (21) na T-Arena em Las Vegas.

Nós já estamos nos acostumando a ver o BTS no meio de grandes artistas da indústria coreana, uma vez que os meninos estão deixando o seu nome escrito na história do K-Pop, mas ontem foi a primeira vez que pudemos prestigiar os sete rapazes de diferentes províncias da Coréia do Sul fazer história nos Estados Unidos e conseguir arrancar elogios de diversos artistas e da mídia internacional.

A premiação estava marcada para ter seu início às 21h, enquanto o Magenta Carpet iniciaria às 19h em ponto, e foi exatamente neste horário que pudemos assistir através da live da ABC os sete rapazes saindo da limusine que os trazia. O portal Papelpop, e diversos fãs, elogiaram e brincaram com a pontualidade do BTS.

Após algumas entrevistas, dentre elas uma para o canal E!, e outra para a ABC, os sete integrantes pararam um pouquinho para posar para fotos oficiais da imprensa e fãs que os aguardavam e gritavam com bastante força o nome do grupo. Para se ter uma pequena noção, a revista Vogue, conhecida como uma das mais conceituadas de moda do mundo, elegeu o BTS como o grupo mais bem vestido daquela noite, e dentre eles, V foi escolhido com o mais fashion.

Com certeza os holofotes eram para todos, mas parece que o visual do grupo, nosso querido SeokJin, virou motivo de comentários sobre o quão lindo o terceiro membro da esquerda para a direito era, uma vez que o portal de K-Pop, o Allkpop, fez questão de escrever uma matéria a respeito disso e mostrar alguns prints.

Às 21h a premiação teve início com algumas apresentações e entrega de troféus, e mais uma vez o grupo foi destaque de noticiários pela educação. Sempre que um nome era anunciado, os sete se levantavam e aplaudiram de pé os vencedores, sem se importar se eram apenas eles que estavam fazendo isso. Mas agora vem a parte mais importante: mesmo que muitos vencedores não tenham sido aplaudidos de pé por toda a arena, no momento em que o nome BTS foi anunciado como vencedor da categoria Top Social Artist, artistas, jornalistas e público, se levantaram para aplaudir os meninos que conseguiram desbancar o ídolo Justin Bieber, Selena Gomez, Ariana Grande e Shawn Mendes com mais de 593.8 milhões de votos (está aí outro recorde, o grupo mais votado em uma premiação da Billboard).

Além de realizar um discurso muito emocionado, o líder Namjoon fez questão de agradecer a todas as Armys que se uniram para que eles pudessem estar ali naquele momento. Foi possível enxergar nos olhos de cada um dos sete (mesmo através da televisão) a gratidão que possuem com cada um de seus fãs.

Mas a noite não acabou alí, além de vencerem pela primeira vez uma premiação americana e ser o primeiro grupo de K-Pop a concorrer, o mundo inteiro ficou se questionando “Quem é BTS?” e jornais do mundo inteiro estão respondendo de inúmeras maneiras quem são os sete rapazes que abriram suas asas na Coréia e estão aos poucos, com muito trabalho, conquistando o mundo.

A CNN escreveu “Maiores do que o Bieber? O grupo de K-Pop BTS bateu o americano e venceu a Billboard Music Award”, enquanto o INDEPENDENT afirmou “K-Pop está oficialmente em terras americanas”, já o site da revista PEOPLE listou cinco coisas que você precisa saber sobre o BTS. Além de toda essa repercussão da mídia, não podíamos deixar de lado que os meninos foram tietados também por artistas como a cantora Halsey e Camila Cabello.

A Rádio K-Pop Brasil realizou toda a cobertura do BTS na Billboard Music Awards através do Twitter @radiokpopbrasil. Se você quiser dar uma olhadinha em vídeos, fotos e memes de ontem, lá é sua parada obrigatória!

Parabéns BTS e muito, muito sucesso nessa jornada que está apenas começando.

Revisão: Sthefany Toso 

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Ricardo Esteves (ao fundo), palestrando. Foto: Facebook oficial da ABRATA

O Coordenador Estadual de Saúde Mental da Secretaria de Estado de Saúde Minas Gerais (SES/MG), Humberto Cota Verona, estima que os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do estado atendam em média 200 mil pessoas por mês. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são dispositivos territoriais de urgência para atendimento a casos graves, ao serem estabilizados são referenciados às Unidades Básicas de Saúde para acompanhamento ambulatorial. O SES/MG estima, portanto que, a rede básica de saúde do SUS acompanha aproximadamente 100 mil pessoas com transtorno mental/mês em todo estado.

“Não é possível dimensionar quantos pacientes entram e saem dos hospitais psiquiátricos conveniados com o SUS. No entanto, é possível dizer que esse número reduziu, significativamente em relação ao ano 2000, pois, naquela época, só havia no estado de Minas Gerais 36 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), o que justificava uma demanda maior para internações psiquiátricas”, explica Verona.

Na Idade Média os considerados loucos eram confinados em grandes asilos e hospitais, a classe de indesejáveis: inválidos, portadores de doenças venéreas, mendigos e libertinos. Os mais violentos eram acorrentados e alguns eram permitidos sair para mendigar. Phillippe Pinel, considerado o pai da psiquiatria, propôs uma nova forma de tratamento aos loucos, libertando-os das correntes e transferindo-os aos manicômios, destinados somente aos doentes mentais. O tratamento nos manicômios, defendido por Pinel, baseou-se principalmente na reeducação dos alienados, no respeito às normas e no desencorajamento das condutas inconvenientes.

Com o avanço das teorias organicistas, o que era considerado como doença moral passa a ser compreendida também como uma doença orgânica. Iniciou-se então o movimento da Luta Antimanicomial que nasceu profundamente marcada pela ideia de defesa dos direitos humanos e de resgate da cidadania dos que carregam transtornos mentais. No Brasil, tal movimento começou no final da década de 70 com a mobilização dos profissionais da saúde mental e dos familiares de pacientes com transtornos mentais. Esse movimento se inscreve no contexto de redemocratização do país e na mobilização político-social que ocorre na época, e a partir da inserção da nova política, foi possível o paciente ter seu direito de convívio em sociedade preservada, um tratamento humano e assistido por profissionais comprometidos.

A Política Nacional de Saúde Mental, apoiada na Lei nº 10.216/2001, tem por finalidade proteger e garantir os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e consolidar a importância no tratamento dessas doenças. Conforme o artigo 3º desta lei é responsabilidade do Estado: “O desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.”.

Postos de saúde tem papel importante em atendimento

“No início foi difícil conversar com alguém que eu não conhecia, mas se não fosse isso, talvez eu não tivesse aguentado. É muita angústia.” diz Hudson do Nascimento Reis, 45 anos, sobre o acompanhamento psicológico que teve no Centro de Saúde Dom Joaquim, localizado no bairro Fernão Dias, região nordeste de Belo Horizonte. “Se minha família não tivesse insistido eu nem teria procurado ajuda, ainda bem que procurei.” conta Reis, que foi diagnosticado com depressão após a morte da sua esposa Camila do Rosário Silva Reis de 40 anos que sofria com um câncer no intestino, e foi a óbito em 2012. Ele foi encorajado pela família a buscar apoio para a doença na rede pública de saúde.

A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), informa que a Política de Saúde Mental de Belo Horizonte segue as diretrizes da Reforma Psiquiátrica e os princípios da luta antimanicomial do Ministério da Saúde.

Quanto ao atendimento, cada unidade do Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam) atende demanda espontânea e, também, usuários que são referenciados pelos centros de saúde, UPAs e outros serviços de saúde, além da rede de acolhimento e proteção.

Os casos em crise, que necessitam de um acompanhamento mais sistemático e intenso são encaminhados para outros serviços especializados, dependendo de cada caso, mas mantendo a referência do caso na APS (Centros de Saúde). Atualmente, a média de usuários em tratamento na modalidade de permanência/dia é de 70 usuários, em cada um dos CERSAMs, além do atendimento ambulatorial. O tratamento pode variar de 60 a 70 dias e não existe limite quanto ao número de atendimentos quanto à permanência. Todos os usuários que procuram o serviço são atendidos e encaminhados de acordo com a demanda apresentada.

Grupos de apoio oferecem ajuda psicológica

A psicóloga Elayne Aparecida Costa Almeida Dias, 23 anos, ressalta sobre a importância desses grupos para o bem estar do paciente e familiares. “Os grupos de apoio têm, portanto, a função de inserção social, bem como de conscientização não somente do paciente, mas também de sua família”, esclarece Dias.

Por vezes às pessoas com doenças psicológicas sofrem algum tipo de comportamento hostil por parte de alguém sendo sua maioria da própria família, porém, o problema é grave, deve ser reconhecido e tratado com a devida atenção.

“É um local onde ambos terão a oportunidade de se expressarem, serem ouvidos e orientados. O Psicólogo nesses grupos tem, portanto, a função de mediador das conversas ali tidas, promovendo debates, acolhimento, assistência e orientação.” explica Dias.

A ABRATA, abreviação para Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos, é um dos mais reconhecidos centros de atendimento psicológico sem fins lucrativos. Tem por objetivo apoiar psicossocialmente as pessoas com depressão e transtorno bipolar, seus familiares e amigos, reduzir o estigma e melhorar a qualidade de vida das pessoas com transtornos afetivos.

Os recursos para manter a instituição são provenientes de contribuições de associados, eventos de captação, eventuais patrocínios e doações de empresas. “A iniciativa partiu da convivência num grupo chamado GRUDA que fica o Hospital das Clínicas e atuava com médicos e pacientes. Daí nasceu à ideia de criar algo que funcionasse como um grupo apenas com os portadores ou familiares sem presenças dos médicos”, relata o diretor de Comunicação da ABRATA, Ricardo Esteves.

Atualmente, a instituição conta com 5.400 associados e 45 voluntários, sendo 13 psiquiatras e 4 psicólogos, com 2.830 pacientes ativos e atendidos (levantamento feito em 2015) “Eu mesmo comecei participando dos grupos em 2008 e atualmente sou voluntário”, revela Esteves. Entre as atividades de apoio, estão palestras abertas ao público que esclarece sobre sintomas, tratamentos, e dificuldades sobre a depressão e transtorno bipolar, assim como, grupos nos quais os participantes fazem relatos, tiram dúvidas e trocam experiências, possibilitando um conforto entre os iguais.

Ricardo Esteves (ao fundo), palestrando. Foto: Facebook oficial da ABRATA
Ricardo Esteves (ao fundo), palestrando. Foto: Facebook oficial da ABRATA

“A sede é em SP e estamos abrindo o primeiro núcleo fora que ficará em Santos. Qualquer necessidade de um portador ou familiar e amigo, basta entrar em contato com a ABRATA que sempre haverá orientação.” informa Esteves. A ABRATA possui parcerias com outros grupos de apoio, como o CVV (Centro de Valorização da Vida), ASTOC (Associação Brasileira de Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno Obsessivo Compulsivo), ABTB (Associação Brasileira de Transtorno Bipolar).

Em Minas Gerais, também, há grupos de apoio com a mesma base solidária, seguem os mesmos padrões de atendimento, com atividades diversas para melhorar a qualidade de vida e bem-estar dos pacientes. A iniciativa tem que partir do próprio membro e a família é essencial nesses casos.

 

por: Lorrayne Chacon

 

Matéria produzida pela aluna do terceiro período de jornalismo, Lorrayne Chacon, na disciplina de TIDIR/JOR2B

 

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Foto: Divulgação

Nos dias 29 e 30 deste mês, o coletivo independente de dança contemporânea Intrínseco, estreia seu novo trabalho “Os outros falam de amor” na Funarte-MG. Com direção do também bailarino Italo Augusto, o espetáculo é uma problematização das relações interpessoais contemporâneas a partir de uma abordagem lírica e estética. A proposta é trazer vivências e experiências do que afeta os bailarinos quanto seres humanos.

O coletivo é composto por seis integrantes, dentre eles bailarinos e performers, que, dentro da dança contemporânea pesquisam estéticas diversificadas. Com influência nas danças brasileiras, de rua e também na Yoga, o espetáculo, conta com a participação especial do músico Antônio Beirão, “Que ao meu olhar, é um músico refinado, trazendo a composição do trabalho solo que farei no espetáculo.” declara o diretor e bailarino Augusto.

Coletivo

 

Sobre os contrapontos encontrados por ser um coletivo independente, o diretor ressalta que é difícil uma visibilidade diante desse leque de vários corpos dançantes que existe em BH. Para ele, além da falta de visibilidade, a dificuldade de encontrar espaços abertos  para o trabalho devido às burocracias é grande, mas está mudando.

“Isto tem mudado muito com essa cena que surge agora de novos coletivos, grupos e toda essa diversidade que nos é revelada neste momento. O que não vale para editais de cultura, que são absurdamente dificultosos pra quem produz, coreógrafa, divulga, entre outras coisas…” desabafa Italo Augusto.

 

Estreia

Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

 

Para estreia deste novo trabalho, o jovem grupo, que está em atividade há pouco mais de um ano, tem como objetivo afetar tanto quanto estão preparados e abertos para serem afetados pelo público. “Espero de alguma forma, despertar uma inquietação no público. Estamos muito contentes também, de poder estrear em um espaço tão simbólico que é a Funarte-MG”, pontua o diretor do coletivo.

“Esperamos todos lá pra compartilhar com a gente esse momento tão importante pra nós como grupo de Dança independente!”, convida Italo Augusto.

“Os outros falam de amor” – Intrínseco Coletivo de Criação

Onde: FUNART – Rua Januária, 68, Floresta, 30110055 Belo Horizonte.

Quando: Dia 29 ás 19 horas | Dia 30 ás 18 horas

Ingressos: R$ 5, na bilheteria.

Direção: Italo Augusto

Cenografia: Camila Lacerda

Participação Especia: Antônio Beirão

Bailarinos: Luisa Cunha Machala, Debora Oliveira, Marina Castro, Matheus Ligeiro, Diogo Lima, Italo Augusto.

 

Por: Bruna Dias

No final de semana, 25 e 26 de abril, Belo Horizonte recebeu a visita do cineasta Ardiley Queiróz, que vem se destacando no cinema independente do Brasil.

Queiróz recebeu o público no centro cultural Cento e Quatro, onde exibiu o mais recente trabalho ‘Branco sai, preto  fica’ (2014) e o curta ‘Dias de Greve’ (2009). Mineiro de nascença, o cineasta reside desde os sete anos em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal. E é bem ali que mora seus atores, e onde os trabalhos acontecem.

Ardiley fala rápido e direto: “Por que faço cinema? Pra me divertir! A gente não ganha mais que 4 mil por mês – é muito mais que muita gente, mas não dá pra ficar rico! Trampo nisso porque eu gosto. Parte do lugar da diversão, de poder falar o que quiser.” E encoraja todos que têm vontade e vocação para fazer cinema, mas que é bloqueado pelo medo.

“O primeiro filme é filme de coletivo, de cumplicidade, de parceria com os poucos que estão envolvidos. Estávamos todos aprendendo, arriscando. Igual à cena do pessoal bebendo e jogando bola (em Dias de Greve), o sol estava fazendo uma luz bonita no campo, a gente tinha uma lata (rolo de filme) e estávamos bebendo aquele vinho, não pensamos muito e decidimos filmar! Por isso parece documentário. O som vai aprendendo, a fotografia vai aprendendo. O que se tem que ter é pesquisa. Não existe documentário, filme de ficção sem muita pesquisa. Precisa de uma imersão profunda, apesar de não ter currículo.”

Quando perguntado sobre como foi feito a famosa cena do sofá pegando fogo, imagem que estampa o cartaz de divulgação do filme “Branco sai, preto fica”, Ardiley respondeu sério: “a gente só tinha um sofá e 4 ou 5 pessoas – nunca passa disso para fazer a cena, incluindo o ator. Mas teve todo um cálculo. O Marquinho calculou, mas não falou como calculou. Mas diz ele que é acostumado
a queimar sofá”, concluiu rindo.

Texto: Camila Lopes Cordeiro

Foto: divulgação

Foi aprovada hoje, dia 24, a resolução que assegura o uso do nome social para alunos e alunas travestis e transsexuais pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Una.

Desde fevereiro do ano passado já se podia ter o nome social nas carteirinhas de identificação usadas para entrar na faculdade.  Mas com a aprovação de hoje foi regulamentado o uso do nome social dos estudantes também nas listas de chamadas e boletos bancários.

Tramita no Congresso Nacional desde 2013 o projeto de lei JOÃO W NERY, elaborado pelos deputados Jean Wyllis e Erika Kokay que propõe sobre o direito à identidade de gênero.

A lei discorre sobre o direito que toda pessoa tem de ser reconhecida pela sua identidade de gênero – o gênero com o qual ela se identifica que não é necessariamente o gênero que nasceu. A lei também garante que todos sejam tratados de acordo com a sua identidade de gênero. Isso significa que todos os instrumentos para identificação como nome, pronome, imagem e registros oficiais devem refletir a escolha de gênero de cada individuo.

“Vale lembrar que essa utilização de nome social me ajuda até hoje, porque não é só na lista de chamada e no sol que muda, muda também nos boletos e nas malas diretas que a faculdade envia pra gente, e isso produz dados que mostra que você usa o nome social no seu cotidiano, 80% da minha petição foi com esse material que recebi da UNA.” escreveu o aluno Carl Benzaquen.

A resolução aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Una é uma conquista para todos.

Texto por Camila Lopes Cordeiro

O sinal mudou do amarelo para o vermelho, mas dois motoristas não pisaram no freio. Pelo contrário, aceleraram mesmo vendo o sinal gritando “PARE!”. A senhora ao lado da repórter do Contramão comentou: “Quanta falta de respeito!”.

Na  Rua Gonçalves Dias esquina com Bahia, durante um dos horários de maior pico de carros da cidade, foram flagrados 27 infrações de trânsito em apenas 20 minutos pela repórter do Contramão. Das 18:25 às 18:45, enquanto o sinal abriu e fechou 12 vezes, 8 carros e 1 moto avançaram o sinal vermelho, outros 18 carros bloquearam ou a faixa de pedestres ou o cruzamento.

Assista ao vídeo:

Parar na faixa de pedestres ou parar na área de cruzamento na mudança de semáforo, prejudicando, assim, a circulação de carros e pedestres consiste em infração média, perde-se quatro pontos na carteira, além de receber a multa de R$ 85,13. Enquanto que avançar o sinal vermelho é uma infração gravíssima, é abatido sete pontos na carteira e é gerado uma multa de R$ 191,54.

Atualmente, exitem 49 detectores de avanço em funcionamento nas 967 interseções semaforizadas de Belo Horizonte. Apesar dos poucos detectores, foram registrados nestes 48.555 motoristas furando o sinal no ano de 2014, segundo dados da BHTrans. Mas não há histórico para comparação, de acordo com a assessoria de imprensa da empresa.

Assim, como não existe histórico de infrações pelo banco de dados BHTrans, é um problema de todos os órgãos responsáveis pela falta de coleta e organização das informações. Segundo a assessoria de imprensa da  da Polícia Militar, o que há de disponível no banco de dados é um levantamento geral sobre acidentes causados por desrespeito à legislação, qualquer que seja esta, nada detalhado e somente os casos que foram registradas em boletins de ocorrência.

INFORMAÇÃO OU SUPOSIÇÃO?

“Embora não existam estatísticas oficiais, o sono ao volante pode ser uma das maiores causas de acidentes, comparada até as ocorrências provocadas por motoristas alcoolizados.” publicou o site da BHTrans em 2009. Como podem fazer afirmações sem dados comparativos? Como fazer e adereçar ações preventivas e educativas efetivas de trânsito quando não se tem nenhum tipo de informação robusta sobre a realidade dos acidentes?

Em entrevistas, autoridades afirmam categoricamente que as principais causas de acidentes são: imprudência, excesso de velocidade, ingestão de bebidas alcoólicas e desrespeito à sinalização. A falta de estudos aprofundados faz dessas informações, suposições.

Márcia Pontes, profissional da Segurança no Trânsito e Especializada em Planejamento e Gestão de Trânsito, pesquisadora do ensino e aprendizagem significativa e preventiva na formação de condutores, esclareceu a falta de informações pelos órgãos responsáveis em entrevista exclusiva para o Contramão:

Contramão: Existe algum banco de dados confiáveis para se obter informações sobre o trânsito brasileiro hoje?

Márcia Pontes: Existem bancos de dados confiáveis como aqueles administrados pelo DENATRAN, o DPVAT, PRF, DETRAN, PM, Sistema de Informação de Mortalidade, do SUS, e Portal Estatístico do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), mas utilizam critérios diferentes de coleta de dados que não são padronizados. Isso faz com que nem todas as informações de que a sociedade necessita estejam disponíveis e atualizadas.

Contramão: Como assim? A senhora pode ser mais específica?

Márcia Pontes: O DPVAT faz a estatística com base nos pagamentos de indenizações por morte, invalidez permanente ou despesas médicas. Quem não dá entrada no DPVAT fica de fora das estatísticas.

O Sistema de Informação de Mortalidade do SUS é um dos mais completos, mas os dados são divulgados com até 2 anos de atraso. Se baseia nas mortes em acidentes de trânsito registrada pelo atendimento no SUS.

A base de dados da PRF também é bastante completa, mas se refere só a acidentes nas rodovias federais.

Nem todos os municípios brasileiros são municipalizados, ou seja, não se integraram ao Sistema Nacional de Trânsito, de modo que não têm setores responsáveis pelas estatísticas e sequer fiscalização de trânsito.

O Denatran deveria reunir as informações estatísticas de todo o Brasil, mas as dificuldades de coleta e alimentação do banco de dados pelos demais órgãos de trânsito na esfera estadual e municipal ainda não foi possível. Por exemplo, o último anuário estatístico é de 2008 e já estamos em 2015, portanto, com 7 anos de atraso e o trânsito mudou muito de lá para cá. Os únicos dados atualizados são sobre a frota nacional. Com isto, a ideia de uma base nacional de registros de acidentes de trânsito e suas causas ficam seriamente prejudicadas.

Contramão: Qual é a necessidade de se ter dados detalhados sobre causas de acidentes?

Márcia Pontes: É fundamental, pois uma base atualizada de dados sobre acidentes de trânsito possibilita conhecer a realidade da acidentalidade e da segurança viária no país. Sem essas informações, não é possível intervir de forma planejada e pontual e a situação foge do controle.

Contramão: Qual é o maior problema causado pela precariedade de dados sobre causas de acidentes?

Márcia Pontes: O maior problema é este que se vê: não existe uma base de dados completa e atualizada sobre acidentes e estatísticas, apenas dados localizados e incompletos.Não se sabe hoje ao certo a quantidade de acidentes no Brasil: o DPVAT fala em cerca de 60 mil, o Ministério da Saúde fala em cerca de 40 mil. E como as estatísticas muitas vezes não são feitas ou atualizadas, acredita-se que este número possa ser muito maior e até o dobro. Não se sabe hoje, no Brasil, quantos condutores embriagados se envolveram em acidentes, quantos menores de 18 anos, quantos sem habilitação, quantos homens, quantas mulheres, quantos idosos, quantos por imperícia. Não se sabe a quantidade exata de infrações por tipo e uma série de outros dados que a sociedade precisa saber para orientar as ações de educação, fiscalização e engenharia.

Uma boa base de dados estatísticos para ser confiável precisa informar a quantidade de acidentes no país, por estados, regiões e municípios. Precisa informar o local, dia da semana, hora, pontos críticos, quantos condutores habilitados, quantos não habilitados, quantos maiores e menores de 18 anos, a faixa etária, o sexo, se o acidente indica imperícia, embriaguez ou qualquer outra causa. Com isto, é possível fazer estudos precisos e confiáveis sobre a acidentalidade, verificar as causas dos acidentes, buscar soluções de engenharia como correção do greide da pista, ângulo da curva, sinalização, iluminação, fazer a limpeza e o corte da vegetação que cobre as placas, pois muitos acidentes são provocados por alguma falha de engenharia que pode ser reparada.

Quando se tem estatísticas precisas e confiáveis, é possível identificar as causas dos acidentes, o perfil da população envolvida e com isto orientar as ações de educação para o trânsito, fiscalização e engenharia.

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No gráfico divulgado pela Associação Brasileira de Prevenção dos Acidentes de Trânsito mostra a falta de sincronia dos dados dos órgãos oficiais responsáveis em um levantamento pouco abrangente.

Foto, texto e vídeo: Camila Lopes Cordeiro
Edição do vídeo: Yuran Khan